Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Propedêutica pulmonar Objetivos da avaliação fisioterapêutica: · Traçar o perfil do paciente; · Estabelecer vínculo fisioterapeuta-paciente; · Avaliar a indicação à fisioterapia respiratória; · Planejar o tratamento; · Monitorar a resposta à terapia; · Acompanhar a evolução do paciente; · Essa avaliação deve ser contínua. Consulta ao prontuário: · Identificar (nome, sexo, idade, número registro hospitalar, data de internação, naturalidade, profissão/local de trabalho); · Avaliações e tratamento de outros profissionais; · Diagnóstico médico · Tratamento médico até o momento – medicações em uso; · Principais eventos. · Comorbidades; · Restrições; · Exames laboratoriais e de imagem. Anamnese · Queixa principal; · História da doença atual (HDA); · História da doença pregressa (HDP); · Hábitos de vida – comorbidades, tabagismo, etilismo; · História familiar; · História social; · Apoio social, tipo e condições de moradia · Funcionalidade, história de quedas. Tabagismo O fumo aumenta o risco relativo de desenvolver complicações pulmonares em 1,4 a 4,3 vezes mais comparadas a não fumantes. O fumante é a pessoa que tenha exercido o hábito de fumar, diariamente, durante o último mês, seja qual for a quantidade de cigarros, nem que seja um só. O ex-fumante é o que tem oito semanas de abstinência, o tempo necessário para minimizar o risco do tabagismo. · Calcular carga tabágica (unidade maço/ano ou anos/maço) · Carga tabágica = (número de cigarros por dia/20) x anos de tabagismo · Unidade maço por ano > 10 (maior risco de desenvolver doenças relacionadas ao tabagismo). · Avaliação subjetiva Sinais e sintomas das doenças respiratórias · · Dispneia · Tosse · Expectoração · Hemoptise · Dor torácica · Cianose Duração: o tempo desde o primeiro reconhecimento do sintoma (meses ou anos) e a duração do sintoma presente (dias, semanas); Gravidade: tanto em relação ao sintoma presente quanto passado; Padrão: sazonal, contínuo ou com variações diárias; Fatores associados: fatores precipitantes, de alívio ou associados. Dispneia Termo usado para caracterizar a experiência subjetiva de desconforto respiratório que consiste de sensações qualitativamente distintas, variáveis em sua intensidade (American Thoracic Society 1999). Está associada a doença cardiovascular, doença pulmonar, quadros psicogênicos, refluxo gasoesofágico e falta de condicionamento. · Avaliação · Início · Relação ao esforço (altos, médios, baixos esforços ou no repouso) · Modo de instalação · Dispneia de instalação súbita (pneumotórax espontâneo, TEP) · Dispneia de instalação progressiva (DPOC) · Duração, número de crises e periodicidade · Comparação · Sensação de cansaço, esforço, sufocação, aperto no peito (realmente é dispneia?) · Intensidade (escalas de dispneia: escala de Borg, índice de dispneia modificado do MRC). Tosse É um sintoma, mas também é um reflexo de proteção que tem a função de expulsar corpos estranhos e secreções brônquicas acumuladas na árvore brônquica. Sua avaliação é essencial. É dividida em 4 fases: · Fase irritativa: onde acontece um estímulo nas vias aéreas para o paciente tossir, que pode ser dde origem térmica, química ou mecânica. · Fase inspiratória: paciente puxa o ar bem fundo, gera altos volumes inspiratórios, o que é essencial para que na fase expulsiva haja um fluxo de ar muito grande pra varrer esse corpo estranho. · Fase compressiva: há fechamento da glote, aumento da pressão intratorácica pela contração dos músculos abdominais. · Fase expulsiva: há a abertura da glote e a pressão intratorácica faz ocorrer um alto fluxo de ar para a expulsão do corpo estranho. A avaliação da tosse consiste primeiramente em analisar se ela está presente ou não, se ela é produtiva ou improdutiva (seca) e se ela é eficaz ou ineficaz (paciente consegue retirar a secreção?). Expectoração É o ato de expulsar (através da tosse ou deglutição) as secreções provenientes da árvore brônquica. · Quantidade (pequeno, médio ou grande volume); · Aspecto · Cor (esbranquiçada, amarelada, esverdeada, marrom, rósea) · Odor · Consistência (fluida, semiespessa, espessa) – depende da hidratação do muco · Aspecto (mucoide, mucopurulenta, purulenta). Hemoptise É a presença de sangue na expectoração. Avaliamos o volume de sangramento: · Pequeno < 