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MARIA GORETH MACEDO VALADARES THAIS CÂMARA MAIA FERNANDES COELHO DIREITO DE FAMÍLIA SUMÁRIO CAPÍTULO 1 A NOVA ORDEM CONSTITUCIONAL E O DIREITO DAS FAMÍLIAS.................................................................................................................. 5 ...1.1 Aspectos Principais ............................................................................................ 5 ...1.2 Questões..................................................................................................... 7 CAPÍTULO 2 DAS RELAÇÕES DE PARENTESCO........................................... 9 ...2.1 Aspectos Principais............................................................................................. 9 ...2.2 Do Parentesco em Linha Reta............................................................................. 11 ...2.3 Do Parentesco em Linha Colateral...................................................................... 12 ...2.4 Questões.............................................................................................................. 12 CAPÍTULO 3 DO CASAMENTO............................................................................ 15 ...3.1 Introdução............................................................................................................ 15 ...3.2 Do Casamento Civil............................................................................................ 15 ...3.3 Do Casamento Religioso..................................................................................... 18 ...3.4 Da Capacidade Matrimonial................................................................................ 18 ...3.5 Dos Impedimentos para o Casamento................................................................. 19 ...3.6 Das Causas Suspensivas...................................................................................... 20 ...3.7 Da Oposição dos Impedimentos e das Causas Suspensivas................................ 21 ...3.8 Do Casamento por Procuração............................................................................ 23 ...3.9 Do Casamento Nuncupativo ou In Extremis....................................................... 24 ...3.10 Do Casamento em Caso de Moléstia Grave...................................................... 24 ...3.11 Do Casamento Putativo..................................................................................... 25 ...3.12 Do Casamento Consular.................................................................................... 25 ...3.13 Das provas do Casamento................................................................................. 26 ...3.14 Da Inexistência do Casamento.......................................................................... 26 ...3.15 Da Invalidade do Casamento............................................................................. 27 ...3.16 Questões............................................................................................................ 29 CAPÍTULO 4 DO REGIME DE BENS................................................................... 41 ...4.1 Introdução............................................................................................................ 41 ...4.2 Do Pacto Antenupcial.......................................................................................... 41 ...4.3 Da Alteração do Regime de Bens........................................................................ 42 ...4.4 Da Comunhão Parcial de Bens............................................................................ 43 ...4.5 Da Comunhão Universal de Bens....................................................................... 44 ...4.6 Da Participação Final nos Aquestos.................................................................... 45 ...4.7 Da Separação de Bens......................................................................................... 46 ...4.8 Considerações Finais........................................................................................... 47 ...4.9 Questões.............................................................................................................. 47 CAPÍTULO 5 DA DISSOLUÇÃO DO CASAMENTO: DIVÓRCIO E SEPARAÇÃO............................................................................................................. 54 ...5.1 Aspectos Principais............................................................................................. 54 ...5.2 Questões.............................................................................................................. 55 CAPÍTULO 6 DA UNIÃO ESTÁVEL..................................................................... 58 ...6.1 Aspectos Principais............................................................................................. 58 ...6.2 Questões.............................................................................................................. 59 CAPÍTULO 7 DA FILIAÇÃO.................................................................................. 65 ...7.1 Da Igualdade Entre os Filhos.............................................................................. 65 ...7.2 Da Presunção de Paternidade.............................................................................. 65 ...7.3 Da Contestação da Paternidade........................................................................... 66 ...7.4 Do Reconhecimento dos Filhos........................................................................... 67 ...7.5 Da Adoção........................................................................................................... 68 ...7.6 Questões.............................................................................................................. 70 CAPÍTULO 8 DO PODER FAMILIAR.................................................................. 75 ...8.1 Aspectos Principais............................................................................................. 75 ...8.2 Da Guarda............................................................................................................ 76 ...8.3 Da Alienação Parental......................................................................................... 76 ...8.4 Questões.............................................................................................................. 77 CAPÍTULO 9 DA TUTELA, DA CURATELA E DA TOMADA DE DECISÃO APOIADA................................................................................................ 81 ...9.1 Da Tutela............................................................................................................. 81 ...9.2 Da Curatela.......................................................................................................... 83 ...9.3 Da Tomada de Decisão Apoiada......................................................................... 85 ...9.4 Questões.............................................................................................................. 86 CAPÍTULO 10 DOS ALIMENTOS......................................................................... 89 ...10.1 Aspectos principais............................................................................................ 89 ...10.2 Dos Alimentos Gravídicos................................................................................ 90 ...10.3 Questões............................................................................................................ 90 CAPÍTULO 11 DO BEM DE FAMÍLIA...............................................................95 ...11.1 Aspectos Gerais................................................................................................. 