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1 Terapêutica veterinária | Medicina Veterinária| @focusmedvet_| Dor e inflamação Dor ~ ´ Terapia analgésica Uso de fármacos - Dor e inflamação são respostas naturais de defesa do organismo frente a agressões injuriantes - Objetivo da terapia: controle - Métodos: farmacoterapia, fisioterapia, acupuntura e outros - A dor e inflamação pode ser prejudicial ao corpo e é preciso controlar. - Experiência sensorial ou emocional desagradável associada à lesão tissular real ou potencial. Induz à mudança de comportamento. - Leva à uma mudança de comportamento do animal Dor somática Dor na parte muscular, esquelética, óssea. O individuo consegue perceber onde está doendo. Pode ter dor aguda Dor visceral Vindo de órgãos. Ex: cólica renal, dor em coração... Dor neurogênica Problemas no próprio SN Abolição da dor é anestesia -> relacionada ao procedimento cirúrgico. Objetivos: Alivio adequado da dor -> estado no qual a dor não é totalmente eliminada, mas se torna mais suportável. Abolição da dor (anestesia) -> em procedimentos cirúrgicos 2 Terapêutica veterinária | Medicina Veterinária| @focusmedvet_| Fármacos analgésicos: Analgésicos opioides (hipnoanalgésicos) Anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) Anestésicos locais. Analgésicos opioides - De ação extremamente potente e predominantemente central agindo no SN - Indicações: dor moderada à grave, atuando sobre a dor visceral profunda, dor aguda pós-traumatismo e dor crônica. - Efeitos adversos: depressão respiratória, bradicardia e hipotensão. Provocam sedação em cães e excitação em gatos e equinos. Outros efeitos: emese, defecação e aumento do tônus da musculatura lisa. - Venda restrita – Notificação de Receita A (listas A1 e A2) - Dor associada a inflamação é preciso usar anti-inflamatório e não apenas analgégicos opioides. - A dor grave só consegue ser controlada com analgésicos opioides e não com esteroides (tirando anestésicos) Ex: dor visceral, politraumatismo, câncer de osso, cirurgia ortopédica. Fármaco Indicação Morfina Mais usada em cães para alívio da dor visceral, aguda e profunda (cólida renal, câncer, traumatismo), como medicação pré-anestésica, na anestesia epidural e na analgesia pós operatória. Gatos e equinos: provoca muita excitação e no cão não. Meperidina Mais usada em equinos devido aos seus efeitos espasmolíticos e menor efeito excitatório (cólica), bovinos (analgesia no parto) e em gatos (neuroleptoanalgesia). 20-30% potência da morfina Fentanil Mais usado em cães para neuroleptoanalgesia. Potência 75-125 vezes maior que a morfina, período de ação curto (30-45 min) Butorfanol Mais usado em equinos para alívio da dor aguda pós-operatória e da dor visceral (abdome agudo) e para neuroleptoanalgesia. Potência 4-7 vezes maior que a morfina. Não gera excitação Tramadol Mais usado em cães para alívio da dor traumática leve à moderada e na analgesia pós-operatória. Potência 5-10 vezes menor que a morfina. Obs: até 100mg -> controle especial em duas vias. AINEs - Mais eficiente quando a dor está associada a inflamação - Maior efeito sobre a dor somática do que a dor visceral, sendo eficazes nas dores potencializadas pela presença de prostaglandinas (associadas aos processos inflamatórios e no pós-operatório) - Em geral, possuem ação antipirética e anti-inflamatória combinada - Efeitos adversos: alterações gastrointestinais, renais, hepáticas e hematológicas 3 Terapêutica veterinária | Medicina Veterinária| @focusmedvet_| Inflamação - Fármacos: diripona, fenilbutazona; carprofeno; cetoprofeno; meloxicam; flumixin meglumina; dimetilsulfóxido; deracoxib; firocoxib. Dipirona - Ação analgésica e antipirética. Pouca ação anti-inflamatória - Mais usada em pequenos animais e em equinos como analgésico e antipirético (diminui o efeito ant- inflamatório) - Indicada para o tratamento da dor leve a moderada, especialmente associada a tecido moldes, a espamos da musculatura lisa ou cólicas envolvento os tratos urinário, gastrointestinal e biliar (efeito antiespasmódico) - Deve ser evitada em animais de produção (resíduos). Cavalos atletas (dopping), animais gestantes ou lactentes. Uso prolongado pode causar anormalidades hematológicas (agranulocitose). - Resposta complexa do tecido conjuntivo vascularizado frente a qualquer agressão injuriante. Envolve uma cascata de eventos bioquímicos e celulares que visa eliminar o agente causador da lesão celular e as consequências dessa lesão. - A prostaglandina participa da fase aguda da inflamação e os fármacos utilizados são anti prostaglandinas. Inflamação aguda - Processo de curta duração - Apresenta os sinais cardeais da inflamação (dor, calor, rubor, tumor e perda de função) Inflamação crônica - Processo que pode perdurar por um período indeterminado. 4 Terapêutica veterinária | Medicina Veterinária| @focusmedvet_| - Não apresenta um padrão estereotipado, variando de acordo com os tipos de mediadores celulares e humorais envolvidos. Terapia anti-inflamatória Objetivo: reduzir a resposta inflamatória, atenuando os efeitos nefastos da mesma sobre os tecidos (possível dano tecidual) - Fármacos anti-inflamatórios: reduzem a produção e liberação dos mediadores químicos envolvidos na inflamação Não esteroides (AINEs) Esteroides (glicocorticosteroides) AINEs - Inibem a síntese de PGs por inibição das cicloxigenases, em geral de maneira não seletiva (COX-1 e COX-2) - Por serem eficazes na fase vascular da inflamação são mais indicados em inflamações agudas (de tecidos moles e no pós-operatório) - AINEs não seletivo, inibe produção de todo tipo de prostaglandina (constitutivas e inflamatórias) 5 Terapêutica veterinária | Medicina Veterinária| @focusmedvet_| AINESs Efeitos colaterais devido à baixa seletividade (inibição da COX-1) Efeitos colaterais não relacionados diretamente à síntese de PGs Prejuízo da função renal (nefrotoxicidade e retenção de água e sódio) Depressão, nervosismo, convulsões, tremores e ataxia Irritação, ulceração e hemorragia do TGI Fotosensibilidade e distúrbios dermatológicos Toxicidade da medula óssea (anemia aplásica, leucopenia, trombocitopenia e agranulocitose) Hepatotoxicidade (icterícia, hepatite, necrose hepática) Bloqueio da agregação plaquetária (aumento do tempo de coagulação e predisposição a hemorragias) – Paciente que usa AINEs que inibem COX - 1 não pode ir para cirurgia. Efeito adverso sobre o metabolismo da cartilagem Inibição na neoformação óssea (reparo de fraturas) Fármacos e sua seletividade Fármaco Seletividade COX-1/COX-2 Ação na LOX Particularidades, indicações e restrições Ácido acetilsalicílico (Aas) +COX -1 Não Pouca ação anti-inflamatória. Potente ação trombolítica (usada em cães para evitar a formação de trombos antes da terapia para dirofilariose e na CID). Elevada toxicidade em felinos Diclofenaco 50% Parcial Inibição irreversível da cicloxigenase. Pode ser usado em ruminantes (miosites e artrites). Elevada toxicidade em cães (hemorragia gástrica) e aves Naproxeno 50% Não Boa penetração nos músculos e articulação. Proporciona boas respostas na miosite e laminite em equinos. Ulcerogênio em cães e pode causar erosão articular Cetoprofeno 50% Sim Potente ação anti-inflamatória e analgésica. Aprovado para uso em equinos, cães e gatos. Atividade antiendotóxica (estabilizados de membranas) Carprofeno + COX - 2 Não Alta eficácia no tratamento da osteoartrite e na redução da dor pós-cirúrgica. Aprovado para uso em cães e equinos. Custo elevado. Fenilbutazona + COX -1 Não Potência anti-inflamatória moderada. Utilizada em equinos em distúrbios inflamatórios músculo- esquelético. Contra indicada em felinos (tóxica), animais de produção (resíduos)e em cavalo atleta (dopping). Efeitos adversos graves em cães 6 Terapêutica veterinária | Medicina Veterinária| @focusmedvet_| Quem não age na lox não consegue controlar os mediadores envolvidos na fase crônica Precauções de uso - Não usar em animais com distúrbios gastrointestinais e hemorrágicos. - Não usar em casos de função renal ou hepática comprometida - Evitar o uso em gestantes, neonatos, lactentes e animais com baixo peso - Não usar concomitante com glicocorticosteróides ou outros AINEs, nem