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IEM- unime - Meus resumos

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Maria Carolina Braga Sampaio 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Maria Carolina Braga Sampaio 
 
Problema 01 
 
Método PBL no Brasil 
 A ABP (Aprendizagem Baseada em Problemas) 
foi concebida no Canadá nos anos 1960 na 
Universidade de McMaster e se espalhou pelo 
mundo, inclusive no Brasil, contando na 
atualidade com expressivo número de 
instituições; 
 Em 2014 existiam no Brasil 218 Escolas Médicas → 
19% declaravam utilizar o método PBL; 
 A Universidade Estadual de Londrina (UEL) e a 
Famema são pioneiras, adotando o método na 
década de 90 (tiveram como referência o método 
de Charlez Magnerez); 
 As sessões tutoriais são a base do PBL e interagem 
com os componentes curriculares e o 
conhecimento básico e clínico; 
 As fontes para os problemas podem ser: casos 
descritos em papel, pacientes reais, pacientes 
simulados, exames laboratoriais, vídeos, áudios, 
textos de jornal ou revistas e artigos científicos. 
 
Diferença do método PBL para o tradicional 
PBL 
 Centrado no estudante e baseado na solução de 
problemas; 
 Os alunos recorrem aos conhecimentos prévios, 
reforçando o papel ativo do aluno → aprender 
como aprender → autonomia intelectual; 
 Estimula habilidades técnicas, cognitivas, de 
comunicação, respeito à autonomia do estudante e 
o trabalho em pequenos grupos; 
 O grupo tutorial é a base do método; 
 O conhecimento ocorre de maneira inversa (da 
prática para a teoria); 
 Dinâmica espiralar; 
 
 
 Muitas vezes possui uma rígida hierarquia e uma 
distância entre professor e aluno → são 
dicotomizados; 
 O professor é o único detentor do conhecimento → 
transferência passiva; 
 Maior relação de poder; 
 Informativo; 
 Teoria predomina sobre prática; 
 Disciplinas isoladas. 
 
Cenários de aprendizagem do PBL na Unime 
Dividido em módulos temáticos → 3 em cada 
semestre, que são compostos pelos seguintes 
componentes curriculares: 
 As sessões tutoriais ocorrem em salas com um 
grupo de alunos de no máximo 10 pessoas e um 
tutor. 
Existe: 
 
Coordenador: quem organiza a tutoria → é um 
aluno do grupo; 
Relator: Sintetiza o que foi dito através de um 
mapa conceitual → é um aluno do grupo; 
 
Relator e coordenador são sorteados a cada 
novo problema. 
 
Tutor: Avalia e instiga o grupo, para que não perca 
o foco dos objetivos que precisam ser discutidos 
→ é um professor. 
 
 Há a resolução de um problema durante duas 
(abertura e fechamento) ou três (abertura, 
intermediária e fechamento) sessões, através dos 
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Maria Carolina Braga Sampaio 
 
objetivos educacionais que precisam ser 
definidos pelo próprio grupo, mas que estejam 
de acordo com os que foram definidos pelo 
coordenador do módulo. 
 
 (LMF) 
 Engloba os laboratórios de Anatomia, Histologia 
e Fisiologia. 
 Engloba também o LPI; 
 Possui cadáveres, manequins, peças anatômicas, 
microscópios, lâminas histológicas e bancadas; 
 Para participar das aulas, faz-se necessário a 
higienização das mãos o uso de EPI’s 
(equipamentos de proteção individual), como por 
exemplo: jaleco; calça sem rasgos e que cubra o 
tornozelo; sapato fechado; cabelo preso e sem 
acessórios grandes; 
 
 (LPI) 
 Refere-se aos locais onde ocorrem aulas práticas 
com o intuito de demonstrar aos alunos acerca de 
metodologias e princípios utilizados no 
laboratório; 
 Contam com microscópios e bancadas. 
 
 (HM) 
 Ocorre no Núcleo de Medicina da Unime, exceto 
a estação de Anamnese que ocorre no Hospital 
Ana Nery; 
 É dividido em 12 estações, funcionando em uma 
dinâmica de rodízio, com grupos de até 7 
pessoas; 
 As aulas acontecem em salas adaptáveis, ou seja, 
possíveis de construir qualquer tipo de cenário; 
 Possui manequins, que simulam paciente, e 
matérias que possam ser utilizados durante a 
prática da estação. 
 
 (HG) 
 Auxilia no senso crítico, na forma de pesquisar as 
referências utilizadas tanto durantes os estudos 
auto dirigidos, quanto para a construção do artigo 
científico (TCC) antes do internato. 
 (PINESC) 
 Busca a interação do aluno com a sociedade, desde 
o primeiro semestre, juntamente com Secretaria 
Municipal de Saúde; 
 Grupos de alunos e preceptores vão para as 
Unidades Básicas de Saúde, escolas, creches, ruas 
ou fazem atendimento domiciliar; 
 Busca fazer com que o estudante de medicina 
tenha esse contato com a população já no início do 
curso, formando, assim, um médico mais 
humanista, que é uma das bases das DCN’s de 
2014. 
 
 São os momentos de aprender de uma forma mais 
passiva e tirar dúvidas que possam ter ficado das 
tutorias. 
 
Diretrizes Curriculares Nacionais de 2014 
 
DCN’s de 2001 
 Foram promulgadas pelo Ministério da Educação as 
DCN’s, que propunham habilidades comuns a todos os 
cursos da área de saúde e habilidades específicas para a 
graduação em Medicina. 
 
 Deixavam a desejar quanto às transformações ocorridas 
paralelamente no SUS, porque, ainda que 
preconizassem a interdisciplinaridade necessária a uma 
visão integral no cuidado do paciente, era possível 
perceber a formação de médicos pouco habilidosos na 
prática clínica e pouco envolvidos com a visão histórico-
social e humanística dos seus pacientes. 
DCN’s de 2014 
 Acompanhando uma tendência mundial em educação 
médica, as DCN’s, atualizadas em 2014, preconizam 
(aconselham) que os cursos de Medicina devem utilizar 
metodologias ativas de aprendizagem (se destaca o 
PBL); 
 Documento prevê a formação de um profissional com 
habilidades gerais, crítico, reflexivo e ético, pronto 
para atuar em todos os níveis de atenção em saúde → 
Que seja capaz de uma interação multiprofissional e de 
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Maria Carolina Braga Sampaio 
 
praticar ações de promoção, prevenção e reabilitação 
em saúde, respeitando sempre o direito do paciente à 
cidadania e à dignidade; 
 
Competências gerais: tomada de decisões, 
comunicação, liderança, administração e 
gerenciamento, educação permanente (capaz de 
aprender continuamente); 
 A organização possui diferentes modalidades → seriada 
anual, seriada semestral, sistema de créditos e modular 
→ que deverá ser definida pelo colegiado; 
 
 Estágios (com supervisão direta de docentes) e 
atividades complementares (monitorias, iniciação 
científica, extensão.) 
 
 
Código de Ética do Estudante de Medicina 
 Elaborado em 2016 pela Comissão Especial do 
Conselho Federal de Medicina, com o apoio dos 
Conselhos Regionais de Medicina → Está sempre 
sendo atualizado. 
: estabelece os limites, os 
deveres e direitos dos médicos nas suas relações entre si, 
com os pacientes e a sociedade em todas as possíveis 
formas de exercício da medicina (atendimento, ensino, 
pesquisas, gestão). 
 Carta de princípios universais, aplicáveis a todos os 
contextos; feito por médicos, professores e estudantes 
de medicina do País. 
 
 São 45 artigos organizados em 6 diferentes eixos; 
 
Existem 18 princípios fundamentais 
 O estudante de medicina deve estar a serviço da saúde 
do ser humano e da coletividade, sem discriminação; 
 Compromissos humanísticos e humanitários, com 
promoção e manutenção do bem-estar físico, mental e 
social dos indivíduos e da coletividade; 
 Aprimoramento dos conhecimentos e usar o melhor do 
progresso científico e de sua formação em benefício dos 
pacientes; 
 Respeito e prudência → não usar o conhecimento para 
causar danos físico ou moral, extermínio do ser humano 
ou acobertar tentativa contra dignidade e integridade; 
 Atividades acadêmicas não podem ser exploradas para 
lucro, finalidade política ou religiosa; 
 Sigilo das informações → a quebra é responsabilidade 
do médico-assistente; 
 Promover ações para melhorar o sistema e os serviços 
de saúde; 
 Apontar aos responsáveis atos dos colegas que 
contrariem o Código; 
 Deve conhecer e compreender como será a vida 
profissional de acordo com o Código de Ética Médica; 
 
Os eixos 
Eixo 1- relação do estudante com as instituições
de 
ensino e de saúde: 
 Aplicar as condutas de biossegurança; postura e 
vestimenta segundo as normas da instituição; 
identificação visível durante atendimentos; 
 Liberdade para questionar decisões e apontar falhas nos 
regulamentos; 
 Respeito aos funcionários; 
 O estudante é integrante do sistema de saúde; 
 
Eixo 2- relação do estudante com o cadáver: 
 Respeito ao cadáver, no todo ou em parte, incluindo 
qualquer peça anatômica, assim como modelos 
anatômicos utilizados com finalidade de aprendizado; 
Pesquisa feita com discentes do primeiro ano do 
curso de Medicina de uma instituição particular de 
educação superior, situada em MG: 
 O único aluno do primeiro período que declarou ter 
conhecimento de ambas as DCN’s destacou que o 
fato de o estudante ter contato com pacientes já no 
início do curso contribui enquanto experiência; 
 Cuidar da própria saúde física e mental e alcançar o 
bem-estar como médico e cidadão é a expectativa de 
46% do total de respondentes da pesquisa. Contudo, 
nas novas diretrizes não constam incisos que 
detalhem as questões referentes à própria saúde do 
discente em comparação às diretrizes anteriores, 
que especificavam claramente como um dos deveres 
dos egressos das escolas médicas do País a atenção 
com a própria saúde mental, física e social. 
 Mais de 60% dos alunos declararam a pretensão de 
se tornar médicos especialistas/sub especialistas, 
em oposição a apenas 5,3%, que expressaram o 
desejo de se formar generalistas, um dos focos das 
DCN de 2014. 
 
