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Leonardo Hoffmam – www.leonardohoffmam.com https://www.youtube.com/user/leonardohoffmam NATUREZA JURÍDICA 17/09/2017 Guia essencial sobre o que é natureza jurídica e os principais tipos de natureza jurídica empresarial. Este e-book apresenta o conceito de natureza jurídica e aborda os tipos mais comuns no âmbito empresarial. NATUREZA JURÍDICA Página 1 NATUREZA JURÍDICA G U I A E S S E N C I A L S O B R E O Q U E É N A T U R E Z A J U R Í D I C A E O S P R I N C I P A I S T I P O S D E N A T U R E Z A J U R Í D I C A E M P R E S A R I A L . 1. INTRODUÇÃO Desde os primórdios, as pessoas buscam se reunir em comunidades, objetivando entre várias questões, a proteção e colaboração mútua, vindo inicialmente da necessidade de sobrevivência, além de outros objetivos em comum. Em se tratando de sociedades, e agora já adentrando especificamente no que se refere a sociedades com fins lucrativos, a tempos já se pratica atividades comerciais, com a aplicação de mão-de-obra alheia, objetivando a obtenção de lucros. Em 1937, uma teoria ficou bastante conhecida, após o seu criador o economista britânico Ronald Coase, publicar um artigo denominado The Nature of Firm, cujo nome da teoria ficou conhecido como A Teoria da Firma. Coase explica que as "firmas" são organizadas para atuarem nos mercados, com o objetivo de diminuir as despesas e os custos de transação que são os incorporados por terceiros nas negociações econômicas do mercado, ou seja, os agentes econômicos não atuam diretamente no mercado, as empresas são criadas e estruturadas para este propósito, passando a haver assim uma NATUREZA JURÍDICA – Leonardo Hoffmam – www.leonardohoffmam.com Página 2 separação da relação pessoal do indivíduo para uma relação mais profissional com uma entidade. A partir disso se deu a Teoria da Firma, estudando o comportamento do setor empresarial, no qual procura explicar a forma de proceder da sociedade empresária quando esta desenvolve a sua atividade produtiva, para a geração de bens ou de serviços. Para atuar no mercado, que é o ambiente onde ocorrem as negociações e circulação de bens e serviços, há a celebração contratual entre os consumidores e as sociedades, havendo assim a necessidade de organização das sociedades em “firmas”, de forma a centralizar e organizar a produção, e com isso reduzirem os custos para oferecer os produtos e serviços aos consumidores, consequentemente, aumentando o lucro. Neste contexto, as pessoas e sociedades teriam duas opções de realizar negociações econômicas no mercado: a) individualmente e diretamente no mercado, entre as pessoas naturais; b) organizando em sociedades empresárias. Como de acordo com a Teoria da Firma, a organização de sociedades empresárias é necessária para diminuir os custos de transação para com o empreendedor, em razão das instabilidades e imperfeições do mercado, é por meio da criação de sociedades empresárias, que ocorre formações de equipes organizadas, sob o controle de gestão de um empresário, o que levará a uma maior produtividade e eficiência. Isso porque as organizações econômicas estão centradas em contratos, o que gera mais estabilidade da produção de bens ou execução dos serviços. Assim, a atividade empresarial, além de envolver o sistema jurídico, como sendo uma atividade econômica organizada para a prestação ou circulação de bens ou serviços, está relacionada com a eficiência da produção, para atingir a redução de custos e o aumento dos lucros, sendo indispensável a análise de seu conceito econômico. É deste conceito econômico inicial e das diversas possibilidades de relações entre as pessoas e instituições, que surge as definições e proteções jurídicas, gerando assim as diversas NATUREZAS JURÍDICAS atualmente existentes, cada NATUREZA JURÍDICA Página 3 qual com sua característica, visando a proteção mútua dos consumidores e empresas, bem como da relação entre as pessoas e as instituições em um contexto mais amplo do que o conceito e relação empresarial. 2. CONCEITO Voltando o foco para o lado empresarial, quando um empresário precisa formalizar sua operação, um dos primeiros passos é efetuar o registro de sua empresa perante aos órgãos do governo, seja ele municipal, estadual ou federal, de acordo com as necessidades e exigências, sendo neste momento que o empresário se depara com uma das primeiras decisões a serem tomadas quando da abertura de seu negócio, a NATUREZA JURÍDICA da empresa. Pode parecer para muitos empresários ou demais pessoas uma decisão simples, devido ao desconhecimento da importância que tem essa classificação para o seu negócio. E é com o objetivo de alcançar a compreensão e eliminar as possíveis dúvidas, que esta obra está inserida. A natureza jurídica de uma empresa é o regime jurídico em que ela se enquadra, é a relação da pessoa jurídica pública ou privada com o exame que será feito pela fiscalização ao respectivo empreendimento. No momento de formalizar a empresa, informar a sua natureza jurídica tornou-se uma questão indispensável, já que cada natureza jurídica exige diferentes formas de aplicação das normas para as empresas. No atual código civil, Lei nº 10.406/02, existem várias espécies de natureza jurídica, sejam os da administração pública, entidades empresariais, entidades sem fins lucrativos e às pessoas físicas. Abaixo segue uma tabela de natureza jurídica extraído do site do IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, consultado em 15.09.2017, disponível em: https://concla.ibge.gov.br/estrutura/natjur- estrutura/natureza-juridica-2016.html NATUREZA JURÍDICA – Leonardo Hoffmam – www.leonardohoffmam.com Página 4 TABELA 1 - TABELA DE NATUREZA JURÍDICA 2016 DOU nº 82, de 02 de maio de 2016, no qual foi publicada a Resolução Concla nº 1, de 28 de abril de 2016 1. Administração Pública 101-5 - Órgão Público do Poder Executivo Federal 102-3 - Órgão Público do Poder Executivo Estadual ou do Distrito Federal 103-1 - Órgão Público do Poder Executivo Municipal 104-0 - Órgão Público do Poder Legislativo Federal 105-8 - Órgão Público do Poder Legislativo Estadual ou do Distrito Federal 106-6 - Órgão Público do Poder Legislativo Municipal 107-4 - Órgão Público do Poder Judiciário Federal 108-2 - Órgão Público do Poder Judiciário Estadual 110-4 - Autarquia Federal 111-2 - Autarquia Estadual