com diuréticos ou anticoagulantes - Restringir a duração do tratamento a um menor tempo possível (atentar para as recomendações do medicamento) Flunixim meglumine 50% Não Indicado nas inflamações músculos esqueléticos, oftálmicas, como analgésico no pós-operatório e para controle da dor visceral aguda, como antiespasmódico, e no choque endotóxico e septicemia (ação antiendotoxêmica) em equinos, ruminantes e suínos. Toxicidade moderada. Baixa margem de segurança em pequenos animais DMSO + COX - 1 Não Ação anti-inflamatória e analgésica. Uso em equinos topicamente para alívio da dor e redução da inflamação aguda causada por lesões traumática. Não em gestantes (teratogênica) Atravessa a BHE Ácido tolfenâmico + COX - 2 Sim Indicado para bovinos (controle da inflamação aguda associada a doenças respiratórias e mastite) e suínos (síndrome MMA) Nimesulide + COX – 2 Não Indicada para uso em cães e gatos, porém tem sido relacionada à distúrbios hepáticos, perfurações e hemorragia gastrointestinais. Meloxicam + COX - 2 Não Meia-vida plasmática alta (facilidade na administração – 24). Indicado no tratamento dos processos inflamatórios músculo-esqueléticos (equinos, cães e gatos). Baixo potencial ulcerogênico) Deracoxibe Firocoxibe Mavacoxibe COX – 2 Sim Aprovados para uso em cães e gatos. Eficácia no tratamento da osteoartrite e no pós-operatório em cães, proibido em animais atletas (dopping). Utilizados como possibilidade preventiva e terapêutica de alguns tipos de câncer que apresentam maior expressão de COX-2 (diminui angiogênese e o crescimento tumoral) Tepoxalina COX-2 Sim Aprovada para o uso em cães (não em gatos). Baixos efeitos adversos. TGI. Indicada no tratamento de inflamações osteoarticulares e oculares em cães. Bem tolerada para uso crônico. Poucos estudos científicos. 7 Terapêutica veterinária | Medicina Veterinária| @focusmedvet_| - A partir de 5 dias de uso deve-se monitorar o paciente Glicocorticosteróides - Moléculas que ativam os receptores dos hormônios produzidos pelas glândulas adrenais. Podem ser naturais ou semissintéticos. - Ação anti-inflamatória: inibe todas as fases da resposta inflamatória (vascular, celular e de reparação) - Inibe a conversão de fosfolipídios da membrana em ácido araquidônico (através da inibição da fosfolipase A2) -> diminui PGs e leucotrienos. - Inibem a acumulação de leucócitos, linfócitos e eosinófilos na área inflamada por inibição de fatores quimiotáticos elaborados no local da inflamação - Inibem a proliferação de fibroblastos e deposição de colágeno no tecido conjuntivo, retardando a cicatrização Vai atrapalhar em casos de cirurgia -> excelente ação anti-inflamatórias, mas vai retardar o processo de cicatrização Controle da inflamação pós-cirurgia -> AINEs Pacientes com formação exagerada de colágeno, formação de tecido cicatricial (quelóide), cicatrizações lentas -> ele é bom Em casos de úlcera não se usa - Estabilizam as membranas celulares e organelas, impedindo perdas determinados elementos, e sobretudo a entrada de toxinas. Indicações - Alterações musculoesquelética: artrites, osteoartrites, bursites, tendinite, osteítes. - Alterações dermatológicas: como anti-inflamatório, antipruriginoso, antialérgico e na fotosensibilização - Alteração oftálmica: para o controle da inflamação em todos os segmentos e evitar a neovascularização e pigmentação corneanas – ceratites não ulcerativas, uveítes, neurites ópticas - Alterações respiratórias: rinites, asma, bronquites crônicas agudizadas - Em neurologia: na prevenção e redução de edemas traumáticos do SNC, AVC e para o controle da inflamação meníngea, encefálica, medular e neuronal - Doenças alérgicas: para reduzir os sintomas. 