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Kathlyn Póvoa Tanatologia Forense Conceito: É a parte da medicina legal que estuda a morte e as suas repercussões na esfera jurídico-social. Objetivos: Estabelecer o diagnóstico da causa jurídico da morte, na busca de determinar as hipóteses de homicídio, suicídio ou acidente. O perito deve deter-se não apenas no exame do corpo, mas também no resultado da inspeção do local de morte Necrópsia é uma etapa de grande importância onde as lesões externas e internas são descritas e analisadas cuidadosamente, Peri necroscopia É o exame do local da morte; Elemento dos mais expressivos na criminalística, contribuindo com a prova material incipiente e decidindo no esclarecimento da causa jurídica de uma morte. Exame dos objetos, das vestes do morto, do cadáver, pesquisas em laboratório etc. (realizado pela perícia criminal) Fenômenos Cadavericos: Para se constatar a certeza da morte é necessário observar 2 fenômenos cadavéricos Fenômenos abióticos: Fenômenos avitais ou vitais negativos 1. Imediatos: devido a cessação das funções vitais Perda da consciência Perda da sensibilidade Abolição da motilidade e do tônus muscular Cessação da respiração Cessação da circulação Kathlyn Póvoa Cessação da atividade cerebral 2. Consecutivos: devido a instalação dos fenômenos cadavéricos. Desidratação cadavérica (decréscimo de peso; pergaminhamento de pele; dessecamento das mucosas dos lábios; modificação dos globos oculares) Esfriamento cadavérico Manchas de hipóstase cutâneas Rigidez cadavérica Espasmo cadavérico Fenômenos transformativos 1. Destrutivos: a) Autólise: Processo de destruição celular caracterizado por uma serie de fenômenos fermentativos que se verifica na intimidade da célula, motivados pelas próprias enzimas celulares que levam a destruição do corpo humano logo após a morte (sem interferência bacteriana). O meio vivo é neutro (Ph sanguíneo = 6,95-7,8). No momento que que surge a mais leve acidez, a vida vai se tornando impossível. Essa variação do Ph dos tecidos é um sinal evidente de morte. b) Putrefação: Decomposição fermentativa da matéria orgânica por ação de germes e alguns fenômenos físico-químicos daí decorrentes. Depois da autólise começa essa decomposição do corpo em substâncias mais simples. Primeiros sinais de putrefação aparecem no abdômen, na fossa ilíaca direita (localização do ceco, que é a parte mais dilatada e mais livre do intestino grosso, onde mais se acumula gases, e a parte mais próxima da parede abdominal) como uma mancha verde. → Marcha da putrefação: Sua sequência varia de acordo com fatores ➔ Intrínsecos: idade, causa da morte, constituição ➔ Extrínsecos: temperatura, aeração, higroscopia do ar. Kathlyn Póvoa • Mais rápida em obesos, vítimas de graves infecções e grandes mutilações. • A temperatura muito alta ou baixa retarda ou para a putrefação (Abaixo de 0ºC não se inicia o fenômeno). • Em locais onde o ar é seco o cadáver é conservado pela mumificação, nos lugares úmidos os cadáveres marcham para a saponificação ou maceração. • As condições do solo têm importância na putrefação, uns são destruídos celeremente, outros se conservam por fenômenos transformativos como a mumificação e saponificação. Evolução da Putrefação: CROMÁTICO → GASOSO → COLIQUATIVO → ESQUELETIZAÇÃO 1) Cromático/de coloração: inicia-se pela mancha verde abdominal, difundindo pelo abdômen, tórax, cabeça e membros. Começa verde até ficar enegrecido. Aparece entre 20 a 24h depois da morte. 2) Gasoso/Enfisematoso: começam surgir gases da putrefação no interior do corpo, com bolhas na epiderme de conteúdo líquido hemoglobinico. O cadáver fica gigantesco, principalmente a face abdômen e órgãos genitais masculinos (Posição de lutador). Os gases fazem pressão sobre o sangue que foge para a periferia e pelo destacamento da epiderme, esboça na derme um desenho vascular (Circulação póstuma de Brouardel) 3) Coliquativo/Liquefação: dissolução pútrida do cadáver, cujas partes moles vão pouco a pouco reduzindo-se de volume pela desintegração progressiva dos tecidos. O corpo perde sua forma epiderme se desprega da derme, o esqueleto fica recoberto por uma massa de putrilagem. Surgem muitas larvas de insetos. O período varia de acordo com as condições do corpo e do terreno (de 1 a vários meses). 