ou do Distrito Federal 112-0 - Autarquia Municipal 113-9 - Fundação Pública de Direito Público Federal 114-7 - Fundação Pública de Direito Público Estadual ou do Distrito Federal 115-5 - Fundação Pública de Direito Público Municipal 116-3 - Órgão Público Autônomo Federal 117-1 - Órgão Público Autônomo Estadual ou do Distrito Federal 118-0 - Órgão Público Autônomo Municipal 119-8 - Comissão Polinacional 120-1 - Fundo Público 121-0 - Consórcio Público de Direito Público (Associação Pública) 122-8 - Consórcio Público de Direito Privado 123-6 - Estado ou Distrito Federal 124-4 - Município 125-2 - Fundação Pública de Direito Privado Federal 126-0 - Fundação Pública de Direito Privado Estadual ou do Distrito Federal 127-9 - Fundação Pública de Direito Privado Municipal 2. Entidades Empresariais 201-1 - Empresa Pública 203-8 - Sociedade de Economia Mista 204-6 - Sociedade Anônima Aberta 205-4 - Sociedade Anônima Fechada 206-2 - Sociedade Empresária Limitada NATUREZA JURÍDICA Página 5 207-0 - Sociedade Empresária em Nome Coletivo 208-9 - Sociedade Empresária em Comandita Simples 209-7 - Sociedade Empresária em Comandita por Ações 212-7 - Sociedade em Conta de Participação 213-5 - Empresário (Individual) 214-3 - Cooperativa 215-1 - Consórcio de Sociedades 216-0 - Grupo de Sociedades 217-8 - Estabelecimento, no Brasil, de Sociedade Estrangeira 219-4 - Estabelecimento, no Brasil, de Empresa Binacional Argentino-Brasileira 221-6 - Empresa Domiciliada no Exterior 222-4- Clube/Fundo de Investimento 223-2 - Sociedade Simples Pura 224-0 - Sociedade Simples Limitada 225-9 - Sociedade Simples em Nome Coletivo 226-7 - Sociedade Simples em Comandita Simples 227-5 - Empresa Binacional 228-3 - Consórcio de Empregadores 229-1 - Consórcio Simples 230-5 - Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (de Natureza Empresária) 231-3 - Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (de Natureza Simples) 232-1 – Sociedade Unipessoal de Advogados 233-0 – Cooperativas de Consumo 3. Entidades sem Fins Lucrativos 303-4 - Serviço Notarial e Registral (Cartório) 306-9 - Fundação Privada 307-7 - Serviço Social Autônomo 308-5 - Condomínio Edilício 310-7 - Comissão de Conciliação Prévia 311-5 - Entidade de Mediação e Arbitragem 313-1 - Entidade Sindical 320-4 - Estabelecimento, no Brasil, de Fundação ou Associação Estrangeiras 321-2 - Fundação ou Associação Domiciliada no Exterior 322-0 - Organização Religiosa 323-9 - Comunidade Indígena 324-7 - Fundo Privado 325-5 - Órgão de Direção Nacional de Partido Político 326-3 - Órgão de Direção Regional de Partido Político 327-1 - Órgão de Direção Local de Partido Político NATUREZA JURÍDICA – Leonardo Hoffmam – www.leonardohoffmam.com Página 6 328-0 - Comitê Financeiro de Partido Político 329-8 - Frente Plebiscitária ou Referendária 330-1 - Organização Social (OS) 331-0 - Demais Condomínios 399-9 - Associação Privada 4. Pessoas Físicas 401-4 - Empresa Individual Imobiliária 402-2 - Segurado Especial 408-1 - Contribuinte individual 409-0 - Candidato a Cargo Político Eletivo 411-1 - Leiloeiro 412-0 - Produtor Rural (Pessoa Física) 5.Organizações Internacionais e Outras Instituições Extraterritoriais 501-0 - Organização Internacional 502-9 - Representação Diplomática Estrangeira 503-7 - Outras Instituições Extraterritoriais FONTE: IBGE-Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em 15.09.2017, disponível em: https://concla.ibge.gov.br/estrutura/natjur-estrutura/natureza-juridica- 2016.html É realmente impressionante a quantidade de naturezas jurídicas atualmente existentes. Não obstante, o foco da abordagem desta obra, são as ENTIDADES EMPRESARIAIS voltadas às sociedades e às empresas individuais, com o propósito de explanar objetivamente o assunto mais interessante aos empresários. De certo, ainda sim, a quantidade de naturezas jurídicas para as empresas com fins lucrativos ainda é muito grande, ao que o aprofundamento se dará para as sociedades com as seguintes naturezas jurídicas: empresário individual; empresa individual de responsabilidade limitada; sociedade empresária limitada; sociedade anônima. Mas antes deste aprofundamento em cada uma destas naturezas jurídicas, cabe uma breve passagem em conceitos jurídicos básicos e fundamentais, que ajudarão na compreensão das responsabilidades limitadas e ilimitadas, na classificação das empresas e na compreensão da atual estrutura das naturezas jurídicas atualmente existentes. NATUREZA JURÍDICA Página 7 3. PESSOAS NATURAIS E PESSOAS JURÍDICAS 3.1. Pessoas Naturais No Código Civil, Lei nº 10.406/02, há uma segregação clara entre pessoas naturais e pessoas jurídicas. Em relação às pessoas naturais, é garantido a capacidade de direitos e deveres de todas as pessoas, que começa do nascimento com vida e termina com a morte da pessoa natural, conforme segue: “Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil”. (BRASIL, Código Civil, art. 1º) “A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro”. (BRASIL, Código Civil, art. 2º) “A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva”. (BRASIL, Código Civil, art. 6º) Esta personalidade da pessoa natural, como forma de diferenciação e identificação de cada pessoa, é identificada pelo seu nome, com prenome e sobrenome, o que é legalmente garantido também pelo Código Civil. (BRASIL, Código Civil, art. 16) E, para garantir legitimidade a esta personalidade natural, bem como sua existência oficial perante o governo e a sociedade, o mesmo Código, no artigo 9º, aborda sobre o registro desta pessoa natural, em registro público, tanto no nascimento quanto na morte, além de outras hipóteses. NATUREZA JURÍDICA – Leonardo Hoffmam – www.leonardohoffmam.com Página 8 Assim, pode-se entender que todas as pessoas são pessoas naturais, também conhecidas como pessoas físicas. 