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DO CASAMENTO, IMPEDIMENTOS, ESPONSAIS

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DO CASAMENTO 
❖ Considerações gerais 
❖ Capacidade matrimonial 
❖ Esponsais e Casamento 
❖ Habilitação 
❖ Espécies de Casamento 
Definição legal 
 
O art. 1.511 do Código Civil (CC) tenta determinar o conceito de casamento. 
 
Art. 1.511. O casamento estabelece comunhão plena de vida, com base na 
igualdade de direitos e deveres dos cônjuges. 
 
O conceito reflete princípios constitucionais como a pluralidade de entidades familiares 
(art. 226, caput, da CRFB/88), igualdade entre as pessoas humanas (art. 5º, caput, I, da 
CRFB/88) e absoluta isonomia entre os filhos (art. 227, § 6º, CRFB/88). 
 
Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald afirmam que “O casamento é uma 
entidade familiar estabelecida dentre pessoas humanas, merecedora de especial 
proteção estatal, constituída, formal e solenemente, formando uma comunhão de afetos 
(comunhão de vida) e produzindo diferentes efeitos no âmbito pessoal, social e 
patrimonial”. 
 
Veja-se que o conceito foca nos laços afetivos estabelecidos entre sujeitos de direito e 
abandona elementos caracterizadores tradicionais, como procriação, concepção ou adoção de 
filhos, indissolubilidade e religiosidade. 
 
Atualmente, a legislação brasileira respeita o direito de planejamento familiar, direito de 
descasar decorrente do direito de se casar e liberdade de matrimônio. Aliás, há independência 
de requisitos e formalidades religiosas para que ocorra o casamento civil. 
 
Finalidades do casamento 
 
Vimos na aula passada que muitos doutrinadores defendem que as finalidades do 
casamento seriam procriação, legalização de relações sexuais, educação da prole, atribuição 
de nome ao cônjuge e reparação de erros do passado. Destaca-se que para a doutrina 
majoritária a finalidade do casamento é estabelecer uma comunhão de vida 
 
A questão de reparação de erros do passado constava do art. 1.520 do Código Civil de 
1916 e permitia o casamento de quem ainda não havia alcançado a idade núbil para evitar 
imposição ou cumprimento de pena criminal ou em caso de gravidez. 
 
A disposição tornou-se absolutamente descabida com a revogação dos incisos VII e VIII 
do art. 107 do CP pela Lei 11.106/2005 e o Código Civil de 2002, a partir de 2019, passou a 
proibir, em qualquer hipótese, o casamento de pessoas menores de 16 anos. 
 
É importante ressaltar a vocês que em 2009, a Lei 12.015 incluiu no Código Penal o 
artigo 217-A que tipifica o crime de estupro de vulnerável, inexistindo qualquer excludente de 
culpabilidade relacionado ao casamento. 
 
Atualmente o art. 1.520 do CC determina o seguinte: 
 
Art. 1.520. Não será permitido, em qualquer caso, o casamento de quem não 
atingiu a idade núbil, observado o disposto no art. 1.517 deste Código. 
 
Art. 1.517. O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo-
se autorização de ambos os pais, ou de seus representantes legais, 
enquanto não atingida a maioridade civil. 
 
Chama atenção que, geralmente, as regras dispostas em nosso ordenamento jurídico 
são devidamente acompanhadas de exceções. Não é o caso da regra que estabelece a idade 
núbil. Como se vê, o menor de 16 anos não poderá se casar, sem exceções. Confira-se: 
 
 
 
Características do casamento 
 
O casamento tem as seguintes características, que serão detidamente analisadas ao 
longo do curso: 
 
Caráter personalíssimo, o direito de se casar somente poderá ser exercido pela pessoa que 
efetivamente se casará e é intransferível. Não se cogita de que ou pais exerçam o direito de 
casamento em nome de seus filhos, por exemplo; 
 
Pautado na livre escolha dos nubentes, a manifestação de vontade é o ponto central da 
instituição do casamento, a qual deverá ser válida e consciente; 
 
Não há exigência de diversidade de sexos, as disposições legais sobre relação entre homem 
e mulher, excluindo relações homossexuais, têm sido flexibilizadas pela jurisprudência; 
 
Não se submete a termo ou condição, a decisão de se casar deve ser tomada sem interesse 
em algum evento futuro e incerto. Não é possível afirmar que “eu me casarei se receber R$ 1 
milhão de reais dos pais da noiva ou do noivo; 
 
Estabelecimento de comunhão de vida, é necessário desejar compartilhar a vida com o 
futuro cônjuge; 
 
Natureza cogente das normas que o regulamentam, a não observação das normas poderá 
acarretar a inexistência, invalidade ou ineficácia do casamento, de forma que devem ser 
observadas; 
 
Estrutura monogâmica, sob pena de caracterização do crime de bigamia, previsto no art. 235 
do Código Penal; e 
 
Dissolubilidade, a depender da vontade das partes, ninguém será obrigado a permanecer 
casado contra a sua vontade. 
 
CAPACIDADE MATRIMONIAL 
 
Primeiramente, não podemos esquecer que o casamento é um ato formal submetido a 
diversos requisitos previstos em lei. Esse é o motivo pelo qual existe um processo de 
habilitação de casamento, em que aqueles que pretendem se casar devem apresentar 
documentos que demonstrem a capacidade civil dos noivos e a eventual existência de 
impedimentos matrimoniais. 
 
 
Por essa razão, é de interesse do estado que todas as famílias constituídas pelo 
matrimônio sejam concebidas dentro da formalidade que a lei exige. No tocante aos menores 
de idade, em regra, aqueles que não possuem 16 anos são considerados inabilitados para o 
casamento, por serem juridicamente incapazes (eles precisam ser representados pelos pais 
para os atos da vida civil). 
 