95 ...11.2 Do Bem de Família Voluntário......................................................................... 95 ...11.3 Do Bem de Família Legal................................................................................. 96 ...11.4 Questões............................................................................................................ 97 12 QUESTÕES GERAIS DE DIREITO DE FAMÍLIA.......................................... 99 5 CAPÍTULO 1 – A NOVA ORDEM CONSTITUCIONAL E O DIREITO DAS FAMÍLIAS 1.1 Aspectos Principais A Constituição Federal de 1988 alterou por completo o Direito das Famílias. A partir dessa constatação, sob três novos prismas, a família atual tem como características: A) NOVAS FORMAS DE FAMÍLIAS: Até a Constituição de 1988, a família era matrimonializada, ou seja, o casamento era a única forma legal de constituir uma entidade familiar, daí a expressão família legítima. O artigo 226 da CF, abaixo trancrito, é visto hoje como uma cláusula aberta, já que apresenta outras formas de família ao lado do casamento (a monoparental – formada por um dos pais e seus descendentes) e a união estável (relação pública, contínua, estável e duradoura, com animus de constituir família entre um homem e uma mulher). Diante disso, veja o que dispõe o artigo 226 da Magna Carta: Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. § 1º O casamento é civil e gratuita a celebração. § 2º O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei. § 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento. § 4º Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes. § 5º Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher. § 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio. (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 66, de 2010). § 7º Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas. § 8º O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações. (Grifo nosso). 6 No entanto, a doutrina e a jurisprudência acatam como entidade familiar outras famílias, além daquelas descritas no texto constitucional, sendo o artigo 226 meramente exemplificativo (ex: famílias homoafetivas, famílias reconstituídas, famílias anaparentais). ATENÇÃO: o STF em decisão inédita determinou que o artigo 1723 do Código Civil devesse ser aplicado também às uniões homoafetivas (Ação Direta de Constitucionalidade 4277 e Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 132). Seguindo a mesma linha de decisão, posteriormente, o STJ entendeu ser permitido o casamento entre os homoafetivos (RECURSO ESPECIAL Nº 1.183.378 – RS 2010/0036663-8). B) IGUALDADE ENTRE OS FILHOS: com o fim da exclusividade da família matrimonializada, os filhos deixaram de ser legítimos ou ilegítimos. Portanto, todos os filhos se tornaram iguais perante a lei, sendo proibida qualquer discriminação entre eles. Assim, a condição dos filhos deixou de ser atrelada ao estado civil dos pais. A fim de corroborar isso, veja o que dispõe o artigo 227, § 6º, da CF: Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010). (...) § 6º Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação. (...) (Grifo nosso). C) IGUALDADE ENTRE OS CÔNJUGES NA DIREÇÃO DA SOCIEDADE CONJUGAL E NOS DIREITOS E DEVERES RELATIVOS AO PODER FAMILIAR: a igualdade entre homens e mulheres introduzida pelo artigo 5º da CF, por óbvio, refletiu também no Direito das Famílias. Dessa maneira, o artigo 226, § 5º, da CF, prevê que “os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher”. No Código Civil de 1916 prevalecia a vontade do marido e do pai. Hoje as decisões relativas à família e aos filhos competem 7 a ambos e em caso de discordância o juiz resolverá o conflito. Nessa linha de raciocínio veja, outrossim, o que dispõe o artigo 1631 do Código Civil de 2002: Art. 1.631. Durante o casamento e a união estável, compete o poder familiar aos pais; na falta ou impedimento de um deles, o outro o exercerá com exclusividade. Parágrafo único. Divergindo os pais quanto ao exercício do poder familiar, é assegurado a qualquer deles recorrer ao juiz para solução do desacordo. 1.2 Questões 1) (TJSP – 177.º CONCURSO – EXAME ORAL) O que significa e como é aplicado à diferença de sexos, o princípio da isonomia? Onde está o princípio da isonomia na Constituição Federal de 1988? 2) (MP/MG – 2ª FASE – 2006) Discorra sobre a paternidade socioafetiva. ANOTAÇÕES ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 8 ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 9 CAPÍTULO 2 – DAS RELAÇÕES DE PARENTESCO 2.1 Aspectos Principais SUBTÍTULO II Das Relações de Parentesco CAPÍTULO I Disposições Gerais Art. 1.591. São parentes em linha reta as pessoas que estão umas para com as outras na relação de ascendentes e descendentes. Art. 1.592. São parentes em linha colateral ou transversal, até o quarto grau, as pessoas provenientes de um só tronco, sem descenderem uma da outra. Art. 1.593. O parentesco é natural ou civil, conforme resulte de consanguinidade ou outra origem. Art. 1.594. Contam-se, na linha reta, os graus de parentesco pelo número de gerações, e, na colateral, também pelo número delas, subindo de um dos parentes até ao ascendente comum, e descendo até encontrar o outro parente. Art. 1.595. Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro pelo vínculo da afinidade. § 1o O parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes, aos descendentes e aos irmãos do cônjuge ou companheiro. § 2o Na linha reta, a afinidade não se extingue com a dissolução do casamento ou da união estável. (Grifo nosso). O parentesco é o liame que une determinadas pessoas a outras, surtindo efeitos não só no Direito das Famílias, mas em outros ramos do direito, como o eleitoral (casos de inelegibilidade) e o processual (testemunhas). O parentesco se divide em natural ou civil, conforme resulte da consanguinidade ou de outra origem (ex.: a adoção e a inseminação heteróloga). O parentesco natural é aquele decorrente do vínculo biológico ou consanguíneo. Já o parentesco civil advém de outra origem que não o liame de sangue. O vínculo de parentesco pode ocorrer na linha reta ou na linha colateral (também chamada de transversal ou oblíqua). Na linha reta estão as pessoas que têm uma relação de ascendência e descendência uma para com as outras (ex.: pai e filho; avô e neto). Já na linha colateral estão as pessoas que apesar de não descenderem uma da outra, têm tronco ancestral comum (os irmãos entre si – em comum têm o pai ou a mãe; um tio e um sobrinho – têm em comum o avô). Na linha reta o parentesco é infinito e a existência de qualquer parente limita a vontade de testar do autor da herança (só pode testar 50% do seu patrimônio), já que esses parentes 10 são considerados herdeiros necessários. Os parentes na linha reta também são impedidos de se casar, sendo o casamento nulo. Na linha colateral o parentesco se limita ao quarto grau, sendo que a existência de um deles em nada altera a vontade de testar do autor da herança, que pode dispor de todo o seu patrimônio em testamento. Apenas os parentes de quarto grau (ex.: primos) podem se casar, já que os demais (até terceiro grau – inclusive) também estão impedidos de contrair matrimônio. O grau de parentesco é contado de acordo com o número de gerações que separam um parente do outro. Na linha reta, basta ir de uma pessoa a outra (ex.: pai e filho são parentes na linha reta de primeiro grau). Como na linha colateral não há descendência, o ideal é encontrar o tronco ancestral comum e ir até o parente que se quer identificar o grau (ex.: tio e sobrinho – vai até o avô, passa pelo pai e chega ao tio). ATENÇÃO: não existe parente colateral de primeiro grau, já que é sempre necessária a busca pelo tronco ancestral comum. No