Se liga! 
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Maria Carolina Braga Sampaio 
 
Eixo 3- relações interpessoais do estudante: 
 Direito de se posicionar contra qualquer tipo de trote 
que pratique violência ou danos; 
 Direito de se organizar em atléticas, ligas, diretórios 
acadêmicos dento de sua instituição; 
 Dedicar a atenção inteiramente às atividades, evitando 
aparelhos eletrônicos e conversas alheias; 
 Direito do acadêmico ter reconhecimento em 
publicações científicas; 
 Atendimento deverá ter supervisão médica; 
 É vedado praticar atos identificando-se como médico 
(exercício ilegal da medicina); 
 Respeitar a privacidade dos pacientes; 
 Garantir que o paciente compreenda as informações; 
 Escrever, de forma correta, clara e legível o prontuário. 
 
Eixo 4- responsabilidade do estudante com os seus 
estudos/formação: 
 Não pode receber remuneração pela sua atividade, 
apenas bolsas regulamentadas; 
 Os dados ou dúvidas sobre pacientes devem ser 
passadas confidencialmente e NÃO pode circular em 
grupos recreativos; 
 Equidade na atenção à saúde (tratamento 
diferenciado de acordo com as necessidades do 
paciente); 
 
Eixo 5- relação do estudante com a sociedade 
 Defender o acesso universal à saúde → estudante é 
formador de opinião (visar a prevenção de doenças e 
a melhoria da saúde coletiva); 
 
Eixo 6- relação do estudante com a equipe 
multiprofissional 
 Buscar fomentar o trabalho em equipe; respeitar a 
atuação de cada profissional no atendimento; 
 Deve alertar qualquer profissional de saúde quando 
identificada alguma situação que julgue trazer risco ao 
paciente; 
 Deve participar e reconhecer suas limitações; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Problema 02 
 
 
 
 
 
Planos anatômicos: são planos hipotéticos usados para 
dividir o corpo humano de forma a descrever a localização 
de estruturas ou a direção dos movimentos. 
 Sagital: plano vertical → passa longitudinalmente 
através do corpo; (sentido anteroposterior) → Divide 
em metades direita e esquerda. 
 Coronal (frontal): Corta o corpo lateralmente, de uma 
orelha a outra. Passa exatamente na sutura coronal do 
crânio. Também pode ser chamado de plano frontal → 
Divide em anterior ou posterior. 
 Transversal (axial): Corta o corpo transversalmente, 
também é chamado de plano axial → Divide em 
superior ou inferior. (mais adequado para o estudo da 
pelve) 
 
Posição anatômica: posição ortostática, ou seja, em pé, 
face voltada para frente, membros superiores e inferiores 
estendidos, palmas das mãos voltadas para frente, assim 
como os dedos dos pés. 
Parede abdominal 
Importante o conhecimento das camadas da parede 
abdominal para um acesso cirúrgico seguro aos órgãos 
abdominais e pélvicos. 
 
 Camadas da parede abdominal 
1. Pele 
2. Tecido subcutâneo: Fáscia de Camper (capa 
gordurosa) e Fáscia de Scarpa (capa membranosa); 
3. Parede musculoaponeurótica: Bainha e M. reto do 
abdome, M. oblíquo externo e interno; 
4. Fáscia transversal 
5. Peritônio parietal 
 
 
 
 Estabilização da pelve durante movimento e repouso, 
além de proteger órgão abdominais e auxiliar a 
musculatura dorsal. 
 Coluna lombar é sua única proteção óssea. 
 As porções musculares anterolateral e posteriores se 
adaptam ao período gestacional → a distensão abdominal 
do período pode determinar linhas violáceas (estrias 
gravídicas) e linhas albicans (após o parto). 
 
Pelve feminina 
Importante o conhecimento das camadas da parede 
abdominal e pélvica. (Zugaib) 
Cintura pélvica 
Formada pelo osso do quadril (fusão do ílio, ísquio e 
púbis) + Sacro + Cóccix; 
O par de ossos do quadril (coxal) estão fixados 
posteriormente ao sacro (articulação sacroilíaca) e 
anteriormente a sínfise púbica. Formando um anel ósseo, 
onde há o sistema reprodutor feminino, o reto e o canal 
anal. 
A cavidade pélvica está dividida em duas partes por um 
plano horizontal, que vai do promontório do osso sacro 
até a margem superior da sínfise púbica a circunferência 
superior e inferior da pelve. 
 A linha arqueada ou abertura superior da pelve (es-
treito superior) divide a pelve em pelve falsa ou maior, 
cavidade localizada a cima desta circunferência e a que 
se encontra por baixo é a pelve verdadeira ou menor 
(por baixo da linha arqueada). 
Limites 
Pelve falsa/maior: 
 Posteriormente: fossa ilíaca; 
 Anteriormente: parede abdominal → por isso é 
capaz de se expandir; 
Pelve verdadeira/menor: Rodeada por todos os lados por 
osso (expansão restrita) → 2 ossos ilíacos, região sa-
crococcígea da coluna vertebral e pela sínfise púbica, sendo 
seus diâmetros de extrema importância no parto vaginal. 
 
1. Identificar os planos anatômicos da 
pelve feminina e as prováveis dificuldades 
encontradas pelo Sr. Jacob, na época; 
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Maria Carolina Braga Sampaio 
 
 A pelve maior que é a área mais alta da estrutura onde 
órgãos inferiores se acomodam e a pelve menor que 
abriga algumas vísceras e o períneo, sendo estes, 
separados pelos músculos do assoalho pélvico. 
 A margem pélvica coincide com a entrada da pelve 
verdadeira (limite superior) 
 A abertura inferior da pelve menor/ verdadeira é 
chamada de abertura inferior da pelve. 
 Existem diferenças entre a pelve masculina e feminina, a 
maioria relacionada com a gestação e parto. 
 
Região vulvoperineal ou períneo 
 Situada entre a sínfise púbica e o cóccix; 
 Constituída pelos órgão genitais externos e assoalho 
pélvico; 
 
Se divide em: 
Trígono urogenital → anteriormente 
Trígono anal → posteriormente 
 
Assoalho pélvico: Formado pelo diafragma pélvico, 
diafragma urogenital e pela fáscia endopélvica 
Diafragma pélvico: superior ao urogenital. 
Formado por: MM levantadores do ânus + 
 M. isquiococcígeo (parece um leque): 
auxilia o levantado do ânus a sustentar os 
órgãos da pelve e no ato de defecar. 
 São MM profundos, estão por baixo da fáscia perineal; 
 Na porção medial do diafragma pélvico está localizado 
o hiato urogenital, espaço ovalado por onde passam a 
uretra, vagina e reto. 
 
Diafragma urogenital: por baixo do diafragma pélvico mais 
precisamente inferior ao hiato urogenital. 
Formado por: M. transverso superficial do períneo e por 
suas fáscias superior e inferior + M. bulboesponjoso
+ M. 
isquiocavernoso + Esfíncter externo do ânus. 
 
Dificuldades 
Cesariana feita em 1500 
 A origem da cesariana ainda é desconhecida e consta 
com diversas versões; 
 
Segundo Zugaib (2012) a cesariana na Idade Média, era 
realizada apenas após a morte materna, com intuito de 
salvar a vida do feto. Foi no Renascimento que a cirurgia 
passou a ser feita em mulheres vivas, havendo 
preocupações com a mãe e com o filho. Somente no início 
do século XX houve repercussão nesta mudança, 
observando quedas acentuadas na morbimortalidade 
materna e perinatal. 
 
Zugaib (2012) ainda comenta que no início do século XXI 
passou a existir preocupações além do binômio materno-
fetal estendendo-se aos desejo e preferencias da paciente. 
 
Rezende (2009) refere que em 700 a.C a lei Romana proibia 
o funeral de toda gestante morta, antes da retirada do feto 
através da Cesária. Os fetos que nasciam com vida eram 
chamados de cessões ou césares. 
 
Jacob Nufer, em 1500 na Suíça realizou em sua esposa, 
segundo Rezende (2009) a primeira cesariana em vida. 
Jacob não era médico e nem cirurgião barbeiro, era apenas 
acostumado a castrar porcas. 
 
 Jacob buscou parteiras e cirurgiões-barbeiros da época 
para realizar o parto de seu filho o que estava com 
dificuldades para nascer, como não obteve sucesso, ele 
mesmo resolveu fazer a cirurgia, igual praticava com suas 
porcas. 
 A primeira dificuldade encontrada pelo Jacob estava em 
encontrar alguém capaz de realizar o procedimento, 
recusado pelo barbeiro, que na época era quem realizava 
alguns procedimentos cirúrgicos. Além dos riscos de não 
conhecer a anatomia humana, mesmo que muitos tragam 
que é similar a dos porcos. 
 Na história apontada por Rezende (2009) não mostra qual 
técnica utilizada e qual terapêutica adotada. 
 Até pouco antes de 1900 a técnica de abertura utilizada era 
a vertical → infraumbilical, com danos mínimos ao tecido 
subcutâneo e não há separação do plano muscular em 
relação a aponeurose. 
Aponeurose → plano muscular → MM. Retos abdominais 
e o piramidal são separados da linha média → disseca a 
fáscia transversal e a gordura pré-peritoneal chegando ao 
peritônio parietal. 
 1896 início da incisão transversa (Pfannenstiel) e até os 
dias atuais é mais utilizada. ↓ da incidência de hérnias. 
Incisão transversa é suprapúbica. 
 
