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PROPEDÊUTICA DA DOR ABDOMINAL E SUAS ETIOLOGIAS A dor abdominal é um queixa muito comum no departamento de emergência (DE), representando cerca de 7,9% das visitas ao DE. Os diagnósticos diferenciais mais comuns de dor abdominal são de doenças que acometem o trato gastrointestinal (TGI) e o trato geniturinário (TGU). Alguns pacientes apresentam maior risco de doenças graves associadas no contexto de dor abdominal: ETIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA As diferentes patologias relacionadas a dor abdominal são percebidas por meio de três mecanismos distintos: DOR VISCERAL, DOR SOMÁTICA E DOR REFERIDA. DOR VISCERAL Está relacionada à inervação de fibras aferentes na parede de órgãos intra- abdominais, tanto de vísceras ocas como da cápsula de órgãos sólidos. Essas fibras, não mielinizadas, são estimuladas por ESTIRAMENTO, DISTENSÃO ou CONTRAÇÃO EXCESSIVA DA MUSCULATURA LISA. Esse tipo de dor tem fraca correlação com a localização da dor e pode ocorrer por distensão de órgãos por gás e fluidos, ou distensão da cápsula de órgãos por edema, sangue, massa ou abscesso. Em relação à localização da dor, sabe- se que a dor visceral é geralmente percebida na linha média porque os impulsos aferentes de órgãos viscerais são mal localizados. A dor relacionada ao acometimento de estruturas retroperitoneais, estômago, pâncreas, fígado, vias biliares e duodeno proximal, é tipicamente localizada NA REGIÃO EPIGÁSTRICA. O resto do intestino delgado e o terço proximal do cólon, incluindo o apêndice, são estruturas do intestino médio, e a dor visceral associada a esses órgãos é percebida na REGIÃO PERIUMBILICAL . Estruturas como a bexiga e os dois terços distais do cólon, órgãos pélvicos geniturinários, geralmente causam DOR NA REGIÃO SUPRA PÚBICA. Com a extensão da doença além do órgão acometido, a localização inespecífica inicial pode se tornar mais fidedigna por envolvimento somático. EXEMPLO TÍPICO: DOR DA APENDICITE AGUDA, inicialmente em região periumbilical e que depois se localiza na região de fossa ilíaca direita. DOR SOMÁTICA Resulta da irritação do peritônio parietal. As fibras são mielinizadas e têm maior correlação entre o local da dor e o segmento abdominal envolvido. A dor costuma ser de forte intensidade com piora à palpação e pode gerar uma descompressão positiva. DOR REFERIDA Resulta da sensação de dor em um local diferente da sua origem. Às vezes, a dor originada nas vísceras pode ser percebida como originária de um local distante do órgão afetado. A dor referida geralmente está localizada nos dermátomos cutâneos, compartilhando o mesmo nível da medula espinhal que as entradas viscerais. EXEMPLO , as entradas nociceptivas da vesícula biliar entram na medula espinhal em T5 a T10. Assim, a dor da vesícula biliar inflamada pode ser percebida na escápula. ETIOLOGIA As etiologias de dor abdominal são inúmeras, podendo dividi-las em quadrantes, conforme a localização da dor abdominal. MECANISMOS DE DOR ABDOMINAL INFLAMAÇÃO DO PERITÔNIO PARIETAL A dor apresenta caráter constante e incômodo, localizando-se sobre a área inflamada, tornando possível a identificação exata da localização acometida, uma vez que é transmitida pelos nervos somáticos que inervam o peritônio parietal. A intensidade depende do tipo e do volume do material ao qual o peritônio é exposto em determinado período de tempo. A dor da peritonite agrava-se durante a palpação, ou por movimentos como tosse ou espirro – o paciente permanece quieto no leito, ao contrário, por exemplo, do paciente com cólica que pode se contorcer incessantemente. OBSTRUÇÃO DE VÍSCERAS OCAS A dor é descrita como intermitente ou em cólica; entretanto, é importante ressaltar que a distensão de víscera oca pode produzir dor constante com exacerbações eventuais. Costuma ser bem menos localizada do que a dor da irritação peritoneal, além de se projetar, em geral, no mesogástrio. DISTÚRBIOS VASCULARES A dor geralmente inicia com intensidade leve e caráter difuso antes de surgir o colapso vascular e sinais de irritação peritoneal. Não há correlação do exame físico com a queixa clínica, ao contrário, há discrepância. POR EXEMPLO, ausência de dor e de rigidez da parede abdominal (à palpação) na presença de informação de dor difusa e contínua no paciente deve levar à suspeita de isquemia intestinal. Dor abdominal intensa com irradiação para a região sacral, flanco ou genitália deve induzir a hipótese de ruptura de aneurisma da aorta abdominal. PAREDE ABDOMINAL A dor é habitualmente constante e incômoda. Movimento, postura ereta prolongada e compressão (palpação) acentuam o desconforto e