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sua relação de valor com outra mercadoria de tipo diferente, ou na relação de troca com a mesma. O valor da mercadoria A é expresso quantitativamente por meio da permutabilidade direta da mercadoria B com a mercadoria A. Ele é expresso qualitativamente por meio da permutabilidade de um quantum determinado da mercadoria B por dado quantum da mercadoria A. Em outras palavras: o valor de uma mercadoria tem expressão autônoma por meio de sua representação como “valor de troca”. Quando no início deste capítulo, para seguir a maneira ordinária de falar, havíamos dito: A mercadoria é valor de uso e valor de troca, isso era, a rigor, falso. A mercadoria é valor de uso ou objeto de uso e “valor”. Ela apresenta-se como esse duplo, que ela é, tão logo seu valor possua uma forma rápida de manifestação, diferente da sua forma natural, a do valor de troca, e ela jamais possui essa forma quando considerada isoladamente, porém sempre apenas na relação de valor ou de troca com uma segunda mercadoria de tipo diferente. No entanto, uma vez conhecido isso, aquela maneira de falar não causa prejuízo, mas serve como abreviação. Nossa análise provou que a forma de valor ou a expressão de valor da mercadoria origina-se da natureza do valor das mercadorias, e não, ao contrário, que valor e grandeza de valor tenham origem em sua expressão como valor de troca. Essa é, entretanto, a ilusão, tanto dos mercantilistas e seus modernos requentadores, como Ferrier, Ga- millo etc.105 quanto também de seus antípodas, os modernos commis- voyageurs do livre-cambismo, como Bastiat e consortes. Os mercanti- listas dão a maior importância ao lado qualitativo da expressão de valor, portanto, na forma equivalente da mercadoria, que possui no dinheiro sua forma completa — os modernos mascates do livre-cam- bismo, que necessitam desembaraçar-se de suas mercadorias a qualquer preço ressaltam, ao contrário, exclusivamente o lado quantitativo da forma relativa de valor. Para eles não existem, em conseqüência, nem valor nem grandeza de valor da mercadoria, exceto na expressão por meio da relação de troca, portanto, apenas no boletim diário dos preços. O escocês Macleod, em sua função de ordenar a adornar, com a maior erudição possível, as confusas idéias de Lombardstreet,106 forma a sín- tese bem-sucedida entre os mercantilistas supersticiosos e os mascates esclarecidos do livre-cambismo. O exame mais pormenorizado da expressão de valor da merca- doria A, contida na relação de valor com a mercadoria B, demonstrou que dentro da mesma a forma natural da mercadoria A funciona apenas OS ECONOMISTAS 188 105 Nota à 2ª edição. FERRIER, F. L. A. (sous-inspecteur des douanes*. Du Gouvernement Considéré dans ses Rapports avec le Commerce. Paris, 1805; e GANILH, Charles. Des Systèmes d’Économie Politique. 2ª ed., Paris, 1821. * Subinspetor de aduanas. (N. dos T.) 106 Lombardstreet. Rua na “City” de Londres onde se encontram as mais significativas empresas bancárias e comerciais da Inglaterra. (N. da Ed. Alemã.)
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