tocante à afinidade, esta é um vínculo ou um parentesco? O Código Civil utiliza tanto o termo parentesco como a acepção vínculo. A afinidade, por conseguinte, é o vínculo que une cada cônjuge ou companheiro aos parentes do outro. Para saber o grau e a linha de afinidade basta fazer um paralelo com o cônjuge ou companheiro e o parente que se deseja identificar. Ex.: para saber a linha e o grau de afinidade com a sogra, deve-se olhar o parentesco daquela com a filha – filha e mãe são parentes na linha reta de primeiro grau. Assim, o genro é parente por afinidade da sogra também na linha reta de primeiro grau. O irmão é parente colateral da esposa de segundo grau. Logo, o cunhado é parente por afinidade na linha colateral de segundo grau. A afinidade é limitada aos ascendentes, descendentes e irmãos do cônjuge ou companheiro. Na linha reta o vínculo por afinidade não se extingue nem mesmo com o fim do casamento ou da união estável. Com isso, não há que se falar em ex-sogra, apenas em ex- marido. Já na linha colateral o vínculo por afinidade se extingue com o fim do casamento ou da união estável, sendo possível a figura do ex-cunhado. A afinidade na linha reta (ex.: madrasta e enteado, sogra e genro) gera impedimento para o casamento. O vínculo por afinidade não acarreta direito a alimentos ou efeitos 11 sucessórios. Portanto, não há que se falar em um genro pedir alimentos para uma sogra ou o direito de herdar o patrimônio desta. 2.2 Do Parentesco em Linha Reta 2º GRAU ASCENDENTES 1º GRAU 1º GRAU DESCENDENTES 2º GRAU OBS: No tocante ao parentesco por afinidade é necessário trocar o “Eu” pela pessoa com quem é casada e os “Pais” pelo sogro/sogra. Eu Pais Avós Filhos Netos 12 2.3 Do Parentesco em Linha Colateral 2COLATERAL DE 3º GRAU 1 COLATERAL DE 4º GRAU 2.4 Questões 1) Lisbela possui um irmão chamado Gregório que é casado com Silmara. Lisbela, em razão de desavenças com Silmara, insiste em afirmar que não possui grau de parentesco com ela, mas resolveu estudar o assunto com sua vizinha Magda, advogada. Magda respondeu para Lisbela que, de acordo com o Código Civil brasileiro, Silmara é sua parente a) Por afinidade em linha colateral de primeiro grau. b) Por afinidade em linha colateral de terceiro grau. c) Por afinidade em linha colateral de segundo grau. d) Civil em linha colateral de terceiro grau. e) Natural em linha colateral de primeiro grau. Eu Pais Avós Tio Primo 13 2) Relativamente ao parentesco, é correto afirmar: a) Quando dois irmãos se casam com duas irmãs, os filhos dessas uniões serão parentes colaterais em linha duplicada, ou seja, duplamente primos. b) Primos são parentes colaterais em terceiro grau. c) Entre irmãos germanos ou unilaterais, o parentesco, na linha colateral, é de primeiro grau. d) O parentesco estabelecido pela afinidade, tanto no vínculo colateral, como na linha reta, desaparece com a dissolução do casamento, seja pela morte, seja pelo divórcio. 3) Entre você e o seu tio-avô, há parentesco: a) Ascendente de terceiro grau. b) Descendente de quarto grau. c) Colateral de quarto grau. d) Colateral de terceiro grau. ANOTAÇÕES ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ 14 ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ 15 CAPÍTULO 3 – DO CASAMENTO 3.1 Introdução O casamento é uma das formas de família previstas no ordenamento jurídico brasileiro. Ele estabelece uma comunhão plena de vida entre os cônjuges, pautada na igualdade e na afetividade, proibindo a lei a interferência de qualquer pessoa de direito público ou privado. È um ato solene, ou seja, deve preencher os requisitos previstos em lei. Ele é civil, sendo gratuita sua celebração. A fim de corroborar essas assertivas, veja o que dispõem os seguintes dispositivos do Código Civil de 2002: Art. 1.511. O casamento estabelece comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos cônjuges. Art. 1.512. O casamento é civil e gratuita a sua celebração. Parágrafo único. A habilitação para o casamento, o registro e a primeira certidão serão isentos de selos, emolumentos e custas, para as pessoas cuja pobreza for declarada, sob as penas da lei. Art. 1.513. É defeso a qualquer pessoa, de direito público ou privado, interferir na comunhão de vida instituída pela família. Ademais, a manifestação de vontade perante o juiz, bem como a declaração de que estão casados é imprescindível ao ato do casamento, como de forma clara prevê a norma baixo: Art. 1.514. O casamento se realiza no momento em que o homem e a mulher manifestam, perante o juiz, a sua vontade de estabelecer vínculo conjugal, e o juiz os declara casados. 3.2 Do Casamento Civil Para um bom entendimento desse tema, torna-se mister trazer à tona os preceitos da Lei 6.015/73 (Lei de Registros Públicos), concernentes à habilitação para o casamento, bem como as normas sobre o mesmo tema presentes no CC, como a seguir serão apresentados: Lei 6.015/73 CAPÍTULO V Da Habilitação para o Casamento 16 Art. 67. Na habilitação para o casamento, os interessados, apresentando os documentos exigidos pela lei civil, requererão ao oficial do registro do distrito de residência de um dos nubentes, que lhes expeça certidão de que se acham habilitados para se casarem. (Renumerado do art. 68, pela Lei nº 6.216, de 1975). § 1º Autuada a petição com os documentos, o oficial mandará afixar proclamas de casamento em lugar ostensivo de seu cartório e fará publicá-los na imprensa local, se houver, Em seguida, abrirá vista dos autos ao órgão do Ministério Público, para manifestar-se sobre o pedido e requerer o que for necessário à sua regularidade, podendo exigir a apresentação de atestado de residência, firmado por autoridade policial, ou qualquer outro elemento de convicção admitido em direito. (Redação dada pela Lei nº 6.216, de 1975). § 2º Se o órgão do Ministério Público impugnar o pedido ou a documentação, os autos serão encaminhados ao Juiz, que decidirá sem recurso. § 3º Decorrido o prazo de quinze (15) dias a contar da afixação do edital em cartório, se não aparecer quem oponha impedimento nem constar algum dos que de ofício deva declarar, ou se tiver sido rejeitada a impugnação do órgão do Ministério Público, o oficial do registro certificará a circunstância nos autos e entregará aos nubentes certidão de que estão habilitados para se casar dentro do prazo previsto em lei. § 4º Se os nubentes residirem em diferentes distritos do Registro Civil, em um e em outro se publicará e se registrará o edital. § 5º Se houver apresentação de impedimento, o oficial dará ciência do fato aos nubentes, para que indiquem em três (3) dias prova que pretendam produzir, e remeterá os autos a juízo; produzidas as provas pelo oponente e pelos nubentes, no prazo de dez (10) dias, com ciência doMinistério Público, e ouvidos os interessados e o órgão do Ministério Público em cinco (5) dias, decidirá o Juiz em igual prazo. § 6º Quando o casamento se der em circunscrição diferente daquela da habilitação, o oficial do registro comunicará ao da habilitação esse fato, com os elementos necessários às anotações nos respectivos autos. (Incluído pela Lei nº 6.216, de 1975). Art. 68. Se o interessado quiser justificar fato necessário à habilitação para o casamento, deduzirá sua intenção perante o Juiz competente, em petição circunstanciada indicando testemunhas e apresentando documentos que comprovem as alegações. (Renumerado do art. 69, pela Lei nº 6.216, de 1975). § 1º Ouvidas as testemunhas, se houver, dentro do prazo de cinco (5) dias, com a ciência do órgão do Ministério Público, este terá o prazo de vinte e quatro (24) horas para manifestar-se, decidindo o Juiz em igual prazo, sem recurso. § 2° Os autos da justificação serão encaminhados ao oficial do registro para serem anexados ao processo da habilitação