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MODELO ALEGAÇÕES FINAIS

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EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA 15ª VARA CRIMINAL DA COMARCA 
DE RIBEIRÃO PRETO/SP 
 
 
Autos nº _____ 
 
 
 
MÉLVIO, já qualificado nos autos do processo em epígrafe, por seu advogado e bastante 
procurador que esta subscreve, vem à presença de Vossa Excelência apresentar 
ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAIS, com fulcro no artigo 403, parágrafo 3º do 
Código de Processo Penal, pelas razões a seguir aduzidas. 
 
 
I BREVE SÍNTESE 
O mérito da denúncia trata-se de suposta prática de delito de tentativa de roubo simples, 
nos termos do artigo 157, caput, c/c o artigo 14, II, do Código Penal. 
Segundo consta na Denúncia, o acusado teria, mediante leve trombada, enfiou a mão na 
bolsa de Joana com a intenção de furtar um aparelho celular para conseguir dinheiro para 
comprar leite aos dois filhos recém-nascidos. O ato ocorreu no ponto de ônibus, na Av. 
Presidente Kenedy, em Ribeirão Preto. 
Todavia, Joana não tinha nada na bolsa senão os currículos que iria apresentar aos 
comerciantes, sendo que nada foi subtraído. Ocorre que os demais passageiros, ao 
desembarcarem do ônibus, na sequência, perceberam a ação ligeira e prenderam Mélvio. 
Conduzido à autoridade policial pelos agentes de segurança do shopping, formalizou-se 
o auto de prisão em flagrante. Como era primário, foi-lhe concedida a liberdade 
provisória. 
Na audiência de instrução e julgamento, a vítima confirmou que só havia currículos na 
bolsa. As testemunhas ouvidas confirmaram que viram o acusado Mélvio enfiando a mão 
na bolsa de Joana, quando da trombada, mas que não havia subtraído nada. 
Em interrogatório de Mélvio, o Juiz fez constar em ata “o interrogado admite ter praticado 
os fatos descritos na denúncia, como ali postos. Nunca foi preso ou processado e nada 
tem contra as testemunhas”, não permitindo que as partes fizessem perguntas, mesmo 
diante dos protestos da defesa, que pretendia esclarecer o motivo daquela conduta 
desesperada do acusado. 
 
II DA PRELIMINAR 
 
CERCEAMENTO DE DEFESA. 
Conforme exposto anteriormente, na audiência de instrução e julgamento, procedeu-se 
com a oitiva das testemunhas, e depois o réu foi interrogado, contudo não foi permitido 
que as partes fizessem perguntas, mesmo diante dos protestos da defesa, que pretendia 
esclarecer o motivo daquela conduta desesperada do acusado. 
Nesse sentido, data vênia, diante de tal situação, tem-se clara violação aos princípios do 
contraditório e da ampla defesa, pela inobservância do artigo 400 do Código de Processo 
Penal, segundo o qual: “ Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo 
máximo de 60 (sessenta) dias, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, à 
inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, 
ressalvando o disposto no artigo 222 deste Código, bem como ais esclarecimentos dos 
peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em 
seguida o acusado”. 
Nesse sentido, a instrução processual não poderia ter se encerrado, com o seguimento do 
feito para a fase de alegações finais, sem antes possibilitar que as partes fizessem 
perguntas, e que a defesa, esclarecesse o motivo da conduta do acusado. 
Deste modo, a situação enseja nulidade absoluta, ante o evidente cerceamento de defesa 
ocorrido, resultando em prejuízo à defesa, razão pela qual necessárias se faz a anulação 
dos atos praticados até então, para que seja possibilidade à ré, o exercício de seus direitos 
de defesa, da forma que lhe seja mais eficaz. 
 
III DO MÉRITO 
 
DO CRIME IMPOSSÍVEL 
Em se tratando de crime tentado, em alguns casos, nada obsta o reconhecimento de crime 
impossível. 
O crime impossível, o qual é excludente de tipicidade, também denominado como 
tentativa impossível, tentativa inidônea, tentativa inadequada e quase crime, é aquele em 
que o agente, de forma alguma, conseguiria chegar à consumação, motivo pelo qual a lei 
deixa de responsabilizá-lo pelos atos praticados. 
Diz o Código Penal, em sua parte geral, especificamente em relação ao artigo 17, “não se 
pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade 
do objeto, é impossível consumar-se o crime”. 
A referida opção legislativa é no sentido da adoção da teoria objetiva temperada ou 
intermediária. Isso porque, para a configuração da espécie, é necessária a escolha de um 
meio de execução absolutamente inidôneo ou a constatação de um objeto material 
absolutamente impróprio. 
Conforme foi narrado nos fatos e confirmado pelas testemunhas na audiência de instrução 
e julgamento, mesmo havendo vontade do acusado direcionada à prática do furto, faz-se 
ausente o elemento objetivo, qual seja, o celular, tornando o fato atípico. 
Acerca do tema, DAMÁSIO E. DE JESUS, em Comentários ao Código Penal, 1985, pg. 
308 e 309, leciona: “Dá-se a improbidade absoluta do objeto quando inexiste o objeto 
material sobre o qual deveria recair a conduta, ou quando, pela sua situação ou 
condição, torna impossível a produção do resultado visado pelo agente”. 
Ademais, o honrado Tribunal de Justiça em caso envolvendo a d iscussão em baila, já 
julgou o seguinte: 
 
E M E N T A. "CRIME IMPOSSÍVEL - FURTO - AUSÊNCIA DE 
BENS A SUBTRAIR - EXECUÇÃO INIDÔNEA - INIDONEIDADE 
ABSOLUTA DO OBJETO - CARACTERIZAÇÃO DA CONDUTA 
ATÍPICA - RECURSO PROVIDO. Restando comprovado a 
impropriedade absoluta do objeto, não há falar-se em tentativa, mas sim 
em crime impossível. Inteligência do art. 17 do Código Penal. 
(Tribunal de Justiça de Mato Grosso - Relator convocado composta 
pelo Dr. Adilson Polegato de Freitas - Primeira Câmara Criminal. 
Recurso de Apelação Criminal n.º 10049/2006 - Classe I - 14 - Comarca 
de Tangará da Serra) ". 
 
