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INOVAÇÃO NO SETOR PÚBLICO GESTÃO PÚBLICA OLÁ! Você está na Unidade Gestão Pública. Conheça aqui o conceito de Gestão Pública, seus objetivos e princípios. Entenda, ainda, a relação entre Estado, Governo e Gestão Pública, aprofundando seus conhecimentos sobre o funcionamento da “máquina pública” à luz dos princípios constitucionais do Estado brasileiro. Domine conceitos-chave do gerenciamento moderno e entenda o papel da liderança na busca por resultados. Além disso, conheça os principais processos administrativos que fazem parte da rotina dos gestores públicos a serviço dos pagadores de impostos, que desejam serviços públicos de excelência. Bons estudos! 1 Caracterização da Gestão Pública: conceitos, objetivos e princípios Aprenderemos nesse tópico aos os conceitos basilares do gerenciamento moderno, que constituem a pedra angular para qualquer tomador de decisão no processo de geração de valor, seja na vida particular, seja na vida pública. Assim, a partir de um arcabouço teórico consagrado e ferramentas de trabalho alinhadas ao que há de mais moderno em práticas de gestão, esta seção é dedicada àqueles que desejam atuar como agentes de transformação no Setor Público, em busca de resultados que promovam melhores serviços à população. 1.1 Princípios de gestão à luz da abordagem funcional Antes mesmo de situar os leitores nos conceitos-chave que permeiam a Gestão Pública, torna-se necessário apresentar algumas definições fundamentais a qualquer profissional de gestão. Nesse sentido, é essencial prestigiar os ensinamentos do professor Vicente Falconi (2009, p.18), que preconiza que “o gerenciamento é, por sua natureza, focado nos fins e, portanto, na missão geral de qualquer organização, que é ‘satisfazer necessidades de seres humanos’”. Portanto, a arte de gerir pode ser entendida como a busca pela maximização dos recursos disponíveis visando à geração de mais valor para um grupo de pessoas, isto é, uma organização. Para facilitar essa missão, e pavimentar o caminho ao sucesso, os profissionais da área devem respeitar alguns princípios trazidos pela chamada abordagem funcional da administração, a saber: Planejamento, Organização, Direcional e Controle (PODC). A partir desses princípios, originalmente propostos por Jules Henri Fayol (1978), a administração pode ser entendida como um processo, conforme ilustrado abaixo: #PraCegoVer: Na imagem, existem quatro degraus, representando o seguinte caminho: Planejar, Organizar, Direcionar e Controlar. Elas são as etapas do processo administrativo na abordagem funcional da administração. 1.2 Planejamento no Setor Público Absorvida a lição de que a administração pode ser entendida como um processo, torna-se importante entender como cada etapa deste processo se manifesta no Setor Público. Desde já, tenha em mente que uma pessoa que gere recursos públicos deve conhecer a engrenagem que move a máquina pública, ainda que esta não exerça funções em todas as etapas deste processo. Como ensina o general chinês TZU (2006), que pode ser considerado um dos pais do conceito de estratégia, quem não realiza planejamento algum, terá chances ínfimas de vitória. É com isso em mente que devemos entender que o processo de planejar talvez seja a tarefa mais importante no setor público. Afinal, é nesse momento que são decididas as diretrizes estratégicas e a forma de atuação, os objetivos de curto, médio e longo prazo, assim como o portfólio de iniciativas executadas no ciclo de gestão. Além disso, e não menos importante, é nesse momento que se decide como todas as atividades do Estado serão custeadas. Nesse aspecto, se o planejamento já se mostra uma tarefa importante, e que dita a capacidade de sobrevivência no âmbito empresarial, no setor público esta etapa ganha uma relevância ainda maior, pois todas a máquina pública será custeada a partir do dinheiro suado dos pagadores de impostos. Portanto, é passemos a entender quais são os principais conceitos de planejamento e como isso se reflete no Setor Público. O primeiro conceito que deve ser aprendido no estudo do planejamento é o de estratégia, que, segundo o dicionário da língua portuguesa Michaelis (2020), significa a “arte de utilizar planejadamente os recursos de que se dispõe ou de explorar de maneira vantajosa a situação ou as condições favoráveis de que porventura se desfrute, de modo a atingir determinados objetivos”. Originalmente, esse conceito sempre esteve enraizado no Estado, pois nasceu no contexto militar, e norteou a tomada de decisão durantes as incontáveis guerras promovidas até os dias de hoje. Compreendido o conceito de Planejamento, torna-se necessário entender os níveis em que o planejamento pode ser realizado. Basicamente, um planejamento organizacional pode ser desdobrado em três níveis: estratégico, tático e operacional, conforme ilustrado abaixo: #PraCegoVer: Na imagem, existe uma pirâmide representando os três níveis de desdobramento do planejamento em uma organização, isto é: (I) Estratégico; (II) Tático; e (III) Operacional. Ora, se estratégia é a arte de planejar, o que seria Planejamento Estratégico? Para Peter Drucker (1984, p. 714), em seu livro “Introdução à Administração”, o Planejamento Estratégico é: O processo contínuo de, sistematicamente e com o maior conhecimento possível do futuro contido, tomar decisões atuais que envolvem riscos; organizar sistematicamente as atividades necessárias à execução dessas decisões; e, através de uma retroalimentação organizada e sistemática, medir o resultado dessas decisões em confronto com as expectativas alimentadas. Para Chiavenato (2004, p. 203), o Planejamento Estratégico possui cinco características essenciais, a saber: Características do Planejamento Estratégico está relacionado à adaptação da organização a um ambiente mutável e dinâmico; está direcionado ao futuro; é extensivo e compreende as dores e potencialidades da organização; é resultado de um processo de construção de consenso; é uma forma da organização aprender sobre si mesma e sobre o ambiente. Segundo os ensinamentos de Tzu (2006), numa batalha, além de conhecer o inimigo, é necessário conhecer-se. Ao conectar essa lição com o conceito de Planejamento Estratégico, notamos a importância do autoconhecimento, que que aqui será denominado “Modelo de Atuação”. Ele deve ser composto, no mínimo, pela Missão, Visão e Valores de uma Organização. Esses três elementos podem ser definidos assim: MISSÃO: A Missão é a razão de uma organização existir, como por exemplo, a Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo (Prodesp, 2020), que tem a missão de “Contribuir para a eficiência do setor público e para a simplificação da vida do cidadão por meio de soluções tecnológicas inovadoras". No fim do dia, a missão será o grande motor para engajar os times na busca por resultados. Se não existe alinhamento da liderança com a missão da organização, a chance de fracasso é eminentemente alta. VISÃO: No que se refere à Visão, esta por definição se trata de onde a organização quer chegar no longo prazo, isto é, qual é o grande objetivo da organização. Seguindo o exemplo da Prodesp, esta companhia pública busca “ser referenciada pela excelência no provimento de soluções para o setor público”. Importante notar que a visão é o principal direcionador para o estabelecimento de metas no ciclo de gestão. VALORES: Os Valores representam os princípios que a organização respeitará para atingir seus objetivos e cumprir sua missão com excelência. Assim, no caso da Prodesp, a companhia deve zelar pelo “foco no cliente, compromisso com resultados, inovação, ética e senso de urgência”. #PraCegoVer: Na imagem, existem três círculos que representam os três pilares de uma Modelo de Atuação, isto é: (I) Missão; (II) Visão; (III) Valores. Para cada pilar, existem algumas perguntas-chave que devem ser respondidas pela organizaçãodefinir sua estratégia no ciclo de gestão. Além da definição do Modelo de Atuação, existem diversas outras técnicas que ajudam os líderes na elaboração do planejamento estratégico na organização. Como não se trata de um curso específico de Planejamento Estratégico, e certamente o mercado já desenvolveu uma centena de formas diferentes de estruturar um Planejamento Estratégico, citaremos apenas algumas técnicas com maior aderência ao contexto do Setor Público. A primeira técnica mencionada é Matriz SWOT, que proporciona uma análise dos pontos fortes (Strenghts) e fracos (Weaknesses), e as oportunidades (Opportunities) e ameaças (Threats) de uma organização. Essa técnica tradicionalmente é creditada a Albert Humphrey (1926-2005), professor da Universidade de Stanford, que liderou um projeto de pesquisa nos anos 1960- 1970 com base na Fortune 500 dos Estados Unidos. Outra técnica muito importante é conhecida como Balanced Scorecard (BSC), que é uma ferramenta para definir a estratégia a partir de indicadores de desempenho sob quatro perspectivas: Financiamento; Processos Internos de Negócio; Clientes; e Aprendizado e Crescimento. Esse método foi criado pelos doutores da Harvard Business School, Ronald Kaplan (1940) e David Norton (1941). Finalmente, vale mencionar uma técnica que está ganhando popularidade nas organizações que é a conhecida como OKR (Objective and Key Result), que em português significa Objetivos e Resultado-Chave. Essa técnica tradicionalmente é creditada a John Doerr, um dos principais investidores de capital de risco do Vale do Silício. Mas o próprio empresário afirma que aprendeu a aplicar o OKR na década de 1970, quando ainda trabalhava na Intel. Contudo, a popularidade ganhou força quando Doerr sugeriu que o Google, quando tinha menos de um ano de vida, utilizasse a técnica OKR. Conforme explicado professor de empreendedorismo do Insper, Nakagawa (2016, p.1): A lógica do OKR em