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A Síndrome do Ombro Doloroso (SOD) também conhecida pelos médicos como ombro congelado e capsulite adesiva é caracterizada por dor e limitação funcional decorrente do acometimento de estruturas estáticas e dinâmicas do ombro, como ligamentos, cápsula e músculos. A causa mais frequente de dor no ombro é a lesão do manguito rotador que pode acometer indivíduos em qualquer faixa etária sendo potencializada com o envelhecimento e a ocupação laborativa ou recreativa. SÍNDROME DO OMBRO DOLOROSO O ombro doloroso pode ser ocasionado por várias etiologias, muitas vezes associadas, sendo originadas das estruturas da cintura escapular ou irradiadas de outras regiões. A cintura escapular é composta de três articulações verdadeiras (esterno-clavicular, acrômio-clavicular e glenoumeral) e duas pseudoarticulações (escapulo-torácica e subacromial). As articulações trabalham junto em um ritmo harmônico, o que permite a movimentação global do ombro. O ombro é uma juntura móvel, com uma fossa glenóide rasa, com mínimo em suporte ósseo e a estabilidade da articulação depende dos tecidos moles como músculos, ligamentos e cápsula articular. Essa conformação anatômica determina maior mobilidade articular em troca de menor estabilidade. É mais comum no sexo feminino e normalmente acomete pessoas entre 40 e 70 anos de idade. Seu aparecimento pode ser secundário a alguma lesão no ombro, como uma ruptura de tendão, ou um simples traumatismo nesta região. Também pode surgir após uma cirurgia no ombro. Em algumas situações a causa não pode ser determinada, mas existem vários fatores que estão associados a um risco aumentado do desenvolvimento da capsulite adesiva, como o diabetes, doenças cardíacas e um perfil psicológico característico com tendência a ansiedade e depressão. @medicologa O manguito rotador (MR) é um grupo de quatro unidades músculo-tendão que envolvem a anterior, superior e posterior da articulação do ombro. Ele atua para estabilizar o úmero – maior osso da parte superior do corpo e que liga o ombro ao cotovelo – e equilibrar os movimentos do ombro. A avaliação clínica do paciente e o detalhamento dos sintomas são fundamentais para a localização da dor, bem como a avaliação de aspectos como frequência, intensidade e os possíveis fatores desencadeantes da lesão. @medicologa Diagnóstico lesão do manguito rotador A dor é o principal sintoma. Habitualmente, ela se localiza na região ântero-lateral do ombro e face lateral do braço e sua intensidade é variável. A maioria dos pacientes se queixa de dor noturna e dificuldade ou incapacidade de deitar-se sobre o lado afetado, sendo este um aspecto muito característico e constante da doença do manguito rotador. Neer, Hawkins e Yochum para o impacto ântero-superior o teste de Jobe para o supraespinhoso, os testes de Gerber (lift-off e o belly-press) e o aumento da rotação externa em abdução para o subescapular e o teste de Patte para o infra-espinhoso e o redondo menor. Uma anamnese minuciosa é fundamental. O tempo de evolução dos sintomas e suas características, o tipo de ocupação profissional ou de prática esportiva, a história de um ou mais eventos traumáticos e tratamentos prévios (fisioterapia, infiltrações, etc.), a dominância, a idade e o sexo são informações valiosas. No exame físico são pesquisadas assimetrias das cinturas escapulares, atrofias das fossas supra e infra-espinhais, cicatrizes e deformidades da coluna cervicotorácica. A mensuração das amplitudes ativas e passivas dos ombros é imprescindível para a diferenciação com outras lesões (capsulite adesiva, artrose glenoumeral, etc.). A presença de crepitações à rotação passiva do ombro, muitas vezes dolorosa, é também bastante sugestiva e característica. Os sinais de irritação do manguito rotador podem ser demonstrados por diversas manobras: As de Speed (palm-up test), Yergason e O'Brien para o bíceps e a âncora do bíceps. Um arco doloroso de 60o a 120o de abdução no plano da escápula é também um sinal irritativo. Algumas manobras permitem avaliar componentes específicos do manguito rotador: Os sinais da cancela (incapacidade de se manter a rotação externa máxima ativa em adução) e o "hornblow sign" - sinal do chifre caído - que é a incapacidade de se manter a rotação externa máxima ativa em abdução de 90o - demonstram lesões dos rotadores externos e estão geralmente presentes em lesões maciças crônicas irreparáveis. O teste de Neer (injeção de 10ml de lidocaína a 1% na bursa subacromial) é uma ferramenta valiosa na diferenciação entre bursites e lesões do supra-espinhoso. Metódos de Imagem As lesões do manguito rotador são avaliadas por meio de radiografias, artrografia, ultra-sonografia, ressonância magnética e artrorressonância magnética. As radiografias simples do ombro, embora não permitam a visualização das lesões, podem mostrar sinais indiretos importantes, tais como esclerose e cistos do acrômio e do tubérculo maior (indicativos de impacto crônico), além da morfologia do acrômio e a medida do espaço