Para aqueles que são maiores de 16 e menores de 18 anos, entende-se que podem se 
casar, desde que com a autorização de seus pais (artigo 1517 do Código Civil Brasileiro). 
 
Caso os pais não autorizem o casamento do filho que possui entre 16 e 18 anos, existe 
o que se chama de suprimento judicial de consentimento. 
 
O suprimento judicial do consentimento acontece quando aquele que pretende se casar 
possui mais de 16 e menos de 18 anos e um dos genitores (ou ambos) não autoriza o 
casamento. Nesses casos, o juiz, em sentença judicial, analisará a questão e autorizará o 
matrimônio, substituindo a autorização dos pais. 
 
O menor de idade, para ingressar com o processo pedindo o suprimento do 
consentimento, deverá estar assistido pela Defensoria Pública ou por advogado, o qual deverá 
pleitear a sua nomeação como curador especial do adolescente, em razão do conflito de 
interesses entre o filho e seus representantes legais (que geralmente são os pais). 
 
É importante dizer que o juiz deverá “proceder com extremo cuidado e cautela ao 
analisar o pleito de suprimento de consentimento, para não estar, por via oblíqua, 
afrontando o poder familiar e, tampouco, autorizando um matrimônio impensado ou 
decorrente de impulsos frenéticos e apaixonados, com visível proteção a um 
adolescente”. O juiz precisará ouvir os pais do adolescente também, para entender os motivos 
da recusa em conceder a autorização, “somente autorizando o casamento se houver 
visível abuso do direito pelos responsáveis”. 
 
Quando aquele que pretende se casar contar com menos de 16 anos de idade, existem 
as hipóteses excepcionais de suprimento de idade. Nesses casos, o artigo 1520 do Código 
Civil Brasileiro permitia o casamento, desde que em caso de gravidez ou para evitar imposição 
de pena criminal. 
 
Entretanto, com o advento da Lei nº. 11.106/2005, que revogou o artigo 107 do Código 
Penal, considera-se como tacitamente revogada a hipótese de autorização de casamento para 
evitar imposição ou cumprimento de pena criminal, permanecendo tão somente a 
possibilidade expressa de casamento de menor de 16 anos no caso de gravidez, já que a 
Constituição Federal tem como um de seus princípios a proteção à família (artigo 226 da CF). 
 
Em se tratando de gravidez, é certo que deverão ser apresentados documentos que 
comprovem a gestação e, sendo a grávida menor de 16 anos, o juiz deverá analisar se 
efetivamente o casamento corresponderá aos seus interesses. 
 
Ressalte-se que a gravidez, porsi só, não impõe a celebração do casamento, porque a 
preocupação do ordenamento jurídico é com a proteção das crianças e adolescentes de um 
modo geral e uma decisão judicial não pode impor a uma adolescente deveres matrimoniais 
que não sejam condizentes com sua condição pessoal e desenvolvimento social. 
 
O suprimento judicial de idade não dispensa a necessidade de autorização dos pais, 
porém, caso eles não concordem, existe a possibilidade de se pedir cumulativamente o 
suprimento judicial de idade e o de consentimento. 
 
Se o pedido for deferido pelo juiz (pelo suprimento da idade ou por consentimento), será 
expedido um alvará autorizando a celebração do casamento, o que implicará a emancipação 
daquele juridicamente incapaz que está casando. Caso venha a ocorrer o divórcio, a 
capacidade jurídica permanecerá. O regime a ser adotado será o da separação obrigatória de 
bens. 
 
Essa celeuma toda se encerrou no dia 13/03/2019 com a publicação da Lei n.º 
13.811/2019, que alterou o artigo 1520 do Código Civil para proibir o casamento de menores 
de 16 anos, em qualquer hipótese. Assim, não há mais o que se falar em suprimento de 
idade. 
 
IMPEDIMENTOS MATRIMONIAIS 
 
Os impedimentos matrimoniais são hipóteses previstas em lei que, quando configuradas, 
impossibilitam que determinadas pessoas contraiam matrimônio com outras. Trata-se de regras 
de ordem pública, isto é, tem natureza de proibição absoluta, não negocial. 
 
Tais impedimentos são aplicáveis à união estável, exceto a vedação existente no caso 
de a pessoa casada se achar separada de fato ou judicialmente. Em outras palavras, a pessoa 
casada, separada ou divorciada pode constituir união estável com outra pessoa. 
 
Impedimentos decorrentes do parentesco 
 
Analisaremos cada uma das hipóteses legais previstas no art. 1.521 do Código Civil. 
 
Art. 1.521. Não podem casar: 
I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil; 
 
Esse inciso veda o casamento entre pais e filhos, e avós e netos. Sendo certo que ainda 
que a relação não seja sanguínea, a vedação persiste, de modo que filhos e netos adotados 
não podem se casar com pais adotantes e avós. 
 
Art. 1.521. Não podem casar: 
II - os afins em linha reta; 
 
A vedação de casamento entre afins em linha reta, decorre do parentesco firmado por 
casamento anterior. Assim, não é possível se casar com ex-sogro ou ex-sogra. A regra se 
assemelha a vedação de casamento entre pais e filhos, os sogros seriam como pais por 
afinidade. 
 
Art. 1.521. Não podem casar: 
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do 
adotante; 
 
O inciso III proíbe (1) o casamento entre o pai ou mãe adotivo com ex-marido ou ex-
esposa de seu filho(a) adotivo(a) e (2) o casamento entre o filho(a) adotivo(a) e o ex-marido ou 
ex-esposa de seu pai ou mãe adotivo. 
 