30ml; · Moderada 30-200ml · Grave > 200ml · Maciça > 500ml. Dor torácica Se origina da inflamação ou tração de estruturas contínuas: pleuras parietal, traqueia, mediastino, artérias pulmonares ou sistema musculoesquelético. O parênquima pulmonar, pleura visceral e os brônquios intrapulmonares não contêm receptores dolorosos – incapazes de produzir dor. · Dor pleural · Dor mediastínica ou angiosa (angina pectoris) · Dor da parede torácica (musculoesquelética) · Dor psicossomática. · Avaliação objetiva Inspeção · Estado geral, nutricional, hidratação; · Nível de consciência (lúcido, orientado, confuso, agitado); · Estado emocional; · Sudorese; · Pele; · integridade: cicatrizes cirúrgicas (úlceras de decúbito, feridas, hematomas, escoriações); · coloração da pele (cianose/icterícia). · Cianose: é a coloração azulada da pele e mucosas atribuída a um aumento da hemoglobina não saturada de oxigênio (hemoglobina reduzida). Reflete a dessaturação de O2. · Central: provocada por problemas pulmonares ou cardíacos (hipoventilação, déficit de difusão, shunt); · Periférica: aumento da hemoglobina reduzida no sangue venoso decorrente de um fluxo de sangue reduzido para os tecidos. · Sondas, drenos, cateteres; · Edema central e de extremidades – ascite; · Posturas antálgicas, deformidades torácicas; · Enfisema subcutâneo; · Uso de musculatura acessória (reflete desconforto respiratório importante); · Tipo de tórax. · Baqueteamento digital: deformidade da angulação entre a unha e o começo do dedo. O normal é que tenhamos um ângulo de 160º, no baqueteamento temos a inversão desse ângulo > 180º. · Tipo de tórax: · Normolíneo · Brevilíneo: ângulo de Charpy > 90º; · Longilíneo: ângulo de Charpy < 90º; · Tórax em tonel: diâmetro AP = ou > diâmetro transverso; · Pectus excavatum ou tórax em funil (tórax de sapateiro): afundamento na região do esterno; · Pectus carinatum ou peito de pombo: protuberância do esterno. · Padrão respiratório: ritmo, amplitude e frequência respiratória, mediado pelo centro respiratório. · FR normal: 12 – 16rpm; relação I:E (inspiração:expiração): 1:2 (eupneico); · Bradipneico: FR < 12rpm · Taquipneico: FR > 16rpm · Apneia: ausência de respiração por mais de 15 segundos. · Configuração tóracoabdominal: consiste na avaliação de como o tórax e o abdome se movem durante a inspiração e a expiração. Durante a inspiração, existem aumentos simétricos nos diâmetros ântero-posterior, transverso e vertical do tórax. · Diafragmática: quando o abdôme se move mais que o tórax. · Torácico: quando a incursão é muito mais torácica; o paciente pode estar começando a desenvolver uma falência de músculos respiratórios. · Misto · Paradoxal: quando o tórax se move para a fora e o abdôme se move para dentro; paciente já está em fadiga muscular respiratória. · Tiragens: ocorre quando a pele entre as costelas é puxada para dentro durante a inspiração. Grandes pressões negativas durante a inspiração sugam os tecidos moles para dentro do tórax. Sinal de desconforto respiratório. Pode ser supraclavicular, supraesternal ou intercostal. Palpação · Sinais vitais: FC, PA, FR e T, SpO2 (oxigênio complementar – L/min); · Peso, altura, IMC; · Expansibilidade torácica; · Percussão pulmonar; · Frêmito toracovocal; · Ausculta pulmonar; · Avaliação funcional; · Força muscular (respiratória e periférica); · Equilíbrio; · Coordenação motora; · Funcionalidade. · Expansibilidade torácica: significa como o tórax se move durante os movimentos respiratórios. Avaliamos de maneira objetiva e subjetiva. · Subjetiva: colocamos as mãos no tórax superior ou no inferior. No tórax superior, posicionamos os dois polegares na articulação esternoclavicular e pedimos para o paciente puxar o ar. Avaliamos o quanto os nossos polegares se afastam na inspiraçãoe voltam na expiração. No tórax inferior posicionamos nossos polegares no espaço paravertebral e também avaliamos o movimento dos polegares. · Objetiva: utilizamos de uma fita métrica (cirtometria) na região axilar, do processo xifoide e umbilical. · Pode ser um sinal precoce de anormalidade com a caixa torácica, pleura ou pulmão subjacente. Pode estar normal ou diminuída, simétrica ou assimétrica. · Frêmito toracovocal: são vibrações originadas pelas cordas vocais transmitidas ao longo das árvores brônquicas e parênquima pulmonar e captadas na