 
 
 
 
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Maria Carolina Braga Sampaio 
 
 
A forma de encarar as doenças e seus tratamentos se 
transformaram no decorrer da História. 
 
Período Paleolítico (de 2,5 milhões a 10 mil anos 
a.C.): As doenças têm causas genéticas ou de 
traumatismos devido ao modo de vida nômade à base de 
pesca, caça e coleta. Tratamentos segundo crenças 
místicas, sobrenaturais, são realizados por especialista 
(feiticeiro ou xamã) ou de forma empírica – como a 
descoberta de ervas que aliviavam a dor. 
Período Neolítico (10 mil a 3 mil anos a.C.): Início do 
sedentarismo e da agricultura pelos humanos. Com o 
acúmulo populacional, surgem doenças 
infectocontagiosas de causas consideradas religiosas e 
advindas de conhecimentos místicos e astrológicos. 
Tratamentos são realizados por sacerdotes mediante 
rituais. Surge o tratamento de parasitoses, como as que 
aconteciam no Egito. 
Antiguidade Clássica (Século VIII a.C. ao V. d.C.): 
Surgem as primeiras epidemias. Médicos gregos são como 
artesãos que vendem serviços. Com o conhecimento 
filosófico, a epilepsia (e outras enfermidades passam a ser 
explicadas por causas naturais e não sobrenaturais). 
Idade Média 
-Alta Idade Média (Séculos V ao X): A Igreja Católica 
detém o conhecimento médico e acolhe os doentes. 
Doenças são vistas como castigos de Deus. A medicina 
praticada pelos monges era simples e baseada em 
conhecimentos populares, usando ervas medicinais e 
fazendo sangrias e emplastos. 
-Baixa Idade Média (Séculos XI ao XV): Época de 
doenças que dizimaram populações, como tifo, cólera e a 
peste negra. A Igreja não consegue mais explicar todos os 
fenômenos e doenças. Surge o primeiro centro medieval de 
medicina leiga, a Escola de Salerno, na Itália. Lá se estuda 
e se desenvolve a cirurgia, até que no século XIII hospitais 
surgem na Europa. 
Renascimento (Séculos XV ao XVI): Florescimento da 
ciência, do antropocentrismo e do experimentalismo até 
que o primeiro grande livro que explica a anatomia 
humana (Fabrica) é lançado em 1543. Willian Harvey 
descobre a circulação sanguínea. As doenças 
predominantes, como as venéreas, o escorbuto e a 
tuberculose, surgem a partir da reurbanização e das 
grandes navegações. 
Idade Moderna (Séculos XV ao XVIII): A evolução da 
física, da química e do método cartesiano leva ao 
desenvolvimento de correntes de explicação das doenças 
em conformidade com a visão do corpo humano como 
máquina. Iniciam-se estudos sobre o sistema nervoso e se 
descobrem áreas específicas no cérebro responsáveis por 
diferentes funções, bem como a existência dos neurônios. 
Em 1796, registrasse a primeira vacina (contra a varíola). 
Doenças passam a ser mais bem descritas. Surgem os 
hospitais modernos e os médicos iniciam sua 
regulamentação profissional com características liberais. 
Idade Contemporânea 
-Séculos XVIII ao XIX: Mudança de paradigmas na 
explicação das doenças com a revolução pasteuriana 
(descoberta da microbiologia). 
 Início dos estudos de doenças neurológicas e psíquicas 
com Freud. 
 Novas tecnologias (como anestesia e esterilização) 
proporcionam o desenvolvimento de técnicas cirúrgicas. 
 Vacinas ajudam a prevenir doenças; 
 Gregor Mendel começa a estudar a genética. 
 Número de nascimentos supera o de mortes graças a 
melhores condições de vida, saneamento e trabalho. 
 Revolução biológica: grande quantidade de informação 
científica e de técnicas acentua uma prática médica cada 
vez mais especializada → Neurologia, infectologia, 
cirurgia, psiquiatria, entre outras. 
-Século XX: 
 Em meio a guerras, surgem as transfusões de sangue. 
 A Medicina se torna mais tecnológica com meios para fazer 
diagnósticos específicos e tratamentos, como a 
radioterapia. 
 1928, Alexander Fleming descobre a penicilina e suas 
propriedades antibióticas. 
 1953, a revista Nature publica artigos sobre o DNA que se 
tornam amplamente conhecidos e abrem as portas para 
estudos sobre o genoma humano, células-tronco e curas de 
doenças a partir desse conhecimento. 
 
 
 
 
 
 
 
2. Descrever os principais marcos históricos 
da medicina e a forma com que o conhecimento 
médico foi sendo elaborado e transmitido, e 
suas relações com a sociedade de cada época; 
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Doenças genéticas e 
pelo estilo de vida 
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Médicos gregos são 
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vendem serviços
Enfermidades passam 
a ser explicadas por 
causas naturais e não 
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Igreja Católica detém o 
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Doenças são vistas 
como castigos de Deus
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conhecimentos 
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Surgimento da: tifo, 
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Igreja não consegue 
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Primeiro centro 
medieval de medicina 
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Século XIII hospitais 
surgem na Europa.
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Florescimento da ciência, 
do antropocentrismo e do 
experimentalismo 
1543: primeiro livro de 
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Willian Harvey descobre a 
circulação sanguínea
Doenças predominantes,: 
venéreas, o escorbuto e a 
tuberculose
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Explicação das doenças em 
conformidade com a visão 
do corpo humano
Estudos sobre o sistema 
nervoso
1796: primeira vacina
(contra a varíola)
Surgem os hospitais 
modernos e os médicos 
iniciam sua 
regulamentação 
profissional
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Descoberta da 
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doenças neurológicas e 
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estudar a genética
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mais especializada
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Surgem as transfusões de 
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Medicina mais 
tecnológica com 
diagnósticos específicos e 
tratamentos
1928, Alexander Fleming
descobre a penicilina
1953: DNA
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Período Descoberta Quem Como Consequência 
1543 
Anatomia 
moderna 
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Antes dele os médicos não dissecavam cadáveres 
Avanços no estudo de 
doenças e 
tratamentos 
1675 Bactérias 
Antony van 
Leeuwenhoek 
Não era professor nem médico, apenas um 
comerciante que fabricava e usava microscópios → 
descobriu por acaso as bactérias → criaturas 
minúsculas agitando-se em uma pequena amostra da 
água de chuva que havia se acumulado em uma tina. 
Descoberta de uma 
das maiores causas de 
doenças e mortes 
1628 
Circulação 
sanguínea 
William 
Harvey 
Para mostrar o caminho do sangue aos incrédulos, 
Harvey abria um porco vivo durante suas palestras → 
dedicou a vida a estudar o funcionamento e a 
anatomia do coração, veias e artérias 
Avanços no estudo de 
doenças e técnicas 
cirúrgicas 
1796 Vacina 
Edward 
Jenner 
A varíola matava até 40% dos doentes, também 
atacava o gado, cavalos e porcos. O britânico Jenner 
descobriu que, se uma pessoa fosse contaminada 
pela ferida da varíola bovina, uma forma muito mais 
branda da doença, ficaria livre de pegar a varíola 
humana. Estava descoberto o princípio da vacina. 
Prevenção contra 
varíola e outras 
doenças graves 
1842 Anestesia 
Crawford 
Long 
Até o século 19, os pacientes costumavam desmaiar 
de dor e desespero durante as operações. Foi 
quando se descobriu o poder anestésico do éter 
convenceu um paciente a cheirar uma toalha 
embebida em éter até ficar inconsciente. Quando 
acordou, o sujeito estava sem um cisto no pescoço, 
sem memória das últimas horas e, melhor, não 
precisou sentir as dores atrozes da cirurgia. 
Cirurgias indolores e 
mais bem-sucedidas 
1895 Raios X 
Wilhelm 
Röntgen 
Investigava uma estranha luz amarelo-esverdeada 
emitida por um aparelho em seu laboratório, 
desconfiado chamou a esposa e pediu a ela que 
colocasse a mão sobre uma chapa fotográfica e ligou 
o tal aparelho por seis minutos. Quando revelou a 
chapa, encontrou o desenho dos ossos dos dedos e a 
silhueta de sua aliança. Eram os raios X. 
Método para 
diagnósticos mais 
rápidos e precisos 
1906 
CULTURA DE 
TECIDOS 
 
Ross Harrison 
Zoologista americano Harrison descobriu como 
cultivar células vivas em laboratório, 
independentemente das plantas ou animais de onde 
vieram. A descoberta permitiu estudar moléculas e 
células de organismos vivos, desenvolver vacinas 
contra poliomielite, sarampo, caxumba e raiva, 
auxiliar na busca de indícios que ajudem a descobrir 
a causa do câncer e da aids. 
Revolução no estudo 
das doenças 
 