o espasmo muscular. DOR REFERIDA A dor abdominal referida, com origem no tórax, na coluna vertebral ou nos órgãos genitais pode dificultar o diagnóstico. Em todos os casos deve-se pensar na possibilidade de doença intratorácica, especialmente quando o sintoma se localiza nos quadrantes superiores do abdome. A dor referida com origem na coluna vertebral, que geralmente envolve compressão ou irritação de raízes nervosas, é notadamente maior em determinados movimentos como tosse, espirro ou esforço, e está associada à hiperestesia nos dermátomos acometidos. CRISES ABDOMINAIS METABÓLICAS Esse tipo de dor, gerada por mecanismos diversos, como diabetes(ceto acidose), saturnismo, uremia, pode simular virtualmente qualquer outro tipo de doença intra- abdominal. CÓLICA RENAL Dor de forte intensidade, podendo iniciar em qualquer seção do trajeto da região lombar até a região genital, tipo cólica. EXAME ABDOMINAL INSPEÇÃO: avaliar se há aumento de volume abdominal (distensão, ascite, hemoperitônio etc.), presença de cicatrizes cirúrgicas (obstrução intestinal ou recidiva da doença operada), circulação colateral (hepatopatia), presença de hematoma periumbilical ou em flancos (pancreatite necro-hemorrágica). AUSCULTA: A ausência de sons intestinais por mais de dois minutos sugere peritonite ou íleo paralítico. Os sons hiperativos do intestino médio estão associados a sangue ou inflamação no trato gastrointestinal. A presença periódica de sons intestinais agudos ou “ausência de sons intestinais”, na presença de distensão abdominal, sugerem obstrução intestinal. Um sopro pode ser ouvido na presença de um aneurisma da aorta abdominal (AAA). PERCUSSÃO: Pacientes com peritonite terão dor com percussão suave. A percussão também é usada para identificar ascites e hepatomegalia. PALPAÇÃO: o médico emergencista deve buscar a localização da dor na palpação superficial ou profunda, procurar pela presença de rigidez muscular (voluntária ou involuntária) e se há sinais de irritação peritoneal (descompressão brusca positiva). A pesquisa de peritonismo é realizada com depressão suave da parede abdominal durante cerca de 15-30 segundos, com liberação repentina. O paciente é solicitado a referir se a dor foi maior com a pressão ou com a descompressão abdominal. Deve-se iniciar a palpação pelas regiões não dolorosas para depois examinar os locais mais dolorosos. Se não houver dor intensa, deve-se buscar a palpação profunda, na busca de massas, visceromegalias e sinais de aneurisma de aorta (massa pulsátil, sobretudo infraumbilical). Sobretudo em idosos, deve-se palpar as regiões umbilical, femoral e inguinal na procura por hérnias. EXAME DA REGIÃO DORSAL: buscar se há sinal de Giordano (dor e retirada involuntária à punho percussão dorsal), o que pode sugerir litíase renal ou pielonefrite, embora possa ocorrer em abscesso hepático, esplênico, apendicite. Muito cuidado com a realização desse sinal, você não precisa“espancar” o paciente, é uma percussão com o punho na região da loja renal. ABDÔMEN AGUDO A expressão ABDOME AGUDO refere-se habitualmente ao sinal e sintoma de dor e hipersensibilidade na região abdominal, uma manifestação clínica que, em geral, requer tratamento cirúrgico de emergência. Esse cenário clínico desafiador requer uma avaliação completa e rápida para determinar se há necessidade de intervenção cirúrgica e condução adequada do caso. Todo esforço deve ser feito para se ter o diagnóstico correto a fim de que o tratamento escolhido, em geral por laparoscopia ou laparotomia, seja apropriado. Apesar das melhoras nos estudos laboratoriais e imaginológicos, o exame físico e a história clínica continuam sendo os pilares na determinação do diagnóstico correto e do início da terapia adequada e em tempo hábil. O diagnóstico de abdome agudo varia conforme a idade e o sexo. A APENDICITE é mais comum em jovens, enquanto a doença biliar, a obstrução intestinal, a isquemia e o infarto intestinal e a diverticulite são mais comuns em pacientes idosos. A maioria das doenças cirúrgicas associadas a abdome agudo está relacionada com infecção, isquemia, obstrução ou perfuração de uma víscera. CAUSAS NÃO CIRÚRGICAS DE ABDOME AGUDO podem ser: endócrinas e metabólicas, hematológicas e por toxinas ou drogas. CAUSAS ENDÓCRINAS E METABÓLICAS incluem uremia, síndromes hiperglicêmicas, crises addisonianas, porfiria intermitente aguda, hiperlipoproteinemia aguda e febre hereditária do Mediterrâneo. Os DISTÚRBIOS HEMATOLÓGICOS são crises falcêmicas, leucemia aguda e outras discrasias sanguíneas. TOXINAS E SUBSTÂNCIAS incluem envenenamento por chumbo e outros metais pesados, abstinência de narcóticos e envenenamento por