si é muito simples. Define-se um ou alguns objetivos para a empresa, os principais executivos, os departamentos, os times e as pessoas. Para cada objetivo, definem-se alguns resultados-chave que devem ser atingidos durante o trimestre. A mágica da ferramenta se dá na definição do objetivo, de seus resultados- chave, na integração com outros membros, na transparência total, na forma de avaliação e, principalmente, no prazo de apenas três meses em cada ciclo para atingir os resultados. Algumas organizações públicas, como a Secretaria Especial de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia, veem utilizando OKR para estruturar seu Planejamento Estratégica, a partir da seguinte lógica: #PraCegoVer: Na imagem, existe uma árvore lógica que representa as etapas do planejamento a partir de OKR, a saber: (I) Objetivo; (II) Eixo; (III) Alavancas; (IV) Key-Results (Resultado-Chave); (V) Iniciativas; e (VI) Impacto. Uma vez consolidados esses conhecimentos sobre planejamento no Setor Público, passemos a tratar de uma das principais funções da administração pública, que é o processo de planejamento orçamentário. Assim, é a partir do Art. 165 da Constituição Federal, que são estabelecidos os principais instrumentos de Planejamento Orçamentário dos entes públicos federal, estaduais e municipais, conforme explica a Vander Gontijo (2020): O Plano Plurianual – PPA (Visão Estratégica): com vigência de quatro anos, expressa a visão estratégica da gestão pública e tem como função estabelecer as diretrizes, objetivos e metas de médio prazo da administração pública. Prevê, entre outras coisas, as grandes obras públicas a serem realizadas nos próximos anos; A Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO (Visão Tática): com vigência anual, orienta a elaboração da Lei Orçamentária Anual, baseando-se no que foi estabelecido pelo Plano Plurianual. Ou seja, é um elo entre o PPA e a LOA, tendo como função estabelecer as políticas públicas e respectivas prioridades para o exercício seguinte; A Lei Orçamentária Anual – LOA (Visão Operacional): com vigência anual, representa o orçamento anual propriamente dito. Prevê, entre outras coisas, os orçamentos fiscal, da seguridade social e de investimentos das estatais. Ou seja, todos os gastos do governo para o próximo ano são previstos em detalhe. Assim, a LOA tem o papel de estimar a receita e fixar a programação das despesas para o exercício financeiro. Vale ressaltar que mais importante do que planejar o uso dos recursos públicos no âmbito do Estado, é agir com Responsabilidade Fiscal, haja vista que os pagadores de impostos não merecem viver em um Estado endividado e sem capacidade de investimento para promover serviços públicos. Assim, de modo complementar à Constituição Federal, a Lei Complementar Federal n.º 101/2000, conhecida como Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF, 2000), determina, que entre outras diretrizes, os limites para despesas com pessoal, para dívida pública e ainda determina que sejam criadas metas para controlar receitas e despesas. Além disso, segundo a LRF, nenhum governante pode criar uma despesa continuada (por mais de dois anos), sem indicar sua fonte de receita ou sem reduzir outras despesas já existentes. Isso faz com que o governante consiga sempre pagar despesas, sem comprometer o orçamento ou orçamentos futuros. Portanto, é fundamental que os governantes respeitem a LRF, especialmente por conta das restrições fiscais apresentadas durante a recessão econômica deflagrada em 2014, causada, entre outras coisas, pelo excesso de gastos públicos. Por fim causou, após uma articulação política no Congresso Nacional, liderada pelo até então vice-presidente Michel Temer, a presidente à época, Dilma Rousseff, sofreu o processo de impeachment e foi afastada do cargo, por praticar as famosas “Pedaladas Fiscais”. FIQUE DE OLHO Segundo Felipe Salto (2018), diretor-executivo da Instituição Fiscal Independente (IFI), “Um Estado eficiente, que cuide bem das finanças públicas, vai gerar políticas públicas bem-feitas”. Em entrevista concedida ao Canal Um Brasil, ele explica que o Estado não pode gastar mais do que arrecada. Fique de olho e acesse a entrevista em www.umbrasil.com/videos/nao-podemos- gastar-mais-que-aquilo-que-temos-capacidade-de-arrecadar 1.3 Organização no Setor Público Seguindo o entendimento da Gestão Pública enquanto processo administrativo, passemos a entender de que maneiras o Estado se organiza para executar seus http://www.umbrasil.com/videos/nao-podemos-gastar-mais-que-aquilo-que-temos-capacidade-de-arrecadar http://www.umbrasil.com/videos/nao-podemos-gastar-mais-que-aquilo-que-temos-capacidade-de-arrecadar processos e entregar valor em forma de serviços públicos à população. Para tanto, é necessário entender, preliminarmente, quais são as formas de organizações que Estado se relaciona. Em um Estado Democrático de Direito, isto é, em um Estado sedimentado na soberania popular, na democracia representativa e participativa, no Estado Constitucional (ou seja, que possui uma constituição que emanou da vontade do povo), e um sistema de garantia dos direitos humanos, as organizações podem ser divididas em Pública, Privada, Mista e Não-Governamental. Comecemos pela organização pública, que é mantida pelo poder público, isto é, pelos governos em diferentes níveis federativos (federal, estadual ou municipal), e visa às necessidades e o bem-estar do público. A organização pública também é conhecida como “Primeiro Setor”, por ser responsável por tratar de questões de alta relevância como agendas socioeconômicas, educacionais, de saúde, segurança etc. Assim, a Organização Pública pode ser dividida em Direta e Indireta, conforme explica Gustavo R. A. González (2017), no portal “politize!” Organização Pública Direta: é a organização formada por serviços totalmente integrados e relacionados ao âmbito federal, estadual ou municipal. Por exemplo, o Ministério da Fazenda, que é responsável pela políticaeconômica do país, é uma organização pública direta, e que subordina a Secretaria da Receita Federal, que cuida da arrecadação dos tributos federais, e a Secretaria do Tesouro Nacional, responsável pela contabilidade do governo e pela conta única do Tesouro. Esse tipo de organização recebe recursos diretamente de uma conta única e todas suas despesas administrativas e investimentos são mantidos com o repasse de dinheiro público proveniente de tributos recolhidos pela União. Por isso, esses órgãos atuam em políticas públicas de caráter essencialmente de Estado, como: Defesa Nacional, Relações Exteriores, Saúde, Segurança, Educação etc. Organização Pública Indireta: é a organização caracterizada como serviço público ou de interesse público, que foi criada ou autorizada por Lei. Assim, este tipo de organização pode atuar na forma de autarquias, fundações públicas, empresas públicas (estatais) e sociedades de economia mista. Com relação às duas últimas, vale explicar que Empresas Públicas são pessoas jurídicas de direito privado cujas ações pertencem 100% ao Estado (existem nas esferas federal, estadual e municipal). Essas empresas atuam em atividades econômicas e são criadas somente após autorização do legislativo por meio de lei. Por sua vez, Sociedades de Economia mista são pessoa jurídica de direito privado cujas ações pertencem tanto ao poder público, quanto a outras pessoas, empresas e fundos de investimento no Brasil e no exterior. Geralmente, essas ações são negociadas em bolsa de valores e esses acionistas têm direito a voto e participação nos lucros da estatal. Apesar da participação de sócios privados, o controle majoritário é do Estado. Assim sendo, um exemplo de Organização Pública Indireta é o INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social), hoje vinculado ao Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário, atende aos aposentados e pensionistas cobertos pela previdência social e é responsável pelo pagamento de benefícios a milhões de cidadãos. Esses órgãos atuam devido ao aumento da atuação do Estado, que acaba delegando a outras pessoas jurídicas a concretização de determinados fins administrativos do Estado. Organização Privada: é a organização mantida por pessoas, sócias da organização, em que um grupo exerce os direitos e benefícios de propriedade em favor próprio. É denominada de “Segundo Setor”, pois é responsável pelas questões individuais. Importante não confundir essas organizações com as organizações de economia mista, que representa tão somente a combinação entre esforços públicos e privados para prestar determinado serviço. Organização não-governamental (ONG): é a organização formada pela sociedade civil, que pode ter ou não fins lucrativos. A organização sem fim lucrativo tem como missão a resolução de problemas da sociedade, sejam eles de caráter econômico, racial ou ambiental, além da reivindicação de direitos, melhoria e fiscalização do poder público. Este tipo de organização recebe a denominação de “Terceiro Setor”, por ter como objetivo gerar serviços de caráter público. Pode-se citar como exemplo de organização sem fins lucrativos as associações de moradores. Entendidas as formas de organização do Estado, é importante se ter em mente que um dos principais desafios da Gestão Pública, é a partir de uma estrutura complexa e extensa, atuar com foco em resultados a partir de princípios constitucionais. Assim, além de promover uma gestão qualificada e que entregue serviços à população com um nível de excelência condizente com o nível tributário do país, os gestores públicos devem zelar pela moral pública. FIQUE DE OLHO: É importante tentar substituir o sistema atual por um novo, que dê incentivos para prevenir a corrupção e não apenas para punir os corruptos depois que os recursos já foram desviados, defende o cientista político e