8 Terapêutica veterinária | Medicina Veterinária| @focusmedvet_| Potência antiinflamatória Potência mineralocorticoide Ação curta < 12h Hidrocortisona (cortisol) 1 1 Cortisona 0,8 0,8 Ação intermediária 12-36h Prednisona 4 0,3 Prednisolona 5 0,8 Metilprednisolona 5 0,5 Triancinolona 5 0 Parametasona 10 0 Ação prolongada Betametasona 30 0 Dexametasona 30 Esquema terapêutico: corticosteróide de ação intermediária ou longa, na dose recomendada para a espécie, devendo ser reduzida a cada 3 dias, até a interrupção do tratamento (duração entre 7 a 15 dias). • A suspensão abrupta no tratamento prolonmgado com altas doses está associada ao risco de insuficiência adrenal capaz de ameaçar a vida. Via nde administração: oral, parenteral (IV, IM,SC) e tópica (intra-articular, pele e mucosas – conjuntival, nasal, brônquica, vaginal e uretral) • Mesmo de uso tópico, são amplamente absorvidos, incorrendo nos mesmos riscos adversos, anda que em menos escala. Efeitos colaterais - Ação hiperglicemiante → predispõe o animal à Diabetes Mellitus. - Ação imunossupressora → predispõe o animal à infecções. - ↓ síntese de colágeno → compromete a cicatrização, tornando a pele delgada e frágil. - Interferência no metabolismo proteico e lipídico → alteração da massa muscular, retardo no crescimento, - catabolismo generalizado. - ↓ absorção de cálcio intestinal → osteopenia. - ↑ sede, apetite e da quantidade de urina excretada. - Induz a cios irregulares e alterações da libido em machos e fêmeas.Teratogênese. - -Letargia, fadiga e apatia. - Pode ↑ pressão arterial pela atividade mineralocorticoide (depende da droga). - Alterações hematológicas e na bioquímica sérica. - Predispõe à catarata, glaucoma e atrofia de retina. - Pode levar ao hiperadrenocorticismo iatrogênico (Síndrome de Cushing) 9 Terapêutica veterinária | Medicina Veterinária| @focusmedvet_| Precauções de uso – Cuidado especial na utilização quando houver infecção → associar com antimicrobiano bactericida. – Não utilizar em inflamações oculares onde existam úlceras corneais. – Evitar o uso em gestantes. – Nunca utilizar junto com AINEs. – Evitar o uso de fármacos de ação prolongada. – Oferecer a menor dose necessária para o efeito desejado. – Reduzir ao mínimo necessário a duração do tratamento, decrescendo a dose gradativamente na retirada da corticoterapia. Caso clínico Você recebeu em sua clínica uma ave, Calopsita, 3 anos de idade, sexo indeterminado, pesando 110g, apresentando-se deprimida, com aumento de volume na região do inglúvio. Após confirmação radiográfica da presença de corpo estranho alojado na área correspondente à região final do inglúvio, a ave foi submetida à ingluviotomia para remoção do mesmo, e finalizada a cirurgia, foi monitorada até sua plena recuperação. 1. Qual a sua escolha para constituir a terapia analgésica e anti-inflamatória pós-operatória deste paciente? Justifique. Escolher um medicamento seletivo para cox-2, tenha ação analgésica e anti-inflamatória. A ave se estressa muito fácil, o medicamento de preferência deve ser aplicado apenas uma vez ao dia para reduzir o estresse do paciente. Medicamento: meloxicam 2. Calcule a dose para aplicação na clínica e faça a prescrição de acordo com sua escolha terapêutica (fármaco, dosagem). Mostre o cálculo. P/ ser aplicado na clínica Meloxicam = 0,2mg/kg PO, SC, q24h (fonte: Carpenter) Meloxicam 0,1%, solução oral (0,1mg/100ml) Meloxicam 0,2 %, solução injetável (0,2mg/100ml) Meloxicam 0,2 mg, comprimido Peso da ave:110g 0,2mg ---------- 1000g X mg ------------ 110g = 110x0,2/1000 = 0,022 mg 10 Terapêutica veterinária | Medicina Veterinária| @focusmedvet_| Maxicam solução injetável de 0,2% 0,2g/ 100ml 200mg ---------- 100ml 0,022 mg ------- x x= 0,011 ml para ser aplicado na clínica SC Meloxicam 0,1% solução oral - gotas 100 mg ----------- 100ml 0,022 mg ----------- x X = 0,022mL 1ml ---------- 20 gotas 0,022mL ----- x gotas X= 0,44 gotas (1 gota) a cada 24 horas. 11 Terapêutica veterinária | Medicina Veterinária| @focusmedvet_| Vet Clin - Clínica Veterinária Telefone: (73) 9988888 (whatsapp) Av. Getúlio Vargas, 1860 - Centro - Ilhéus Via oral Maxicam solução oral ________________________ 1 frasco Administrar 1 gota por dia na lateral do bico antes da primeira refeição do dia, por 5 dias Dra. Maria Oliveira Silva Médica Veterinária - CRMV- BA 0000 Indefinido Maria Oliveira Silva Médica Veterinária CRMV – BA 0000 Ilhéus, 30/08/2021 _________________________
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