3.2. Pessoas Jurídicas Em relação às pessoas jurídicas, estas estão classificadas como de direito público ou de direito privado, conforme estabelecido no artigo 43 do Código Civil Brasileiro. Privilegiando o foco desta obra, será abordado somente a pessoa jurídica de direito privado. Segundo o artigo 44 do Código Civil, as pessoas jurídicas de direito privado são classificadas como: I - as associações; II - as sociedades; III - as fundações. IV - as organizações religiosas; V - os partidos políticos. Assim como a pessoa natural, a pessoa jurídica inicia-se com o seu “nascimento”, que legalmente ocorre quando da inscrição de seus atos constitutivos nos órgãos de registro, na Junta Comercial ou Cartório de Registro Civil, de acordo com o tipo de sociedade, conforme artigo 45 do Código Civil Brasileiro. O empresário e a sociedade empresária vinculam-se ao Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais, e a sociedade simples ao Registro Civil das Pessoas Jurídicas, o qual deverá obedecer às normas fixadas para aquele registro, se a sociedade simples adotar um dos tipos de sociedade empresária. (BRASIL, Código Civil, art. 1150) Muito embora a empresa passe a contar com personalidade jurídica quando de seu registro oficial, existe a formação de sociedades não personificadas, ou seja, que existem de fato, mas não estão regularmente registradas perante a sociedade e governos, conforme tratado adiante. NATUREZA JURÍDICA Página 9 Assim como a pessoa natural, a pessoa jurídica também conta com um nome, ou seja, uma denominação social, além de se submeter à obrigatoriedade, quando do registro, de declarar formalmente questões fundamentais de como esta sociedade será regida e posicionada perante o mercado. O registro declarará: I - a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo social, quando houver; II - o nome e a individualização dos fundadores ou instituidores, e dos diretores; III - o modo por que se administra e representa, ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente; IV - se o ato constitutivo é reformável no tocante à administração, e de que modo; V - se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais; VI - as condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio, nesse caso. (BRASIL, Código Civil, art. 46) Conforme inciso II transcrito acima, é obrigatório a individualização dos nomes dos fundadores e instituidores da sociedade. Assim, pressupõe que a sociedade é a união de pessoas, sejam naturais ou outras pessoas jurídicas, com objetivos comuns, também declarados quando do registro. Fica ainda garantido a esta pessoa jurídica, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade, conforme artigo 52 do mesmo Código. Em se tratando das sociedades personificadas, ou seja, regularmente constituídas, as especificidades da sociedade estarão expressas em contrato escrito, com expressa definição dos elementos mínimos que deverão constar, conforme estabelecido no art. 997 do Código Civil Brasileiro. Esta sociedade pode ser administrada individualmente ou coletivamente, dentro dos limites dos poderes e de acordo com cada tipo de sociedade. (BRASIL, Código Civil, art. 47; 48) Para Spencer Vampré (APUD. NEGRÃO, 2010), “pessoa jurídica é uma coletividade de homens, constituída para certo fim, com vida epatrimônio próprios, distintos dos indivíduos que a compõem”. A distinção da personalidade jurídica, segundo Negrão (2010), gera alguns efeitos, tais como: a) titularidade negocial e processual, ou seja, assume NATUREZA JURÍDICA – Leonardo Hoffmam – www.leonardohoffmam.com Página 10 capacidade legal para adquirir direitos e contrair obrigações; b) individualidade própria, significando que os sócios não se confundem com a pessoa jurídica; c) responsabilidade patrimonial, onde a pessoa jurídica possui patrimônio próprio, distinto dos seus sócios; d) possibilidade de alteração em sua estrutura, ao exemplo de alteração de sócios, objetivos sociais, tipo de sociedade, endereço, capital, entre outros. Após esta revisão, é possível entender a distinção entre pessoa natural e pessoa jurídica, sendo esta segunda personalidade própria e distinta da primeira, mas ambas amparadas pela lei em relação à proteção de seus direitos de personalidade. 4. PERSONIFICAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA, TIPO DE SOCIEDADES E RESPONSABILIDADES Identificada a possibilidade da existência da pessoa jurídica, o próprio Código Civil ainda prevê uma divisão entre sociedades não personificadas das sociedades personificadas, não obstante ainda abordar a questão do Empresário Individual. Esta divisão visa regular e reconhecer que também existem informalmente organizações de pessoas em sociedades, mesmo que ainda não inscritas formalmente. Mas, antes de prosseguir com a verificação dos tipos de sociedade, cabe ressaltar o próprio conceito de sociedade, que é bem similar entre os autores. Para Ribeiro (2005), “sociedade é a empresa constituída por duas ou mais pessoas que se reúnem para explorar determinado ramo de negócio”. Conceito similar adota Iúdicibus e Marion (2008), dizendo que “sociedade é o contrato em que duas pessoas ou mais se obrigam a conjugar esforços ou recursos para a consecução de um fim comum, ou celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens e serviços, para exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados”. Para Negrão (2010), “sociedade é o contrato celebrado entre pessoas físicas e/ou jurídicas, NATUREZA JURÍDICA Página 11 ou somente entre pessoas físicas, por meio do qual estas se obrigam reciprocamente a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício da atividade econômica e a partilhar, entre si, os resultados”. Nesta visão, não resta dúvida que sociedade se caracteriza pela união de duas ou mais pessoas, físicas ou jurídicas, em prol de um objetivo comum. Retomando a questão das sociedades não personificadas ou personificadas, as primeiras são sociedades que, embora constituídas de forma verbal ou documental, não formalizaram o arquivamento ou registro. Já as sociedades personificadas, são aquelas legalmente constituídas e registradas em órgão competente, com personalidade formal, podendo ser chamada de pessoa jurídica. (IUDÍCIBUS e MARION, 2008; BRASIL, Código Civil, art. 986 a 996 e 997 a 1141) Tratando das sociedades personificadas, enquanto objetos sociais, estas podem ser classificadas em sociedade simples e em sociedade empresária. A Sociedade Empresária exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou de serviços, enquanto a sociedade simples exerce profissão intelectual de natureza científica, literária ou artística, ainda com auxílio de colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. (IUDÍCIBUS e MARION, 2008) Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. (BRASIL, Código Civil, art. 966) Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais. Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa. (BRASIL, Código Civil, art. 982) NATUREZA JURÍDICA – Leonardo Hoffmam – www.leonardohoffmam.com Página 12 O empresário e a sociedade empresária vinculam-se ao Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais, e a sociedade simples ao Registro Civil das Pessoas Jurídicas, o qual deverá obedecer às normas fixadas para aquele registro, se a sociedade simples adotar um dos tipos de sociedade empresária. (BRASIL, Código Civil, art. 1150) As sociedades ainda podem ser separadas quanto à sua estrutura econômica, que pode ser de duas formas: sociedade de pessoas ou sociedade de capital. Segundo Vampré, esta distinção se dá pelo critério da “transmissibilidade dos direitos e obrigações de cada sócio, permitindo a qualquer indivíduo adquirir uma parte de direitos da sociedade, ou dela retirar-se à vontade. As sociedades de pessoas não têm esta última característica e, além disso, todos os sócios não têm responsabilidade limitada, salvo na sociedade limitada por cotas”. Em resumo, as sociedades de pessoas têm a força, a presença e a confiança de cada sócio com sua pessoa natura. Já as sociedades de capitais, a força está nos capitais que se unem, não as pessoas, a transferência de parte do capital a outro não afetará o funcionamento da sociedade. (NEGRÃO, 2010) Após esta explanação, além da figura do Empresário Individual e EIRELI, as Sociedades Personificadas se dividem em vários tipos, conforme especificado nos artigos 997 a 1141. O QUADRO 1 abaixo resume e esclarece bem esta divisão: QUADRO 1 – Resumo dos tipos de sociedade TIPOS DE SOCIEDADES NÃO PERSONIFICADAS Constituída de forma oral e documental, não registrada. SOCIEDADE COMUM No que for compatível, em ambas aplicam- se disposições da sociedade simples. Os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações. Também conhecida como sociedade irregular. SOCIEDADE EM CONTA DE PARTICIPAÇÃ O Um dos sócios é Ostensivo (empreendedor, dirige e assume todas as responsabilidades). Outros sócios são os Participantes, apenas investidores. TIPOS DE SOCIEDADES PERSONIFICADAS EMPRESÁRIA 1 - Sociedade em Nome Coletivo - Sociedade em Comandita Simples - Sociedade Limitada NATUREZA JURÍDICA Página 13 Legalmente constituída e registrada no órgão competente. Atividade própria de empresário registrado na Junta Comercial. - Sociedade por Ações - Sociedade em Comandita por Ações SIMPLES 2 Atividade de não empresário, registrado no Cartório Civil. - Sociedade Simples "Pura" ou Sociedade em Nome Coletivo - Sociedade em Comandita Simples - Sociedade Limitada - Cooperativa COOPERATIVAS Legislação Especial e Código Civil. - Responsabilidade dos sócios limitada. - Responsabilidade dos sócios ilimitada. 1. Quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços. 2. Quem exerce profissão intelectual de natureza científica, literária ou artística, ainda com auxílio de colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. Fonte: Adaptado de IUDÍCIBUS e MARION, 2008. Como pode ser observado no QUADRO 1, existem vários tipos de sociedade, contudo, um elemento muito importante para o estudo da responsabilidade tributária dos sócios é a divisão destas sociedades quanto ao tipo de responsabilidade assumida pelos sócios, as quais, observando cada tipo de sociedade, podem se dividir em três tipos: limitada; ilimitada; mista. Na abordagem de cada tipo de sociedade no Código Civil, fica claro esta divisão, conforme exemplos que seguem. Parasociedades não-personificadas: Enquanto não inscritos os atos constitutivos, reger-se-á a sociedade, exceto por ações em organização, pelo disposto neste Capítulo, observadas, subsidiariamente e no que com ele forem compatíveis, as normas da sociedade simples. (BRASIL, Código Civil, art. 986) Todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais, excluído do benefício de ordem, previsto no art. 1.024, aquele que contratou pela sociedade. (BRASIL, Código Civil, art. 990) Na sociedade em conta de participação, a atividade constitutiva do objeto social é exercida unicamente pelo sócio ostensivo, em seu nome individual e sob sua própria e exclusiva responsabilidade, participando os demais dos NATUREZA JURÍDICA – Leonardo Hoffmam – www.leonardohoffmam.com Página 14 resultados correspondentes. Parágrafo único. Obriga-se perante terceiro tão- somente o sócio ostensivo; e, exclusivamente perante este, o sócio participante, nos termos do contrato social. (BRASIL, Código Civil, art. 991) Para sociedades personificadas: Somente pessoas físicas podem tomar parte na sociedade em nome coletivo, respondendo todos os sócios, solidária e ilimitadamente, pelas obrigações sociais. (BRASIL, Código Civil, art. 1039) Na sociedade em comandita simples tomam parte sócios de duas categorias: os comanditados, pessoas físicas, responsáveis solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais; e os comanditários, obrigados somente pelo valor de sua quota. (BRASIL, Código Civil, art. 1045) Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social. (BRASIL, Código Civil, art. 1052) Na sociedade anônima ou companhia, o capital divide-se em ações, obrigando-se cada sócio ou acionista somente pelo preço de emissão das ações que subscrever ou adquirir. (BRASIL, Código Civil, art. 1088) A sociedade em comandita por ações tem o capital dividido em ações, regendo-se pelas normas relativas à sociedade anônima, sem prejuízo das modificações constantes deste Capítulo, e opera sob firma ou denominação. Somente o acionista tem qualidade para administrar a sociedade e, como diretor, responde subsidiária e ilimitadamente pelas obrigações da sociedade. § 1o Se houver mais de um diretor, serão solidariamente responsáveis, depois de esgotados os bens sociais. (BRASIL, Código Civil, art. 1090 e 1091) Na sociedade cooperativa, a responsabilidade dos sócios pode ser limitada ou ilimitada. § 1o É limitada a responsabilidade na cooperativa em que o sócio responde somente pelo valor de suas quotas e pelo prejuízo verificado nas operações sociais, guardada a proporção de sua participação nas mesmas operações. § 2o É ilimitada a responsabilidade na cooperativa em que o sócio responde solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais. (BRASIL, Código Civil, art. 1095) NATUREZA JURÍDICA Página 15 Se estiver configurado como