Por fim, diante de um crime impossível, é cabível e incontestável a absolvição do réu, nos 
termos do artigo 386, II, do CPP e o artigo 17 do Código Penal. 
 
DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. 
Caso superada a excludente de tipicidade arguida, consideramos que será caso de 
absolvição do réu por estado de penúria, pois como relatado, o Réu estava sem condições 
financeiras para comprar leite aos dois filhos recém-nascidos. 
Conforme entendimento do ilustre jurista Paulo Queiroz: o princípio da insignificância 
constitui, conforme a doutrina e a própria jurisprudência, uma excludente de tipicidade, 
visto que, embora formalmente criminalizada, a conduta não traduz, em concreto, uma 
lesão digna de proteção penal. 
Disso não discrepa Cesar Roberto Bittencourt, que complementa que: 
 
"a tipicidade penal exige ofensa de alguma gravidade aos bens 
jurídicos protegidos, pois nem sempre qualquer ofensa a esses 
bens ou interesses é suficiente para configurar o injusto típico. 
Segundo este princípio, é imperativa uma efetiva 
proporcionalidade entre a gravidade da conduta que se pretende 
punir e a drasticidade da intervenção estatal. Amiúde, condutas 
que se amoldam a determinado tipo penal, sob o ponto de vista 
formal, não apresentam nenhuma relevância material. Nessas 
circunstâncias, pode-se afastar liminarmente a tipicidade penal, 
porque em verdade o bem jurídico não chegou a ser lesado" 
(Código Penal Comentado, São Paulo, Saraiva, 2005, p. 6). 
 
É o caso dos autos, uma vez que o acusado não chegou a obter o bem jurídico, sendo 
assim, não causou prejuízo, demonstrando que a conduta do acusado é penalmente 
irrelevante, ainda mais, se considerarmos o momento de necessidade que se encontrava. 
 
DESCLASSIFICAÇÃO DO CRIME DE TENTATIVA DE ROUBO PARA 
TENTATIVA DE FURTO SIMPLES. 
De outro importe, caso não aceita a tese ora sustentada, imperiosa se faz a desclassificação 
da imputação formulada, para o delito de tentativa de furto simples. 
O Código Penal, em seu artigo 157, caput, prevê que para haver a consumação do crime 
de roubo, o agente deve, mediante violência ou grave ameaça, subtrair para si ou para 
outrem, coisa alheia móvel. 
Nessesentido, são unânimes doutrina e jurisprudência, visto que ambas asseveram que 
para a ocorrência do crime de roubo, imprescindível que o agente tenha empregado 
violência ou grave ameaça. 
Fato este que não ocorre no caso, tendo em vista que o acusado apenas esbarrou na vítima, 
houve uma leve trombada, mas não houve violência ou emprego de grave ameaça. Da 
mesma forma descreveram as testemunhas. 
Portanto, considerando a inexistência dos elementos indispensáveis à configuração do 
crime de roubo, tem-se por necessária a aplicação da justiça a desqualificação para o 
crime de furto tentado. 
 
DA ATENUANTE DE CONFISSÃO ESPONTÂNEA DO DELITO E 
MENORIDADE RELATIVA 
O acusado não nega a prática do crime de furto, pelo contrário, na audiência de instrução 
e julgamento confessa o ocorrido e os motivos que o levou a praticá-lo, mas não a 
utilização de violência e ameaça para tentar obter o bem. 
Deste modo, por ter confessado espontaneamente em audiência a autoria do ocorrido, faz 
jus ao benefício da atenuação da pena, conforme o artigo 65, III, d, do Código Penal 
brasileiro. 
Ademais, cabe ao caso a atenuante no que tange ao agente menor de 21 (vinte e um) anos 
de idade, está prevista no artigo 65, I, do CP. Consta aos autos que o acusado no dia do 
fato tinha 20 anos de idade, dicando demonstrada a circunstância judicial favorável da 
menoridade relativa. 
 
III DOS PEDIDOS 
 
Ante o exposto, a defesa requer à Vossa Excelência: 
a) O recebimento da presente Alegações Finais por Memorias; 
b) A anulação dos atos praticados até então, em razão da ocorrência de cerceamento de 
defesa, por violação dos princípios do contraditório e da ampla defesa; 
c) O reconhecimento de crime impossível, e a consequente absolvição por atipicidade na 
conduta, com fundamento no artigo 386, III, do CPP, e no artigo 17, do Código Penal; 
d) Subsidiariamente, em sendo a res furtiva, a defesa requer o reconhecimento do princípio 
da insignificância. 
e) Não sendo esse o entendimento, a desclassificação do crime de tentativa roubo para o 
crime de tentativa de furto simples. 
f) O reconhecimento da atenuante da confissão espontânea e menoridade relativa 
 
Termos em que, 
pede deferimento 
 
Local, ____de setembro de 2021 
 
 
OAB/SP

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