presidente do King’s BraZil Institute, Anthony Pereira, em entrevista ao UM BRASIL. Fique de olho e acesse a entrevista em www.umbrasil.com/videos/precisamos-de-incentivos- para-prevenir-a-corrupcao-e-nao-apenas-punir-os-corruptos-defende-anthony- pereira 1.4 Direcionamento no Setor Público Absorvidos os conceitos elementares sobre Planejamento e Organização no âmbito do Estado, vale ressaltar que conhecer o processo e o método não garante gestores de sucesso, tampouco resultados obtidos “à vácuo”. Por mais estranho que possa parecer, é na diferença sútil, porém essencial, entre administração e gestão, que encontramos a chave para o sucesso na geração de valor em organizações: enquanto administração é um exercício racional demonstrado em forma de etapas (processo lógico), a gestão, por sua vez, envolve liderar pessoas e engajá-las na busca por resultados desejados (processo interpessoal). Conforme argumenta o Professor Falconi (2009, p.28), dos três fatores que são determinantes para a obtenção de resultados, isto é, a Liderança, o Conhecimento do Processo e o Método, é na Liderança que se verifica o fator mais importante em uma organização, pois sem ela nenhum resultado se sustenta. E o que é liderar? Para o professor Falconi (Ibidem), “Liderar é bater metas consistentemente, com o time fazendo o certo. Quem não bate metas, não é líder”. Conforme demonstrado abaixo, existe uma Agenda da Liderança que deve ser cumprida ao longo do ciclo de gestão: http://www.umbrasil.com/videos/precisamos-de-incentivos-para-prevenir-a-corrupcao-e-nao-apenas-punir-os-corruptos-defende-anthony-pereira http://www.umbrasil.com/videos/precisamos-de-incentivos-para-prevenir-a-corrupcao-e-nao-apenas-punir-os-corruptos-defende-anthony-pereira http://www.umbrasil.com/videos/precisamos-de-incentivos-para-prevenir-a-corrupcao-e-nao-apenas-punir-os-corruptos-defende-anthony-pereira #PraCegoVer: Na imagem, a Agenda da Liderança é detalhada a partir da definição do conceito de liderar, ou seja: 1. Bater Metas; 2. Com o Time; 3. Fazendo o Certo. Para cada item, são detalhadas ações que um líder deveria realizar. Importante notar que a Agenda da Liderança deve ser uma construção a partir da leitura de cada contexto. Ainda assim, é fundamental ter em mente que todo líder que deseja transformar os resultados de uma organização, seja pública, seja privada, deve evitar autos sabotagens e erros, conforme Kotter (2017). Segundo o autor, as organizações estão expostas a pelo menos oito erros durante o ciclo de gestão, que são: #PraCegoVer: Na imagem, existem oito caixas com os erros mais comuns no exercício da liderança, isto é: (1) Ser permissivo e complacente; (2) Não construir coalização de mudança; (3) Não demonstrar visão de futuro; (4) Não praticar comunicação eficiente; (5) Parar diante dos primeiros obstáculos; (6) Não apresentar resultados de curto prazo; (7) Celebrar resultados precocemente; e (8) Não perenizar a mudança. Com esse importante referencial em mente, podemos entender como esses conceitos de gestão se aplicam ao Setor Público, e quais são as particularidades apresentadas pelo Estado brasileiro e que determinam as regras da geração de valor para a sociedade. Contudo, antes de avançar, é muito importante que consigamos entender três pontos fundamentais desse referencial: (i) esse referencial teórico básico em gestão deriva principalmente de experiências em grandes corporações da esfera privada; (ii) nesse sentido, é preciso entender que a dinâmica de setor público exige a adaptação ou mesmo o uso de outras ferramentas; (iii) portanto, entendam esse referencial como um apoio inicial à navegação na gestão pública, já que se tratam de metodologias básicas a gestores. FIQUE DE OLHO: Muitos especialistas apontam que o Brasil passa por uma crise de liderança, que pode impactar diretamente o futuro do país e do setor público. Em 2015, nove especialistas se reuniram para apresentar pontos em relação à problemática. Para os entrevistados, a solução para a saída passa por uma gradual mudança da cultura do brasileiro e de um governo que seja capazde reestabelecer a confiança e reconectar a sociedade ao Estado. Fique de olho e acesse esta entrevista em www.youtube.com/watch?v=CPL_s8XIZtk 1.5 Controle de Resultados no Setor Público Compreendidos os conceitos que fundamentam a Gestão Púbica, isto é, o Planejamento, a Organização e o Direcionamento, torna-se possível fechar o ciclo de entendimento do processo administrativo, a partir das ferramentas de Controle que podem ser utilizadas na busca por resultados. Como vimos anteriormente, a etapa de Controle busca assegurar a realização dos objetivos e identificar a aderência da execução com a estratégia. Isso significa que o controle pode ser entendido como um controle da qualidade de execução do planejamento estratégico desdobrado a partir da liderança. Nesse aspecto, vale mencionar que, embora existam inúmeros métodos de controle de resultados e qualidade dos processos disponíveis na literatura e no mercado, a maioria se assemelha ao método japonês implementado no Sistema Toyota de Produção (SOBEK, 2008), amplamente conhecido como PDCA (Plan, Do, Check, Act). Em português, a sigla significa Planejar, Executar, Checar e Agir, representando a ferramenta de gestão da qualidade mais difundida no mundo dos negócios. Importante notar que o PDCA pode ser utilizado como ferramenta tanto para melhorar resultados indesejados, quanto para manter resultados desejados. Por esse ângulo, é interessante notar que a partir do momento em que um resultado desejado é alcançado, o desafio passa a ser a estabilização e padronização do processo, uma vez que, um jargão famoso no mundo dos negócios é que “o desempenho passado não é indicativo de resultados futuros”. Para tanto, o PDCA passa a ganhar a conotação de SDCA (Standard, Do, Check, Act), que conta com a Padronização (Standard) como um processo responsável pela criação de instrumentos que garantam a estabilização dos resultados, conforme figura abaixo: #PraCegoVer Na imagem, está representada a conexão entre o ciclo PDCA (utilizado para melhorar resultados) e o SDCA (utilizado para manter resultados), que é um sistema de gestão integrado, a partir das diretrizes estratégicas da alta administração, que se desdobram em metas do ciclo de gestão. O alcance de resultados no setor público possui algumas particularidades, pois se tratam de organizações com alta rotatividade na liderança (transição de governos), o que não permite, muitas vezes, que o ciclo de melhoria contínua e padronização seja realizado com consistência, já que a estratégia é descontinuada a cada ciclo político. Além disso, por agendas personalistas, e mesmo por dificuldades em gerir dados no setor público, existe uma tendência de novos governos descontinuarem as ações dos quadros pregressos para carimbar determinada política e assim angariar eleitores na busca pela reeleição. FIQUE DE OLHO: O Método PDCA é a base metodológica que ajudou a construir uma das maiores consultorias empresariais do Brasil, a Falconi Consultoria, fundada pelo professor Vicente Falconi e José Martins de Godoy. Liderada por esses gurus, a consultoria transformou o negócio de importantes empresas brasileiras, como a Ambev, Gerdau e Amil. A história de Vicente Falconi e da consultoria foram contadas na obra de Cristiane Correa (2017), intitulada “Vicente Falconi: o que importa é resultado”. Além desta interessante obra, fique de olho e entenda a aplicação do método PDCA para a resolução de problemas em www.napratica.org.br/o-que-e-e-como-funciona-o-metodo-pdca Assim sendo, quem almeja iniciar uma trajetória próspera na Gestão Pública deve caminhar pelo processo administrativo, que representa o caminho mais seguro para gerar valor a partir dos recursos depositados pelos pagadores de impostos. Essa caminhada deve contar com o auxílio de ferramentas, ou métodos, que garantam uma tomada de decisão racional, com base em dados e fatos, orientada a resultados derivados de processos geridos por ferramentas da qualidade. Entre as principais ferramentas de controle da qualidade, destacam-se: - Fluxograma; - Diagrama de Ishikawa; - Folhas de verificação; - Histogramas; - Diagrama de Pareto; - Cartas ou gráficos de Controle; - Diagrama de dispersão; - Seis Sigma ou Six Sigma; - Plano de ação 5W2H. 2. Relação entre Estado, Governo e Gestão Pública Antes mesmo de analisar a relação entre Estado, Governo e Gestão Pública, é importante entender que estes são conceitos diferentes, mas que se relacionam entre si com a atuação do Estado. Assim, passemos a entender, primeiramente, alguns elementos constitutivos de Estado, para então entender como ele se relaciona com Governos a cada ciclo eleitoral e com a Gestão Pública que é a responsável por conduzir, continuamente, o processo de gestão de recursos advindos dos pagadores de impostos. 