acromioumeral (distância entre o acrômio anterior e a parte mais alta da cabeça umeral na incidência ânteroposterior, que varia de 7 a 12mm e pode estar diminuída nas lesões do manguito rotador). @medicologa A ultra-sonografia é um método barato, não invasivo e eficaz. Tem a desvantagem de não permitir a avaliação quantitativa fidedigna do manguito rotador remanescente e de ser operador-dependente. A artrografia, outrora muito utilizada, permite o diagnóstico de lesões parciais articulares e lesões completas. Ultrassonografia no eixo longo do tendão infraespinal mostra calcificação intratendínea (setas) associada a erosão óssea focal e migração intraóssea da calcificação (cabeças de setas). Ultrassonografia no eixo longo dos tendões do manguito rotador apresenta calcificação (setas) na transição do supraespinal e infraespinal. Migração intraóssea é apontada pelas cabeças de setas. A ressonância magnética é considerada como método mais acurado para a detecção das lesões e para a avaliação da sua extensão, da qualidade do tecido remanescente e da quantificação da degeneração gordurosa dos ventres musculares do manguito rotador. O grau de degeneração gordurosa é um fator prognóstico importante, devido à correlação positiva existente entre a sua quantidade e o tamanho da ruptura do supraespinhal (em relação ao infra-espinhal, pode haver degeneração na ausência de uma ruptura do mesmo). A degeneração gordurosa é quantificada pela classificação de Goutalier (proposta inicialmente para estudo por meio de tomografia computadorizada e depois adaptada para a ressonância magnética). A degeneração gordurosa é quantificada pela classificação de Goutalier (proposta inicialmente para estudo por meio de tomografia computadorizada e depois adaptada para a ressonância magnética). Manobra de Neer: realizada com o cotovelo em extensão e o antebraço pronado. A prevenção da rotação da escápula é feita com uma das mãos. Realiza-se a elevação passiva do membro superior, que pode provocar o impacto da região de inserção do SE com a borda inferior do acrômio. Teste de Jobe: posicionar os braços abduzidos a 90º, flexionados a 30º em relação ao plano frontal e internamente rodados, com os polegares apontados para o chão. Os cotovelos devem permanecer estendidos. A seguir, o examinador faz o abaixamento comparativo dos membros superiores contra a resistência do paciente. O teste será considerado positivo quando houver dor, fraqueza ou insuficiência do SE secundário a uma ruptura ou associada a impacto. 0 = músculo normal, ausência de gordura; 1 = mínima infiltração gordurosa; 2 = menos gordura do que músculo; 3 = tanta gordura quanto músculo; e 4 = mais gordura do que músculo. Ela descreve cinco estágios: A artrorressonância magnética, com injeção de gadolíneo diluído na articulação, é especialmente útil na detecção de lesões parciais do supra-espinhoso, do infra-espinhoso e dosubescapular, de lesões labrais, da âncora do bíceps e dos ligamentos glenoumerais. @medicologa Teste de Jobe e Neer: Ressonância magnética. Imagem da esquerda: achados comuns na artropatia do manguito rotador. Imagens da direita: musculatura normal (setas verdes) e musculatura substituída por gordura, como ocorre na artropatia do manguito rotador (setas vermelhas) Tratamento A partir do diagnóstico da lesão, nas fases iniciais indica-se um tratamento clínico a partir do uso de analgésico e anti-inflamatórios para atenuar os sintomas de dor. Outra recomendação importante é o repouso, evitando atividades e movimentos que provoquem a dor. Fisioterapia, reforço muscular e eventuais infiltrações também podem ser recomendadas de acordo com a avaliação do especialista. Nos casos em que o tratamento clínico não tem efeito prolongado, pode-se iniciar tratamento cirúrgico baseado na causa da doença (proeminência acromial, alterações acromioclaviculares, ruptura tendinosa ou combinação de várias). TRATAMENTO CONSERVADOR - Baseia-se em medidas antálgicas e antiinflamatórias e deve sempre ser o primeiro passo Acromioplastia Retirada de osteófitos acromioclaviculares Sutura do manguito Desbridamento da lesão e bursectomia Tratamento de lesões do biceps @medicologa As possibilidades cirúrgicas incluem, entre outras: A cirurgia pode ser aberta ouartroscópica. Com odesenvolvimento das técnicasde artroscopia nos últimosanos, cada vez mais apatologia do manguito rotadortem sido tratada dessa forma. ·Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia - Lesão do Manguito Rotador ·SCIELO - Intensidade da dor em pacientes com síndrome do ombro doloroso ·Livro: Reumatologia Diagnóstico e Tratamento – Ombro – extraída imagens página 128 ·SCIELO – Revista Brasileira de Reumatologia - O ombro em uma linha de produção: estudo clínico e ultrassonográfico ·Reumatismos extra - articulares - Ombro doloroso ·Ministério da Saúde Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia - Ombro congelado ·Revista Brasileira de Ortopedia - Lesões do manguito rotador Referências Bibliográficas
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