1929 
ANTIBIÓTICOS 
 
Alexander 
Fleming 
 
A melhor arma contra 
bactérias 
1953 DNA 
Maurice 
Wilkins 
A maior parte dos méritos pela descoberta do DNA 
coube a James Watson e Francis Crick → mistério da 
estrutura de espiral → físico neozelandês Wilkins, o 
primeiro a isolar uma molécula de DNA e fotografá-
la com raios X, revelando a forma helicoidal 
Revolução na biologia 
molecular 
 
10 
 
Maria Carolina Braga Sampaio 
 
4. Verificar a legislação vigente referente ao 
exercício profissional da Medicina – lei do ato 
médico (Lei 12.842/2013) e seus respectivos 
vetos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Conhecimento empírico: é o que procede da experiência, 
das sensações e percepções. A teoria do conhecimento 
empírico é chamada de Empirismo. 
 Inglaterra final do sec. XVI 
 Os médicos praticavam a medicina a partir apenas das 
suas experiências. 
 Termo que refere ao conhecimento que procede apenas 
da experiência, ou seja, que não considerou 
investigações racionais a respeito. 
 O Empirismo foi uma corrente filosófica caracterizada 
pela valorização da experiência como fonte do 
conhecimento e que rejeita a noção de ideias inatas e/ou 
anteriores e/ou independentes da experiência, que é 
entendida como guia e critério de validade. 
 Valoriza a experiência humana e a realidade concreta, os 
empiristas se opunham à metafísica especulativa. 
 Beneficiava os intelectuais e cientistas que puderam 
aprofundar seus estudos a respeito da ciência 
experimental 
Experimentalismo: Metodologia científica que se 
fundamenta em procedimentos experimentais ou 
empíricos. (acrescida de embasamento teórico para 
formação do conhecimento). 
Quadro a cima trás as principais descobertas da medicina. 
1929: Alexander Fleming se dedicou a estudar a 
bactéria Staphylococcus aureus, responsável pelos 
abscessos em feridas abertas provocadas por armas de 
fogo. Saiu, deixando os recipientes de vidro do laboratório, 
com as culturas da bactéria, sem supervisão. Esse desleixo 
fez com que, ao retornar, encontrasse um dos vidros sem 
tampa e com a cultura exposta e contaminada com o mofo 
da própria atmosfera → prestes a jogar todo o material 
fora, percebeu que onde tinha se formado bolor, não havia 
Staphylococcus em atividade → Concluiu que o mofo, 
oriundo do fungo Penicillium, agia secretando uma 
substância que destruía a bactéria. 
 
 
 
 
 
Lei do Ato Médico: 
Todo procedimento da competência e responsabilidade 
exclusivas do médico no exercício de sua profissão, em 
benefício do ser humano individualmente ou da sociedade 
como um todo, visando à preservação da saúde, à 
prevenção das doenças, à identificação dos estados 
mórbidos, ao tratamento e à reabilitação do enfermo. 
 O ato médico deve estar sempre limitado pela lei, pelo 
código de ética, pelas possibilidades técnico-científicas 
disponíveis, pela moralidade vigente na cultura e pela 
vontade do paciente. 
 Do ponto de vista jurídico, esta resolução do CFM pode 
delimitar a responsabilidade profissional, auxiliando a 
justiça nos processos civis, penais ou trabalhistas, assim 
como o dos conselhos de ética médica. 
 Nos sinaliza um norte que nos permitirá refletir sobre o 
que deva ser considerado como um ato médico. 
 
Art. 2º O objeto da atuação do médico é a saúde do ser humano 
e das coletividades humanas, em benefício da qual deverá agir 
com o máximo de zelo, com o melhor de sua capacidade 
profissional e sem discriminação de qualquer natureza. 
Art. 3º O médico integrante da equipe de saúde que assiste o 
indivíduo ou a coletividade atuará em mútua colaboração com 
os demais profissionais de saúde que a compõem. 
Art. 4º São atividades privativas do médico: indicação e 
execução da intervenção cirúrgica e prescrição dos cuidados 
médicos pré e pós-operatórios; indicação da execução e 
execução de procedimentos invasivos, sejam diagnósticos, 
terapêuticos ou estéticos, incluindo os acessos vasculares 
profundos, as biópsias e as endoscopias; intubação traqueal; 
indicação de internação e alta médica nos serviços de atenção 
à saúde; realização de perícia médica e exames médico-legais, 
excetuados os exames laboratoriais de análises clínicas, 
toxicológicas, genéticas e de biologia molecular. 
Art. 5º São privativos de médico: perícia e auditoria médicas, 
ensino de disciplinas especificamente médicas, coordenação 
dos cursos de graduação em Medicina, dos programas de 
residência médica e dos cursos de pós-graduação específicos 
para médicos. 
Art. 6º A denominação ‘médico’ é privativa do graduado em 
curso superior de Medicina reconhecido e deverá constar 
obrigatoriamente
dos diplomas emitidos por instituições de 
educação superior credenciadas na forma da Lei de Diretrizes e 
Bases da Educação Nacional. 
3. Caracterizar o método empírico e o 
experimentalismo que produziu as primeiras 
descobertas marcantes, como os 
antibióticos, e o modelo científico adotado 
atualmente; Descrever os principais marcos 
históricos da medicina e a forma com que o 
conhecimento médico foi sendo elaborado e 
transmitido, e suas relações com a sociedade 
de cada época; 
11 
 
Maria Carolina Braga Sampaio 
 
 
 
Relatório Flexner 
Responsável pela mais importante reforma das escolas 
médicas de todos os tempos nos EUA, com profundas 
implicações para a formação médica e medicina mundial. 
Em janeiro de 1909, Abraham Flexner (1866-1959) 
iniciava no departamento médico da Tulane University, 
em New Orleans a sua famosa trajetória de visitar e 
pesquisar as 155 escolas médicas dos Estados Unidos 
e Canadá. 
Seu objetivo era avaliar a qualidade dessas escolas, 
segundo requisitos de admissão, tamanho e treinamento 
do corpo docente, orçamento e taxas para suporte da 
instituição, qualidade e adequação dos laboratórios, 
qualificações e treinamento dos professores, relações 
entre a escola e os hospitais. 
Flexner percorreu todas, sob os auspícios da Carnegie 
Foundation for Advancement of Teaching que, por sua vez, 
atendia à solicitação da American Medical Association, 
através do Council on Medical Education (CME). 
No seu clássico relatório de avaliação, Flexner concluiu que 
apenas 31 escolas apresentavam condições de funcionar 
pois, nas outras, os alunos não possuíam preparo prévio, 
não havia laboratórios e nem relação entre formação 
científica e trabalho clínico, os professores não tinham 
controle sobre os hospitais universitários, os currículos não 
eram padronizados e o ensino era comercializado; 
A Johns Hopkins, descrita como "modelo de educação 
médica", foi a base para suas recomendações, 
enfatizando os seguintes critérios: admissão após 
obtenção de diploma de escola secundária e no mínimo 
dois anos de estudos universitários, o curso deveria 
estender-se por quatro anos e seu conteúdo ser decidido 
pela CME. 
 
 
Segundo sua recomendação, as escolas particulares 
deveriam ser fechadas ou incorporadas às universidades 
existentes, professores clínicos nomeados em tempo 
integral, o ensino vincular-se à pesquisa e o controle do 
exercício profissional, realizado pela corporação médica. 
O impacto do relatório foi evidente: no período de 1910 a 
1922, o número de escolas médicas nos Estados Unidos 
passou de 131 para 81; das sete para estudantes negros, 
cinco foram fechadas, assim como três destinadas a 
mulheres. De 1910 a 1920, cerraram-se e transformaram-
se em biomédicas dezesseis escolas homeopáticas 
Análises recentes revelam que Flexner, apesar de defender 
"rigor científico e estandardização da educação médica", 
ressaltava que o treinamento, a qualidade e a quantidade 
da formação médica deveriam responder às necessidades 
da sociedade, os médicos têm obrigações sociais com a 
prevenção da doença e a promoção da saúde, devendo 
receber treinamento com amplitude necessária para 
realizar tais obrigações, e a colaboração entre medicina 
acadêmica e saúde pública das comunidades resulta em 
benefícios para ambas as partes. 
Levou à consolidação de um modelo cujos rastros 
chegaram ao presente: o de escolas médicas integradas a 
universidades, ligadas a hospitais-escola, e onde a 
experimentação, o ensino das ciências básicas e a prática 
clínica têm lugar proeminente. 
O modelo “flexneriano” é aplicado, geralmente com 
caráter pejorativo, aos currículos que apresentam uma 
divisão clara entre um período ou ciclo inicial de 
disciplinas básicas, seguido de outro dedicado aos estudos 
clínicos. Esta foi a sua proposta que se tornou mais 
conhecida, embora não a única. De fato, seu modelo de 
educação médica resistiu quase cem anos e ainda se 
encontra em vigência na maior parte das escolas médicas 
do mundo. 
Seu informe constitui, seguramente, a publicação sobre 
educação médica mais citada na literatura especializada. 
 