2.1 Elementos Introdutórios de Teoria do Estado Quando os conceitos são inseridos no mundo público eles ganham não somente uma formalidade semântica, mas uma complexidade à altura da importância que é gerir o dinheiro dos pagadores de impostos. Nesse aspecto, é importante explicar como alguns conceitos evoluíram ao longo do tempo para que pudéssemos chegar ao entendimento moderno de Gestão Pública. Uma forma tradicional de explicar a trajetória do conceito de Gestão Pública é a partir da definição de Administração Pública, que na língua portuguesa pode ser entendida como o “conjunto de normas e funções que disciplinam os elementos de produção, submetem a produtividade a um controle de qualidade, organizam a estrutura e o funcionamento de um estabelecimento” (HOUAISS; VILLAR; FRANCO, 2009, p. 51). Esse conceito possuí grande aderência com as definições trabalhadas na seção anterior, pois ela pode ser entendida como um ato, ou um processo de planejar, organizar, dirigir e controlar recursos públicos para gerar valor. Vale ressaltar que, diferentemente de uma organização privada, o objetivo não é gerar mais valor aos acionistas (lucro), mas sim, criar valor à população a partir de serviços públicos de qualidade (valor público). Notem que, até o presente momento, não foram apresentadas grandes novidades conceituais, uma vez que tratamos dos conceitos e administração e gestão, que seriam praticamente sinônimos não fosse uma sútil diferença relacionada à relação interpessoal ou liderança. Portanto, é importante explicar aquela que talvez seja a parte mais importante deste material, a saber: o significado da palavra “Público” no termo Gestão Pública, isto é, o que compõe a ideia de Estado, como ele se divide em funções, poderes e ordenamentos. De início, é importante mencionar que, fosse para explicar a origem do Estado e a sua evolução até os dias atuais, precisaríamos de um material à parte, uma vez que este representa um dos assuntos mais controversos da história humana. Portanto, com nenhuma intenção de esgotar o tema, é interessante que conheçamos as três possíveis explicações para origem do que chamamos de Estado Moderno, a partir do pensamento propagado por três autores conhecidos como “contratualistas clássicos”, conforme ilustra a tabela abaixo: #PraCegoVer: Na tabela, existem quatro colunas: (I) a primeira, para listar os itens de comparabilidade (país de origem, obra principal, escola de pensamento, o que pensa sobre a natureza humana, o que pensa sobre o objetivo do Estado, e como entende a delegação de poder ao Estado); (II) a segunda, com os dados de Thomas Hobbes; (III) a terceira, com os dados de John Locke; (IV) a quarta com os dados de Jean-Jacques Rousseau. Curioso notar que, pouco mais de uma década depois do falecimento de Rousseau (1712-1778), o Regime Absolutista cairia na França, marcando um princípio formal da Administração Pública ocidental. Nessa época, a Administração Pública ainda não era norteada por princípios constitucionais, mas apenas por obras de alguns pensadores clássicos e regras fragmentadas que determinavam o convíviosocial. Segundo argumentam alguns autores, a primeira constituição escrita foi a dos Estados Unidos da América, em 1787, seguindo-se a da França, 1789. A primeira constituição brasileira viria a ser escrita somente em 1824 (período Imperial). Esse fato é importante, pois somente a partir do surgimento dos textos constitucionais é que surgem os princípios que norteiam a Administração Pública. Segundo a Constituição Federal de 1988 (Art. 37), a “Administração Pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência”. Nesse aspecto, aproveitando o gancho passemos a entender quais são os princípios que norteiam a Administração Pública. 2.2 Princípios da Administração Pública Para garantir respeito à ordem constitucional e à moral pública, os profissionais que atuam no Setor Público, e todos os profissionais que prestam qualquer tipo de serviço ou fornecimento de insumos ao Estado, devem respeitar alguns princípios, estabelecidos no artigo 37 da Constituição Federal de 1988, a saber (BRASIL, 1988): “A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência [...]” Os princípios acima, que são popularmente conhecidos pela sigla LIMPE, constituem a base de valores administrativos que devem ser obedecidos pelos gestores ao longo do ciclo de gestão. Portanto, vamos conhecer os princípios e a finalidade de cada um deles a seguir, com base no material de apoio do Centro de Liderança Pública (CLP, 2018), vale dizer: Legalidade (a lei deve ser cumprida, doa a quem doer): estabelece a valorização da lei acima dos interesses privados de quem quer que seja. Nesse sentido, a administração pública só pode ser exercida se estiver de acordo com as leis. Assim, o princípio da legalidade vai contra a um comportamento personalista, favoritismos e capitalismo de compadrio. A ideia é valorizar a cidadania e o interesse coletivo. Portanto, é importante ressaltar que a atividade de todos os agentes públicos – desde o Presidente da República, até servidores municipais – está submetida à obediência, cumprimento e prática das leis; Impessoalidade (não deve haver qualquer tipo de discriminação): estabelece a noção de que a administração pública deve tratar todos os cidadãos e cidadãs sem qualquer tipo de discriminação. Divergências ou convergências políticas/ideológicas, simpatias ou desavenças pessoais não podem interferir na atuação e tratamento por parte dos servidores públicos. Nesse sentido, o próprio texto legislativo assegura que o ingresso em cargos e funções administrativas depende primordialmente de concursos públicos, a fim de assegurar a impessoalidade e a igualdade por parte dos concorrentes. Moralidade (a ética deve ser a regra no espaço público): estabelece que os agentes públicos devem atuar em conformidade com os princípios éticos. Ou seja, todo comportamento que vise a confundir e/ou prejudicar o exercício dos direitos por parte da sociedade será penalizado nos termos da lei. É importante notar que o princípio da moralidade não se refere estritamente à moral comum ou religiosa, mas aos valores morais estabelecidos em normas jurídicas. Ainda assim, toda e qualquer ofensa à moral social, que esteja associada a alguma determinação jurídica, também será considerada uma ofensa ao princípio da moralidade. Publicidade (o Estado deve prestar contas aos pagadores de impostos): estabelece a transparência na administração pública, uma vez que em Estado Democrático de Direito, o poder pertence ao povo. Assim sendo, o Estado não pode ocultar informações da população, sendo dever de todos os órgãos e instituições públicas disponibilizarem dados e informações à sociedade, conforme determina a Lei nº 12.527 de 2011 – a Lei de Acesso à Informação. Importante notar que o sigilo é uma exceção, que se aplica somente aos casos de segurança nacional ou outros motivos previstos em lei. Eficiência (o Estado deve cuidar bem do dinheiro dos pagadores de impostos): estabelece a boa administração, sem que o Estado infrinja o princípio da legalidade, sendo dever do servidor público atuar a fim de oferecer o melhor serviço possível preservando os recursos públicos. Assi, a administração pública deve sempre priorizar a execução de serviços com ótima qualidade, respeitando os princípios administrativos e fazendo uso correto do orçamento público, evitando desperdícios. Isto posto, é fundamental entender que os agentes públicos, além de obedecer a esses princípios básicos, devem respeitar uma série de outros princípios, conhecidos como “Supra Princípios”. Eles assim são conhecidos por não estarem diretamente dispostos na Constituição Federal de 1988, embora norteiem a gestão pública, a saber: (I) princípio da supremacia do interesse público; e (II) princípio da indisponibilidade do interesse público. Basicamente, o primeiro determina que o interesse do Estado enquanto representante do povo deve se sobrepor a qualquer interesse particular. O segundo, firma a ideia de que seguir o interesse público não é uma escolha dos gestores públicos, mas uma obrigação. Assim sendo, passemos a entender de que maneira o Estado se organiza. 2.3 Elementos de Organização do Estado Entendidas as possíveis origens do Estado, o surgimento dos textos constitucionais e os princípios que norteiam a Administração Pública, é chegado o momento de apresentarmos a forma como o Estado moderno se organiza. Basicamente, a organização do Estado respeita uma divisão clássica de divisão de poderes proposta por Montesquieu (1755), a saber: Legislativo, Executivo e Judiciário. É é necessário compreender que apenas dois desses poderes possuem seus membros eleitos pelo povo, a partir de um sistema de governo no qual o povo vota nos seus representantes (democracia representativa) para exercerem a função pública por tempo determinado: os poderes executivo e legislativo. Da mesma forma, é preciso notar que, embora a Administração Pública seja competência genuína dos agentes públicos situados no Poder Executivo, ela não se restringe somente a membros desse poder, pois todos os agentes que trabalham para o Estado devem ser norteados pelos princípios constitucionais celebrados no Art. 37, que representam direitos para os pagadores de impostos. Além disso, é fundamental perceber que a independência entre os poderes é um dos pilares de qualquer sistema democrático, o que significa dizer que o sistema na prática pressupõe a existência de demais órgãos controladores e responsáveis pela fiscalização dos poderes, a saber: Ministério Público e Tribunal de Contas (4º Poder) (BRASIL, 1988). Alguns autores situam até mesmo a Mídia/Iimprensa como um poder controlador (5º Poder), haja vista que a capilaridade e o alcance das notícias são capazes de moldar opiniões pelos quatro cantos de um território onde paira a democracia. 