uma sociedade simples pura, os sócios respondem subsidiariamente, solidariamente e ilimitadamente, assim como nas não personificadas. Em resumo, para facilitar a identificação, no QUADRO 2, estão classificados os tipos de responsabilidade e onde se enquadra cada tipo de sociedade. QUADRO 2 – Tipos de sociedade por classe de responsabilidade dos sócios 1. Limitada São aquelas nas quais todos os sócios respondem limitadamente pelas obrigações sociais. Sócios respondem até o montante do capital subscrito. - Sociedade Limitada - Sociedade Anônima - EIRELI (apesar de não ser sociedade) 2. Ilimitada São aquelas em que todos os sócios respondem ilimitadamente pelas obrigações sociais, inclusive com bens pessoais, se o patrimônio da empresa não for suficiente para liquidar todas as dívidas da sociedade em caso de falência. - Sociedade em Nome Coletivo - Sociedade Simples Pura - Sociedades Irregulares ou de Fato (não personificadas) - Empresário Individual (apesar de não ser sociedade) 3. Mista Existem sócios com responsabilidade limitada e outros ilimitada. - Comandita Simples (sócios comanditados e comanditários); - Comandita por Ações (sócio-diretor responsabilidade ilimitada) - Cooperativas (Lei especial) - Sociedade em Conta de Participação – SCP (não personificadas) Fonte: Adaptado de NEGRÃO, 2010; IUDÍCIBUS e MARION, 2008; BRASIL, CÓDIGO CIVIL. Cabe aqui duas intervenções especiais, uma sobre o Simples Nacional, Lei Complementar nº 123/06, e outra sobre a nova modalidade de empresa, a EIRELI – Empresa Individual de Responsabilidade Limitada. Sobre o Simples NATUREZA JURÍDICA – Leonardo Hoffmam – www.leonardohoffmam.com Página 16 Nacional, mesmo estando o artigo 78 revogado, na interpretação do artigo 9º da Lei Complementar nº 123/06 e seus parágrafos, em caso de baixa da empresa havendo débitos tributários, conforme parágrafo 5º, responderão solidariamente, os sócios e administradores. Independente disso, em caso de ato ilícito, doloso ou contrário aos objetos sociais, respondem os sócios conforme regulamentação vigente para demais sociedades. Em relação às Empresas Individuais de Responsabilidade Limitada – EIRELI, a Lei nº 12.441/2011 alterou o Código Civil, incluindo esta nova forma de constituição de empresa, conforme art. 980 do Código Civil. Com isso, não será mais necessário ter ao menos duas pessoas para se montar uma empresa de responsabilidade limitada, que seguem as regras previstas para as sociedades limitadas. 5. NATUREZAS JURÍDICAS EMPRESARIAIS Como de certo a quantidade de tipos de sociedade e natureza jurídica são diversos. Assim, buscando facilitar para o empresário que ler esta obra, nos tópicos que seguem, privilegiou-se por abordar brevemente e em complemento aos textos anteriores, alguns dos tipos mais comuns atualmente disponíveis e adotados pelos empresários brasileiros, que são: empresário individual; empesa individual de responsabilidade limitada – eireli; sociedade empresária limitada; sociedade anônimas. 5.1. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL O empresário individual, anteriormente chamado de firma individual, é aquele que exerce em nome próprio uma atividade empresarial. É a pessoa física – Pessoa Natural - titular da empresa. O patrimônio da pessoa natural e NATUREZA JURÍDICA Página 17 o do empresário individual são os mesmos, logo o titular responderá de forma ilimitada pelas obrigações assumidas pela empresa e não liquidadas. Esta questão das responsabilidades limitadas e ilimitadas, bem como a questão da responsabilidade ordinária ou extraordinária, é um ponto bem complexo e interessante. Caso o leitor desta obra tenha interesse em se aprofundar, tem uma obra do contador Leonardo Hoffmam que aprofunda esta questão de forma bem prática e objetiva. Pesquise nas maiores livrarias digitais pela obra “Responsabilidade Tributária dos Sócios e Administradores”, do autor Leonardo Hoffmam, ou acesse a Amazon em: https://www.amazon.com.br/Responsabilidade-tribut%C3%A1ria-dos- s%C3%B3cios-administradores- ebook/dp/B071Z33PV6/ref=sr_1_1?ie=UTF8&qid=1505678953&sr=8- 1&keywords=responsabilidade+tribut%C3%A1ria+dos+socios No quadro de naturezas jurídicas já apresentados anteriormente, esta natureza jurídica está representada pelo número e nome: 213-5 - Empresário (Individual). De acordo com o art. 966 da Lei nº 10.406/2002 - Código Civil considera-se empresário a pessoa física que exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa conforme previsto no art. 150 do Decreto nº 3.000 de 1999 - RIR/1999. O Empresário Individual, é um tipo de natureza jurídica atualmente muito utilizado, principalmenteem função da disseminação do MEI, que é o Micro Empreendedor Individual. Mas importante citar e deixar bem claro que Micro Empreendedor Individual é diferente do conceito de Empresário Individual. O Micro Empreendedor Individual é uma condição tributária, é um regime tributário diferenciado, mais simplificado, dentro do Simples Nacional. Já o Empresário Individual é uma natureza jurídica. De certo todo Micro Empreendedor Individual, tem a natureza jurídica de Empresário Individual, pois é até uma das condições necessária para que a empresa se NATUREZA JURÍDICA – Leonardo Hoffmam – www.leonardohoffmam.com Página 18 enquadre no MEI, mas nem todo Empresário Individual é um MEI-Micro Empreendedor Individual, pois dependendo da opção, do faturamento, da quantidade de empregados e da atividade, por exemplo, o Empresário Individual não poderá se enquadrar como MEI, ao que terá que se enquadrar em algumas da outras opções tributárias disponíveis e de acordo com as permissões legais: simples nacional; lucro presumido; lucro real. No caso do empresário individual, o nome empresarial será o nome do próprio empresário. Atualmente é permitido também a inclusão de um nome fantasia. O valor do capital social do empresário a ser informado será um valor destacado do patrimônio do empresário e indicado em moeda nacional. Neste tipo empresa a responsabilidade do titular não se restringe ao valor aplicado, como ocorre em uma empresa limitada, ou Eireli, desta forma o valor de abertura dele deve constar no patrimônio do sócio. As seguintes pessoas não podem ser empresário: a) as absolutamente incapazes, exceto quando autorizadas judicialmente para continuação da empresa, ou seja, aquelas que são menores de 