matrimonial. Art. 69. Para a dispensa de proclamas, nos casos previstos em lei, os contraentes, em petição dirigida ao Juiz, deduzirão os motivos de urgência do casamento, provando-a, desde logo, com documentos ou indicando outras provas para demonstração do alegado. (Renumerado do art. 70, pela Lei nº 6.216, de 1975). § 1º Quando o pedido se fundar em crime contra os costumes, a dispensa de proclamas será precedida da audiência dos contraentes, separadamente e em segredo de justiça. § 2º Produzidas as provas dentro de cinco (5) dias, com a ciência do órgão do Ministério Público, que poderá manifestar-se, a seguir, em vinte e quatro 17 (24) horas, o Juiz decidirá, em igual prazo, sem recurso, remetendo os autos para serem anexados ao processo de habilitação matrimonial. Código Civil/02 CAPÍTULO V Do Processo de Habilitação PARA O CASAMENTO Art. 1.525. O requerimento de habilitação para o casamento será firmado por ambos os nubentes, de próprio punho, ou, a seu pedido, por procurador, e deve ser instruído com os seguintes documentos: I - certidão de nascimento ou documento equivalente; II - autorização por escrito das pessoas sob cuja dependência legal estiverem, ou ato judicial que a supra; III - declaração de duas testemunhas maiores, parentes ou não, que atestem conhecê-los e afirmem não existir impedimento que os iniba de casar; IV - declaração do estado civil, do domicílio e da residência atual dos contraentes e de seus pais, se forem conhecidos; V - certidão de óbito do cônjuge falecido, de sentença declaratória de nulidade ou de anulação de casamento, transitada em julgado, ou do registro da sentença de divórcio. Art. 1.526. A habilitação será feita pessoalmente perante o oficial do Registro Civil, com a audiência do Ministério Público. (Redação dada pela Lei nº 12.133, de 2009). Parágrafo único. Caso haja impugnação do oficial, do Ministério Público ou de terceiro, a habilitação será submetida ao juiz. (Incluído pela Lei nº 12.133, de 2009). Art. 1.527. Estando em ordem a documentação, o oficial extrairá o edital, que se afixará durante quinze dias nas circunscrições do Registro Civil de ambos os nubentes, e, obrigatoriamente, se publicará na imprensa local, se houver. Parágrafo único. A autoridade competente, havendo urgência, poderá dispensar a publicação. Art. 1.528. É dever do oficial do registro esclarecer os nubentes a respeito dos fatos que podem ocasionar a invalidade do casamento, bem como sobre os diversos regimes de bens. Art. 1.529. Tanto os impedimentos quanto as causas suspensivas serão opostos em declaração escrita e assinada, instruída com as provas do fato alegado, ou com a indicação do lugar onde possam ser obtidas. Art. 1.530. O oficial do registro dará aos nubentes ou a seus representantes nota da oposição, indicando os fundamentos, as provas e o nome de quem a ofereceu. Parágrafo único. Podem os nubentes requerer prazo razoável para fazer prova contrária aos fatos alegados, e promover as ações civis e criminais contra o oponente de má-fé. Art. 1.531. Cumpridas as formalidades dos arts. 1.526 e 1.527 e verificada a inexistência de fato obstativo, o oficial do registro extrairá o certificado de habilitação. Art. 1.532. A eficácia da habilitação será de noventa dias, a contar da data em que foi extraído o certificado. (Grifo nosso). 18 À luz desses dispositivos, pode-se observar que para que o casamento civil ser realizado deve haver um processo de habilitação, onde serão observadas as exigências legais. Caso a documentação esteja em ordem será expedido um edital para dar publicidade ao ato do casamento. Se alguém quiser opor impedimentos ou causas suspensivas, deverá fazê-lo por escrito, assinando o documento. Aos cônjuges será dado um prazo para fazer prova contrária do alegado. Estando tudo em ordem, o oficial do registro extrairá um certificado de habilitação que terá validade de 90 (noventa) dias. 3.3 Do Casamento Religioso Desde que cumpridas as exigências legais (mesmos requisitos do casamento civil), o casamento religioso equipara-se ao civil, produzindo efeitos desde a sua celebração, se levado a registro próprio. O processo de habilitação pode anteceder ou ser posterior à celebração do casamento religioso, ficando este condicionado à habilitação. Nessa linha cognitiva veja o que prevê os seguintes artigos do CC/2002: Art. 1.515. O casamento religioso, que atender às exigências da lei para a validade do casamento civil, equipara-se a este, desde que registrado no registro próprio, produzindo efeitos a partir da data de sua celebração. Art. 1.516. O registro do casamento religioso submete-se aos mesmos requisitos exigidos para o casamento civil. § 1o O registro civil do casamento religioso deverá ser promovido dentro de noventa dias de sua realização, mediante comunicação do celebrante ao ofício competente, ou por iniciativa de qualquer interessado, desde que haja sido homologada previamente a habilitação regulada neste Código. Após o referido prazo, o registro dependerá de nova habilitação. § 2o O casamento religioso, celebrado sem as formalidades exigidas neste Código, terá efeitos civis se, a requerimento do casal, for registrado, a qualquer tempo, no registro civil, mediante prévia habilitação perante a autoridade competente e observado o prazo do art. 1.532. § 3o Será nulo o registro civil do casamento religioso se, antes dele, qualquer dos consorciados houver contraído com outrem casamento civil. (Grifo nosso). 3.4 Da Capacidade Matrimonial A idade núbil foi equiparada para homens e mulheres, sendo permitido o casamento de maiores de 16 (dezesseis) anos. Entre 16 e 18 anos a assistência dos pais ou representantes 19 legais é necessária, já que se trata de relativamente incapazes. Faltando o consentimento de ambos ou de um dos pais, o menor pode pedir ao juiz um suprimento de consentimento. Assim, veja o teor dos dispositivos presentes no CC/2002 que tratam da capacidade matrimonial: CAPÍTULO II Da Capacidade PARA O CASAMENTO Art. 1.517. O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo- se autorização de ambos os pais, ou de seus representantes legais, enquanto não atingida a maioridade civil. Parágrafo único. Se houver divergência entre os pais, aplica-se o disposto no parágrafo único do art. 1.631. Art. 1.518. Até a celebração do casamento podem os pais ou tutores revogar a autorização. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015). Art. 1.519. A denegação do consentimento, quando injusta, pode ser suprida pelo juiz. Art. 1.520. Excepcionalmente, será permitido o casamento de quem ainda não alcançou a idade núbil (art. 1517), para evitar imposição ou cumprimento de pena criminal ou em caso de gravidez. (Grifo nosso). No tocante ao casamento daqueles que não alcançaram a idade núbil apenas uma hipótese épermitida – a que diz respeito à gravidez. Nos casos de ocorrência desta, é possível obter o suprimento judicial para haver o casamento. ATENÇÃO: apesar do Código Civil, no artigo 1520, dispor que é possível o casamento dos menores de 16 anos para evitar a imposição ou cumprimento de pena, a Lei 11.106/05 revogou o artigo 107, incisos VII e VIII, do Código Penal, o qual previa a extinção da punibilidade quando a vítima se casasse com o agente ou com terceiro. 