2.4 Considerações sobre o conceito de Estado e Governo Compreendidos os elementos constitutivos do Estado Moderno, assim como os princípios que norteiam a Administração Pública e a forma como o Estado é dividido em relação aos seus poderes, devemos entender as diferenças entre Estado e Governo. O Governo deve ser entendido como o conjunto de órgãos e as atividades que eles exercem para conduzir politicamente o Estado, definindo suas diretrizes de atuação. Adiante, é preciso conhecer quais são os principais Sistemas de Governo, os quais permitem o exercício da função pública nos poderes Executivo e Legislativo, a partir da análise de Alexandre Moreira (2008): Presidencialismo: a liderança do Estado também comanda o Governo e, portanto, a Administração Pública. É o sistema adotado no Brasil pela Constituiçãode 1988 e confirmado pelo plebiscito de 1993. Nesse sistema, a liderança é escolhida pelo voto (direto ou indireto) para um mandato pré-determinado; Parlamentarismo: a liderança de Estado é exercida por um(a) presidente, por um rei ou uma rainha, sendo que a liderança de Governo fica a cargo de um gabinete de ministros, nomeados pelo Parlamento e liderados pelo primeiro-ministro; Semipresidencialismo: também chamado de sistema híbrido, é aquele em que a liderança de Governo e a liderança de Estado compartilham o Poder Executivo e exercem a Administração Pública; Ditadura: o Poder Executivo é exercido por um órgão colegiado escolhido pelo Parlamento. Ao contrário do parlamentarismo, não há possibilidade de destituição do diretório pelo Parlamento; Monarquia: a monarquia pode ser absoluta, em que a liderança de Governo também está nas mãos do monarca; ou parlamentarista, em que a liderança de Governo está nas mãos do primeiro-ministro. A liderança é escolhida pelo critério hereditário e sua permanência no cargo é vitalícia - o afastamento só pode ocorrer por morte ou abdicação; Anarquia: completa ausência de Governo. O Estado, em última instância, é o povo, pois é ele quem escolhe os seus representantes. Assim, pelo princípio da supremacia do interesse público e da indisponibilidade do interesse público, o Estado sempre será predominante em relação a um governo. Ou seja, os governantes passam, com suas agendas, apoio e eleitorado para atender, mas o Estado fica, pois representa os interesses do povo, que almeja políticas e serviços públicos de qualidade e respeito com o dinheiro suado que direta e indiretamente vem dos pagadores de impostos. FIQUE DE OLHO: Buscando compreender os dilemas do Brasil, que carrega vícios e imperfeições desde sua origem, o canal “Um Brasil” (2014) conversa com especialistas de diferentes áreas do conhecimento, dispostos a analisar e contribuir com as transformações do país. Os temas abordados vão da gestão pública ao combate à corrupção, da qualidade da democracia às necessidades de modernização do Judiciário, da desigualdade ao cenário internacional. Fique de olho e acesse essa plataforma rica em ideias para o futuro do país: www.umbrasil.com É ISSO AÍ! Nesta unidade, você teve a oportunidade de: aprender os conceitos elementares de Gestão Pública, a partir de métodos gerenciais (PODC) que podem nortear a geração de valor em organizações públicas e privadas; aprender os conceitos elementares de Planejamento Estratégico, a partir de técnicas consagradas na literatura (Matriz Swot, BSC, OKR); conhecer a principal metodologia de Gestão da Qualidade, que deve orientar a busca por resultados em uma organização (PDCA e SDCA); entender como é realizado o Planejamento Orçamentário do Estado (PPA, LDO e LOA) à luz da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF); entender as principais formas de Organização e como elas se relacionam com o Estado (Pública, Privada, Mista e Não-Governamental); aprender o conceito de Liderança, compreendendo os elementos que compõem a Agenda da Liderança, observando os erros mais comuns cometidos na tomada de decisão; refletir sobre as principais teorias que ajudam a explicar a origem do Estado, a partir de autores consagrados na literatura (Hobbes, Locke e Rousseau); conhecer os Princípios da Administração Pública (LIMPE) à luz da Constituição de 1988; compreender os princípios básicos de organização do Estado (divisão dos poderes e sistemas de governo); refletir sobre as diferenças entre os conceitos de Estado e Governo e sua relação com a Administração Pública. REFERÊNCIAS BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. DRUCKER, P. Introdução à Administração. São Paulo: Pioneira, 1984 p.714 FALCONI, V. O verdadeiro poder: práticas de gestão que conduzem a resultados revolucionários. Nova Lima, MG: INDG, 2009. FAYOL, H. Administração Geral e industrial. 9. ed. São Paulo: Atlas, 1978. GONTIJO, V. Instrumentos de Planejamento e Orçamento. Brasília, 2008. HOBBES, T. Leviatã ou, Matéria, forma e poder de um estado eclesiástico e civil. 2. Ed. São Paulo: Ícone, c2003. HOUAISS, A. et al.. Minidicionário Houaiss da língua portuguesa. 3. ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009. KAPLAN, R. S. et al. Kaplan e Norton na prática. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. KOTTER, J. P. Liderando a mudança. Rio de Ja¬neiro: Elsevier, 1997. LOCKE, J. Segundo tratado sobre o governo civil e outros escritos: ensaio sobre a origem, os limites e os fins verdadeiros do governo civil. 4. Ed. Petrópolis: Vozes, 2006. MAXIMIANO, A. C. A. Introdução à Administração. 5. ed. rev. e ampl. São Paulo: Atlas, 2000. MICHAELIS. Dicionário on-line da Língua Portuguesa. São Paulo, 2020. MONTESQUIEU. O espírito das leis. Tradução de Fernando Henrique Cardoso e Leôncio Martins Rodrigues. Brasília: UnB, 1995. MOREIRA, Alexandre Magno Fernandes. Estado, Governo e Administração Pública. Brasília, 2008. ROUSSEAU, Jean-Jacques. O contrato social: princípios do direito político. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2006. SOBEK, D.K. et al. Understanding A3 thinking; a critical component of Toyota’s PDCA management system. Boca Raton, Florida: CRC Press, 2008. SOUZA JUNIOR, A. B. et al. A origem do estado: uma visão a partir dos contratualistas? absolutista (Thomas Hobbes), liberal (John Locke) e democrática (Jean-Jacques Rousseau). dx.doi.org/10.19177/ufd.v9e162018175-186, v. 9, p. 175, 2018. TZU, S. A Arte da Guerra. São Paulo: Record, 2006. INOVAÇÃO NO SETOR PÚBLICO INOVAÇÃO NO SETOR PÚBLICO André Pressendo Mendes OLÁ! Você está na Unidade Inovação no setor público. Conheça aqui os principais desafios da Gestão Pública contemporânea e a trajetória de evolução das Reformas Administrativas Estado brasileiro. Domine conceitos-chave da Gestão Pública, entendendo o papel da Inovação, enquanto alavanca de Produtividade, e quais são as barreiras que ela enfrenta no Setor Público brasileiro. Entenda também quais são os modelos gerenciais existentes, desde o Patrimonialismo, herdado da era imperial, até a Governança Pública, amplamente discutida na atualidade. Bons estudos! 1 Desafios Contemporâneos da Gestão Pública A estrutura do Estado brasileiro se mostra hostil a uma série de práticas modernas de gestão, uma vez que muitas organizações públicas ainda operam a partir de paradigmas obsoletos de Gestão. Soma-se a isso, o fato de que o Estado cresceu de tamanho no Brasil, impulsionado por um estado de bem-estar celebrado na Constituição Federal de 1988, que expandiu as garantias socioeconômicas aos cidadãos. Ocorre que a situação fiscal do Estado brasileiro não cresceu na mesma proporção da demanda por serviços. O resultado é que o Setor Público se vê desafiado a ser cada vez mais eficiente e aumentar sua produtividade para poder promover os serviços básicos necessários à população. Portanto, estamos diante de um paradoxo: se por um lado, o Estado não pode expandir sua base monetária e seus gastos, por conta da Lei de Responsabilidade Fiscal e por seguir o regime de metas de inflação, por outro, o mesmo se vê pressionado a promover cada vez mais serviços públicos. Como não existe milagre em gestão, ou o Estado faz mais com menos, isto é, aumenta a produtividade média dos seus servidores, e entrega mais e melhores serviços à população, ou o Estado deixará de prestar até mesmo aquilo que é mínimo, como saúde, segurança, educação. É nesse contexto que o debate da Inovação, enquanto alavanca de produtividade, ganha força no Setor Público. 1.1 Inovação e seus conceitos elementares As organizações estão sempre sendo desafiadas a inovar, seja pela pressão que sofrem da sociedade, seja pela evolução natural dos processos de negócio. Contudo, no que consiste a inovação? Por que as organizações são obrigadas a inovar? Para responder essasperguntas, é importante recorrer a uma revisão bibliográfica importante realizada por Mascarenhas Bisneto et al. (2016), na qual os eles trazem a percepção de vários autores, dentre eles o precursor Joseph Schumpeter (1883-1950), que entendia a inovação como um processo novo e que mudaria a dinâmica de mercado. Mas, qual seria a diferença de inovação e invenção, por exemplo? Para Schumpeter, a invenção é uma nova ideia criada e que possui potencial para exploração comercial, enquanto a inovação se trata da mesma ideia quando explorada comercialmente de qualquer forma. Nesse sentido, Porter (1981) também entende os conceitos de forma distinta, definindo que a inovação se trata de uma nova forma de fazer as coisas, desde que seja comercializada. Já para Tigre (2006), a invenção se refere à criação de um processo, técnica ou produto inédito, sem necessariamente ter aplicação comercial, enquanto a inovação é a efetivação de uma invenção utilizada comercialmente. No Brasil, a Lei nº 10.973/2004 (Lei de Inovação Federal) traz a definição de Inovação como “introdução de novidade ou aperfeiçoamento no ambiente produtivo ou social que resulte em novos produtos, processos ou serviços”, e invenção como “[...] o surgimento de novo produto, processo ou aperfeiçoamento incremental, obtida por um ou mais criadores” (BRASIL, 2004). Seja qual for a definição de inovação, o que realmente importa é o valor que a inovação gera à organização. Nesse sentido, existem alguns tipos de inovação, que podem ser de processos, de modelo de negócio, de produto etc. As inovações podem ser incrementais ou disruptivas, a depender do contexto em que elas são desenvolvidas. Importante notar que, diferentemente do setor privado, que necessita inovar, com uma frequência cada vez maior, para sobreviver, uma vez que é da inovação que surge uma nova onda de crescimento, o Setor Público possui, em geral, poucos incentivos para inovar, uma vez que não existe qualquer tipo de concorrência pelos serviços por ele prestado. Assim sendo, passemos a entender como a inovação é entendida a partir da visão de alguns gestores públicos. 