Art. 1.521. Não podem casar: 
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau 
inclusive; 
 
O inciso IV impede o casamento entre irmãos de mesmos pais, entre meios-irmãos, e 
entre sobrinhos e tios. 
 
Art. 1.521. Não podem casar: 
V - o adotado com o filho do adotante; 
 
Também há vedação de casamento entre o filho adotado e o filho do adotante, até 
porque, mesmo que não haja relação sanguínea, ambos são irmãos. A regra apresenta-se 
repetitiva ante a vedação do inciso anterior que impede o casamento entre irmãos. 
 
 
 
 
 
Impedimento decorrente de casamento anterior (existência de vínculo) 
 
Art. 1.521. Não podem casar: 
VI – as pessoas casadas; 
 
Aqui o impedimento não guarda relação com parentesco, mas decorre da existência de 
casamento anterior. Em outras palavras, ninguém poderá se casar com duas pessoas 
diferentes ao mesmo tempo, em razão da natureza monogâmica do instituto do casamento. 
 
A exceção dessa regra é a figura do casamento putativo previsto no art. 1.561 do CC, 
cujo estudo será profundado em momento apropriado. Nessa hipótese, ainda que nulo ou 
anulável, o casamento será válido em relação aos filhos e aos cônjuges de boa-fé. Apenas 
após prolação de sentença anulando o casamento cessarão os seus efeitos civis. 
 
Veja-se que os cônjuges que de má-fé (cientes de que o outro nubente já era casado) 
contraem matrimônio não poderão aproveitar os seus efeitos civis, especialmente patrimoniais. 
Isso porque ninguém pode se beneficiar da própria torpeza. Importa reiterar que o casamento 
sempre será válido e produzirá efeitos em relação aos filhos, já que eles não promoveram o ato 
ilícito e nem poderiam evitá-lo. 
 
Além de ilícito civil, a sabida contração de novo casamento por pessoa já casada 
configura o crime de bigamia previsto no art. 235 do Código Penal, punível com pena de 2 a 6 
meses de reclusão. 
 
Art. 1.521. Não podem casar: 
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de 
homicídio contra o seu consorte. 
 
Esse impedimento visa a desestimular que um terceiro mate alguém para se casar com 
seu cônjuge, até mesmo com o consentimento deste último. 
 
 Tendo visto as causas de impedimento, cabe ressaltar que todas elas geram nulidade 
(e não anulabilidade!). 
 
Oposição dos impedimentos matrimoniais 
 
A oposição aos impedimentos matrimoniais poderá ser realizada na fase de habilitação 
para o casamento ou no momento de sua celebração. 
 
São legitimados para se opor ao casamento qualquer interessado e, de ofício, o juiz ou o 
oficial do cartório de registro civil. Ademais, em vista da natureza de ordem pública dos 
impedimentos matrimoniais, a doutrina estende essa legitimação ao Ministério Público. 
 
Caso haja oposição, o casamento será imediatamente sustado e somente será realizado 
após julgamento judicial afastando essa oposição. 
 
Ocorrido o casamento, a despeito da oposição, ele será nulo, sem prejuízo da 
responsabilização funcional e penal por crime de prevaricação da autoridade judiciária ou do 
oficial de registro civil. Nesse cenário, os impedimentos poderão ser arguidos por meio de ação 
declaratória de nulidade. 
 
CAUSAS SUSPENSIVAS 
 
As causas suspensivas são causas que visam a impedir temporariamente o 
casamento por ele não ser conveniente nas condições em que se encontra. 
 
A celebração do casamento neste momento, entretanto, não acarreta sua invalidez. 
 
A verdade é que o Código Civil de 2002 é bem taxativo e explicativo ao dizer que, nas 
causas impeditivas, os indivíduos “não podem se casar” e, nas causas suspensivas, “não 
devem se casar”. 
Isto é esclarecedor porque, apesar de não ser recomendável (o Direito considerou 
temerária a contração de matrimônio enquanto nestas situações), as pessoas que estão nas 
hipóteses de suspensão estão, sim, aptas a se casar, devendo entretanto arcar com sanções 
de ordem patrimonial previstas na lei, principalmente a imposição do regime obrigatório de 
separação de bens, conforme o artigo 1641 do CC. 
 
 Sumariamente, então, as causas suspensivas são aquelas em que não se recomenda o 
casamento por haver perigo de ordem patrimonial. Optando por se casarem mesmo assim, os 
nubentes sofrerão determinadas sanções patrimoniais previstas, a não ser que consigam 
provar a ausência de prejuízo a quaisquer dos interessados. 
 
O artigo 1.523 do Código Civil Brasileiro é o artigo que nos traz taxativamente as quatro 
hipóteses de suspensão no casamento. 
 
Vamos fazer a leitura do art. 1.523, e explicar cada caso. 
 
I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário 
dos bens do casal e der partilha aos herdeiros; 
Pendência de inventário - Nesta hipótese, o Código Civil mitiga o direito de se casar do viúvo 
ou da viúva que tiver filho do cônjuge falecido enquanto ainda não tiver sido realizado o 
inventário dos bens do casal ou não tiver sido realizada a partilha de bens aos herdeiros, 
impondo a exigência de hipoteca legal dos imóveis do viúvoem favor de seus filhos e o regime 
de separação total de bens no novo casamento. Tais sanções podem deixar de ser aplicadas 
se comprovada a ausência de prejuízo aos herdeiros. 
 