 
 
 
1. Descrever os modelos de formação / 
atenção médica propostos por Flexner / 
Dawson; 
 
12 
 
Maria Carolina Braga Sampaio 
 
O CONTEXTO DA EDUCAÇÃO MÉDICA NO INÍCIO DO 
SÉCULO XX 
 Como não havia necessidade de concessão estatal para 
o exercício da medicina, abolida em meados do século 
XIX, havia grande proliferação de escolas de Medicina, 
com abordagens terapêuticas as mais diversas. 
 As escolas podiam ser abertas indiscriminadamente, 
sem nenhuma padronização, estando vinculadas ou 
não a instituições universitárias, com ou sem 
equipamentos, com critérios de admissão e tempo de 
duração diferenciados e independentemente de 
fundamentação teórico-científica. 
 Permitiu reorganizar e regulamentar o funcionamento 
das escolas médicas; 
 Desencadeou um processo terrível de extirpação de 
todas as propostas de atenção em saúde que não 
professassem o modelo proposto. (ruim) 
 O grande mérito – para o bem – da proposta de Flexner 
é a busca da excelência na preparação dos futuros 
médicos, introduzindo uma salutar racionalidade 
científica, para o contexto da época. 
 Mas, ao focar toda a sua atenção neste aspecto, 
desconsiderou – para o mal – outros fatores que afetam 
profundamente os impactos da educação médica na 
prática profissional e na organização dos serviços de 
saúde. 
 Ele assume implicitamente que a boa educação médica 
determina tanto a qualidade da prática médica como a 
distribuição da força de trabalho, o desempenho dos 
serviços de saúde e, eventualmente, o estado de saúde 
das pessoas; 
 Flexner propunha a reforma do sistema escolar como 
um todo, reforma essa que recebia o título mágico de 
universidade. 
 É com este intuito e com esta visão que Flexner propõe 
o modelo alemão de educação médica e pesquisa. 
 
Modelo de pesquisa médica alemã: centrado no 
laboratório, na hierarquia, na especialização e nas 
pesquisas experimentais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O modelo Flexneriano 
 
Propõe é a instalação de uma nova ordem para a 
reconstrução do modelo de ensino médico. 
Pagliosa e Ros 
 As/escolas médicas devem estar baseadas em 
universidade, e os programas educacionais devem ter 
uma base científica. 
 Um rigoroso controle de admissão; 
 Currículo de quatro anos → divisão do currículo em um 
ciclo básico de dois anos, realizado no laboratório, 
seguido de um ciclo clínico de mais dois anos, 
realizado no hospital; exigência de laboratórios e 
instalações adequadas. 
 
O ciclo clínico deve-se dar fundamentalmente no 
hospital, pois ali se encontra o local privilegiado para 
estudar as doenças. 
Nas palavras do próprio Flexner: “O estudo da medicina 
deve ser centrado na doença de forma individual e 
concreta” → A doença é considerada um processo 
natural, biológico. 
O social, o coletivo, o público e a comunidade não 
contam para o ensino médico e não são considerados 
implicados no processo de saúde-doença. 
O método científico, assumido como a forma legítima de 
produzir conhecimento, exprime o processo de 
racionalização que atinge o Ocidente. E a medicina ilustra 
claramente este processo. 
 Responsabilidade dos profissionais com a sociedade. 
 Desconsidera, em sua proposta de reforma, a 
organização dos sistemas de saúde. 
 Suas contribuições foram importantes para a 
educação médica, a ênfase no modelo biomédico, 
centrado na doença e no hospital, conduziu os 
programas educacionais médicos a uma visão 
reducionista. Ao adotar o modelo de saúde-doença 
unicausal, biologicista. 
 
13 
 
Maria Carolina Braga Sampaio 
 
Relatório Dawson 
 
 Publicado em 1920, foi o marco da ideia de APS como 
forma de organização dos sistemas nacionais de saúde, 
no qual se propôs a reestruturação do modelo de 
atenção
à saúde na Inglaterra em serviços organizados 
segundo os níveis de complexidade e os custos do 
tratamento. 
 Centros de saúde primários deveriam resolver a maior 
parte dos problemas de saúde da população e 
funcionar como a porta de entrada e núcleo do 
sistema, de forma vinculada e com o suporte de centros 
de saúde secundários e hospitais de ensino. 
 Dawson é um pioneiro delineou o esquema de rede 
 Médico que trabalhou na organização de serviços de 
emergência na I guerra 
 O primeiro Ministro da Saúde o nomeou coordenador 
de uma comissão para definir “esquemas para a 
provisão sistematizada de serviços médicos e afins que 
deveriam estar disponíveis para a população de uma 
área dada”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dawson 
 
Delineou o esquema de rede 
Apresentou, entre outros, os conceitos de: 
• Território 
• Populações adscritas, 
• Porta de entrada 
• Vínculo/ acolhimento 
• Referência 
• Atenção primária como coordenadora do Cuidado 
A medicina preventiva e a curativa não podem 
separar-se em virtude de nenhum princípio sólido e 
em qualquer plano de serviços médicos devem 
coordenar-se estreitamente. 
14 
 
Maria Carolina Braga Sampaio 
 
 
15 
 
Maria Carolina Braga Sampaio 
 
 
Médico: 
I - Realizar a atenção à saúde às pessoas e famílias sob sua 
responsabilidade; 
II - Realizar consultas clínicas, pequenos procedimentos 
cirúrgicos, atividades em grupo na UBS e, quando indicado 
ou necessário, no domicílio e/ou nos demais espaços 
comunitários (escolas, associações entre outros); em 
conformidade com protocolos, diretrizes clínicas e 
terapêuticas, bem como outras normativas técnicas 
estabelecidas pelos gestores (federal, estadual, municipal 
ou Distrito Federal), observadas as disposições legais da 
profissão; 
III - Realizar estratificação de risco e elaborar plano de 
cuidados para as pessoas que possuem condições crônicas 
no território, junto aos demais membros da equipe; 
IV - Encaminhar, quando necessário, usuários a outros 
pontos de atenção, respeitando fluxos locais, mantendo 
sob sua responsabilidade o acompanhamento do plano 
terapêutico prescrito; 
V - Indicar a necessidade de internação hospitalar ou 
domiciliar, mantendo a responsabilização pelo 
acompanhamento da pessoa; 
VI - Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas 
pelos ACS e ACE em conjunto com os outros membros da 
equipe; e 
VII - Exercer outras atribuições que sejam de 
responsabilidade na sua área de atuação. 
 De acordo com PNAB (Política Nacional de Atenção 
Básica) de 2017, a mais recente, o médico possui um 
papel fundamental tanto como membro da equipe de 
SF ou AB como na saúde da população. 
 O médico não trata a doença, ele trata o paciente. 
Ademais, o médico não se restringe ao ambiente 
hospitalar e pode fazer consultas domiciliares também 
tornando evidente que atualmente o médico possui um 
papel muito mais abrangente na promoção da saúde 
populacional. 
 No que diz respeito ao trabalho multiprofissional o 
médico deve se comunicar com equipe profissional de 
com empatia, sensibilidade e interesse. Esse artigo da 
DCN´s de 2014 demonstra que o médico não possui 
papel hierárquico dentro de uma equipe, e sim que toda 
forma de diagnostico, indicação de tratamento deve ser 
feita de maneira homogênea. 
 Tanto no âmbito social quanto no âmbito profissional do 
médico sofreu mudanças → Se antes ele se restringia ao 
tratamento da doença no âmbito patológico, hoje ele 
busca tratar do paciente e lança de mão de meios como 
consultas domiciliares visando o tratamento universal 
social. 
 No âmbito profissional é perceptível que, embora a 
profissão médica ainda possua muito prestigio social, 
hoje ela se articula com outras profissões de maneira 
muita mais harmoniosa. Tais pontos são tratados em 
documentos como a PNAB e as DCN´s; 
 Essas mudanças colaboram para a construção de um 
médico com um papel de agente social muito mais 
incisivo do que em épocas anteriores, haja vista que 
atualmente alem do contato com a sociedade, o médico 
possui contato homogêneo com outras profissões. 
DCNS 14 
 Art 3º Ações de promoção, prevenção, recuperação e 
reabilitação da saúde, nos âmbitos individual e coletivo, 
com responsabilidade social e compromisso com a 
defesa da cidadania, da dignidade humana, da saúde 
integral do ser humano e tendo como transversalidade 
em sua prática, sempre, a determinação social do 
processo de saúde e doença. 
 
 
 O perfil do formando egresso/profissional será o do 
médico, com formação generalista, humanista, crítica e 
reflexiva. 
 Capacitado a atuar, pautado em princípios éticos, no 
processo de saúde-doença em seus diferentes níveis de 
atenção, com ações de promoção, prevenção, recuperação 
e reabilitação à saúde, na perspectiva da integralidade da 
assistência, com senso de responsabilidade social e 
compromisso com a cidadania, como promotor da saúde 
integral do ser humano 
Art 4º Necessária articulação entre conhecimentos, 
habilidades e atitudes nas áreas de atenção, gestão e 
educação em saúde. 
2. Definir o verdadeiro papel do médico 
enquanto agente social, membro de uma 
equipe de saúde e sua influência na saúde 
da população. 
 
 
3. Descrever o perfil do médico egresso da 
UNIME, a partir das áreas de competência 
definidas nas DCNs do MEC (2014) 
 
 
3. Descrever o perfil do médico egresso da 
UNIME, a partir das áreas de competência 
definidas nas DCNs do MEC (2014 
 
 
16 
 
Maria Carolina Braga Sampaio 
 
Art. 5º Na Atenção à Saúde, o graduando será formado 
para considerar sempre as dimensões da diversidade 
biológica, subjetiva, étnico-racial, de gênero, orientação 
sexual, socioeconômica, política, ambiental, cultural, 
ética e demais aspectos que compõem o espectro da 
diversidade humana que singularizam cada pessoa ou 
cada grupo social. 
Art. 6º Na Gestão em Saúde, a Graduação em Medicina 
visa à formação do médico capaz de compreender os 
princípios, diretrizes e políticas do sistema de saúde, e 
participar de ações de gerenciamento e administração 
para promover o bem estar da comunidade. 
Art. 7º Na Educação em Saúde, o graduando deverá 
corresponsabilizar-se pela própria formação inicial, 
continuada e em serviço, autonomia intelectual, 
responsabilidade social, ao tempo em que se 
compromete com a formação das futuras gerações de 
profissionais de saúde, e o estímulo à mobilidade 
acadêmica e profissional. 
 