16 anos; que não possuem o discernimento necessário para a prática de atos, por enfermidade ou deficiência mental; e os que não podem exprimir sua vontade, mesmo por causa transitória; b) as relativamente incapazes, exceto quando autorizadas judicialmente para continuação da empresa, ou seja, aquelas que são maiores de 16 anos e menores de 18 anos; os que são ébrios habituais, que são viciados em tóxicos, e os que possuem discernimento reduzido por deficiência mental; os que são excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; e os que são pródigos; c) os impedidos, tais como: I) Chefes do Poder Executivo, nacional, estadual ou municipal; II) os membros do Poder Legislativo, como Senadores, Deputados Federais e Estaduais e Vereadores, se a empresa “goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer função remunerada”; III) os Magistrados; IV) os membros do Ministério Público Federal; V) os empresários falidos, enquanto não forem reabilitados; VI) as condenadas a pena que faça vedação, mesmo que temporariamente, ao acesso a cargos públicos; ou por crime falimentar, de NATUREZA JURÍDICA Página 19 prevaricação, peita ou suborno, concussão, peculato; ou contra a economia popular, contra o sistema financeiro nacional, contra as normas de defesa da concorrência, contra as relações de consumo, a fé pública ou a propriedade, enquanto perdurarem os efeitos da condenação; VII) os leiloeiros; VIII) os cônsules, nos seus distritos, salvo os não remunerados; IX) os médicos, para o exercício simultâneo da farmácia; os farmacêuticos, para o exercício simultâneo da medicina; X) os servidores públicos civis da ativa, federais (inclusive Ministros de Estado e ocupantes de cargos públicos comissionados em geral); e, no caso de serem servidores estaduais e municipais deve ser observada a legislação respectiva; XI) os servidores militares da ativa das Forças Armadas e das Polícias Militares; XII) os estrangeiros, sem visto permanente; XIII) os estrangeiros naturais de países limítrofes, domiciliados em cidade contígua ao território nacional; XIV) os estrangeiros, com visto permanente, para o exercício das seguintes atividades: 1) pesquisa ou lavra de recursos minerais ou de aproveitamento dos potenciais de energia hidráulica; 2) atividade jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens; 3) serem proprietários ou armadores de embarcação nacional, inclusive nos serviços de navegação fluvial e lacustre, exceto embarcação de pesca; 4) serem proprietários ou exploradores de aeronave brasileira, ressalvado o disposto na legislação específica; 5) os portugueses que explorem atividade jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens; XV) os brasileiros naturalizados há menos de dez anos, para o exercício de atividade jornalística e de radiodifusão de sons e de sons e imagens. O registro de índios com empresário depende de regulamentação por lei especial. Então, este tipo de natureza jurídica, Empresário Individual, acaba sendo bem útil e utilizado, quando a empresa terá um único proprietário, quando o desejo e a necessidade for o de enquadramento no regime tributário do MEI e quando o capital social da empresa for um capital baixo de forma que não justificaria a abertura de uma EIRELI, bem como o empresário se enquadre em algum dos impedimentos para a abertura de uma empresa como Empresário Individual. Confira no canal do Leonardo Hoffmam no YouTube, a série Natureza Jurídica, no qual tem um vídeo abordando esta natureza jurídica Empresário NATUREZA JURÍDICA – Leonardo Hoffmam – www.leonardohoffmam.com Página 20 Individual, bem como uma comparação entre EIRELI e Empresário Individual. Segue link do canal: https://www.youtube.com/user/leonardohoffmam 5.2. EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA-EIRELI Empresa Individual de Responsabilidade Limitada - EIRELI é uma natureza jurídica empresarial que permite a constituição de uma empresa com apenas um proprietário, o titular, que é o próprio empresário. Essa natureza jurídica foi criada em 2011 através da alteração no Código Civil e surgiu com o propósito de acabar com a figura do sócio “fictício”, prática comum em empresas registradas como sociedade limitada. No quadro de naturezas jurídicas já apresentados anteriormente, esta natureza jurídica está representada pelo número e nome: 230-5 - Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (de Natureza Empresária). Também existe uma opção para registro em cartório, que á a de natureza simples, mas como o foco aqui é a de natureza empresária, não será discorrido. A EIRELI permite a separação entre o patrimônio empresarial e privado, pois a responsabilidade do empresário é limitada ao capital social. Isso significa que caso o negócio contraia obrigações com terceiros e não as liquide, apenas o patrimônio social da empresa será utilizado para quitá-las, não obrigando o empresário a utilizar os seus bens pessoais. Isso no âmbito da responsabilidade ordinária por conta da natureza jurídica. Porém, como uma forma de garantia a terceiros, neste tipo de natureza jurídica, há a obrigatoriedade de um capital mínimo integralizado de 100 (cem) salários mínimos. Se o capital social necessário para a constituição da empresa for este ou superior, isso não será um problema. Então, este tipo de natureza jurídica, EIRELI – Empresa Individual de Responsabilidade Limitada, acaba sendo bem útil e utilizado, quando a empresa terá um único proprietário, o titular, o empresário, ou quando não há a possibilidade de enquadramento no MEI pela atividade ou pelo NATUREZA JURÍDICA Página 21 faturamento da empresa, e principalmente pelo desejo de uma proteção da pessoa física do empresário em abrir uma empresa com a responsabilidade limitada. Confira no canal do Leonardo Hoffmam no YouTube, a série Natureza Jurídica, no qual tem um vídeo abordando esta natureza jurídica EIRELI, bem como uma comparação entre EIRELI e Empresário Individual. Segue link do canal: https://www.youtube.com/user/leonardohoffmam 5.3. SOCIEDADE EMPRESÁRIA LIMITADA- LTDA Várias pessoas podem não saber, mas a sigla Ltda, que acompanha o nome de algumasempresas, caracteriza o tipo de sociedade mais comum no Brasil: a de responsabilidade limitada. O principal objetivo dessa forma de sociedade é regulamentar a abertura de uma empresa a partir do investimento