II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até 
dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal. 
Parentalidade - Esta restrição tem por objetivo evitar confusões sobre a paternidade do filho 
que nascer nesse espaço temporal (turbatio ou confusio sanguinis). 
Acontece que, atualmente, por conta dos avanços científicos e tecnológicos, esta causa tende 
a desaparecer uma vez que ficou muito mais fácil e muito mais acessível realizar um exame de 
DNA que venha a comprovar a parentalidade da criança. 
 
III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens 
do casal; 
Partilha de bens - Esta restrição é uma forma de evitar a confusão de patrimônio de ambos os 
nubentes; esta questão foi trazida pelo Código de 2002 uma vez que a concessão do divórcio 
hoje em dia pode acontecer sem que tenha havido partilha conclusiva e definitiva dos bens do 
casal (Art. 1.581, CC), ou seja, pode-se obter o divórcio sem ter tido a questão dos bens do 
casamento dissolvido ainda resolvida. Em casos assim, interessante entender que a suspensão 
não se dá em razão do divórcio recente, mas sim em razão da partilha que ainda não foi feita, e 
esta suspensão extingue-se no momento em que houver a homologação judicial da partilha ou 
que tenha sido decidida a partilha. 
 
IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou 
sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou 
curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas. 
 A última restrição suspensiva imposta pelo Código Civil é dos casos em que o tutor ou o 
curador e seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos casar-se com a 
pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela e enquanto não 
estiverem saldadas as respectivas contas. 
Essa restrição acontece porque o tutor ou o curador poderia induzir o tutelado ou o 
curatelado a erro, diante de uma relação de confiança, o que geraria repercussões 
patrimoniais. Venosa (2010, p.84) diz que tal restrição é justificada pela “eventual 
possibilidade de o incapaz ser jungido a contrair patrimônio para isentar o administrador 
dos seus bens da prestação de conta”. 
 
Entende-se também que o tutor ou curador poderia se aproveitar da situação e contrair 
matrimônio com seu tutelado ou curatelado em razão dos bens deste, sendo que a dada 
restrição se estende aos os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, 
pelas mesmas razões. 
 
 
ESPONSAIS – JÁ OUVIRAM FALAR DE ESPONSAIS ? 
 
Esponsais é o instituto conhecido como noivado. 
 
Trata-se de um fato social abarcado de costumes em que os noivos afirmam para 
sociedade e família que pretendem se casar. A celebração dos esponsais não exige uma forma 
solene ou pública, sendo decorrente da manifestação verbal. A promessa de casamento em 
momento algum pode afetar a liberdade de casar, portanto, não pode servir como um 
instrumento de coercibilidade para obrigar os noivos a casar. Ao pensar no casamento como 
um negócio jurídico pode-se pensar que o noivado se equipara a uma promessa de contrato 
ou contrato preliminar, o que não é verdade, portanto, não geraria uma quebra contratual a 
desistência de um dos noivos. Assim, os esponsais não geram efeitos jurídicos pessoais ou 
patrimoniais dentro do âmbito do Direito de Família. 
 
No entanto, vislumbra-se a prospecção dentro do âmbito da Responsabilidade Civil, com 
a imposição do dever de indenizar eventuais danos materiais ou morais causados ao nubente 
frustrado. 
 
Caso o noivado (ou esponsais) seja rompido por vontade de uma das partes 
caberá a outra direito à indenização pecuniária ? 
 
Vimos que os esponsais, em regra, precedem o matrimônio, portanto são, em síntese, 
um compromisso de casamento sem que haja “qualquer obrigação legal de se cumprirem os 
esponsais e, muito menos, autorização normativa para propor qualquer ação para cobrança de 
multas contratuais em caso de sua inexecução. 
 
Nestes termos, a promessa de casamento não pertence ao campo obrigacional, não tem 
cunho patrimonial, e por isso, a possibilidade de esse inadimplemento gerar indenização por 
‘lucros’ cessantes deve ser vista com cuidado, pois qualquer conotação de ganho ou vantagem 
deve ser afastada da noção e compreensão de casamento, o qual assenta suas bases na 
afetividade. 
 
O entendimento atual dos tribunais acerca da matéria, no entanto, indica mais certezas 
que a doutrina pode conferir a matéria, afim de, e buscando melhor compreensão sobre o esse 
tema e a responsabilidade objetivada no rompimento da promessa, cuida de ser mais fiéis à 
constante evolução da sociedade mediante a orientação jurisprudencial. 
 
Como se pode observar, toda promessa de contratar frustrada gera, em princípio, efeitos 
na hipótese de inexecução culposa. Afora isso, os préstimos para o casamento, despesas com 
preparativos, compras de imóvel e pertenças para o futuro lar; abandono de emprego, 
mudança de domicílio, etc. são questões que podem ser computadas no valor dos danos. 
 
 
Deste modo, diante dos preparativos para os quais se prestaram os nubentes, a quebra 
da promessa esponsálica, pode originar ação de reparação firmada nos princípios da 
responsabilidade civil subjetiva, a qual preconizada no art. 186, e que para restar caracterizado 
o dever de indenizar é “imperioso provar a culpa ou dolo do noivo ou da noiva que se recusou a 
ingressar no estado de casado 
 
A responsabilidade pelo fim do noivado e consequente obrigação de indenizar pelos 
prejuízos causados em virtude de atos ou omissões, voluntárias, negligenciais ou imprudentes 
que violem os direitos morais e/ou causem prejuízos materiais, se desdobra em: a) Promessa 
livre e personalíssima de casamento; b) Que haja recusa em se cumprir tal promessa sem 
motivos justos (de modo expresso ou tácito); c) Que este último ato gere dano (geralmente de 
cunho psicológico, pecuniário ou moral) 
 
Então podemos concluir que o cabimento de ressarcimentos pecuniários pelo 
rompimento dos esponsais é totalmente procedente no Direito Brasileiro, desde que se 
comprovem as despesas com os aprestos do casamento (ainda que estes não tenham sido 
autorizados expressamente, pois os esponsais por si só, imbuem-se, tacitamente, desta 
autorização) e se preencham os requisitos intrínsecos à responsabilidade subjetiva, segundo a 
qual o jurista deve ser cauteloso e observar a caracterização do dano moral no caso em 
concreto. 
 