 
Perfil do médico a partir das DCN´s de 2014 
 
 As DCN´s de 2014 trouxeram muitas mudanças para a 
educação e formação médica → é cabível citar que 
médicos formados de acordo com as novas diretrizes 
curriculares possuem um perfil totalmente diferente em 
relação aos médicos formados antes das DCN´s de 2014. 
Essas mudanças podem ser vista nas atitudes, 
habilidades e formas de adquirir conhecimento. 
 Entre as principais mudanças das DCN´s de 2014 é 
possível citar o art. 32 que estabelece que os cursos de 
graduação de medicina devem passar a adotar 
metodologias ativas de ensino-aprendizagem. Esse 
artigo pode ser visto como um complemento ao artigo 
26, o qual fala que o curso de Medicina terá projeto 
pedagógico centrado no aluno como sujeito da 
aprendizagem e apoiado no professor como facilitador 
e mediador do processo. 
 No Art. 29, é estabelecido que o curso de medicina deve 
utilizar diferentes cenários de ensino-aprendizagem, em 
especial as unidades de saúde dos três níveis de atenção 
pertencentes ao SUS, permitindo ao aluno conhecer e 
vivenciar as políticas de saúde em situações variadas de 
vida, de organização da prática e do trabalho em equipe 
multiprofissional e também incluir dimensões ética e 
humanística, desenvolvendo, no aluno, atitudes e 
valores orientados para a cidadania ativa multicultural e 
para os direitos
humanos; 
 Fica perceptível que as novas diretrizes curriculares 
propiciam a formação de um médico mais humanista. 
Que não apenas se preocupa com o lado biológico e 
curativo, mas também com a questão preventiva e 
social haja vista estar em contato com essas ações 
desde o início do curso. 
 A opção por adotar a metodologia ativa de ensino 
também é de fundamental na formação de um médico 
com mais senso crítico e com um conhecimento mais 
amplo. O fato do aluno poder ir atrás de informações de 
forma autônoma, mas ter amparo do professor caso 
necessário, dá mais segurança ao aluno que irá ser 
refletida em tomadas de atitudes no campo 
profissional. 
 Esse perfil médico fica claro em uma pesquisa realizada 
com estudantes do método PBL, o qual se adequa as 
novas DCN´s, e com estudantes do método tradicional. 
Nessa pesquisa, foram escutado tanto os graduados em 
medicina quanto os pacientes atendidos por ele. Os 
graduados de medicina que estão dentro das novas 
diretrizes apontaram que obtiveram uma formação 
mais humanista, que aprenderam a aprender, a 
convivência com outros profissionais e a integração 
teoria-prática. Ademais, os seus pacientes afirmaram 
que os egressos eram cuidadosos, respeitando-os e 
escutando-os. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
Maria Carolina Braga Sampaio 
 
 
Propostas de mudança na educação médica 
 
 
Declaração que reafirmou o significado da saúde como um 
direito humano fundamental e uma das mais importantes 
metas sociais mundiais. 
 Em 1978, houve as Declarações de Alma-Ata após a 
realização de uma conferência internacional sobre 
cuidados primários da saúde em Alma-ata, a capital do 
Kazaquistão. 
 
 Essa declaração reafirma a saúde como um direito 
humano fundamental → De acordo com essa 
declaração os países deveriam buscar diminuir as 
desigualdades sociais e econômicas visando uma saúde 
para todos até o final do ano 2000 → Naquela ocasião, 
chegou-se ao consenso de que a promoção e proteção 
da saúde dos povos são essencial para o contínuo 
desenvolvimento econômico e social e, 
consequentemente, condição única para a melhoria da 
qualidade de vida dos homens e para a paz mundial. 
 
 O apelo lançado em Alma-Ata foi um marco 
fundamental e representou o ponto de partida para 
outras iniciativas. 
 Fazendo uma analogia ao Brasil, é possível citar a 
criação do SUS (Sistema Único de Saúde), um programa 
de saúde que prioriza o atendimento universal, integral 
e humanizado. 
 
 
 A Declaração de Edimburgo possui fundamental 
importância na formação médica. 
 Formulada na Conferência de Edimburgo em 1988 e 
formulou os principais pontos da educação médica: 
 
 Ampliar os ambientes em que os programas 
educacionais são realizados, para incluir todos os 
recursos de assistência à saúde da comunidade e não 
apenas os hospitais; 
 Garantir que os conteúdos curriculares reflitam as 
prioridades de saúde do País; 
 Criar currículos e sistemas de avaliação dos estudantes 
que permitam atingir tanto a competência profissional 
como valores sociais e não apenas a retenção de 
informações. 
 Feita em 1986, durante a conferência do Canadá. 
 Nessa carta, foi trabalhado o conceito de promoção a 
saúde como um processo de capacitação da 
comunidade para atuar na melhoria de sua qualidade de 
vida e saúde, incluindo uma maior participação nesse 
processo. Sendo assim, é trabalhado a questão da saúde 
inclusive, um dos pilares do SUS e da própria atenção 
primária. 
 Esse documento preconiza as condições e os recursos 
para a saúde como sendo paz, habitação, educação, 
alimentação, renda, ecossistema estável, recursos 
sustentáveis, justiça social e equidade. 
 
4. Elucidar como surgiram as propostas de mudança na educação médica, no final do século 
passado de acordo com os documentos e as entidades: Declarações de Alma Ata e Edimburgo, Carta 
de Otawa, Projeto UNI / Fundação Kellogg, Rede UNIDA, ABEM, CINAEM, OMS, OPAS, entre outros 
 
 
Ações propostas: investimento em atenção 
primária através de medidas de prevenção e 
educação em saúde. 
 Organizada pela OMS e UNICEF a Primeira 
Conferência Internacional sobre Cuidados 
Primários de Saúde, na cidade de Alma- Ata, no 
Cazaquistão. 
 Os países deveriam buscar diminuir as 
desigualdades sociais e econômicas visando uma 
saúde para todos até o final do ano 2000. 
 Chegou-se ao consenso de que a promoção e 
proteção da saúde dos povos é essencial para o 
contínuo desenvolvimento econômico e social e, 
consequentemente, condição única para a 
melhoria da qualidade de vida dos homens e para 
a paz mundial. 
 Foi um marco fundamental e representou o ponto 
de partida para outras iniciativas. 
 Brasil → criação do SUS → prioriza o atendimento 
universal, integral e humanizado. 
 
Se liga! 
1986 → elaborada na Conferência do Canadá, listou 
condições e recursos fundamentais, identificando 
campos de ação na promoção da saúde e ressaltando 
a importância da equidade 
 
Se liga! 
18 
 
Maria Carolina Braga Sampaio 
 
UNI
 Como uma reação ao método especialista flexneriano, 
tem-se o projeto UNI(Uma Nova Iniciativa) da 
Fundação Kellog, uma organização financiadora de 
projetos. 
 Esse projeto tem o objetivo de que a universidade, os 
serviços de saúde e os movimentos organizados da 
comunidade deveriam atuar em conjunto na formação 
dos profissionais de saúde, levando-os para ambientes 
de ensino/aprendizagem diferentes do hospital, nos 
quais classicamente são formados, ambientes esses 
mais próximos da comunidade. 
 Tal ação proporcionaria um processo de 
ensino/aprendizagem construído de forma 
multidisciplinar, exercido em caráter multiprofissional 
e voltado para as necessidades dessas comunidades, 
oferecendo contribuição na construção de sistemas de 
saúde mais acessíveis e acolhedores. 
REDE UNIDA 
 Como uma ação que também visa alterações na 
formação médica tem a REDE UNIDA, a qual tem o 
objetivo principal de reunir projetos, instituições e 
pessoas interessadas na mudança da formação dos 
profissionais de saúde e na consolidação de um 
sistema de saúde equitativo e eficaz com forte 
participação social. 
 Cinaem (Comissão Interinstitucional Nacional de 
Avaliação das Escolas Médicas), foi Criada em 1991 e é 
constituída pela ABEM, CFM e mais novas instituições 
relacionadas a profissão medica. O objetivo principal 
dessa comunicação de avaliar a educação médica e 
fomentar o aperfeiçoamento do Sistema de Saúde. 
 