1.2 Como a inovação é entendida no Setor Público O conceito de inovação está intrinsicamente relacionado com o conceito de mudança. Há autores que não estabelecem distinções entre os conceitos, como Motta (2001), por exemplo. Outros autores argumentam que, antes de se analisar a concepção do que vem a ser inovação na gestão pública, é preciso entender o contexto no qual ela se desenvolve, como defende Spink (2006). Esta premissa, por si só, segundo o autor, inviabiliza a existência de um consenso acerca da temática e do seu conceito. Por outro lado, há autores, como Klering et al. (2006), que entendem que o setor público, em função da natureza complexa de suas políticas, precisa promover inovações concretas, que conduzam a transformações efetivas. Segundos estes últimos, a inovação no setor público pode ser definida como “uma mudança de cunho radical que se justifica por fins estratégico, estrutural, humano, tecnológico, cultural, político e de controle (foco em transparência e accountability)”. Isto posto, é importante entender que o conceito de inovação pode variar bastante a depender da perspectiva de análise. É isso que o estudo de Queiroz et al. (2010, p.701), tentou demonstrar ao questionar gestores públicos de Minas Gerais, que participaram da gestão nacionalmente conhecida pelo slogan “Choque de Gestão” (2003-2010). Segundo os autores, após entrevistar atores- chave nesse processo, eles concluíram que: De um modo geral, os relatos analisados apresentaram um conceito de inovação que ia além do simples pensar, do renovar ou do “fazer por fazer”. As opiniões manifestadas trouxeram, em seu cerne, a ideia de que o ato de inovar deveria ter uma finalidade de melhorar a coisa pública. Dessa forma, parte significativa dos conceitos mencionados carregou em si a intenção de alterar uma realidade específica, pela criação de algo novo ou da transformação de algo já existente, com o intuito de promover melhorias tanto de caráter estratégico como de cunho operacional. Portanto, partindo da visão de alguns gestores públicos em relação à Inovação, passemos a entender como a Inovação é praticada no Setor Público, a partir de alguns exemplos práticos. 1.3 Como a Inovação é praticada no Setor Público No Setor Público brasileiro, existe uma infinidade de iniciativas inovadores, seguindo uma tendência mundial. Para Penna et al. (2016), vários países estão buscando alcançar um crescimento econômico guiado pela inovação, que seja inteligente, inclusivo e sustentável. Tal objetivo requer que o governo e as políticas públicas, com relação à economia, tenham o papel catalisador de criar e “moldar” mercados por meio de parcerias público-privadas dinâmicas. No atual cenário de inovação e revolução tecnológica, as startups surgem como atores relevantes e uma das principais fontes de inovação. Isto posto, sem qualquer pretensão de esgotar o tema, buscaremos apresentar algumas iniciativas interessantes no Setor Público brasileiro, a partir do trabalho publicado pelo IPEA, denominado “Inovação no Setor Público: teoria, tendências e casos no Brasil” (2017). Um dos casos interessantes e passíveis de destaque é o relatado por Roncaratti (2017). Segundo ela, no Brasil, programas recentes foram lançados para incentivar startups em diversos níveis de governo e por diferentes organizações. Segundo a autora, três iniciativas valem ser destacadas, a saber: - O programa Startup Brasil, implementado pelo então Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI); - o programa InovAtiva, executado pelo então Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic); - e o programa InovApps, implementado pelo então Ministério das Comunicações. Outra importante iniciativa é a InovaGov, que é uma rede de inovação no setor público, formada por organizações do setor público, do setor privado, da sociedade civil e do setor acadêmico interessadas em inovação no setor público e em promover o intercâmbio de conhecimentos e experiências, na identificação de boas práticas e no auxílio mútuo para solução de problemas. Assim, a rede busca estimular arranjos para a inovação no setor público por meio da conexão de múltiplos atores com interesse no tema. Barreiras à inovação no Setor Público De acordo com Hadjimanolis (2003, p. 560), barreira à inovação é “qualquer fator que influencia negativamente o processo de inovação”. Na visão da OCDE (2005), as barreiras incluem fatores econômicos, como custos elevados e deficiências de demanda, fatores específicos a uma empresa, como a carência de pessoal especializado ou de conhecimentos e fatores legais, como regulações ou regras tributárias. Barreiras à inovação podem ser classificadas de diferentes maneiras e existem atualmente diferentes tipologias em uso. Segundo Hadjimanolis (2003, p. 560), uma possível classificação é aquela que distingue entre barreiras internas e externas à Inovação, conforme demonstrado na tabela abaixo: #PraCegoVer: Na tabela, são detalhadas três Barreiras internas e três barreiras externas à inovação. Notem que as barreiras internas são mais complicadas de ultrapassar, por demanda mudança no mindset das pessoas, mudança na estrutura do Estado e na Estratégia da Liderança. Portanto, devemos ter em mente que a Inovação é uma das principais alavancas de produtividade no Setor Público, especialmente diante de estrangulamentos fiscais. Contudo, uma vez que o Setor Público brasileiro não foi forjado em uma cultura de inovação, o processo ainda encontra barreiras substanciais e que acabam por tornar mais gradativa a coleta dos frutos advindos das inovações. FIQUE DE OLHO: Um dos principais desafios da Gestão Pública contemporânea é encontrar formas de otimizar os custos e reduzir os riscos sociais trazendo ações desenvolvidas no setor privado para aadministração. A partir de um debate, mediado por Sabine Righetti, e realizado pelo Canal Um Brasil, Willian Bueno, Rafael Ribeiro e Rafaela Dias Romero, discutem alternativas para o Brasil. Fique de olho e acesse essa entrevista em: www.youtube.com/watch?v=l1OQ9FdBH10&t=546s 2. Reformas Administrativas no Brasil: uma breve retrospectiva Discutiremos nesse tópico o caminho percorrido pelo conceito gestão pública. Interessante notar que este tema está em voga no país, com a chamada “Reforma Administrativa”, que promete, entre outras coisas, acabar com privilégios dos funcionários públicos e tornar o Estado mais enxuto e eficiente na gestão dos recursos obtidos junto aos pagadores de impostos. Antes de avançar aos diferentes modelos gerenciais, é importante alinhar que os termos Administração Pública e Gestão Pública passarão a ser usados como sinônimos, embora seja fundamental entender que grande parte da literatura entende a Gestão Pública como uma evolução da Administração Pública, tal como a palavra Gestão poderia ser entendida como uma evolução da Administração, conforme explicado na unidade anterior. A opção conceitual se deve ao fato de que a própria Constituição Federal de 1988 usa o termo “Administração Pública” no artigo 37 para descrever os princípios que norteiam os gestores no âmbito do Estado brasileiro (BRASIL, 1988). Ademais, embora a gestão no Setor Público possua inúmeras particularidades, pois é realizada no âmbito do Estado (uma organização extremamente complexa), o que realmente importa é que administrar/gerir é um meio de transformação de recursos para gerar valor, seja aos acionistas de uma empresa multinacional situada Avenida Paulista, seja à dona Maria que espera na fila do INSS pela tão sonhada aposentadoria no interior do Piauí. Isto posto, para explicar a evolução da gestão no Setor Público brasileiro, quatro modelos distintos serão apresentados e comparados, a saber: o Patrimonialismo, a Burocracia, Nova Gestão Pública e Governança Pública. Vale ressaltar que os dois últimos modelos estão situados naquilo que tradicionalmente se denomina Gerencialismo. Por uma questão didática, esse modelo será fragmentado em duas partes distintas, embora alguns autores, como é o caso de Abrucio (1997), dividam em três momento: (1) modelo gerencial puro, (2) prioridade às demandas do consumidor (consumerism); e (3) Public Service Oriented (PSO). Também é importante notar que, podemos verificar, atualmente, traços e manifestações das três formas de gestão, muitas vezes combinadas, em diferentes esferas de poder. Assim, apenas para caráter didático, os modelos serão inseridos em uma linha do tempo, conforme imagem abaixo: #PraCegoVer: Na imagem, existe uma linha do tempo mostrando o ponto de partida dos modelos de gestão: o patrimonialismo (1500), a burocracia (1950), a nova gestão pública (1990) e a governança pública (2000). 