4) Esqueletização: o cadáver se apresenta com ossatura quase livre, preso apenas por alguns ligamentos articulares. A cabeça se destaca do tronco, a mandíbula se desprende dos ossos da face, as costelas se desarticulam do esterno e das vertebras, e os ossos longos dos membros superiores e inferiores se soltam. Esse período leva de 3 a 5 anos. Bacteriologia da putrefação: Kathlyn Póvoa Flora fixa e permanente que existe no intestino: o Bactérias aeróbicas o Aeróbios facultativos o Anaeróbios Participação de outros mecanismos do meio exterior: Bacilo de Koch, Bacilo tífico, estafilococo e o estreptococo. c) Maceração Processo especial de transformação que sofre o cadáver do feto no útero materno, do 6º ao 9º mês de gravidez. Observa-se no cadáver o destacamento de amplos retalhos de tegumentos cutâneos. O corpo pede a consistência inicial, o ventre se achata e os ossos se livram dos tecidos, ficando como se estivessem soltos. 2. Transformativos conservadores: a) Mumificação: • É um processo que pode ser produzido por meio natural, artificial e misto. → Processo natural: são necessárias condições particulares que garantam a desidratação rápida, de modo a impedir a ação microbiana responsável pela putrefação. → Processo artificial: são realizados a pedido de familiares (embalsamento) e seguem orientações normativas. • A importância deste processo é que pode se contar com a possibilidade do diagnostico da causa da morte com a identificação do cadáver b) Saponificação ou Adipocera: • Transformação do cadáver em substância de consistência untuosa, mole, quebradiça, de tonalidade amarelo-escura, dando aparência de cera ou sabão. • Pode surgir espontaneamente em geral após a 6ª semana após a morte, geralmente água estagnada e o solo argiloso e úmido facilitam o processo c) Calcificação: • Caracteriza-se pela petrificação ou calcificação do corpo. • Ocorre mais frequentemente em fetos mortos e retidos na cavidade uterina d) Corificação: • Fenômeno muito raro • Descrito em 1985 • Cadáveres que foram acolhidos em urnas fechadas hermeticamente. Kathlyn Póvoa • Pele de cor e aspecto de couro curtido recentemente, abdômen achatado e deprimido, musculatura e tela subcutânea preservada e órgãos em geral amolecidos e conservados. Estimativa do tempo de morte Os fenômenos cadavéricos ainda se apresentam insuficiente para determinar o tempo exato de morte. Tanatocromo diagnose; Cronotanatognose ou Dx Cronológico da morte: É o espaço de tempo verificado em diversas fases do cadáver e o momento em que se verificou o óbito. A estimativa do tempo de morte é estudada no conjunto dos seguintes fatores: Esfriamento do cadáver Avaliar condições do cadáver e do ambiente; nas primeiras três horas, o cadáver perde cerca de 0,5ºC por hora. Após a 4ª hora ele perde cerca de 1ºC por hora, até se adequar a temperatura ambiente. Livores de hipóstase Na morte o sangue se deposita nas partes de declive. Os livores surgem em média 2h a 3h depois da morte, fixando-se +- 12h pos morte. Rigidez cadavérica: Mandíbula e nuca: 1ª a 2ª hora pós óbito. MMSS: da 2ª a 4ª hora pós óbito. Musc. Torácicos e abdominais: da 4ª a 6ª hora pós óbito MMII: 6ª a 8ª hora pos óbito. A flacidez muscular pelo desaparescimento do rigor mortis aparece na mesma sequência. Gases da putrefação:1º dia: gases inflamáveis (bactérias aeróbicas – gás carbônico) 2º ao 4º dia: gases inflamáveis (bactérias aeróbicas e facultativas – hidrogênio e hidrocarbonetos) Kathlyn Póvoa 5º dia em diante: gases não inflamáveis Perda de peso Sofre variações por influência corporal ou ambientais. Mancha verde abdominal Surge de 24h a 36h depois na fossa ilíaca direita; Cristais no sangue putrefeito Formações que surgem depois do 3º dia de morte no sangue putrefeito em forma de lâminas cristaloides. → Cristais de Westenhoffer – Rocha Valverde. Crioscopia do sangue É o ponto de congelamento do sangue. Ele congela normalmente em -0,57ºC e afasta-se do normal à medida que evolui o tempo de morte. Crescimento dos pelos da barba: Crescem 0,021 mm por hora. É útil quando se sabe a última vez que o individuo se barbeou. Conteúdo estomacal: Varia de acordo com cada indivíduo, tipo e quantidade de alimentos. Alimentação pesada: 5-7h Média: 3-4h Leve: 1,5-2h Conteúdo vesical Critério útil em caso de morte noturna, quando sabe-se a hora que o indivíduo se deitou. Uma bexiga vazia induz a morte nas 2 primeiras horas. Bexiga cheia induz que a morte foi de 4 a 8h após deitar-se Fundo de olho Com a paralisação da circulação dos vasos da retina, observam-se a fragmentação da coluna sanguínea, o aparecimento do anel isquêmico perivascular e o desaparecimento dos vasos sanguíneos (começa pelas arteríolas, vênulas, artérias até as veias). LCR Kathlyn Póvoa
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