dos sócios para o capital social. O termo limitada, significa que cada sócio tem a sua responsabilidade limitada ao valor do capital social que subscrever. A sociedade limitada protege o patrimônio pessoal de cada sócio no caso de falência, fechamento ou desligamento da empresa, uma vez que a participação no capital social da empresa é regulamentada por cotas de responsabilidade limitada. Existem naturezas jurídicas para abertura de uma sociedade limitada tanto no cartório quanto na junta comercial, ambos têm a proteção da responsabilidade limitada. Não obstante, o nosso foco aqui será a Sociedade Empresária Limitada, registrada na Junta Comercial. Na tabela de natureza jurídica o seu código e descrição é: 206-2 - Sociedade Empresária Limitada A Sociedade Empresária Limitada, é uma das mais conhecidas e comuns no mercado brasileiro atualmente, é uma natureza jurídica de uma sociedade com fins lucrativos e tem por característica principal ser NATUREZA JURÍDICA – Leonardo Hoffmam – www.leonardohoffmam.com Página 22 constituída por dois ou mais sócios. Cada sócio, vai responder, subscrever e integralizar uma parcela deste capital social, que é constituído por cotas. Outra característica muito importante, que faz este tipo de natureza jurídica ser muito utilizada, é a responsabilidade assumida pelos sócios, que é limitada, ou seja, o empresário não responde com os seus próprios bens pessoais, caso a empresa não cumpra com suas obrigações para com terceiro, bem como não haver uma exigência mínima de capital social como é o caso da EIRELI. Como neste tipo de sociedade existem dois ou mais sócios, é necessário indicar qual ou quais são os sócios administradores e as responsabilidades e autonomia de cada sócio em relação aos atos societários, que é importante estar definido no contrato social. Neste tipo de natureza jurídica, a sociedade empresária limitada, há um contrato social, no qual vai estabelecer várias questões societárias, quem será o sócio administrador e as responsabilidades e autoridades de cada sócio, bem como o percentual de participação de cada sócio, questões de distribuição de lucros, enfim, todas as principais questões importantes e outra obrigatórias a constar no contrato social. Então, este tipo de natureza jurídica, a Sociedade Empresária Limitada, acaba sendo muito utilizado, quando a empresa terá dois ou mais sócios e se deseja limitar a responsabilidade dos sócios ao capital subscrito por cada sócio, havendo assim uma separação muito clara entre a pessoa jurídica da empresa e a pessoa natural dos sócios, não se confundindo estas duas. Como citado anteriormente, esta questão das responsabilidades limitadas e ilimitadas, bem como a questão da responsabilidade ordinária ou extraordinária, é um ponto bem complexo e interessante. Caso o leitor desta obra tenha interesse em se aprofundar, tem uma obra do contador Leonardo Hoffmam que aprofunda esta questão de forma bem prática e objetiva. Pesquise nas maiores livrarias digitais pela obra “Responsabilidade Tributária dos Sócios e Administradores”, do autor Leonardo Hoffmam, ou acesse a Amazon em: https://www.amazon.com.br/Responsabilidade- tribut%C3%A1ria-dos-s%C3%B3cios-administradores- ebook/dp/B071Z33PV6/ref=sr_1_1?ie=UTF8&qid=1505678953&sr=8- 1&keywords=responsabilidade+tribut%C3%A1ria+dos+socios NATUREZA JURÍDICA Página 23 Confira no canal do Leonardo Hoffmam no YouTube, a série Natureza Jurídica, no qual tem um vídeo abordando esta natureza jurídica Sociedade Empresária Limitada, bem como uma comparação entre EIRELI e Empresário Individual. Segue link do canal: https://www.youtube.com/user/leonardohoffmam 5.4. SOCIEDADE ANÔNIMA-SA A Sociedade Anônima, também chamada de companhia ou sociedade por ações ou simplesmente SA, é uma forma de natureza jurídica definida na abertura de uma empresa com fins lucrativos que tem seu capital dividido em ações. Ou seja, duas ou mais pessoas se unem para fazer a abertura de uma empresa, e esta abertura da empresa se dá na natureza jurídica de Sociedade Anônima. Os sócios, que são os investidores e proprietários da empresa, são chamados de acionistas e têm responsabilidade limitada ao preço da emissão das ações adquiridas. Este tipo de sociedade, a Sociedade Anônima, se dividem e se diferencial em dois tipos: Sociedade Anônima de Capital Fechado; e a Sociedade Anônima de Capital Aberto. Esta separação, se dá, na forma de como elas negociam os seus valores mobiliários. No quadro de naturezas jurídicas já apresentados anteriormente, esta natureza jurídica está representada pelos números e nomes, se aberta ou fechada, conforme segue: 204-6 - Sociedade Anônima Aberta; 205-4 - Sociedade Anônima Fechada. Além de várias questões legais constantes no Código Civil Brasileiro, Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002, a Sociedade Anônima também é regida por outras leis, uma das mais importantes é a Lei 6404/76, conhecida como Lei das Sociedades por Ações. Importante ressaltar, que quando a S.A. é de NATUREZA JURÍDICA – Leonardo Hoffmam – www.leonardohoffmam.com Página 24 capital aberto, ela também está sujeita às normas e resoluções da CVM- Comissão de Valores Mobiliários, bem como está sujeita à fiscalização deste órgão. Na Sociedade Anônima de Capital fechado, seus valores mobiliários não passam por negociações na bolsa de valore ou mercado de balcão, pois não tem autorização para fazer esta negociação. A negociação é feita diretamente com a empresa e seus acionistas detentores da ação. Ou seja, caso o investidor queira comprar alguma ação de uma Sociedade Anônima de Capital Fechado, ele precisa negociar diretamente com os acionistas da empresa ou com algum de seus representantes nomeados para esta tarefa, não bastando querer comprar e ter o dinheiro, tem que convencer algum sócio a vender e também tem que observar as regras do estatuto da sociedade, se há algum limite, restrição ou critério especial de preferência ou oferta. Já na Sociedade Anônima de Capital aberto, os seus valores mobiliários podem ser negociados no mercado de valores mobiliários, que é composto pela bolsa de valores ou mercado de balcão. Ou seja, bastaria o investidor ter dinheiro, querer e estar livre e desimpedido para o fazer, para que a compra seja efetivada, pois bastaria o investidor se cadastrar em uma corretora de valores, transferir