2.1 Patrimonialismo Por uma questão temporal, os modelos serão apresentados a partir do patrimonialismo, que pode ser caracterizado como um modelo onde o aparelho do Estado representa uma extensão do poder do soberano, ou do líder absolutista. Neste modelo de gestão, a coisa pública (res publica) não pertence à coletividade. Pelo contrário, tudo se destina ao soberano, que administra o patrimônio público como sua propriedade pessoal. Embora hoje convivamos com alguns escândalos no mundo político, relacionados à má- destinação do dinheiro público, esse regime ganha traços de surrealismo quando pensamos que ele repousava na santidade ou sacralização da tradição, isto é, na crença de inviolabilidade daquilo que foi assim desde sempre. Vale mencionar que esse modelo se insere em um debate polêmico no desenvolvimento do Estado, que pode ser resumido na dicotomia “esfera pública versus esfera privada”. Sem qualquer tentativa de esgotar esse debate, torna-se importante entender que, conforme explica Coelho (2013, p.13-14): A clara separação entre esfera pública e privada é, na atualidade, a marca distintiva das sociedades ocidentais em relação às sociedades tradicionais. Dessa separação decorrem todas as demais diferenciações relevantes: a existência de um Direito Público e de um Direito Privado; a separação entre Estado e sociedade civil; a delimitação dos poderes dos governantes em relação ao conjunto do Estado e aos cidadãos. Nessas sociedades a forma de administração do Estado também é substantivamente distinta da forma de administração nas sociedades tradicionais, onde predomina a administração patrimonialista. Esse tipo de administração implica uma forma de gestão dos negócios públicos como se fossem negócios privados dos governantes. Portanto, nesse modelo os governantes entendiam o Estado como um patrimônio particular a ser gerido, conforme seus interesses – daí o nome patrimonialismo. Isso implicava em servidores escolhidos a partir da vontade pessoal do líder, que muitas vezes se mostrava direcionado a trocas de favores, interesses clientelistas, práticas de nepotismo e corrupção. Esse sistema, perdeu força já no século XIX, em meio à revolução industrial (1760 - 1840) comandada pela burguesia capitalista, ancorada no racionalismo gerencial. Contudo, é interessante notar que no Brasil esse modelo persistiu até o início dos anos 1930, quando então se instituiu a Era Vargas (1930- 1945). FIQUE DE OLHO: Uma das questões mais pertinentes da agenda nacional está ligada à maneira como a esfera privada se sobrepõe à esfera pública. Os constantes casos de corrupção e malversação do dinheiro público geram uma clara descrença nas instituições democráticas. Fique de olho e acesse a entrevista do especialista André Botelho, professor do Departamento de Sociologia da UFRJ, disponível no Canal Futura www.youtube.com/watch?v=gA0u77bLIo0 2.2 Burocracia O patrimonialismo se mostrou um modelo pautado nos privilégios quase que sacerdotais do soberano. Obviamente, essa forma de gestão é insustentável, em diversos aspectos, especialmente pela falta de compatibilidade com regimes democráticos e com lições básicas de gestão. As distorções e os excessos praticados ao longo do tempo pelo Estado revelaram uma atuação prejudicial aos interesses da sociedade e incompatível com os valores de capitalismo industrial incipiente. Nesse aspecto, é importante perceber o esgotamento desse modelo à luz da nova sociedade forjada no século XX, que tem na racionalidade técnico-científica o seu projeto de emancipação. Assim, tendo como grande fonte de inspiração a obra de Max Weber (1864- 1920), a Gestão passa a adotar um modelo conhecido como burocracia, que nada mais é do que um processo de profissionalização da gestão pública, que passa a obedecer a preceitos constitucionais e uma estrutura administrativa hierárquica extremamente pautada na lógica. Nesse modelo, em contraste ao patrimonialismo, existe uma clara separação entre a esfera pública e a esfera privada, dando origem à figura do agente público, dotado de pensamento racionalista e que executa o processo conforme um desenho lógico realizado a partir de regras e leis vigentes à época. Importante notar que, nesse modelo, a figura do servidor público se reduz a um cidadão que meramente exerce funções administrativas pré-formatadas, ou “cumpre ordens”, e que, no limite, pouco estimula a manifestação da razão crítica na tomada de decisão, uma vez que o processo já se encontra desenhado de acordo com a lógica mais adequada e deve tão somente ser executado. Nesse aspecto, a burocracia seria um tipo ideal de gerenciamento aplicado ao Estado, não fosse o fato de que são as pessoas que definem as regras do jogo, que podem estar completamente corretas do ponto de vista lógico, mas completamente equivocadas do ponto de vista moral e social. Sendo assim, ao entender a burocracia como um fim em si mesmo, pode-se incorrer no erro grave de executar um processo no “modo automático”, como “um robozinho”, sem saber sua finalidadee sem apresentar qualquer empatia com o cidadão que é quem recebe o serviço público a partir da execução deste processo lógico. Nesse aspecto, é crucial notar que, a burocracia quando instrumentalizada, pode se tornar uma arma letal nas mãos de líderes mal- intencionados, como no caso de alguns genocidas-megalomaníacos que viveram no século XX e implementaram sistemas totalitários (Nazifascismo de Adolf Hitler e Comunismo de Josef Stalin). Nestes casos, que representam uma das páginas mais sombrias da história, os regimes se mostravam extremamente organizados na lógica burocrática, mas o objetivo era exterminar pessoas em campos de concentração, a partir de processos extremamente eficientes. Portanto, conforme argumenta Wohland (1983, p. 50): Vale ressaltar que essas características não são privativas dos campos de concentração, podendo ser encontradas em maior ou menor grau nas diversas organizações que existem nas sociedades industriais contemporâneas. Acontece que os campos levaram alguns desses traços ao seu limite, inclusive ao moralmente intolerável, para os próprios padrões dessas sociedades [...] em se tratando dessas organizações, verdadeiras burocracias voltadas ao confinamento e ao extermínio de indivíduos, talvez a questão mais importante diga respeito ao papel desempenhado pela autoridade nesse contexto. O Estado instrumentalizado a operar em favor da burocracia como um fim em si mesma. Esse é o pano de fundo da angustiante obra “O Processo” de Franz Kafka (1925), que conta a história de Josef K. e sua luta para descobrir por que o acusam, por quem é acusado e que lei ampara a acusação. Além desta obra clássica da literatura, fique de olho e entenda como a burocracia pode atrapalhar a vida dos cidadãos e o ambiente de negócios de uma nação, no seguinte link: www.endeavor.org.br/ambiente/pesquisa-burocracia-nos- negocios Importante notar que a burocracia acaba por se revelar como um dos principais entraves ao desenvolvimento das atividades empresariais no Brasil e no mundo. Assim, ao longo das últimas décadas, não triviais foram os esforços para desburocratizar a máquina pública. O Brasil já chegou a ter um Ministério da Desburocratização (1976-1986), levar dinamismo à tomada de decisão no setor público. Atualmente, o Governo Federal conta com um Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital. Como uma das principais bandeiras, a simplificação do ambiente de negócios no Brasil. Nesse aspecto, segundo o último relatório publicado pelo Banco Mundial, denominado “Doing Business” (2020), o Brasil está em 124º lugar de 190º no pilar ambiente de negócios, o que representou uma queda de 15 posições em relação ao ano anterior. O primeiro lugar do último Doing Business (2019) foi ocupado pela Nova Zelândia, seguida por Cingapura e Hong Kong. O Brasil ficou bem atrás de países como China (31º colocado), Turquia (33º), Chile (59º) e México (60º). Por conseguinte, é importante notar que embora existam iniciativas para desburocratizar o Estado, esse processo é gradativo e complexo, já que esbarra na própria burocracia existente, conforme ilustrado na charge acima. O conceito de desburocratização precisa ser refinado para que sua aplicação implique em uma política eficiente e perene no Brasil. Alguns especialista afirma que afirma que a desburocratização não deve ser interpretada como antônimo de burocracia, mas como algo que pretende eliminar o excesso dela. Fique de olho e acesse a entrevista de Daniel Bogéa, diretor-executivo do Instituto Desburocratizar (iDESB), disponível no Canal Um Brasil. www.umbrasil.com/videos/desburocratizar-ultrapassa-questao-ideologica- sobre-tamanho-do-estado 2.3 Nova Gestão Pública Após entender a origem da Gestão Pública a partir do patrimonialismo enquanto braço privado do soberano, e da burocracia enquanto tipo ideal na teoria e ineficiente e até mesmo perigoso na prática, chegou a hora de entender o modelo denominado Nova Gestão Pública (NGP), que tem como objetivo promover a geração de valor público à sociedade a partir de ferramentas modernas, originalmente desenvolvidas no setor privado, aplicadas ao setor público. Segundo Abrucio (1997, p. 9), o surgimento desse modelo pode ser explicado à luz de quatro fatores, quais sejam: Fatores para o surgimento do modelo da Nova Gestão Pública (NGP) Constatação de que o modelo burocrático é incapaz de se adaptar às necessidades contemporâneas; Eclosão de crises na década de 1970 (desregulamentação do sistema monetário internacional e dois choques petrolíferos), limitando a capacidade de o Estado promover bem-estar social e desenvolvimento econômico; Hegemonia teórico-acadêmica, nos principais centros de poder mundiais, de uma ideologia com fortes características neoliberais; Fortalecimento da Globalização, o que pode ter enfraquecido o poder hegemônico nos Estados Nacionais. Assim, algumas bandeiras importantes a esse modelo são o equilíbrio fiscal, o profissionalismo na prestação dos serviços públicos, por exemplo. Importante notar que esse modelo de Gestão Pública, talvez tenha atingido seu ponto alto na década de 1980, a partir de duas lideranças mundiais: Ronald Reagan (Estados Unidos) e Margaret Thatcher (Reino Unido) que defenderam uma agenda neoliberal na qual o papel do Estado é questionado enquanto promotor do bem-estar econômico e social. Para Abrucio (1997, p. 7): Embora tenha surgido em governos de cunho neoliberal (Thatcher e Reagan), o modelo gerencial e o debate em torno dele não podem ser circunscritos apenas a este contexto. Pelo contrário, toda a discussão sobre a utilização do gerencialismo na administração pública faz parte de um contexto maior [...] o modelo gerencial e suas aplicações foram e estão sendo discutidos em toda parte. Modelos de avaliação de desempenho, novas formas de controlar o orçamento e serviços públicos direcionados às preferências dos “consumidores”, métodos típicos do gerencialismo, são hoje parâmetros fundamentais a partir dos quais