picada da aranha viúva-negra. As CAUSAS MAIS COMUNS DE ABDOME AGUDO são apendicite aguda, gastroenterite aguda, síndrome do intestino irritável, várias cólicas e dor na ovulação. O ABDOME AGUDO PODE SER DIVIDIDO EM GRANDES SÍNDROMES : ABDOME AGUDO INFLAMATÓRIO É causada por processo inflamatório e/ou infeccioso em cavidade abdominal, órgãos ou estruturas adjacentes. Costuma cursar com manifestações de peritonite e alterações de ritmo intestinal. Caracteriza-se por dor de início insidioso e intensidade progressiva. Pode ser causado por um processo agudo ou pela agudização de uma doença crônica. PRINCIPAIS ETIOLOGIAS: apendicite aguda, colecistite aguda, pancreatite aguda e diverticulite. A FISIOPATOLOGIA do AAI baseia-se, sobretudo, na extensão do processo inflamatório/infeccioso ao peritônio e às modificações do funcionamento do trânsito intestinal. FISIOPATOLOGIA A cavidade peritoneal é revestida pelo peritônio, uma membrana serosa que se divide em visceral e parietal. O PERITÔNIO VISCERAL é inervado pelo sistema nervoso autônomo e o PERITÔNIO PARIETAL pelo sistema nervoso cerebroespinal (igual musculatura da parede abdominal). O agente inflamatório ou infeccioso, ao atingir o peritônio, acarreta irritação do mesmo, cuja intensidade é diretamente proporcional ao estádio do processo etiológico. Segue-se a instalação progressiva de íleo paralítico localizado ou generalizado. Esse fenômeno é justificado pela lei de Stokes que diz: “Toda vez que a serosa que envolve uma musculatura lisa sofre irritação, esta entra em paresia ou paralisia”. Já a resposta do peritônio parietal exterioriza-se clinicamente por dor mais bem localizada e contratura da musculatura abdominal localizada ou generalizada, dependendo da evolução do processo. Pode-se concluir que a DOR ABDOMINAL SECUNDÁRIA À IRRITAÇÃO DO PERITÔNIO VISCERAL (autônoma) é mal localizada e origina-se pela distensão e contração das vísceras, enquanto a DOR QUE SEGUE A IRRITAÇÃO DO PERITÔNIO PARIETAL (cerebroespinal) é contínua, progressiva, piorando com a movimentação e sendo também mais localizada. : Processo inflamatório e/ou infeccioso atinge o peritônio visceral, ocorre paralisia da musculatura lisa envolvida, gerando Íleo paralítico → Inervação pelas fibras autonômicas → Distensão e contração viscerais → Dor difusa e mal localizada. Ao se instalar o processo de peritonite, a deterioração clínica do indivíduo pode ocorrer rapidamente e constitui- se um sinal de gravidade e mau prognóstico. Classificação da peritonite: FASES INICIAIS → Transudativa e exsudativa: horas de evolução. Há ainda pouca atividade inflamatória com aumento da efusão peritoneal e quimiotaxia de células inflamatórias. FASES TARDIAS → Fibrinopurulenta e presença de abscesso: dias de evolução. Exuberante resposta inflamatória com formação de fibrina, aderências, pus e fibrose. CLÍNICA DO ABDÔMEN AGUDO INFLAMATÓRIO A DOR ABDOMINAL é o sintoma preponderante no AAI, podendo ser decorrente de um processo recente, como na apendicite aguda, ou crônico agudizado como nos casos de colecistite aguda por litíase biliar ou diverticulite por doença diverticular do cólon. Costuma ser progressiva e quando evolui com piora progressiva uma conduta cirúrgica é necessária na maioria das vezes. SE LIGA! DOR EXACERBADA A MOVIMENTAÇÃO É COMUM EM ABDOME AGUDO INFLAMATÓRIO E INDICA PERITONITE . Náuseas e vômitos podem ocorrer na evolução do AAI, podendo ser resultado do quadro álgico intenso ou até mesmo de estase intestinal secundária à irritação do peritônio visceral. A febre é um sintoma comumente observado, podendo surgir já nas fases iniciais do processo, com temperaturas mais brandas, piorando com a evolução do quadro, sobretudo quando há processo supurativo instalado. Obstipação comumente ocorre secundária à paralisia das alças intestinais. Entretanto, diarreia pode estar presente, sobretudo em casos de abscessos pélvicos. TRATAMENTO O tratamento do AAI baseia-se em tratamento de suporte e específico: 1. Analgesia; 2. Reposição volêmica; 3. Correção de distúrbios eletrolíticos; 4. Tratamento do íleo adinâmico jejum, NSG nos casos de distensão gástrica e intestino delgado considerável ou vômitos incoercíveis; 5. Antibioticoterapia ou antibioticoprofilaxia; 6. Tratamento de falência orgânica se houver internamento em UTI. APENDICITE AGUDA A apendicite aguda (AA) é uma condição inflamatória altamente prevalente, geralmente com via final infecciosa comum, de etiologia multifatorial. Tipicamente, decorre da obstrução do seu lúmen, porém nem sempre um fator obstrutivo pode ser evidenciado. Nos casos em que ocorre obstrução (por fecalito, corpo estranho, parasitas, hiperplasia