Habilitação para casamento (antes ou depois do ato) 
 
A celebração do casamento precede de procedimento de habilitação perante autoridade 
competente, ou seja, oficial de registro civil, sendo que o procedimento a ser observado está 
disposto do artigo 1.525 ao 1532. 
 
Anteriormente, exigia-se a homologação judicial para a habilitação do casamento. A Lei 
12.133/09, no entanto, simplificou o procedimento e suprimiu tal exigência. Agora, impõe-se 
apenas a tramitação perante o Oficial do Cartório e a fiscalização pelo Ministério Público. 
 
A atuação judicial é excepcional e é exigida somente quando houver impugnação do 
Oficial do Cartório do Registro Civil, do parquet ou de terceiros. Apesar dessa alteração, 
manteve-se a fiscalização do Ministério Público, justificando-se pela existência de interesse 
público. 
 
De acordo com o artigo 1525 do CC, para a habilitação, deve haver requerimento 
firmado pelos nubentes ou seus procuradores contendo: 
 
Certidão de nascimento 
Autorização dos responsáveis legais (se os nubentes forem dependentes) 
Duas testemunhas maiores de idade 
Declaração de: 
Estado civil, 
Domicílio e residência dos nubentes e de seus pais 
Certidãode óbito do cônjuge falecido, se houver; sentença declaratória de 
nulidade/anulação de casamento anterior; sentença de divórcio; partilha de bens em 
inventário. 
 
A certidão de nascimento ou outro documento similar (inciso I) tem como objetivo 
comprovar a idade núbil. 
 
Em caso de um indivíduo entre 16 e 18 anos, é necessário ainda a apresentação do 
consentimento dos pais ou do suprimento judicial de consentimento (inciso II). 
 
O inciso III exige a declaração de duas pessoas capazes que declarem conhecer os 
nubentes e desconhecer qualquer impedimento contra o casamento em questão. 
 
A fim de facilitar a verificação das condições objetivas necessárias, exige-se também a 
declaração do estado civil, do domicílio e da residência atual dos noivos e de seus pais (inciso 
IV). 
 
Por fim, caso um dos nubentes seja viúvo ou divorciado, é necessário que seja 
comprovada a dissolução das núpcias anteriores (inciso V), por meio de certidão regular do 
cartório. Caso a morte tenha ocorrido no exterior, deve ser apresentada a tradução 
juramentada do documento. Na hipótese de um dos noivos ser domiciliado no exterior, é 
necessário ainda a comprovação de que não há impedimentos em seu país. 
 
Antes de tudo, deve-se observar as disposições gerais sobre o casamento, dentre as 
quais a aquisição da idade núbil, qual seja: 16 (dezesseis) anos. No entanto, uma vez atingida 
a idade núbil até a maioridade civil é imprescindível que o menor púbere tenha a autorização 
de ambos os pais ou de seus representantes para o casamento. 
 
Como vimos na aula passada, o Código Civil traz ainda os casos de impedimento para o 
casamento (NÃO PODEM), bem como as causas suspensivas (NÃO DEVEM). 
 
Como dito antes, o processo de habilitação é feito perante o oficial de Registro Civil com 
a audiência do Ministério Público, sendo que nas hipóteses de impugnação pelo Oficial, 
Ministério Público ou terceiro a habilitação será submetida ao Juiz. 
 
Uma vez cumprida todas as formalidades que falamos e estando devidamente em 
ordem a documentação o Oficial extrairá edital (PROCLAMAS) que deverá ser fixado pelo 
período de 15 (quinze) dias nas circunscrições do Registro Civil de ambos os nubentes, bem 
como, obrigatoriamente, nas localidades em que houver imprensa local deverá ser publicado o 
respectivo edital. Exceção artigo 1.527 § único. 
 
Oposição de impedimento matrimonial e causa suspensiva 
 
 Em relação ao tema, cabe destacar os seguintes dispositivos do CC: 
 
Art. 1.528. É dever do oficial do registro esclarecer os nubentes a respeito 
dos fatos que podem ocasionar a invalidade do casamento, bem como sobre 
os diversos regimes de bens. 
 
Art. 1.529. Tanto os impedimentos quanto as causas suspensivas serão 
opostos em declaração escrita e assinada, instruída com as provas do fato 
alegado, ou com a indicação do lugar onde possam ser obtidas. 
 
Art. 1.530. O oficial do registro dará aos nubentes ou a seus representantes 
nota da oposição, indicando os fundamentos, as provas e o nome de quem 
a ofereceu. 
 
Parágrafo único. Podem os nubentes requerer prazo razoável para fazer 
prova contrária aos fatos alegados, e promover as ações civis e criminais 
contra o oponente de má-fé. 
 