 Em um primeiro momento, foi traçado um perfil das 
escolas médicas brasileiras a partir de um roteiro 
elaborado pela Organização Pan-Americana da Saúde 
(Opas). Com base no resultado desse primeiro, algumas 
questões foram destacadas e contempladas no segundo 
momento. 
 Entra essas questões é possível citar: os métodos 
pedagógicos, o sistema de avaliação docente e discente, 
e a proposta curricular. 
 A terceira fase do projeto ocorreu em 1998 e foi quando 
ocorreram adesões significativas das escolas para um 
movimento de mudanças no ensino médico. 
 Entre essas principais mudanças é possível citar: 
integração entre teoria e prática, pesquisa e ensino, e 
entre conteúdos biológicos, psicológicos, sociais e 
ambientais do processo saúde-doença, além da 
inserção precoce e responsável dos estudantes em 
atividades formativas nos serviços de saúde e o 
estímulo à participação ativa destes na construção do 
conhecimento. 
 Pode-se dizer, portanto, que as ações feitas pela cinaem 
serviram de base para as mudanças feitas nas DCN´s . 
Em especial a DCN de 2014 
 
 
DCNs art 29 
 Criar oportunidade de aprendizagem, desde o início 
do curso, utilizando diferentes cenários de ensino-
aprendizagem, principalmente nos 3 níveis de atenção 
do SUS, permitindo conhecer as políticas de saúde em 
variadas situações de vida, de organização
da prática 
e do trabalho em equipe multiprofissional; 
 
 Além de criar oportunidades de lidar com problemas 
reais, assumindo responsabilidades crescentes como 
agente prestador de cuidados e atenção, compatíveis 
com seu grau de autonomia, se consolidando com o 
internato 
 (EBC) 
 É uma perspectiva pedagógica que é discutida desde a 
década de 1960, porem ganhou força após a criação do 
SUS em 1988. 
 Trata-se de uma abordagem educacional que visa a 
inserção dos estudantes em ambientes de prática desde 
o início do curso de graduação, sendo esses cenários de 
práticos preferencialmente em comunidades urbanas 
ou rurais e em unidades de atenção primária, tais como 
UBS e USF. 
 Essa preferência por unidades de APS é explicada pelo 
fato do planejamento, execução e avaliação das 
atividades e ações dependerem das necessidades locais 
e, também, dependerem da participação popular, das 
equipes profissionais e da própria universidade. 
 A metodologia EBC tem possibilitado maior 
aproximação dos estudantes com os serviços de saúde 
e isso é importante pois ajuda o estudante a adquirir 
maturidade profissional para quando for de fato 
médico. Além disso, permite um engajamento criativo 
5. Verificar a proposta do Ensino Baseado na 
Comunidade e inserção precoce do aluno no 
Serviço Público de Saúde e sua relação com 
as DCNs 2014 
 
 
 
19 
 
Maria Carolina Braga Sampaio 
 
com as comunidades no contexto real dos problemas de 
saúde e, ao mesmo tempo, a aprendizagem de atitudes 
e habilidades essenciais aplicáveis tanto no contexto 
comunitário quanto no hospitalar. 
 O contato precoce do aluno com a prática facilita, pois 
quando formado o aluno irá sentir mais segurança. 
 
 
 A Medicina de Família e Comunidade no Brasil ainda é 
exercida predominantemente na atenção primária à 
saúde do SUS. 
 A especialidade surgiu em um contexto de busca por 
mudanças no modelo de atenção à saúde, o qual ainda 
sofria muita influência do método flexneriano. Foi 
reconhecida pela comissão nacional de residência 
medica em 1981, 03 anos após a conferencia de alma-
ata. 
 Em se tratando de especialidade, a medicina da família 
e comunidade se caracteriza por investir em um 
núcleo de conhecimentos e práticas marcado por um 
clinica centrado na pessoa (ccp), no cuidado 
continuado e na gestão de planos terapêuticos 
individuais e familiares. 
 A Medicina da Família e comunidade no sistema 
público vem sofrendo com algumas questões, tais 
como o fato de que algumas operadoras de planos de 
saúde vêm fazendo para contratar médicos de família 
para atuar no setor privado. Consequentemente, essa 
ação pode gerar um déficit desse médicos no SUS e 
dificultar o acesso a saúde por parte da população. 
 Ademias, também é possível falar sobre os 
congelamentos de gastos na área da saúde, resultado 
de medidas de autoridade fiscal após um período de 
crise político e regulamento pela PNAB de 2017, como 
um fator que ameaça a MFC. 
 Possui seus princípios na Antiguidade Clássica na 
antiga escola grega de Cos, a qual considerava as 
particularidades de cada paciente na abordagem de 
sua enfermidade, como as necessidades e 
preferências individuais. E tal visão ia contra a visão da 
escola grega Cnidians, cuja preocupação era classificar 
as doenças de acordo com sua taxonomia e 
independentemente do doente. 
É possível classificar a medicina centrada no paciente em 
pilares: 
 Cuidar da pessoa, com a identificação de suas ideias e 
emoções a respeito do adoecer e a resposta a elas, ou 
seja, como isso tem impactado sua vida ; 
 Identificação de objetivos comuns entre médicos e 
pacientes sobre a doença e sua abordagem, com o 
compartilhamento de decisões e responsabilidades; 
 
 É importante salientar que a decisão compartilhada se 
aplica tanto ao tratamento de uma infecção urinária 
quanto à abordagem de violência doméstica, e o 
paciente é um participante ativo, co-responsável por 
seu tratamento 
 
 O MCCP trouxe muitos benefícios para os médicos e 
tratamentos médicos. Entre eles é possível citar maior 
satisfação do paciente, maior adesão ao tratamento e 
melhor resposta à terapêutica, maior satisfação do 
médico, menor número de processos por erro médico, 
maior eficiência do cuidado, com necessidade de 
menor número de exames complementares e 
frequência menor de encaminhamentos a 
especialistas, com consequente custo menor para o 
sistema de saúde e para o paciente. 
 
MFC MCCP DCN´S
Art. 5: Em um dos incisos, fala-se sobre o fato 
integralidade e humanização do cuidado por meio de 
prática médica contínua e integrada com as demais ações 
e instâncias de saúde, de modo a construir projetos 
terapêuticos compartilhados, estimulando o autocuidado 
e a autonomia das pessoas, famílias, grupos e 
comunidades e reconhecendo os usuários como 
protagonistas ativos de sua própria saúde. 
 
 
 
 
 
 
6. Comparar a Medicina de Família e 
Comunidade (MFC) e o Método Clínico 
Centrado na Pessoa (MCCP) com as diretrizes 
do MEC (DCNs, 2014). 
 
 
 
 
20 
 
Maria Carolina Braga Sampaio 
 
"Eu juro, por Apolo, médico, por Esculápio, Higeia e 
Panacea, e tomo por testemunhas todos os deuses e todas 
as deusas, cumprir, segundo meu poder e minha razão, a 
promessa que se segue: estimar, tanto quanto a meus 
pais, aquele que me ensinou esta arte; fazer vida comum 
e, se necessário for, com ele partilhar meus bens; ter seus 
filhos por meus próprios irmãos; ensinar-lhes esta arte, se 
eles tiverem necessidade de aprendê-la, sem 
remuneração e nem compromisso escrito; fazer participar 
dos preceitos, das lições e de todo o resto do ensino, meus 
filhos, os de meu mestre e os discípulos inscritos segundo 
os regulamentos da profissão, porém, só a estes. 
Aplicarei os regimes para o bem do doente segundo o meu 
poder e entendimento, nunca para causar dano ou mal a 
alguém. A ninguém darei por comprazer, nem remédio 
mortal nem um conselho que induza a perda. Do mesmo 
modo não darei a nenhuma mulher uma substância 
abortiva. 
Conservarei imaculada minha vida e minha arte. 
Não praticarei a talha, mesmo sobre um calculoso 
confirmado; deixarei essa operação aos práticos que disso 
cuidam. 
Em toda a casa, aí entrarei para o bem dos doentes, 
mantendo-me longe de todo o dano voluntário e de toda 
a sedução sobretudo longe dos prazeres do amor, com as 
mulheres ou com os homens livres ou escravizados. 
Àquilo que no exercício ou fora do exercício da profissão 
e no convívio da sociedade, eu tiver visto ou ouvido, que 
não seja preciso divulgar, eu conservarei inteiramente 
secreto. 
Se eu cumprir este juramento com fidelidade, que me seja 
dado gozar felizmente da vida e da minha profissão, 
honrado para sempre entre os homens; se eu dele me 
afastar ou infringir, o contrário aconteça." 
Hipócrates 
 
 
 
 
 
 
 
Juramento de Hipócrates 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Prometo que ao exercer a arte de curar, mostrar-me-ei 
sempre fiel aos preceitos da honestidade, da caridade e da 
ciência, penetrando no interior dos lares, meus olhos 
serão cegos, minha língua calará os segredos que me 
forem revelados, o que terei como preceito de honra; 
nunca me servirei de minha profissão para comprometer 
os costumes ou favorecer o crime. Se eu cumprir este 
juramento com fidelidade, goze para sempre a minha vida 
e a minha arte de boa reputação entre os homens; se o 
infringir ou dele me afastar suceda-me o contrário”. 
(Hipócrates) 
Texto utilizado no juramento nas solenidades do curso de 
medicina 
O Juramento diz: a prática da arte de curar, tendo como 
premissa o atendimento ao doente a ética. 
A medicina vem envolta num manto quase sagrado. 
Espera-se do profissional que a exerça com tamanha 
dedicação, que, muitas vezes, os demais esquecem que 
esses são acima de tudo seres humanos
e não ‘deuses’, 
aspecto que, muitas vezes, ainda hoje, os pacientes lhes 
atribuem. São apenas homens e profissionais, que dedicam 
as suas vidas no auxílio ao próximo. 
Não é uma tarefa fácil e o caminho nem sempre é 
homogêneo, pois vivemos em um país de grandes 
diferenças sociais. No entanto, devemos pensar que o 
juramento de Hipócrates resume só a essência do que é a 
prática ética cotidiana da arte médica. 
 