linfonodal ou tumor, dependendo do contexto epidemiológico), há hipersecretividade de muco e aumento da pressão intraluminal, com rápida distensão do apêndice. Isso resulta em estase venosa, compressão arterial e isquemia, além de estase da drenagem linfática. Há comprometimento da barreira mucosa, com invasão por bactérias intraluminais. Esse processo inflamatório/infeccioso pode ser seguido de perfuração da víscera, desenvolvimento de abscessos localizados e peritonite generalizada. As bactérias mais comumente envolvidas no processo são: Escherichia coli, grupo Bacteroides fragillis, Peptostreptococcus e Pseudomonas. Além disso, estima-se que 3% de helmintos sejam identificados em peças cirúrgicas (enterobiase 65%, angiostrongillase 20%, multiparasitose 5%, teníase 4% e ascaridiase 3%). CLÍNICA A dor abdominal é o sintoma mais comum na AA, podendo estar associado a anorexia, náuseas e vômitos. Sua APRESENTAÇÃO TÍPICA é de dor abdominal que piora progressivamente dentro de 12 a 24 horas. A SEQUÊNCIA DE MURPHY se inicia com dor epigástrica ou periumbilical tipo visceral (decorrente do estimulo de fibrasnervosas viscerais aferentes) pela distensão do apêndice, não aliviada pela evacuação, tampouco liberação de flatos. Seguem-se anorexia, náuseas e vômitos, sendo que, em 6 a 12 horas, com o acometimento da camada serosa apendicular e do peritônio parietal, a dor torna-se mais bem localizada na fossa iliaca direita, podendo aumentar em intensidade. Podem ocorrer constipação e parada de eliminação de flatos, bem como febre baixa. Apesar de típica, essa apresentação só ocorre em 50 a 60% dos pacientes. Muitos podem ter sintomas atípicos e inespecíficos, a depender da idade do paciente e da localização anatómica do apêndice (ex.: disúria e sintomas retais com sua localização pélvica). Os primeiros sinais da apendicite podem ser sutis e o exame fisico, a principio, é inocente. Com a progressão da inflamação, a dor pode se tornar mais evidente ao exame abdominal, associada à rigidez e à descompressão dolorosa. Pode ser possível a palpação de massa no quadrante inferior direito (QID), no pacientes com abscesso periapendicular. O exame retal pode auxiliar em casos de apêndice pélvico. Alguns achados do exame fisico foram descritos para auxiliar no diagnóstico, mas carecem de sensibilidade e especificidade para tal. A dor à palpação da fossa ilíaca direita é o sinal de maior sensibilidade, sendo o sinal do psoas aquele de maior especificidade. DIAGNÓSTICO A AA pode ser diagnosticada com uma história clínica detalhada e um bom exame físico. Existem inúmeras condições inflamatórias/infecciosas que afetam o QID e que devem entrar nas suspeitas DIAGNÓSTICAS DIFERENCIAIS: Exames laboratoriais e de imagem podem trazer evidência adicional para o suporte diagnóstico, apesar de não serem obrigatórios e de não existirem testes específicos. EXAMES LABORATORIAIS Entre os exames laboratoriais, o leucograma encontra- se alterado em aproximadamente 80% dos pacientes, demonstrando LEUCOCITOSE E PREDOMÍNIO DE NEUTRÓFILOS E FORMAS IMATURAS. Apesar de útil, pode estar normal nos estágios inicias da doença. MARCADORES DE INFLAMAÇÃO COMO PROTEÍNA C REATIVA (PCR) E VELOCIDADE DE HCMOSSEDIMENTAÇÃO (VHS) também estão aumentados e podem auxiliar na investigação. A análise de urina pode estar alterada em até 40% dos pacientes. Todas as mulheres em idade fértil devem realizar teste de gravidez para excluir diagnósticos diferenciais. Talvez a maior importância desses exames esteja em, além de confirmar status inflamatório presente, dar suporte para diagnósticos diferenciais, como infecções urinárias, pancreatites etc. EXAMES DE IMAGEM Apesar de serem importantes para afastar outras causas de dor, o maior papel está naqueles casos duvidosos, de modo a evitar abordagens cirúrgicas desnecessárias. Entretanto, nos casos típicos, podem atrasar o tratamento cirúrgico. A ULTRASSONOGRAFIA (USG) DE ABDOME pode ser útil para confirmar a apendicite, podendo apresentar como ACHADOS: aumento do diâmetro total do apêndice (> 6 mm) ou de sua parede (> 3 mm); evidência de estrutura hipoecoica com conteúdo liquido, aspecto tubular ou em alvo, na fossa iliaca direita; aumento da ecogenicidade do tecido gorduroso periapendicular; apêndice aperistáltico, não compressivel; líquido livre circunscrito; coleção gasosa; ou fecalito. Tem baixo valor preditivo negativo, porém, caso a suspeita seja forte, um exame negativo deve ser visto com cautela. É operador-dependente e de dificil realização em pacientes obesos. Tem as vantagens de poder ser utilizado por médico não radiologista, não emitir radiação ionizante e poder ser utilizado repetidas