 Primeiramente, destaca-se o art. 1.528 do CC que impõe ao Oficial do Cartório de 
Registro Civil o dever de esclarecer os nubentes (e representantes) sobre as hipóteses de 
nulidade e anulabilidade do casamento e suas consequências. Ainda, deve também informar 
sobre os diversos regimes de bens e a possibilidade de escolha dentre eles. Para tanto, deve 
utilizar uma linguagem clara e acessível. Caso o referido Oficial não cumpra com esse dever, é 
possível a sua responsabilização civil (caso haja prejuízo às partes), sem prejuízo de eventuais 
sanções administrativas e penais, se for o caso. 
 
 O art. 1.529 determina que a oposição de impedimentos e causas suspensivas deve ser 
realizada por declaração escrita e assinada, instruída com as referidas provas ou indicando 
onde poderão ser encontradas, a fim de evitar imputações levianas. Caso algum desses 
requisitos não seja preenchido, o Oficial do Cartório deverá rejeitar sumariamente a oposição. 
 
 Na hipótese de ser admitida a oposição do impedimento matrimonial ou da causa 
suspensiva, um procedimento será formado e será decidido pelo juiz competente, com 
produção de provas por ambas as partes, e ouvido o Ministério Público. Da decisão, caberá 
recurso de apelação, podendo ser interposto tanto pelos nubentes, quanto pelo Ministério 
Público, como fiscal da lei. 
 
 Caso seja apresentado um impedimento ou uma causa suspensiva, impõe-se a 
imediata suspensão do procedimento de habilitação para o casamento, sendo que sua 
retomada somente se dará após a deliberação judicial. Em relação à cerimônia, a suspensão 
pode decorrer apenas de impedimento matrimonial, de modo que a causa suspensiva não tem 
o condão de interrompê-la. 
 
 O art. 1.530 estabelece o dever do Oficial do Registro de dar aos nubentes a nota da 
oposição, com seus fundamentos, provas, bem como o nome de quem a ofereceu. Tal 
disposição se justifica para garantir aos noivos tanto a ampla defesa, como seu direito à 
reparação civil dos eventuais danos sofridos, desde que provada a culpa (responsabilidade civil 
subjetiva). Podendo, inclusive, haver responsabilização penal, se for o caso. 
 
E o parágrafo único do referido dispositivo garante a ampla defesa e o contraditório aos 
nubentes. Caso a oposição não apresente um mínimo de plausibilidade, a autoridade deve 
rejeitá-la sumariamente. 
 
CERTIDÃO E REGISTRO 
 
Após o processamento da habilitação para o casamento, o oficial do registro civil deverá 
emitir o certificado de habilitação para o casamento e entregá-lo para os noivos. Apesar da 
emissão do certificado, é permitido que haja oposição superveniente de impedimento 
matrimonial ou causa suspensiva, até a celebração do casamento. É possível, ainda, que os 
noivos contraiam casamento em circunscrição distinta da que foi processada a habilitação, 
desde que comunicada para as regulares anotações. 
 
 O art. 1.532 estabelece o prazo decadencial para a celebração do casamento. Assim, 
emitido o certificado de habilitação e feito seu registro regular no Cartório (termo inicial), 
começará a correr o prazo de 90 dias para a celebração do matrimônio. Como se trata de prazo 
decadencial, ele não se suspende e tampouco se interrompe. Caso o casamento não ocorra 
dentro desse prazo, deve ser realizado um novo procedimento de habilitação, podendo 
reaproveitar os documentos e provas apresentadas no procedimento anterior. Por fim, verifica-
se ainda que: 
 
Não sendo celebrado o casamento no prazo de 90 dias, mas sendo celebrado 
casamento somente religioso, depois do prazo, será possível a concessão de efeitos 
retroativos, caso não seja provada a inexistência de impedimento matrimonial, como autorizam 
os arts. 1.515 e 1.516 da própria Codificação 
 
Requisitos da celebração 
 
A anuência expressa da livre e espontânea vontade de contrair matrimônio, devendo 
haver autorização dos pais ou de representantes legais se o nubente tiver entre 16 e 18 anos. 
 
 Registro no Cartório Civil de Pessoas Naturais 
 
Este registro que confere a validade dos efeitos do casamento. Se eu não fizer o registro 
de meu casamento, eu posso me casar com quantas pessoas quiser no religioso (se a religião 
permitir), porém os efeitos civis só serão conferidos com o registro, que só pode ser feito para 
um casamento, já que se veda a bigamia ou poligamia no Brasil. 
 
Os efeitos do casamento, em caso da celebração no religioso, começam a valer na data 
da celebração, então, apesar de se exigir o registro para que haja efeitos, a data do casamento 
não é considerada aquela efetuada no registro, mas sim a da celebração efetiva. Este 
requerimento de registro, destaforma, poderá ser feito a qualquer tempo. 
 
Efeitos da celebração do casamento religioso com efeitos civis 
 
O efeito civil é dado a partir do registro, como falamos anteriormente. Vimos também que 
é admitida a qualquer tempo a busca do efeito civil ao casamento religioso, por exemplo: 
Clotilde se casou no religioso, mas não no civil, com Antônio em 06/03/1978, construindo uma 
família com muitos filhos, netos e bisnetos. Clotilde, tomando posse da certidão de casamento 
religioso, poderá requerer os efeitos civis dele hoje 17/08/2021, os quais, mesmo realizados 
tardiamente, irão retroagir até a data do efetivo casamento (06/03/1978). 
 
Anulação do casamento religioso com efeitos civis 
 
Há, no Brasil, separação dos casamentos religioso e civil. Deste modo, se por algum 
motivo o casamento for anulado religiosamente, os efeitos atribuídos a ele por conta do registro 
continuarão sendo válidos civilmente até que seja feita sua revogação por vontade dos 
nubentes ou decretação de nulidade pelo Poder Judiciário. 
 