3.5 Dos Impedimentos para o Casamento Com base no disposto no CC/2002, são considerados impedimentos apenas os dirimentes absolutos, os quais tangem aos fatos ou às circunstâncias violadoras da ordem pública. Com efeito, as hipóteses de vedação são taxativas. Assim, veja os artigos dessa lei que tratam desse tema: 20 CAPÍTULO III Dos Impedimentos Art. 1.521. Não podem casar: I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil (ex.: pai e filha); II - os afins em linha reta (ex.: sogra e genro; enteada e padrasto); III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante (hipótese desnecessária, já que repete o inciso II); IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive (tio e sobrinho); V - o adotado com o filho do adotante (também disposição desnecessária, já que se trata de irmãos); VI - as pessoas casadas; VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte. (...). (Grifo nosso). Portanto, a lei prevê expressamente quais são as pessoas impedidas de se casar. São hipóteses que não se confundem com as causas suspensivas, onde apesar de não recomendado, o casamento é permitido. É importante diferenciar também o impedimento da incapacidade. Para um bom entendimento dessa diferença, veja o ensinamento do jurista Carlos Roberto Gonçalves: Não se deve confundir impedimento com incapacidade (...). O incapaz não pode casar-se com nenhuma pessoa, porque há um obstáculo intransponível. É o que acontece, por exemplo, com um menor de 8 anos de idade. O impedido apenas não está legitimado a casar com determinada pessoa (ex.: ascendente com descendente), mas pode fazê-lo com outra pessoa. É problema de falta de legitimação. (GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, v. 6, p. 69). Nos impedimentos para o casamento as pessoas não podem se casar, sendo o casamento realizado nulo. Tais impedimentos podem ser opostos até a data da celebração por qualquer pessoa capaz, sendo obrigação do juiz ou do oficial de registro declará-los, caso tenham conhecimento, mas a oposição do impedimento será melhor tratada no item 3.7. 3.6 Das Causas Suspensivas Para evitar confusão patrimonial ou incerteza quanto à origem da filiação, o legislador sugere a determinadas pessoas que não se casem até que determinadas situações sejam resolvidas. 21 O casamento realizado com a inobservância de uma das causas suspensivas é válido, tendo, no entanto, uma sanção – a qual concerne à submissão dos consortes ao regime da separação legal de bens, como bem determina o seguinte dispositivo do CC/2002: Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento: I - das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da celebração do casamento; (...). Os nubentes, todavia, podem pedir ao juiz que não lhes seja aplicada a pena do regime da separação obrigatória de bens, provando que do casamento não resultará prejuízo para terceiros ou que não há gravidez. As hipóteses de causas suspensivas estão consubstanciadas nos seguintes artigos da Lei 10.406/2002: CAPÍTULO IV Das causas suspensivas Art. 1.523. Não devem casar: I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros; II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal; III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal; IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas. Parágrafo único. É permitido aos nubentes solicitar ao juiz que não lhes sejam aplicadas as causas suspensivas previstas nos incisos I, III e IV deste artigo, provando-se a inexistência de prejuízo, respectivamente, para o herdeiro, para o ex-cônjuge e para a pessoa tutelada ou curatelada; no caso do inciso II, a nubente deverá provar nascimento de filho, ou inexistência de gravidez, na fluência do prazo. (...). (Grifo nosso). 3.7 Da Oposição dos Impedimentos e das Causas Suspensivas O impedimento pode ser oposto até a celebração do casamento por qualquer pessoa, uma vez que trata de aspectos que afetam a ordem pública. A partir dessa constatação, analise o artigo 1522 do CC/2002: 22 Art. 1.522. Os impedimentos podem ser opostos, até o momento da celebração do casamento, por qualquer pessoa capaz. Parágrafo único. Se o juiz, ou o oficial de registro, tiver conhecimento da existência de algum impedimento, será obrigado a declará-lo. (Grifo nosso). Já as causas suspensivas têm um número de legitimados restritos. Com efeito, veja o teor do artigo 1524 do CC/2002: Art. 1.524. As causas suspensivas da celebração do casamento podem ser arguidas pelos parentes em linha reta de um dos nubentes, sejam consanguíneos ou afins (pais, avós, sogros), e pelos colaterais em segundo grau, sejam também consanguíneos ou afins (irmãos e cunhados). (Grifo nosso). As causas suspensivas, outrossim, devem ser opostas dentro de 15 (quinze) dias da publicação do edital. Nestes termos, dispõe o artigo 67, § 3º, da Lei 6.015/73, que deve ser interpretado sistematicamente com o artigo 1527 do CC/2002: Art. 67. Na habilitação para o casamento, os interessados, apresentando os documentos exigidos pela lei civil, requererão ao oficial do registro do distrito de residência de um dos nubentes, que lhes expeça certidão de que se acham habilitados para se casarem. (Renumerado do art. 68, pela Lei nº 6.216, de 1975). (...) § 3º Decorrido o prazo de quinze (15) dias a contar da afixação do edital em cartório, se não aparecer quem oponha impedimento nem constar algum dos que de ofício deva declarar, ou se tiver sido rejeitada a impugnação do órgão do Ministério Público, o oficial do registro certificará a circunstância nos autos e entregará aos nubentes certidão de que estão habilitados para se casar dentro do prazo previsto em lei. Art. 1.527. Estando em ordem a documentação, o oficial extrairá o edital, que se afixará durante quinze dias nas circunscrições do Registro Civil de ambos os nubentes, e, obrigatoriamente, se publicará na imprensa local, se houver. Parágrafo único. A autoridade competente, havendo urgência, poderá dispensar a publicação. (Grifo nosso). No tocante à forma, tanto na oposição de algum impedimento, quanto na oposição de alguma causa suspensiva, deve haver uma declaração escrita e assinada, instruída com as provas que comprovam o fato alegado, e, não sendo possível apresentá-las, o local em que possam ser encontradas deve ser indicado. Ademais, o procedimento é o mesmo em ambas. 23 Nesse contexto também devem ser interpretados sistematicamente os parágrafos 5º e 6º, do artigo 67, da Lei de Registros Públicos, e os seguintes dispositivos do CC/2002: (...) § 5º Se houver apresentação de impedimento, o oficial dará ciência do fato aos nubentes, para que indiquem em três (3) dias prova que pretendam produzir,e remeterá os autos a juízo; produzidas as provas pelo oponente e pelos nubentes, no prazo de dez (10) dias, com ciência do Ministério Público, e ouvidos os interessados e o órgão do Ministério Público em cinco (5) dias, decidirá o Juiz em igual prazo. § 6º Quando o casamento se der em circunscrição diferente daquela da habilitação, o oficial do registro comunicará ao da habilitação esse fato, com os elementos necessários às anotações nos respectivos autos. (Incluído pela Lei nº 6.216, de 1975). (...) Art. 1.529. Tanto os impedimentos quanto as causas suspensivas serão opostos em declaração escrita e assinada, instruída com as provas do fato alegado, ou com a indicação do lugar onde possam ser obtidas. Art. 1.530. O oficial do registro dará aos nubentes ou a seus representantes nota da oposição, indicando os fundamentos, as provas e o nome de quem a ofereceu. Parágrafo único. Podem os nubentes requerer prazo razoável para fazer prova contrária aos fatos alegados, e promover as ações civis e criminais contra o oponente de má-fé. Art. 1.531. Cumpridas as formalidades dos arts. 1.526 e 1.527 e verificada a inexistência de fato obstativo, o oficial do registro extrairá o certificado de habilitação. Art. 1.532. A eficácia da habilitação será de noventa dias, a contar da data em que foi extraído o certificado. (Grifo nosso). 