vexes em gestantes, além de permitir interação com o paciente em tempo real, identificando o ponto de maior sensibilidade dolorosa no abdome. A TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA (TC) DE ABDOME COM CONTRASTE é um exame de alta acurácia (sensibilidade e especificidade chegam a 93 a 98%), podendo IDENTIFICAR um órgão espessado, com aumento da vascularização local, borramento da gordura periapendicular, presença de apendicolite, massa ou abscesso pericecal. ESCORES DIAGNÓSTICOS Diversos escores já foram propostos para padronizar a correlação das variáveis clinicas e laboratoriais com o diagnóstico da apendicite. O ESCORE DE ALVARADO é a ferramenta diagnóstica mais amplamente utilizada: ESCORE DE ALVARADO ENTRE 1 E 4 : BAIXO RISCO e esses pacientes podem ser liberados, com recomendações. ESCORE DE 5 E 6: devem ser mantidos em OBSERVAÇÃO E TER EXAME REPETIDO POSTERIORMENTE. ESCORE DE 7 E 10: devem ser SUBMETIDOS À APENDICECTOMIA. TRATAMENTO Pela lógica de a apendicite ser um processo progressivo, com complicação inevitável, a apendicectomia tem sido a terapêutica aceita pelos cirurgiões por mais de um século. A apendicectomia pode ser realizada por laparotomia aberta convencional ou por laparoscopia, ambas com eficácia semelhante. Apesar de o método laparoscópico ser hoje o mais utilizado, a escolha entre os métodos depende de idade, comorbidades e estilo de vida do paciente, de seu histórico de cirurgias prévias, da intensidade da suspeição diagnóstica, da gravidade do quadro e da habilidade do cirurgião. A laparoscopia parece ser particularmente benéfica nos casos de diagnóstico duvidoso (para a confirmação), em pacientes obesos (em que a visualização do quadrante inferior direito pela técnica aberta requer grandes incisões), em idosos e no sexo feminino. O uso de antibióticos profiláticos no pré-operatório é controverso, mas parece reduzir complicações pós- operatórias menores, como infecção de ferida e abscessos intra-abdominais. Nos pacientes com apendicite não complicada, uma dose única de cefoxitina 1 a 2 g ou cefazolina 2 a 3 g + metronidazol 500 mg intravenoso parece ser eficaz. Outras opções são ceftriaxona ou ciprofloxacino associados a metronidazol ou tinidazol, amoxicilina- clavulanato, ampicilina-sulbactam, ambos em monoierapia. ABDÔMEN AGUDO PEFURATIVO A principal característica dessa síndrome clínica é a dor abdominal, não traumática, de início súbito. Diferentemente do abdome agudo inflamatório, ocorre por perfuração de uma víscera oca. Pode haver um quadro infeccioso após a perfuração por instalação de uma peritonite química com posterior proliferação bacteriana. As perfurações podem ainda ser classificadas como altas ou baixas, tendo como referência o LIGAMENTO DE TREITZ (estrutura anatômica de consistência fibrótica, possuindo a função de fixar a junção duodenojejunal (flexura que marca a transição do duodeno para o jejuno) no pilar direito do diafragma e marca o limite entre o trato gastrointestinal superior e o inferior). Nas PERFURAÇÕES ALTAS geralmente se inicia por uma peritonite química, por liberação de sucos digestivos, que culmina com proliferação bacteriana e posterior processo infeccioso. Nas PERFURAÇÕES BAIXAS, é esperado início por peritonite infecciosa de região já colonizada com evolução para um quadro sistêmico, podendo manifestar sinais de septicemia. FISIOPATOLOGIA A gênese dessa síndrome se dá pela PERFURAÇÃO DE UMA VISCERA OCA. Essa perfuração pode ser decorrente de diversas causas, como: processo inflamatório, neoplásico, obstrutivo e infeccioso. Geralmente, a evolução se dá da seguinte forma: com o extravasamento de secreção luminal na cavidade temos uma inflamação peritoneal de natureza química de intensidade variável, seguida de invasão bacteriana secundária e progressivo processo infeccioso, com repercussões locais e sistêmicas. No ESTÔMAGO E NO DUODENO, as etiologias mais comuns são as úlceras agudas e crônicas, sendo essa perfuração geralmente associadaà ingestão de álcool, corticoides e AINES. Neoplasias e corpos estranhos são causas importantes que podem também aparecer em outros segmentos. No INTESTINO DELGADO, as perfurações proximais geram peritonite química inicialmente, já que há extravasamento de enzimas ativas, e as perfurações mais distais são acompanhadas de peritonite bacteriana. No INTESTINO GROSSO, a peritonite é bacteriana desde o início. Além disso, a perfuração no colón direito é mais grave que a do esquerdo, devido à alta virulência dos germes e pela consistência líquida das fezes. As perfurações podem ocorrer em peritônio livre com extravasamento do líquido e difusão para toda a cavidade abdominal, florindo