o dinheiro para a sua conta na corretora na corretora e efetuar a ordem de compra da ação pretendida. Uma questão muito importante, quando se fala em valores mobiliários, não são simplesmente ações, não se limita a isso. Claro, as ações são o principal valor mobiliário, pois são elas que compõe o capital social da empresa, são elas as mais negociadas e procuradas por investidores e são elas que vão compor o valor de mercado da empresa, mas também existem vários outros valores mobiliários que podem ser comercializados pelas Sociedades Anônimas, tais como: debêntures, partes beneficiárias, bônus de subscrição, que são os mais tradicionais, além é claro das próprias ações, entre outras. Para a Sociedade Anônima de Capital Aberto, não necessariamente ela vai comercializar todos os tipos de valores mobiliários na bolsa de valores ou mercado de balcão, mas teria a autorização para fazê-lo. NATUREZA JURÍDICA Página 25 Então, algumas características importantes da Sociedade Anônima são: a) Constitui pessoa jurídica de direito privado. b) Possui capital dividido em ações; c) Pode ser uma sociedade aberta ou fechada, como eu falei anteriormente; d) A responsabilidade do acionista é limitada ao preço das ações adquiridas ou subscritas; e) As ações são títulos circuláveis, isto é, o acionista tem a liberdade de cedê-lase negociá-las; Confira no canal do Leonardo Hoffmam no YouTube, a série Natureza Jurídica, no qual tem um vídeo abordando esta natureza jurídica Sociedade Empresária Limitada, bem como uma comparação entre EIRELI e Empresário Individual. Segue link do canal: https://www.youtube.com/user/leonardohoffmam 6. CONCLUSÃO E ENCERRAMENTO Esta tarefa do empresário de escolher qual será a natureza jurídica que adotará na abertura de sua empresa, pode parecer uma questão complicada, pois de certo existem vários conceitos legais que não são informações corriqueiras para a maioria das pessoas. Não obstante, diante das necessidades, tanto do empresário ou sócios, e diante do tipo de atividade, volume de faturamento e necessidade de investimentos no capital social da empresa, com a ajuda de seu contador, esta passa a ser uma tarefa relativamente fácil, principalmente se comparado com as diversas responsabilidades, obrigações e desafios que virão para o empresário e para a empresa após sua abertura e durante a sua operação. Então, se você leitor, não for um especialista nesta área e achou um tanto complexo este tema, não se preocupe, pois no momento que você for efetuar a abertura de sua empresa, procurando um bom contador para cuidar do seu NATUREZA JURÍDICA – Leonardo Hoffmam – www.leonardohoffmam.com Página 26 negócio, ele irá lhe auxiliar nesta e em outras tarefas, ao que você terá um embasamento muito mais sólido para entender e o questionar após a leitura desta obra, o que se pretendia como objetivo principal desta. Se você ainda tem dúvidas, tem algum questionamento ou está precisando de um contador e uma empresa de contabilidade para lhe ajudar e entender melhor esta questão, abrir a sua empresa e efetuar os trabalhos rotineiros contábeis, fiscais e de folha de pagamento de sua empresa, eu, Leonardo Hoffmam e minha empresa estou à sua disposição. Seguem os meus contatos abaixo. Espero que você tenha gostado deste conteúdo e lhe desejo muito sucesso profissional, principalmente se o caminho escolhido tenha sido o nobre caminho do empreendedorismo. Um grande abraço, Leonardo Hoffmam www.leonardohoffmam.com leonardo@hoffmam.com Hoffmam Contabilidade e Gestão Ltda – www.hoffmam.com contabilidade@hoffmam.com – 31-25552617 NATUREZA JURÍDICA Página 27 7. SOBRE O AUTOR Prof. Me. Leonardo Hoffmam de Oliveira Mestre em Administração pela Fundação Dr. Pedro Leopoldo (FPL), Pós-graduado em Gestão Financeira e Controladoria pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), Pós- graduado em Gestão Fiscal e Tributária pelo Instituto de Educação Continuada da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (IEC PUC-MG), Graduado em Ciências Contábeis pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC- MG), Técnico em Contabilidade pelo Instituto Municipal de Administração e Ciências Contábeis (IMACO), e estudante de direito. Possui vasta experiência no mercado, atuando em empresas Nacionais, Multinacionais, Condomínios Comerciais e Residenciais. É sócio, contador e responsável técnico da Hoffmam Contabilidade e Gestão, além de sócio e diretor em outras empresas, bem como professor em cursos independentes e cursos de Graduação e Pós-graduação. CONTATOS: SITE HOFFMAM: http://www.hoffmam.com SITE LEONARDO HOFFMAM: http://leonardohoffmam.com YOUTUBE: https://www.youtube.com/user/leonardohoffmam FACEBOOK: https://www.facebook.com/ContadorLeonardoHoffmam E-MAIL: leonardo@hoffmam.com TELEFONE: (31) 2555-2617 LIVRO REFERÊNCIA: https://www.amazon.com.br/Responsabilidade- tribut%C3%A1ria-dos-s%C3%B3cios-administradores- ebook/dp/B071Z33PV6/ref=sr_1_1?ie=UTF8&qid=1505678953&sr=8- 1&keywords=responsabilidade+tribut%C3%A1ria+dos+socios NATUREZA JURÍDICA – Leonardo Hoffmam – www.leonardohoffmam.com Página 28 REFERÊNCIAS: BRASIL. Código Civil, Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002. BRASIL. Código Tributário Nacional, Lei 5.172, de 25 de outubro de 1966. BRASIL. Lei das Sociedades por Ações, Lei 6404, de 15 de dezembro de 1976. COASE, Ronald H. The problem of social cost. The firm, the market and the Law. Chicago, Londres: University of Chicago Press, 1990, p. 40. apud SZTAJN, Rachel. op. cit. p. 187 BRASIL. Decreto 3000/1999. Regulamento do Imposto de Renda. HOFFMAM, Leonardo. Responsabilidade tributária dos sócios e administradores. Belo Horizonte: Simplíssimo, 2017. IBGE-Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, consulta em 15.09.2017, disponível no site https://concla.ibge.gov.br/estrutura/natjur-estrutura/natureza- juridica-2016.html IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARION, José Carlos. Contabilidade comercial: atualizado conforme o novo Código Civil. 7ª ed. 3ª reimpressão. São Paulo: Atlas, 2008. NEGRÃO, Ricardo. Manual de direito comercial e de empresa. Volume 1. 7ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010. SZTAJN, Rachel. Teoria jurídica da empresa: atividade empresária e mercados. São Paulo: Atlas, 2004, p. 72.
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