superfície da parede torácica. · Para avaliar, colocamos nossas mãos posteriormente no tórax e pedimos para que ele fale alguma coisa que vibre muito (“33” por exemplo). · Ele pode estar normal · Aumentado – em processos de consolidação pulmonar (mais sólida). Ex: pneumonias, atelectasias; · Diminuído – interface entre o pulmão e ar ou líquido. Ex: pneumotórax, derrame pleural, hiperinsuflação pulmonar. · Frêmito brônquico: é a vibração das secreções das vias aéreas na parede torácica enquanto inspira e expira. É presente quando possui secreções copiosas. · Percussão pulmonar: consiste em avaliar a ressonância do som ao se percutir a superfície torácica. Detecta alterações de até 5cm de profundidade. · Som claro pulmonar – ressonância normal; · Macicez (diminuição do som timpânico) – consolidação pulmonar (não há mais ar onde deveria ter). Ex: pneumonias, atelectasias, DP, elevação cúpula diafragmática; · Hipertimpânico (aumento do som timpânico) – ex: hiperinsuflação pulmonar (DPOC), pneumotórax. · Ausculta pulmonar: é o processo de escutar e interpretar os sons produzidos dentro do tórax. Para isso é preciso do uso de estetoscópio, tórax desnudo, respiração pela boca e deve ser feita simétrica e bilateralmente. · Objetivos: identificar os ruídos pulmonares; confirmar os achados anteriores; avaliar os efeitos da terapia. · Sons respiratórios: · Som pulmonar ou murmúrio vesicular: escutamos a entrada e saída de ar nos pulmões. A respiração produz turbulência aérea e vibração das estruturas pulmonares. · Traqueia = fluxo turbulento; · Brônquios = transicional; · Bronquíolos = laminar; · Alvéolos = difusional. · Som traqueal: é audível no pescoço ou na traqueia; possui fluxo aéreo rápido e turbulento; audível tanto na inspiração quanto na expiração (som bem audível) e é um som puro, sem a interferência do parênquima pulmonar. · Normal: indica patência (integridade) de vias aéreas; · Aumentado: obstrução da via aérea; · Muito utilizado para diagnosticar apneia obstrutiva do sono · Murmúrio vesicular: é audível na inspiração e no início da expiração e nos mostra o fluxo nas médias e pequenas vias aéreas. · Normal: indica patência de vias aéreas; · Diminuído: hipoventilação (diminuição dos volumes pulmonares), alteração na transmissão do som (doenças pleurais, enfisema pulmonar, obesidade). · Sons adventícios – ruídos adventícios: · Contínuos · Bronquial: é audível em todo ciclo respiratório e mimetiza o som traqueal. Indica patência de via aérea circundada por áreas de consolidação (ex: pneumonia) ou fibrose; · Estridor (cornagem): é um som muito agudo e alto, muitas vezes audível à distância (sem necessidade de estetoscópio), sendo audível nas vias aéreas superiores e nos indica uma obstrução de vias aéreas superiores. Ex: edema de glote, estenose de traqueia, traqueomalácia. · Roncos: é um som grave, podendo ocorrer tanto na inspiração, na expiração ou em ambas fases, nos indicando um acúmulo de secreção nas vias áereas de grande calibre, podendo desaparecer ou diminuir após a tosse. · Sibilos: é um som agudo (parece chiado, assobio) que indicam estreitamento/obstrução das vias aéreas (tumor, broncoespasmo ou secreção brônquica). Quando ocorre na inspiração: acúmulo de secreção; na expiração: bronco espasmo; ambas fases: broncoespamos mais acentuado (mas não é regra!!!). · Descontínuos · Estertores crepitantes (grossos): são sons em forma de estalido (curta duração), audível no início da inspiração e toda fase expiratória que se altera com a tosse. Indicam presença de secreção na luz brônquica de vias aéreas de pequeno calibre ou abertura intermitente de vias aéreas. · Estertores subcrepitantes (finos): são sons em forma de estalido (curta duração), sendo mais perceptíveis que os crepitantes. São produzidos na estrutura acinar. Audível na metade/final da inspiração e ocasionalmente no início da expiração. Não se alteram com tosse e mudança postural e indicam líquido dentro do alvéolo (edema pulmonar), fibrose alveolar (fibrose intersticial idiopática) ou abertura alveolar. Avaliação fisioterapêutica respiratória · Avaliação muscular respiratória; · Avaliação de volumes e capacidades pulmonares; · Avaliação de funcionalidade; · Interpretação de exames complementares raio-x, gasometria arterial, hemograma, eletrólitos, função renal, etc.)
Compartilhar