o quadro clínico típico, ou de forma bloqueada gerando sinais e sintomas localizados – esses sinais e sintomas atípicos podem dificultar e retardar o diagnóstico. CLÍNICA O sintoma invariável é a dor abdominal. A partir disso, as demais manifestações variam de acordo com local em que ocorreu a perfuração, o tempo decorrido entre o início do quadro e intervenção médica e o grau de distribuição dos líquidos extravasados. Lembrando que alguns pacientes, como idosos e imunosupressos podem ter o quadro mascarado. A clínica pode ser acompanhada de sinais de sepse, hipotensão ou choque a depender da gravidade do caso. O acúmulo de gás pode comprometer a musculatura diafragmática resultando em desconforto respiratório. A dor pode ser lombar, nos casos de perfurações retroperitoneais, ou irradiarem para os ombros nos casos de perfuração em abdome superior que irritam o diafragma. Abdome em tábua é uma contratura involuntária generalizada da parede abdominal por peritonte difusa. No exame físico podem encontrar também distensão abdominal e ausência de ruídos hidroaéreos. Os sinais e sintomas típicos ocorrem quando há peritônio livre – acometimento de toda cavidade abdominal com dor e peritonite generalizada. DIAGNÓSTICO O diagnóstico de um Abdome Agudo Perfurativo se baseia na história clínica minunciosa, exame físico criterioso e exames de imagem. Exames laboratoriais são inespecíficos, podendo nos ajudar a detectar apenas a presença de processos inflamatórios e infecciosos prévios. Assim, para confirmar a perfuração, métodos de imagem são os mais adequados. DIAGNÓSTICO POR IMAGEM A característica principal é a presença de ar e/ou líquido na cavidade peritoneal, retroperitônio ou na parede dos órgãos. Em 75-80% dos casos há pneumoperitônio e nos demais casos é esperado bloqueio no local da perfuração e, portanto, ausência de gás no segmento perfurado. RADIOGRAFIA SIMPLES A radiografia é o exame inicial de escolha por ser um exame simples que mostra com facilidade o melhor indicador de perfuração: pneumoperitônio. O quadrante superior direito é onde mais frequentemente vemos ar livre. A sensibilidade do exame pode ser elevada se o paciente permanecer na posição da incidência por 10-20 minutos. TC A TC é um método excelente por sua elevada sensibilidade e especificidade. Nos permite uma localização precisa da perfuração e distribuição do gás, além de possibilitar a visualização de abscessos, sinais sugestivos de obstrução e isquemia. OUTROS MÉTODOS A videolaparoscopia pode ser útil principalmente nos paciente em unidade intensiva onde não há os parâmetros dos sinais e sintomas clínicos. DIVERTICULITE A DIVERTICULOSE é caracterizada pela presença de protrusões através da mucosa e submucosa do cólon em áreas de menor resistência (como na emergência dos vasos retos), com formação de pseudodiverticulos. A maioria dos pacientes com diverticulose é assintomática, entretanto, 25% podem apresentar sintomas, como dor e desconforto abdominal, e até 5% evoluem para diverticulite. DIVERTICULITE AGUDA: condição inflamatória dos divertículos, geralmente acompanhada de micro ou macroperfurações; causa mais comum de dor no quadrante inferior esquerdo em adultos. DIVERTICULITE COMPLICADA: abscesso, macroperfurações, estenoses, fistulas, sangramentos, obstruções, entre outras. O termo diverticulose refere-se à presença de divertículos assintomáticos no cólon, enquanto diverticulite indica inflamação do divertículo e, comumente, é acompanhada de sintomas (geralmente com dor e febre). A estase associada à obstrução dos divertículos de óstio estreito leva à proliferação bacteriana e à isquemia tecidual local. Nesse momento, ocorre processo inflamatório parietal que, dependendo da evolução e do tempo de acometimento, pode transpor a parede, ocorrendo microperfurações bloqueadas, inflamação do mesentério e do tecido gorduroso adjacentes. Alguns casos podem progredir para formação de abscessos de variados tamanhos, com eventual ruptura e salda de conteúdo purulento para a cavidade e inflamação peritoneal local, ou mesmo perfuração livre, contaminação da cavidade com conteúdo intestinal e peritonite cstercoral franca. Esses casos já se classificam como DIVERTICULITE COMPLICADA. O processo inicial pode ser estéril, porém organismos anaeróbios e Gram-negativos entéricos (como Esclrerichia coli) são frequentemente isolados. Após o episódio agudo, pode haver formação de depósito de elastina e colágeno na parede intestinal, redução da complacência do cólon, estenose e disfunção do segmento acometido. APRESENTAÇÃO CLÍNICA É uma doença de alta prevalência, em que a maioria dos pacientes portadores de divertículos