3.8 Do Casamento por Procuração A procuração deve ser feita por instrumento público, com poderes específicos para o casamento. Também, só poderá ser revogado o mandato por instrumento público. A eficácia do mandato não pode ultrapassar 90 (noventa) dias. Assim, veja o que dispõe o artigo 1542 do CC/2002: Art. 1.542. O casamento pode celebrar-se mediante procuração, por instrumento público, com poderes especiais. § 1o A revogação do mandato não necessita chegar ao conhecimento do mandatário; mas, celebrado o casamento sem que o mandatário ou o outro contraente tivessem ciência da revogação, responderá o mandante por perdas e danos. § 2o O nubente que não estiver em iminente risco de vida poderá fazer-se representar no casamento nuncupativo. § 3o A eficácia do mandato não ultrapassará noventa dias. 24 § 4o Só por instrumento público se poderá revogar o mandato. 3.9 Do Casamento Nuncupativo ou In Extremis O casamento nuncupativo ou in extremis ocorre quando um dos nubentes está em iminente risco de vida, não sendo possível a presença da autoridade celebrante. É necessária a presença de seis testemunhas que não tenham com os nubentes parentesco na linha reta e nem seja irmãos (colateral de segundo grau). Trata-se de uma exceção às formalidades exigidas para a habilitação do casamento. Nesse sentido, dispõe os seguintes artigos do CC/2002: Art. 1.540. Quando algum dos contraentes estiver em iminente risco de vida, não obtendo a presença da autoridade à qual incumba presidir o ato, nem a de seu substituto, poderá o casamento ser celebrado na presença de seis testemunhas, que com os nubentes não tenham parentesco em linha reta, ou, na colateral, até segundo grau. Art. 1.541. Realizado o casamento, devem as testemunhas comparecer perante a autoridade judicial mais próxima, dentro em dez dias, pedindo que lhes tome por termo a declaração de: I - que foram convocadas por parte do enfermo; II - que este parecia em perigo de vida, mas em seu juízo; III - que, em sua presença, declararam os contraentes, livre e espontaneamente, receber-se por marido e mulher. § 1o Autuado o pedido e tomadas as declarações, o juiz procederá às diligências necessárias para verificar se os contraentes podiam ter-se habilitado, na forma ordinária, ouvidos os interessados que o requererem, dentro em quinze dias. § 2o Verificada a idoneidade dos cônjuges para o casamento, assim o decidirá a autoridade competente, com recurso voluntário às partes. § 3o Se da decisão não se tiver recorrido, ou se ela passar em julgado, apesar dos recursos interpostos, o juiz mandará registrá-la no livro do Registro dos Casamentos. § 4o O assento assim lavrado retrotrairá os efeitos do casamento, quanto ao estado dos cônjuges, à data da celebração. § 5o Serão dispensadas as formalidades deste e do artigo antecedente, se o enfermo convalescer e puder ratificar o casamento na presença da autoridade competente e do oficial do registro. (Grifo nosso). 3.10 Do Casamento em Caso de Moléstia Grave Quando um dos nubentes estiver acometido de moléstia grave, a celebração será no lugar onde se encontrar o enfermo, ainda que à noite. A autoridade competente irá celebrar o 25 casamento na presença de duas testemunhas que saibam ler e escrever. Após a celebração é que é feita a habilitação. Nesse sentido, analise o dispositivo abaixo: Art. 1.539. No caso de moléstia grave de um dos nubentes, o presidente do ato irá celebrá-lo onde se encontrar o impedido, sendo urgente, ainda que à noite, perante duas testemunhas que saibam ler e escrever. § 1o A falta ou impedimento da autoridade competente para presidir o casamento suprir-se-á por qualquer dos seus substitutos legais, e a do oficial do Registro Civil por outro ad hoc, nomeado pelo presidente do ato. § 2o O termo avulso, lavrado pelo oficial ad hoc, será registrado no respectivo registro dentro em cinco dias, perante duas testemunhas, ficando arquivado. 3.11 Do Casamento Putativo É o casamento que, embora se enquadre nas hipóteses de nulo ou anulável, foi contraído por um ou ambos os cônjuges. Se apenas um destes estiver de boa-fé, os efeitos civis do casamento só a ele e aos filhos aproveitarão. Destarte, veja o dispõe o artigo 1561 do CC/2002: Art. 1.561. Embora anulável ou mesmo nulo, se contraído de boa-fé por ambos os cônjuges, o casamento, em relação a estes como aos filhos, produz todos os efeitos até o dia da sentença anulatória. § 1o Se um dos cônjuges estava de boa-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só a ele e aos filhos aproveitarão. § 2o Se ambos os cônjuges estavam de má-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só aos filhos aproveitarão. 3.12 Do Casamento Consular O casamento consular é aquele realizado por nubentes brasileiros no estrangeiro perante um consulado brasileiro. Deve ser registrado no cartório do domicílio dos cônjuges ou no 1º Ofício da Capital do Estado em que passarem a residir, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias a contar da volta de um ou de ambos ao Brasil. Nessa linha cognitiva o artigo 1544 do CC/2002 dispõe: Art. 1.544. O casamento de brasileiro, celebrado no estrangeiro, perante as respectivas autoridades ou os cônsules brasileiros, deverá ser registrado em cento e oitenta dias, a contar da volta de um ou de ambos os cônjuges ao Brasil, no cartório do respectivo domicílio, ou, em sua falta, no 1o Ofício da Capital do Estado em que passarem a residir. 26 3.13 Das provas do Casamento O casamento prova-se pela certidão do registro. Se houver dúvidas entre provas favoráveis e contrárias ao casamento, julgar-se-á pelo casamento, se comprovada a posse do estado de casados. No tocante às provas do casamento, veja os seguintes dispositivos do CC/2002: CAPÍTULO VII Das Provas do Casamento Art. 1.543. O casamento celebrado no Brasil prova-se pela certidão do registro. Parágrafo único. Justificada a falta ou perda do registro civil, é admissível qualquer outra espécie de prova. Art. 1.544. O casamento de brasileiro, celebrado no estrangeiro, perante as respectivas autoridades ou os cônsules brasileiros, deverá ser registrado em cento e oitenta dias, a contar da volta de um ou de ambos os cônjuges ao Brasil, no cartório do respectivo domicílio, ou, em sua falta, no 1o Ofício da Capital do Estado em que passarem a residir. Art. 1.545. O casamento de pessoas que, na posse do estado de casadas, não possam manifestar vontade, ou tenham falecido, não se pode contestar emprejuízo da prole comum, salvo mediante certidão do Registro Civil que prove que já era casada alguma delas, quando contraiu o casamento impugnado. Art. 1.546. Quando a prova da celebração legal do casamento resultar de processo judicial, o registro da sentença no livro do Registro Civil produzirá, tanto no que toca aos cônjuges como no que respeita aos filhos, todos os efeitos civis desde a data do casamento. Art. 1.547. Na dúvida entre as provas favoráveis e contrárias, julgar-se-á pelo casamento, se os cônjuges, cujo casamento se impugna, viverem ou tiverem vivido na posse do estado de casados. (Grifo nosso). 3.14 Da Inexistência do Casamento É cediço que para se analisar o plano de validade e o de eficácia do casamento, deve- se, anteriormente, averiguar o plano de existência desse negócio jurídico. Como a lei é omissa quanto às hipóteses de inexistência do casamento, a doutrina criou três. Primeiramente, pode dar ensejo à inexistência desse negócio jurídico o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Todavia, essa causa é totalmente obsoleta. Principalmente tendo em vista as decisões do STF e do STJ que advogam pela não mais aplicabilidade dessa hipótese. 27 Em segundo lugar, a falta de celebração é um motivo para ser considerada a inexistência do casamento. E, por fim, a ausência completa de consentimento é um fator que causa a inexistência desse negócio jurídico. 