Se, por ventura, um dos nubentes tiver contraído mais de um casamento no civil ou 
religioso com efeito civil ainda válido ao tempo que tentar efetuar o registro de um novo 
casamento religioso, este não poderá ser realizado, visto que estará impedido por lei a fazê-lo. 
Isto é, aquele que contrair novo casamento seja no religioso ou não estando casado, não 
poderá registrar novas núpcias por força do art. 1.516, §3º do CC/02. 
 
A bigamia, em alguns países, é autorizada por motivos culturais, entretanto, no Brasil, 
não poderá ser arguida a liberdade de crença para que uma pessoa contraia mais de um 
casamento válido e eficaz perante a lei civil. Neste caso, será válido em território brasileiro 
somente o primeiro casamento contraído, sendo desconhecidos pelo Código Civil os demais 
matrimônios, isto é, no Brasil é possível uma pessoa ter mais de uma esposa na ordem 
material, mas na ordem fática é impossível isso ser validado. 
 
Modalidades Especiais de Casamento 
 
São modalidades de casamento que possibilitam aos nubentes casar-se mesmo estando 
em situações dificultadoras da realização matrimonial, ou seja, são métodos que facilitam a 
realização do casamento em situações desfavoráveis. 
 
Além das categorias que se enumeram a seguir, há peculiaridades na celebração de 
casamentos que veremos mais adiante: caso de moléstia grave de um dos nubentes (vide art. 
1.539 CC) e caso de eminente risco de vida de um deles, casamento este chamado 
nuncupativo ou in extremis (vide arts. 1.540 a 1.542 CC). 
 
Casamento por procuração 
 
Art. 1.542. O casamento pode celebrar-se mediante procuração, por 
instrumento público, com poderes especiais. 
 
Neste tipo de casamento, possibilita-se a concretização do matrimônio mesmo estando 
um dos nubentes à distância. 
 
Requisitos da procuração: 
 
➢ Deverá ser feita por instrumento público, 
➢ Conter poderes específicos - a procuração pode conferir poderes de alienar, hipotecar, 
transigir, ou praticar outros quaisquer atos que ultrapassem os poderes originais 
conferidos pelo instituto, precisando, para tanto, de disposição expressa (art. 661 CC). 
➢ A validade da procuração é de 90 dias a partir da outorga, 
➢ Ambos os noivos podem se casar por procuração, independentemente de gênero. 
 
Exemplo: Aline é noiva de Joaquim, o qual está em missão diplomática no Afeganistão, há 6 
meses. Ela está em uma viagem a trabalho na Síria. Aline outorga procuração para que sua 
mãe a represente na data do casamento, bem como Joaquim outorga procuração para que sua 
mãe o represente no dia do casamento, que será celebrado no Brasil no dia 02/01/2016. O 
casamento será válido, eficaz e produzirá todos os efeitos que o Código Civil prevê. 
 
Convém mencionar que a procuração de representação para o casamento poderá ser 
revogada, também por instrumento público. Todavia, se o casamento for realizado pelo 
mandante (quem dá a procuração, ou seja, o nubente) cuja procuração fora revogada antes, 
geram-se 2 efeitos: 
 
1º Se a comunicação da revogação do mandato não chegou a tempo da data de 
celebração do casamento, o mandante responde por perdas e danos (em 
dinheiro), sendo o casamento anulável (e não nulo), dependendo da vontade das 
partes de requerer a anulação (art. 1550, V, do CC). 
 
2º Se houver coabitação (os noivos morarem juntos), há a possibilidade de o 
casamento ser validado, mesmo se o mandato tiver sido revogado, pois há 
aparência de vontade de contrair matrimônio entre os nubentes, isto é, o 
casamento foi convalidado pela aparência de casamento, pelo matrimônio de fato. 
 
Casamento Putativo 
 
Art. 1.561. Embora anulável ou mesmo nulo, se contraído de boa-fé por 
ambos os cônjuges, o casamento, em relação a estes como aos filhos, 
produz todos os efeitos até o dia da sentença anulatória. 
 
O casamento putativo (aparência de verdade) é aquele celebrado de forma indevida 
porém de boa-fé, isto é, um casamento o qual se imaginava ser válido e verdadeiro e, no 
entanto, verificou-se posteriormente vício que enseja a anulação. Nestes casos, honrando a 
boa-fé dos contraentes, o matrimônio nulo ou anulável produz efeitos civil válidos em proveito 
dos cônjuges e seus herdeiros. Convém ressaltar que podem estar de boa-fé ambos os 
cônjuges ou apenas um deles. A lei civil só protegerá aquele que estiver de boa-fé! 
 
É exemplo de casamento putativo a situação que acabamos de ilustrar: casamento feito 
por procuração que estava revogada na data do casamento. Se ambos os cônjuges agiram de 
boa-fé, os efeitos civis do matrimônio serão válidos para ambos. 
 
Efeitos do casamento putativo 
 
Quanto aos cônjuges: produzirá efeitos com relação a quem estiver de boa-fé, os quais se 
estendem desde a data da celebração do casamento até o trânsito em julgado da sentença que 
desconstituir o casamento, sendo o caso. 
 
Convém mencionar que a sentença desconstitutiva do casamento possivelmente 
produzirá efeitos diferentes para cada nubente, sempre privilegiando aquele que de boa-fé 
mostrou agir. 
 
O efeito da sentença desconstitutiva do casamento para o cônjuge de boa-fé não 
retroagirá, ou seja, a sentença produzirá efeitos da data que for transita em julgado para frente 
(ex nunc), como se o casamento tivesse, de fato e de direito, existido e vigido até a data de sua 
anulação. 
 