permaneçam assintomáticos. A minoria desenvolverá DDC, podendo então apresentar desconforto abdominal intermitente ou constante, flatulência, distensão abdominal e alteração do hábito intestinal. Já os PACIENTES COM DIVERTICULITE AGUDA desenvolvem dor abdominal em caráter agudo ou subagudo, em geral em flanco ou fossa illaca esquerda (FIE), acompanhada de hiporexia e vómitos, alteração do hábito intestinal (em geral obstipação), podendo haver massa palpável ou plastrão, por vezes com sinais de irritação peritoneal. Nos estágios iniciais, os sintomas em geral se restringem ao descrito, muitas vezes até autolimitados. Já nos estágios mais avançados, pode haver sinais de peritonite generalizada, distensão abdominal por ileo paralítico, febre alta, com posslvel evolução para choque séptico e morbidade e mortalidade bastante elevadas. DIAGNÓSTICO Em se tratando de diverticulite, história, achados clínicos, laboratoriais e de imagem são necessários para a posterior classificação em diverticulite complicada ou não complicada. Na história, dor abdominal em FIE, náuseas, vómitos, febre e até disúria (pela proximidade com a bexiga) podem estar presentes, embora o quadro clínico tenha baixa sensibilidade para o diagnóstico, especialmente em mulheres idosas. No exame físico, observa-se dor à palpação localizada na FIE, com defesa e descompressão brusca presente, caso haja sinais de irritação peritoneal. Pode haver dor à palpação também em QlD, já que alguns pacientes têm sigmoide redundante e divertículos em cólon direito. Solicitação dos seguintes exames laboratoriais diante de um paciente com diverticulite aguda para estadiamento e diagnóstico diferencial: hemograma, provas de atividade inflamatória, amilaseílipase, uri.na 1, beta-HCG, ureia e creatinina (uso de contraste na TC de abdome), protoparasitológico de fezes. Pode-se encontrar leucocitose (por vezes com desvio e formas jovens) e aumento de provas inflamatórias, como PCR. VHS e alfa-1 glicoprotelna ácida. A investigação radiológica inicia-se com radiografia de abdome deitado e em ortostase para avaliação de possíveis complicações,como macroperfuração, o que classificaria esse paciente como cirúrgico. A TC de abdome com duplo contraste (intravenoso e retal) tem sensibilidade e especificidade de até 100%, com os seguintes achados: borramento da gordura mesentérica, espessamento da parede do cólon e presença de abscessos abdominais. Tais achados confirmam o diagnóstico de diverticulite e avaliam a gravidade da apresentação. A TC de abdome prediz o risco de complicações secundárias após uma crise de diverticulite. Alguns fatores tomográficos são preditivos para indicação de cirurgia, como abscesso e gás fora de alça. A TC de abdome pode atuar também na terapêutica da diverticulite complicada no que tange à drenagem percutânea guiada por TC. A classificação da diverticulite aguda mais utilizada é a de HINCHEY, que distingue quatro estágios da doença perfurativa. Em 1997, a partir dos avanços da tomografia computadorizada, publicou-se a classificação de Hinchey modificada, subdividindo a classe II em abscessos a distância passiveis de drenagem percutânea guiada por TC (estádio lIa) e abscessos complexos com a presença de fistulas (estádio Ilb). O uso da ressonância magnética de abdome se faz cada vez mais importante na medida em que alcança os níveis de sensibilidade e especificidade da TC, caracteriza melhor o trajeto fistuloso e não tem o prejuízo da radiação, porém, é um exame difícil no contexto da emergência. A USG, embora seja um método não invasivo e bastante disponivel, é operador- dependente e suas imagens geralmente não são de fácil compreensão para os demais profissionais. TRATAMENTO PACIENTES CLASSIFICADOS COMO HINCHCY O E 1 podem ser tratados ambulatorialmente com seguimento por 3 a 4 dias. Em geral, orienta-se dieta leve, com poucos resíduos, associada a medicações guiadas pelo sintoma (analgésicos simples e antieméticos). Não existe evidência quanto à recomendação da não ingesta de grãos, sementes, entre outros alimentos. O uso de antibióticos é controverso, mas, na pratica clinica, entretanto, a antibioticotcrapia com cobertura para Gram-negativos entéricos e anaeróbios é bastante utilizada. A COMBINAÇÃO DE CIPROFLOXACINO E METRONIDAZOL é a mais aplicada na diverticulite não complicada. PACIENTES COM (1) HINCHEY > OU IGUAL A 2, (2) INTOLERANTES A MEDICAMENTOS POR VIA ORAL, (3) DOR REFRATÁRIA, OU (4) SINTOMAS PERSISTENTES APÓS 72 HORAS DE TRATAMENTO AMBULATORIAL devem ser internados. Estabelece-se jejum inicial, suporte volêmico, antibioticoterapia e solicita-se avaliação de equipe cirúrgica para acompanhamento