3.15 Da Invalidade do Casamento O casamento que não preencher os requisitos legais pode ser nulo, anulável ou até mesmo inexistente (hipótese que já foi analisada no item 3.14). O casamento será nulo em apenas uma hipótese. Com o advento da Lei nº 13.146/2015, não haverá mais a nulidade do casamento contraído pelo enfermo mental sem o necessário discernimento para os atos da vida civil. Como corolário, apenas se houver infringência de impedimento é que o casamento será nulo. Nessa linha de intelecção, veja o teor dos artigos do CC/2002 abaixo: Art. 1.548. É nulo o casamento contraído: I - pelo enfermo mental sem o necessário discernimento para os atos da vida civil; I - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015). (Vigência). II - por infringência de impedimento. Art. 1.549. A decretação de nulidade de casamento, pelos motivos previstos no artigo antecedente, pode ser promovida mediante ação direta, por qualquer interessado, ou pelo Ministério Público. (Grifo nosso). Ademais, à luz do artigo 1549 supramencionado, qualquer interessado, inclusive o Ministério Público, pode promover a ação de nulidade. A sentença que decretar a nulidade do casamento produz efeitos ex tunc, mas tem certas ressalvas, as quais estão expostas no artigo 1563, que assim prevê: Art. 1.563. A sentença que decretar a nulidade do casamento retroagirá à data da sua celebração, sem prejudicar a aquisição de direitos, a título oneroso, por terceiros de boa-fé, nem a resultante de sentença transitada em julgado. No que tange à anulabilidade, esta é possível se ocorrer uma das hipóteses abaixo presentes no CC/2002: 28 Art. 1.550. É anulável o casamento: I - de quem não completou a idade mínima para casar; II - do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal; III - por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558; IV - do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento; V - realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da revogação do mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges; VI - por incompetência da autoridade celebrante. § 1o. Equipara-se à revogação a invalidade do mandato judicialmente decretada. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015). (Vigência). § 2o A pessoa com deficiência mental ou intelectual em idade núbia poderá contrair matrimônio, expressando sua vontade diretamente ou por meio de seu responsável ou curador. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015). (Vigência). Na hipótese do inciso I, o direito potestativo de anular o casamento do menor de dezesseis anos, à luz do disposto no artigo 1.552 do CC/2002, pode ser exercido pelos seguintes legitimados: Art. 1.552. A anulação do casamento dos menores de dezesseis anos será requerida: I - pelo próprio cônjuge menor; II - por seus representantes legais; III - por seus ascendentes. Além disso, o prazo decadencial, com sustentáculo no artigo 1560 do CC/2002, está assim previsto: Art. 1.560. O prazo para ser intentada a ação de anulação do casamento, a contar da data da celebração, é de: I - cento e oitenta dias, no caso do inciso IV do art. 1.550; II - dois anos, se incompetente a autoridade celebrante; III - três anos, nos casos dos incisos I a IV do art. 1.557; IV - quatro anos, se houver coação. § 1o Extingue-se, em cento e oitenta dias, o direito de anular o casamento dos menores de dezesseis anos, contado o prazo para o menor do dia em que perfez essa idade; e da data do casamento, para seus representantes legais ou ascendentes. § 2o Na hipótese do inciso V do art. 1.550, o prazo para anulação do casamento é de cento e oitenta dias, a partir da data em que o mandante tiver conhecimento da celebração. (Grifo nosso). Tendo como base o artigo 1560 supracitado, que é bem claro, pode-se observar o prazo decadencial de cada uma das hipóteses de anulabilidade. 29 É relevante ser apresentado também os dispositivos que tratam da anulabilidade por vício de vontade. Assim, para um bom entendimento do tema ora estudado, veja o teor dos artigos 1.556 a 1.558 do CC/2002: Art. 1.556. O casamento pode ser anulado por vício da vontade, se houve por parte de um dos nubentes, ao consentir, erro essencial quanto à pessoa do outro. Art. 1.557. Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge: I - o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse erro tal que o seu conhecimento ulterior torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado; II - a ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por sua natureza, torne insuportável a vida conjugal; III - a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável que não caracterize deficiência ou de moléstia grave e transmissível, por contágio ou por herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015). IV - (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015). Art. 1.558. É anulável o casamento em virtude de coação, quando o consentimento de um ou de ambos os cônjuges houver sido captado mediante fundado temor de mal considerável e iminente para a vida, a saúde e a honra, sua ou de seus familiares. Art. 1.559. Somente o cônjuge que incidiu em erro, ou sofreu coação, pode demandar a anulação do casamento; mas a coabitação, havendo ciência do vício, valida o ato, ressalvadas as hipóteses dos incisos III e IV do art. 1.557. No que toca ao tema da anulabilidade por vício de vontade, com base nos dispositivos supramencionados, também é possível observar que a Lei nº 13.146/2015 fez modificações. 3.16 Questões 1) (Cesp – Unb/ Exame da OAB/EXAME 135 – Seccional SP) Constitui impedimento matrimonial dirimente circunstância que envolva a) Pessoa divorciada enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha de bens do casal. b) Parentesco por afinidade em linha reta, ainda que já dissolvido o casamento que originou a afinidade. c) Viúvo ou viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer o inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros. 30 d) Tutor ou curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados e sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela e não estiverem saldadas as respectivas contas. 2) (TJPA – JUIZ SUBSTITUTO – 2005) Assinale a alternativa correta quanto ao tratamentodado pelo Código Civil em matéria de casamento. a) Não subsiste o casamento celebrado por aquele que, sem possuir a competência exigida na lei, exercer publicamente as funções de juiz de casamento e, nessa qualidade, tiver registrado o ato no Registro Civil. b) Mesmo resultando gravidez, o casamento é anulável por motivo de idade. c) A anulação do casamento dos menores de 16 anos poderá ser requerida pelo próprio cônjuge menor. d) O prazo para ser intentada a ação de anulação do casamento é de 1 (um) ano, a contar da data da celebração, se incompetente a autoridade celebrante. e) Extingue-se, em 2 (dois) anos, o direito de anular o casamento dos menores de 16 (dezesseis) anos, contado o prazo da data do casamento, para seus representantes legais ou ascendentes. 3) (CESPE set/2009) Em relação às regras que disciplinam o casamento, assinale a opção correta: a) Decorrido um ano do trânsito em julgado da sentença que haja decretado a separação judicial, é automática a conversão desta em divórcio. b) No casamento realizado mediante procuração, a morte superveniente do mandante acarreta a inexistência. c) Se os cônjuges divorciados quiserem restabelecer a união conjugal, terão de peticionar nos mesmos autos em que se processou o divórcio, informando ao juiz que pretendem restabelecer a vida conjugal. d) O homem com 16 anos de idade, filho de pais solteiros e que viva na companhia da mãe, não necessita de consentimento do pai para se casar. 31 4) (CESPE Ago/07) com relação ao instituto do casamento, assinale a opção incorreta. a) É lícito o casamento entre irmãos germanos. b) O casamento celebrado no Brasil prova-se pela certidão do registro. c) É anulável o casamento de menor em idade núbil, porem sem a autorização dos pais. d) O homem, ao casar, pode acrescer o sobrenome da mulher. 