Já para o cônjuge de má-fé, será retroativo (ex tunc) o efeito da sentença que desfaz o 
casamento, isto é, para todos os efeitos, será como se nunca houvesse tido relação 
matrimonial alguma. 
 
Quanto aos filhos: o casamento celebrado sempre produzirá efeitos, independentemente de 
os pais terem contraído matrimônio inválido de boa-fé ou não. Os efeitos civis para a prole 
serão os mesmos que para o cônjuge de boa-fé, isto é, em caso de anulação, não haverá 
retroatividade de efeitos à data da celebração do casamento. Desta forma, os filhos aproveitam 
os efeitos civis que os beneficiariam caso o matrimônio fosse plenamente válido. Atenção: para 
todos os efeitos, a CF equiparou o status entre os filhos tidos fora do casamento com filhos que 
foram concebidos dentro dele. 
 
Casamento consular (realizado fora do País) 
 
Art. 1.544. O casamento de brasileiro, celebrado no estrangeiro, perante as 
respectivas autoridades ou os cônsules brasileiros, deverá ser registrado 
em cento e oitenta dias, a contar da volta de um ou de ambos os cônjuges 
ao Brasil, no cartório do respectivo domicílio, ou, em sua falta, no 1o Ofício 
da Capital do Estado em que passarem a residir. 
 
Segundo o princípio locus regit actum (o lugar regula o ato), o casamento realizado num 
país deverá ser provado em conformidade com a lei pertinente em vigência do próprio país, 
emitindo-se certidão, a qual só produzirá efeitos no Brasil após devida autenticação pelo cônsul 
brasileiro que se encontrar no local da celebração. Fora esta disposição, porém, há ainda, em 
caso de não haver agenteconsular brasileiro no local, a possibilidade de se firmarem 
suficientes provas de realização válida do casamento para que ele possa produzir efeitos no 
Brasil. Finalmente, além destas, há a opção de os nubentes brasileiros (ambos brasileiros) 
realizarem casamento no exterior segundo as leis brasileiras perante autoridade estrangeira ou 
cônsul brasileiro, contanto que se prove assim por certidão de registro (no caso de autoridade 
estrangeira) ou por certidão de assento no registro do consulado (no caso de autoridade 
brasileira), a qual equivaleria ao firmamento no Cartório de Registros Civis. Tendo sido feito 
isto, os cônjuges terão o prazo de 180 dias para voltar ao Brasil e promover o registro no 
Cartório do domicílio dos noivos ou no 1° Ofício da Capital do estado em que forem residir, 
segundo o artigo 32, §1° da Lei 6.015/73. Não é necessário que ambos os cônjuges venham 
para o Brasil, bastando apenas 1 para realizar o ato. 
 
Todavia, convém esclarecer que esse prazo é impróprio, ou seja, que se, por ventura, 
passarem-se os 180 dias para o registro e este for feito em atraso, nenhum prejuízo se sofrerá 
aos efeitos do casamento, que se darão da mesma forma com eficácia plena e ex tunc. 
 
Casamento em caso de moléstia grave 
 
Art. 1.539. No caso de moléstia grave de um dos nubentes, o presidente do 
ato irá celebrá-lo onde se encontrar o impedido, sendo urgente, ainda que à 
noite, perante duas testemunhas que saibam ler e escrever. 
 
Aqui, tem-se um dos nubentes incapacitado de ir até o cartório ou de se locomover, 
motivo pelo qual demanda tratamento especial. Trata-se de uma situação que dispensa o 
processo de habilitação para o casamento, exigindo tão somente a presença de 2 testemunhas 
que saibam ler e escrever e do presidente do ato (juiz de paz). Caso o juiz de paz não possa 
comparecer, ele nomeará alguém para realizar o casamento ou, na falta de nomeação, servirá 
qualquer um de seus substitutos ou o próprio registrador. Embora o Código Civil não expresse 
claramente estas hipóteses todas, entende-se, a partir da interpretação extensiva da lei, que 
serão todas possíveis, desde que o juiz de paz, após realização pelo representante, ratifique o 
ato. 
 
Importante frisar que, havendo urgência, o presidente do ato (juiz de paz ou quem o 
valha) irá celebrar o casamento onde quer que o doente esteja, ainda que à noite. 
 
 
Casamento nuncupativo (in extremis) 
 
Art. 1.540. Quando algum dos contraentes estiver em iminente risco de vida, 
não obtendo a presença da autoridade à qual incumba presidir o ato, nem a 
de seu substituto, poderá o casamento ser celebrado na presença de seis 
testemunhas, que com os nubentes não tenham parentesco em linha reta, 
ou, na colateral, até segundo grau. 
 
Neste caos, um dos nubentes está em eminente risco de vida, isto é, não há muitas 
perspectivas de que ele melhore da condição em que se encontra, restando-lhe provavelmente 
pouco tempo de vida. Neste caso, em nome da urgência, várias das formalidades impostas 
pelos artigos 1.533 e seguintes do CC serão dispensadas. Desta maneira, serão dispensados 
os requisitos da prévia habilitação, a presença de um juiz de paz, o edital de proclamas, etc.. 
 
Se não for possível obter a presença de uma autoridade competente para presidir o ato 
nupcial, aos próprios nubentes competirá sua celebração, afirmando de livre e espontânea 
vontade o desejo de contrair matrimonio na presença das 6 testemunhas com as quais não 
guardem relação de parentesco. 
 
O requisito de validade para este ato, então, será a presença de 6 testemunhas que não 
guardem grau de parentesco com os noivos em linha reta ou colateral até 2° grau.

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