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Etiologias do bócio e suas classificações Disfunção tireoidiana subclínica (DTS): é definida bioquimicamente por concentrações séricas do hormônio TSH fora de seus valores de referência normais, na presença de concentrações normais dos hormônios tireoidianos. Tanto o hipotireoidismo subclínico quanto no hipertireoidismo subclínico são relativamente frequentes na população geral e usualmente assintomáticos. Porém, se não tratados, podem evoluir para complicações cardiovasculares. Hipotireoidismo subclínico. É a disfunção tireoidiana mais comum na população. Seu curso natural é variável, podendo progredir ao hipotireoidismo franco, manter-se em hipo por longo prazo ou regredir espontaneamente ao eutireoidismo. O diagnóstico é determinado pela presença de concentrações elevadas de TSH sérico e anormais do FT4; a determinação do T3 e T4 é desnecessária. Condições não tireoidianas que podem cursar com elevação do TSH devem ser excluídas, como o envelhecimento, obesidade e a síndrome do eutireóideo doente. Em pacientes idosos ou obesos, o diagnóstico pode representar um desafia clínico. Níveis elevados do TSH em pacientes com obesidade grave devem ser analisados com cautela. A hiperleptinemia associada à obesidade pode estimular a secreção do TSH por ação direta sobre os neurônios hipotalâmicos secretores do hormônio estimulador da tirotrofina (TRH). Assim, as concentrações levemente aumentadas de TSH no obeso grave podem não representar disfunção tireoidiana. Pacientes criticamente doentes podem apresentar alterações na função tireoidiana caracterizada por níveis baixos do T3, altos do rT3 e inapropriadamente normais ou baixos do TSH, condição conhecida como síndrome do T3 baixo ou do eutireoideo doente. Significado clínico. O hipoS tem sido classificado, de acordo com os valores de TSH, em grau I (TSH 4,5 a 9,9 mU/L) e grau II (TSH maior ou igual a 10 mU/L). Pacientes com hipoS grau I geralmente são assintomáticos, têm menor progressão ao hipoF e há desfechos cardiovasculares. Nódulos tireoidianos (NT) A grande importância no manejo dos NT, apesar de a maioria representar lesões benignas, é descartar a possibilidade de câncer da tireoide, que ocorre em 5 a 10% dos casos em adultos e em até 26% em crianças. Esses percentuais não diferem significativamente se a glândula apresentar um nódulo único ou múltiplos nódulos. A doença nodular da tireoide, que contempla nódulos solitários e bócio multinodular, é, portanto, um problema clínico corriqueiro, com etiologias diversas e preponderantemente benignas. As causas mais frequentes de NT são cistos coloides e tireoidites (80% dos casos), além de neoplasias foliculares benignas (10 a 15%) e carcinoma (5 a 10%). O mecanismo de formação de NT não é bem compreendido. Entre os fatores causais estudados, estão o hormônio tireoestimulante (TSH), fatores de crescimento e mutações como BRAF e Ras, porém a literatura atual ainda carece de evidências claras sobre o mecanismo fisiopatológico envolvido na formação da doença nodular da tireoide. NT em geral se mostra com evolução insidiosa e assintomática, sendo frequentemente descobertos em exame clinico de rotina, ou acidentalmente em avaliações por imagens da região cervical anterior. Quando se detecta um nódulo na tireoide, é fundamental descartar a possibilidade de neoplasia maligna e caracterizar o status funcional e anatômico da glândula. Essa investigação inclui história clinica completa, exame físico, testes de função tireoidiana, exames de imagem e, se necessário, punção aspirativa por agulha fina. Sexo. Embora nódulos sejam 8 vezes mais comuns em mulheres, o risco de malignidade no sexo masculino é 2 a 3 vezes maior. Idade. O câncer da tireoide é mais comum em crianças (10 a 26% dos nódulos são malignos) e pessoas idosas, mas a maioria das lesões nodulares nessa faixa etária é benigna. Nódulos em indivíduos com menos de 20 anos e acima de 70 anos de idade apresentam maior risco de serem malignos. Sintomas locais. Sintomas como rápido crescimento do nódulo, rouquidão persistente ou mudança da voz e, mais raramente, disfagia e dor podem indicar invasão tissular local por um tumor. Entretanto, pacientes com câncer de tireoide geralmente evoluem sem sintomas. Lesões benignas mais vascularizadas podem apresentar rápido crescimento e dor em decorrência de hemorragia intranodular, achado mais frequente em neoplasias benignas, como os adenomas. A disfunção do nervo recorrente laríngeo, em 17 a 50% dos casos, resulta de patologias tireoidianas sem malignidade. Doenças associadas. Embora os dados da literatura sejam controversos sobre o tema, existem evidências de maior prevalência de nódulos tireoidianos e câncer de tireoide em pacientes com doença de Graves, em comparação à população geral. Da mesma forma, foi relatado que um nódulo em paciente com tireoidite autoimune teria um risco significativamente maior de ser maligno. Uma possível explicação seria o fato de que TSH e anticorpo antirreceptor de TSH (TRAb) têm efeitos mitogênicos e antiapoptóticos sobre as células foliculares tireoidianas. Por outro lado, a maioria dos casos do raro linfoma primário da tireoide ocorre em pacientes com tireoidite de Hashimoto. Outros fatores. Neste item, incluem-se história familiar de câncer de tireoide ou síndromes hereditárias como neoplasia endócrina múltipla do tipo 2 (MEN-2), síndrome de Cowden, síndrome de Pendred, síndrome de Werner, polipose adenomatosa familiar, bem como radioterapia externa do pescoço durante a infância ou a adolescência.10-12 Evidências recentes apoiam que, quanto mais elevado o TSH, maior o risco de o nódulo ser maligno.
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