diversos países, de acordo com as condições locais, modificam as antigas estruturas administrativas. Deste modo, a Nova Gestão Pública pode ser entendida como um movimento pautado em algumas agendas, a saber: Foco no cidadão; orientação para resultados; flexibilidade administrativa; valorização de servidores; controle dos cidadãos. #PraCegoVer: Na imagem, são detalhadas as cinco principais agendas da Nova Gestão Pública, isto é: (1) foco no cidadão; (2) orientação para resultados; (3) flexibilidade administrativa; (4) valorização de servidores; (5) controle dos cidadãos. Portanto, é a partir desse novo paradigma que a Gestão Pública busca operar no Estado. Assim, o gerencialismo deve ser entendido enquanto uma resposta às limitações dos modelos anteriores, mas também como uma extensão da burocracia, só que voltada para o cidadão e não para si mesma. Portanto, o foco nesse modelo é totalmente destinado à população, que deve obter serviços públicos do Estado com a máxima eficiência, qualidade e transparência no uso do dinheiro público. Assim, enquanto uma construção socioeconômica e administrativa, a Nova Gestão Pública ainda está em curso em várias nações, com diferentes graus de maturidade, conforme exemplifica Prats et al. (2005, p. 114): A Nova Gestão Pública foi o paradigma de reforma administrativa que prevaleceu até meados dos anos 90, acompanhando a hegemonia da agenda neoliberal (...). Naturalmente, não se aplicou em todos os países por igual: teve grande influência nos países anglo-americanos – ainda que com diferenças entre eles –, menos nos países nórdicos e escassa nos países de matriz latino-americana e germânica. Na Espanha, sua influência prática foi escassa, ainda que desigual (...). Portanto, não somente os processos e serviços passaram a ser transformados, mas o próprio papel do Estado em alguns setores passou a ser questionado. No fim do dia,esse modelo representa a tentativa de tornar as estruturas públicas lugares que entreguem resultados e retornos, em forma de serviços públicos de qualidade, aos acionistas do Estado, que são todos os pagadores de impostos. Nesse sentido, para além de embates ideológicos, é certo que esse modelo representou uma tentativa de introdução de técnicas e ferramentas da gestão privada na administração pública. Assim, o setor público passou a operar com base em uma abordagem empresarial, na qual o planejamento estratégico e a gestão por resultados, que estão tradições de mercado, passaram a imperar enquanto método. Assim, é consenso na literatura que o projeto trazido pela Nova Gestão Pública (NGP) foi exitoso, tanto no aspecto de modernização da gestão pública, quanto em relação à priorização na tomada de decisão do Estado. Evidentemente, como qualquer abordagem, a Nova Gestão Pública apresenta limitações, como por exemplo alguns “efeitos indesejados” de maneira análoga à burocracia, entre as quais se destacam, conforme apontado por Neves et al. (2017, p. 11): Efeitos indesejados do modelo da Nova Gestão Pública A fragmentação da estrutura do governo (acrescente-se a falta de investimento da NGP em ferramentas e instrumentos de coordenação, em razão da elevada confiança depositada nos mecanismos de mercado); a perda da perspectiva integrada dos problemas e das políticas do setor público; a distorção ou redução da dimensão estratégica do planejamento público; a supervalorização dos valores e padrões empresariais e de mercado, em detrimento da ética e da maximização de valores públicos; a visão simplista a respeito da magnitude, complexidade e multissetorialidade das mudanças gerenciais, comportamentais e culturais envolvidas na transformação de uma administração burocrática tradicional em um modelo de gestão. Portanto, conforme explicado por Lousao (2017, p. 11), “a realidade do Setor Público supera a realidade do setor privado em complexidade de interesses, objetivos e regulamentos. A mudança do setor público deve considerar essas especificidades”. 2.4 Governança Pública Por mais que a Nova Gestão Pública tenha representado uma inovação gerencial no Setor Público, trazendo inúmeras contribuições em relação ao modelo anterior (burocracia), conforme vimos na seção anterior, ela possui algumas limitações que ensejam refinamentos por parte dos gestores públicos. Nesse sentido, deve-se notar que, já na década de 1990, algumas lacunas ficam evidentes na forma de gerir os recursos públicos, sobretudo porque é a primeira década de vigência da Constituição de 1988, a “Constituição Cidadã”, que trouxe consigo um texto complexo e garantista em relação ao estado de bem-estar proposto à nação. Nesse aspecto, a complexidade de se gerir o recurso público aumentou e o Estado mostrou fragilidades em coordenar suas forças e gerir as amplas agendas lideradas pelo Estado. Diante disso, começa a ser consenso, em diversas nações, que a gestão pública deve estar sedimentada na qualidade de interação entre os atores-chave envolvidos no processo de construção das políticas pública. Assim, ganha forma um novo paradigma na gestão pública, que passa a ser conhecido como Governança Pública. Por essência, esse modelo busca dar foco não às organizações públicas isoladamente, mas à colaboração entre elas e com a sociedade civil. A ideia elementar é que é que esse novo modelo permitiria atuar não apenas de forma integrada, convergente e colaborativa, como também atender de fato às demandas e desafios da população, que tanto anseia por serviços públicos de qualidade e que estejam à altura das elevadas cargas tributárias cobradas no país. Em última instância, trata-se de um modelo que inverte a forma de gestão no Estado, que passa a estruturar políticas públicas de baixo para cima (bottom-up) ao invés de cima para baixo (top-down). Esses conceitos são explicados por Najberg et al. (2006), que podem ser melhor entendidos no artigo intitulado “Abordagens Sobre o Processo de Implementação de Políticas Públicas”, basicamente trazem a noção de políticas feitas a partir da concepção da liderança, com pouca ou nenhuma consulta aos atores-chave interessados na política, em contraste a uma política baseada em interações sociais e consulta aos pleitos de atores-chave Por outro lado, é importante entender que com os defensores do paradigma da Governança Pública, defendem a ideia de que centrar a ênfase na interação não significa a eliminar ou minimizar a importância das funções, estruturas e processos organizacionais, nem o abandono das preocupações com resultados, eficiência e custos individuais, que são marcas da Nova Gestão Pública. #PraCegoVer: Na imagem, algumas práticas de Governança Pública são apresentadas de acordo com os seguintes países, (1) Reino Unido; (2) Nova Zelândia; (3) Austrália; (4) Canadá; e (5) Brasil. A grande lição que se pode tirar das práticas acima apresentadas é que o movimento de relação transversal entre setores e instituições, ao longo do processo de estruturação de ações e políticas públicas, é uma tendência global e irreversível. Neste sentido, vale mencionar o movimento “cruzamento de fronteiras” (crossing boundaries) (O’FLYNN et al., 2014), que parte da ideia de que, no século 21, os governos estarão cada vez mais voltados à concepção e desenvolvimento de meios para conectar fronteiras e iniciativas, sejam organizacionais, jurisdicionais ou setoriais, na busca pela melhoria do bem-estar por meio de serviços públicos baseados em evidência e que de fato tragam benefícios à vida dos cidadãos, que no fundo são os financiadores desse jogo social. O Governo Federal publicou o Decreto n° 9.203/2017, que instituiu a Política de Governança do Poder Executivo Federal e criou o Comitê Interministerial de Governança (CIG). O CIG é a base institucional do Governo e tem a responsabilidade de promover a boa coordenação e a articulação da Governança Pública na administração pública federal. Fique de olho e entenda mais sobre o tema a partir da entrevista conduzida pelo professor Marilson Dantas, da FACEUnB, disponível em: www.youtube.com/watch?v=Ri- alQ3XX5Y É ISSO AÍ! Nesta unidade, você teve a oportunidade de: refletir sobre os principais desafios da Gestão Pública no Brasil, a partir do paradoxo entre restrições fiscais versus maior demanda por serviços públicos; aprender os conceitos elementares de Inovação, a partir de diferentes perspectivas na literatura; entender como a Inovação é compreendida no Setor Público, a partir da visão de gestores públicos que estiveram diretamente ligados ao “Choque de Gestão” realizado em Minas Gerais (2003-2010); conhecer como a Inovação é praticada no Setor Público, a partir de alguns exemplos no Governo Federal (Startup Brasil, InovAtiva, InovApps, e Inovagov); entender quais são as principais Barreiras à Inovação no Setor Público brasileiro (barreiras internas e externas); e compreender como se deu a evolução dos modelos de gestão no Setor Público (Patrimonialismo, Burocracia, Nova Gestão Pública e Governança Pública). REFERÊNCIAS ABRUCIO, F. L. O impacto do modelo gerencial na administração pública: Um breve estudo sobre a experiência internacional recente. 52 p. (Cadernos ENAP; n. 10). Brasília, 1997. MASCARENHAS Bisneto, P. M.. Gestão da inovação: uma aproximação conceitual. REVISTA BRASILEIRA DE GESTÃO E INOVAÇÃO, v. 3, p. 86-109, 2016. BRASIL. Lei de Inovação. Lei n° 10.973, de 2 de dezembro de 2004. CAIDEN, G.E, Administrative reform comes of age. Berlin/New York: Walter de Gruyter, 1991. CHIAVENATO, I. Planejamento estratégico. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. COELHO, Ricardo Corrêa. Administração pública e contexto institucional Contemporâneo; módulo I / Ricardo Corrêa Coelho. – Brasília: ENAP / DDG, 2013. COHEN, S.; EIMICKE, W.; HEIKKILA, T. The effective public manager: achieving success in government
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