conjunto. Antibióticos como amoxicilina-clavulanato, cefalosporina de terceira geração ou sulfa associados ao metronidazol, ampicilina-sulbactam ou ertapenem, também sido considerados boas opções. Em relação à analgesia, analgésico comum é preferido, já que a morfina pode levar à inércia colónica, aumentando o risco de perfuração. Para os pacientes que cursam com abscessos de grande volume, geralmente maiores que 4 cm, é indicada a drenagem percutânea guiada por TC, que pode aliviar os sintomas e servir de ponte para a cirurgia de colectomia secundária semieletiva (na mesma internação) ou eletiva. DIVERTICULITES COM ABCESSOS NÃO DRENÁVEIS OU PERITONITE PURULENTA OU FECAL (HINCHEY 3 OU 4) têm indicação cirúrgica de urgência. Alguns casos mais simples, refratários ao tratamento clinico, também podem demandar cirurgia. O procedimento historicamente mais utilizado foi a colectomia à Hartmann, que vem sendo substituído pela colectomia com anastomose primária, até mesmo nos casos de peritonite fecal. A lavagem peritoneal por laparoscopia também é uma alternativa, na medida em que é um método minimamente invasivo, com alta resolução e redução da mortalidade. DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA A doença inflamatória pélvica (DIP) é causada pela infecção polimicrobiana do trato genital superior, originária de foco uretral, vaginal ou cervical. A virulência dos germes e a resposta imune definem a progressão: endometrite, salpingite, pelviperitonite, ooforite, peri-hepatite (síndrome de Fitz-Hugh-Curtis), abscesso tubo-ovariano ou de fundo de saco de Douglas. Os patógenos são sexualmente transmissíveis (clamídia, gonococo, micoplasmas, casualmente tricomonas e vírus) ou endógenos. QUADRO CLÍNICO A existência da forma subclínica preceitua baixar o limiar de suspeição diagnóstica. São sugestivos: dor no baixo ventre ou na região lombossacral; sintomas genitourinários, por exemplo, corrimento, sangramento vaginal, dispareunia e disúria; febre, dor no hipocôndrio direito e náuseas ou vômitos sugerem perihepatite (15% dos casos). No EXAME FÍSICO: temperatura axilar > 38 °C; dor à palpação e descompressão brusca dolorosa no baixo ventre; dor à palpação do colo uterino e dos anexos; palpação de tumor anexial doloroso (abscesso tubo-ovariano); abaulamento doloroso do fundo de saco vaginal (abscesso pélvico); canal cervical com corrimento branco, amarelado ou sangramento induzido. DIAGNÓSTICO Quando o quadro clínico é sugestivo e não houver outro diagnóstico provável, começar o tratamento para diminuir a prevalência de sequelas reprodutivas. A necessidade de tratamento antibiótico precoce é fundamentada na infecção experimental mostrando que lesões tubárias não revertem com antibioticoterapia iniciada 12 dias depois da inoculação de clamídia. O diagnóstico é apurado pelo aumento da velocidade de hemossedimentação e da proteína C-reativa; hemograma com leucocitose; presença de leucócitos abundantes no exame a fresco do corrimento cervical; e detecção de gonococo ou clamídia na endocérvice. O diagnóstico também pode ser complementado por ultrassonografia pélvica transabdominal e transvaginal, e tomografia computadorizada ou ressonância magnética. A laparoscopia permite o diagnóstico mais preciso, embora não comprove a endometrite nem salpingite luminar. TRATAMENTO Os princípios gerais são: 1) repouso e analgesia adequada (nível de evidência E); 2) desinserir dispositivo intrauterino in situ porque apressa a cura (nível de evidência E); 3) administrar antibióticos abrangendo gonococo, clamídia, micoplasmas, germes aeróbios (gram- positivos e negativos), anaeróbios e facultativos, porque o isolamento destes patógenos é difícil e incompleto; 4) duração mínima de 14 dias; 5) em caso de abscesso tubo- ovariano ou pélvico, drenar se necessário; 6) acompanhamento clínico e bacteriológico quatro a seis semanas depois do fim do tratamento. Quando o tratamento é ambulatorial, a paciente deve ser reavaliada depois de 72 horas. Hospitalizar e preferir tratamento parenteral quando houver: 1) dúvida diagnóstica; 2) ausência de resposta clínica, baixa aderência ou intolerância ao tratamento oral; 3) quadro de alta intensidade (náuseas e vômitos ou febre elevada) (nível de evidência E); 4) abscesso tubo-ovariano ou pélvico; 5) gravidez (nível de evidência E). Havendo melhora clínica nos primeiros três dias do tratamento por via parenteral (queda da temperatura, diminuição da dor abdominal e pélvica provocada), passar para via oral (nível de evidência E). Caso contrário, internar e repetir os exames inclusive a laparoscopia. CLASSES DE ANTIBIÓTICOS
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