5) (OAB/SP 131º Exame de Ordem) Assinale a alternativa que indica a única pessoa que NÃO se encontra sob uma causa suspensiva do casamento. a) A viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros. b) O descendente do tutor que pretende se casar com o tutelado. c) O divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal. d) A viúva que pretende se casar com o homem condenado por homicídio contra o seu consorte. 6) José e João são irmãos. Pedro, neto de José, e Maria, filha de João, desejam casar-se. Neste caso, o casamento será: a) Inexistente. b) Nulo. c) Anulável. d) Ineficaz. A) Válido. 7) Julgue as assertivas abaixo, assinalando a alternativa correta. I. A habilitação para casamento civil será feita pessoalmente perante o oficial do Registro Civil, com a audiência do Ministério Público. Caso haja impugnação do oficial, do Ministério Público ou de terceiro, a habilitação será submetida ao Juiz. II. O casamento nuncupativo poderá ser celebrado na presença de 6 testemunhas, que, com os nubentes, não tenham parentesco em linha reta, ou, na colateral, até o 32 segundo grau, devendo tais testemunhas comparecerem perante a autoridade judicial mais próxima, dentro de 10 dias, para prestarem as devidas declarações. III. O casamento de brasileiro, celebrado no estrangeiro, deverá ser registrado em cento e oitenta dias, a contar da volta de um ou ambos os cônjuges ao Brasil, no cartório do respectivo domicílio ou, em sua falta, no 1º Ofício da Capital do Estado em que passarem a residir. Assinale a opção correta: a) A I e II são corretas. b) A II e III são corretas. c) Apenas a I e III são verdadeiras. d) Todas são verdadeiras. 8) Considerando-se os aspectos gerais do casamento, é INCORRETO afirmar que a) O casamento tem como característica ser uma ato personalíssimo, solene, de união permanente, regido por normas de ordem pública e dissolúvel. b) O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio, sem que se tenha que alegar alguma causa ou mesmo sem mais prazo algum. c) O casamento religioso, celebrado sem as formalidade exigidas pela legislação vigente, terá efeitos civis se, a requerimento do casal, for registrado, submetendo-se aos mesmos requisitos exigidos para o casamento civil, contudo, na hipótese de uma das partes falecer, antes do casamento religioso ser reconhecido, não se pode mais requerer os efeitos civis. d) As causas suspensivas do casamento visam a resguardar interesse público e, portanto, podem ser opostos por qualquer pessoa capaz até o momento da celebração do casamento. 9) Assinale a alternativa correta. a) A publicidade do casamento é requisito de ordem pública, proibindo-se que o ato seja praticado a portas fechadas ou sem a publicação e fixação de proclamas em local visível. b) Nuncupativo é o casamento celebrado por autoridade incompetente. c) Putativo é o matrimônio nulo ou anulável contraído de boa-fé por um ou por ambos os contraentes e que, em razão disso, produz efeitos até o dia da sentença anulatória. 33 d) Em virtude do avanço da tecnologia, é perfeitamente possível a realização do matrimônio pela internet e/ou por via satélite, mesmo não havendo mandato especificamente outorgado pelos nubentes para tal fim. e) O casamento religioso terá efeitos civis, independentemente das exigências de validade para o casamento civil, e desde que registrado no registro próprio. 10) (OAB – III EXAME UNIFICADO – 2010) João foi registrado ao nascer com o gênero masculino. Em 2008, aos 18 anos, fez cirurgia para correção de anomalia genética e teve seu registro retificado para o gênero feminino, conforme sentença judicial. No registro não constou textualmente a indicação de retificação, apenas foi lavrado um novo termo, passando a adotar o nome de Joana. Em julho de 2010, casou-se com Antônio, homem religioso e de família tradicional interiorana, que conheceu em janeiro de 2010, por quem teve uma paixão fulminante e correspondida. Joana omitiu sua história registral por medo de não ser aceita e perdê-lo. Em dezembro de 2010, na noite de Natal, a tia de Joana revela a Antônio a verdade sobre o registro de Joana/João. Antônio, não suportando ter sido enganado, deseja a anulação do casamento. Conforme a análise da hipótese formulada, é correto afirmar que o casamento de Antônio e Joana a) Só pode ser anulado até 90 dias da sua celebração. b) Poderá ser anulado pela identidade errônea de Joana/João perante Antônio e a insuportabilidade da vida em comum. c) É inexistente, pois não houve a aceitação adequada, visto que Antônio foi levado ao erro de pessoa, o que tornou insuportável a vida em comum do casal. d) É nulo; portanto, não há prazo para a sua arguição. 11) (OAB – VI EXAME UNIFICADO – FGV - 2011) Rejane, solteira, com 16 anos de idade, órfã de mãe e devidamente autorizada por seu pai, casa-se com Jarbas, filho de sua tia materna, sendo ele solteiro e capaz, com 23 anos de idade. 34 A respeito do casamento realizado, é correto afirmar que é a) Nulo, tendo em vista o parentesco existente entre Rejane e Jarbas. b) É anulável, tendo em vista que, por ser órfã de mãe, Rejane deveria obter autorização judicial a fim de suprir o consentimento materno. c) Válido. d) Anulável, tendo em vista o parentesco existente entre Rejane e Jarbas. 12) Quais as formalidades obrigatórias, preliminares ao casamento, que os nubentes devem cumprir? 13) O que fará o oficial se, decorridos 15 dias da afixação dos proclamas, ninguém se apresentar para opor impedimentos à celebração do casamento? 14) É possível dispensar-se estas formalidades? 15) Quais os impedimentos absolutamente dirimentes (casamento nulo)? 16) Quais os impedimentos relativamente dirimentes (casamento anulável)? 17) Quais os impedimentos impedientes (causas suspensivas)?18) Quais os prazos para a interposição da anulação de casamento? 19) Como procederá o oficial do Registro Civil se alguém opuser impedimentos à celebração do casamento? 20) Como poderão proceder os nubentes após receber a notificação? 21) Como deverão proceder os maiores de 16 anos e menores de 18, que pretendam casar? 22) E se o pai concordar em dar consentimento ao menor de idade e a mãe for contrária? 35 23) Se o casamento for contraído por incapaz, como poderá ser convalidado? 24) Quais os deveres dos cônjuges durante o casamento? 25) Dois menores de 18 anos, não emancipados, casam-se sem autorização dos pais. Os genitores da moça requerem a anulação do casamento. Enquanto a ação se encontra sub judice, a moça engravida. Poderá o casamento ser anulado? 26) O que é erro essencial sobre a pessoa? 27) O casamento celebrado em virtude de coação é nulo ou anulável? 28) Quem tem legitimidade jurídica para propor a anulação do casamento, se ocorreu erro essencial sobre a pessoa ou coação? 29) A nulidade do casamento pode ser decretada ex officio pelo Juiz? 30) Quais os efeitos produzidos pelo casamento nulo ou anulável, se contraído de boa-fé por ambos os cônjuges, em relação a estes com os filhos? 31) O que é casamento in extremis ou casamento nuncupativo? 32) Onde deve ser celebrado o casamento? 33) Em que hipóteses caberá exclusivamente a um dos cônjuges a administração dos bens? 34) A quem caberá escolher o domicílio do casal? 35) Como deverá ser provido o sustento da família? 36) Quais os deveres dos cônjuges na constância do casamento? 37) Quais os efeitos da anulação do casamento por culpa de um dos cônjuges? 36 38) Quais os efeitos da sentença que decretar a nulidade do casamento, relativamente à aquisição onerosa de direitos, por terceiros de boa fé? ANOTAÇÕES ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 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