No século xx, o progresso científico e o avanço tecnológico 
da medicina, aliados à evolução do pensamento e dos 
costumes, trouxeram novos conceitos e novos aspectos 
relativos à ética médica, e a validade do juramento de 
Hipócrates passou a ser questionada, se não em seu 
significado simbólico, pelo menos em seu conteúdo. 
As alterações sugeridas visam, principalmente, a 
compatibilizá-lo com a bioética e adaptá-lo à 
problemática decorrente da prática médica atual, com o 
objetivo de evitar a conivência dos médicos com as falhas 
dos atuais sistemas de saúde, sempre que houver prejuízo 
para os doentes, e com os interesses financeiros da 
1. Interpretar o juramento de Hipócrates e 
correlacionar com os dias atuais. 
21 
 
Maria Carolina Braga Sampaio 
 
indústria farmacêutica e de equipamentos médicos, que 
procuram influenciar a conduta do médico. 
As modificações introduzidas contemplam a autonomia do 
paciente; justiça social e mercantilização da medicina; 
afrouxam as obrigações dos discípulos para com seus 
mestres; substituem a proibição por regulamentação do 
aborto; e suprimem o item referente à operação de 
calculose vesical. 
1. Declaração de Genebra da Associação Médica Mundial 
(1948) 
2. Texto de Brighton, Estados Unidos (1995) 
3. Código de Deontologia Médica da França (1995) 
4. British Medical Association (1997) 
5. Carta do Profissionalismo Médico (2002) 
A Declaração de Genebra, a mais antiga e conhecida de 
todas, tem sido utilizada em vários países na solenidade de 
recepção aos novos médicos. 
 
O juramento de Hipócrates é uma obra de arte e sabedoria, 
só comparável às mais altas criações da espírito humano e, 
por isso mesmo, deve ser considerado patrimônio da 
humanidade e permanecer intocável, como um marco na 
história da medicina. 
 
A demografia médica é o estudo da população de 
médicos, determinada por fatores como idade, sexo, 
tempo de formação, fixação territorial, ciclo de vida 
profissional, migração, mercado de trabalho, 
especialização, remuneração, vínculos e carga horária. 
 
Associação Médica Brasileira (2018) → pesquisa 
Demografia Médica 2018, realizada pela Faculdade de 
Medicina da Universidade de São Paulo (USP) 
“A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização 
Pan-Americana da Saúde (OPAS) não definem ou 
recomendam o número desejável de médicos, 
enfermeiros e dentistas por habitante. (...) 
A definição de índices, como número de leitos ou médicos 
por habitantes depende de fatores regionais, 
socioeconômicos, culturais e epidemiológicos, entre 
outros, que diferem de região para região, país para país. 
Isso torna impossível, além de pouco válido, o 
estabelecimento de uma “cifra ideal” a ser aplicada de 
maneira generalizada(...). 
Organizações internacionais desaconselham comparações 
entre países utilizando pura e simplesmente a razão 
médico-habitante sem considerar, na comparação, a 
extensão do território, o sistema de saúde adotado, o nível 
socioeconômico, o perfil demográfico e epidemiológico. 
Apesar de contar, em janeiro de 2018, com 452.801 
médicos (razão de 2,18 médicos por mil habitantes), o 
Brasil ainda sofre com grande desigualdade na 
distribuição da população médica entre regiões, estados, 
capitais e municípios do interior. 
O Sudeste é a região com maior razão de médicos por 
1.000 habitantes (2,81) contra: 
1,16, no Norte, e 
1,41, no Nordeste. 
Somente o estado de São Paulo concentra 21,7% da 
população e 28% do total de médicos do País. Por sua 
vez, o Distrito Federal tem a razão mais alta, com 4,35 
médicos por mil habitantes, seguido pelo Rio de Janeiro, 
com 3,55. 
 Os dados constam da pesquisa Demografia Médica 2018, 
realizada pela Faculdade de Medicina da Universidade de 
São Paulo (USP), com o apoio institucional do Conselho 
Federal de Medicina (CFM) e do Conselho Regional de 
Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp). 
Eu, solenemente, juro consagrar minha vida a serviço da 
Humanidade. Darei como reconhecimento a meus 
mestres, meu respeito e minha gratidão. 
Praticarei a minha profissão com consciência e dignidade. 
A saúde dos meus pacientes será a minha primeira 
preocupação. 
Respeitarei os segredos a mim confiados. 
Manterei, a todo custo, no máximo possível, a honra e a 
tradição da profissão médica. 
Meus colegas serão meus irmãos. 
Não permitirei que concepções religiosas, nacionais, 
raciais, partidárias ou sociais intervenham entre meu 
dever e meus pacientes. 
Manterei o mais alto respeito pela vida humana, desde 
sua concepção. Mesmo sob ameaça, não usarei meu 
conhecimento médico em princípios contrários às leis da 
natureza. 
Faço estas promessas, solene e livremente, pela 
minha própria honra. 
Declaração de Genebra 
2. Analisar a demografia médica brasileira. 
22 
 
Maria Carolina Braga Sampaio 
 
Associação Médica Brasileira (2018) → pesquisa 
Demografia Médica 2018, realizada pela Faculdade de 
Medicina da Universidade de São Paulo (USP) 
Para o presidente da AMB, Lincoln Lopes Ferreira, a 
Demografia Médica ajuda a sociedade a compreender 
melhor a distribuição dos médicos no país. → fornece 
insumos na busca de soluções para as questões da 
medicina, do médico e da saúde no Brasil, com base em 
análise de fatos e dados, e não puramente em 
ideologias 
Lincoln Ferreira enfatiza que a Demografia Médica 2018 
consolida o entendimento de que não há falta de 
médicos no país, mas condições, estratégias e gestão 
para todas as regiões onde há necessidade. “Não 
precisamos de médicos importados, precisamos de 
carreira médica de Estado e de condições de trabalho 
nas mais diversas localidades”, defendeu Ferreira, 
durante a coletiva. 
Decorrente da ausência de políticas públicas que 
estimulem a migração e a fixação dos profissionais nas 
áreas mais distantes dos grandes centros, de modo 
particular no interior das Regiões Norte e Nordeste. 
 
Brasil chega a quase meio milhão de médicos, com cada 
vez mais mulheres e jovens entre os profissionais → 
Demografia Médica 2018 indica que o crescimento da 
população médica vem sendo acompanhado de uma 
mudança no perfil de idade e de gênero desse grupo, 
acentuando-se processos de feminização e de 
juvenização da categoria no Brasil. No entanto, os dados 
demográficos acentuam a rapidez com que o tamanho 
desse grupo vem aumentando 
O Brasil contava, em janeiro de 2018, com 452.801 
médicos, o que dá uma razão de 2,18 médicos por mil 
habitantes. Em 2010, quando foi elaborado o primeiro 
estudo de Demografia Médica, a razão de médicos por 
habitante era menor (1,91 por grupo de mil). 
 
 
 
 
 
 
 
 
O Programa Mais Médicos (PMM) é parte de um amplo 
esforço do Governo Federal, com apoio de estados e 
municípios, para a melhoria do atendimento aos usuários 
do Sistema Único de Saúde (SUS). 
 Levar mais médicos para regiões onde há escassez ou 
ausência desses profissionais, o programa prevê, 
ainda, 
 Mais investimentos para construção, reforma e 
ampliação de Unidades Básicas de Saúde (UBS), além 
de 
 Novas vagas de graduação, e residência médica para 
qualificar a formação desses profissionais 
O Programa Mais Médicos (PMM), iniciado em 2013, 
significou tanto uma continuidade do esforço de 
consolidação da PNAB, quanto apresentou elementos de 
rompimento com essa tradição: 
A 1ª mudança foi uma maior interferência do Ministério 
da Saúde na Atenção Básica, competência quase que 
exclusivamente municipal. 
O PMM vem sendo realizado em articulação
com 
municípios, mas o protagonismo do nível federal é maior 
em diversas dimensões. 
 Para esse Programa, finalmente, o MS realizou 
planejamento nacional, responsabilizando-se pela 
execução de grande parte das ações definidas no plano. 
A primeira destas dimensões de intervenção direta do MS 
se referiu ao: 
Recrutamento, distribuição, remuneração e formação de 
médicos, realizados diretamente pelo MS, ainda que com 
algum grau de negociação com os entes federados. 
Mediante processo seletivo nacional, o MS conseguiu em 
curto espaço de tempo, incluir no SUS e na Atenção Básica 
mais de 18.000 profissionais em um espaço de dois anos. 
Parte importante destes médicos foi recrutada mediante 
cooperação internacional tripartite entre a Organização 
Pan-Americana da Saúde (OPAS), governo de Cuba e o 
governo brasileiro, depois de um período de inscrição para 
médicos formados no Brasil e em outros países, em que a 
necessidade de profissionais não foi suprida. 
Os médicos originários de Cuba, ao contrário da maioria 
dos médicos brasileiros que trabalham na Atenção Básica, 
tinham formação e experiência específica na Atenção 
Primária e Medicina de Família e Comunidade. 
3. Descrever o mais médicos no Brasil e suas 
mudanças 
23 
 
Maria Carolina Braga Sampaio 
 
Entretanto, esta deliberação de contratar médicos 
estrangeiros sem o exame de revalidação de títulos, 
agravado pelo fato da maioria ser originária de Cuba, gerou 
um conflito político e ideológico acirrado, em que 
entidades médicas assumiram oposição radical ao 
governo da presidente Dilma, responsável pelo PMM 
Estudo avaliativo realizado em 32 municípios participantes 
do Programa constatou que: 
94,1% dos usuários entrevistados avaliaram a consulta 
do médico do programa como “muito boa” e “boa”; 
98,1% declararam que o médico ouviu com atenção 
todas as suas queixas e 
87% relatou que compreendeu as explicações e 
indicações que o médico forneceu sobre a doença e o 
tratamento. 
A nova lógica aponta para a interiorização dos cursos e 
para uma distribuição mais equitativa entre as regiões do 
Brasil, buscando reduzir as diferenças regionais em 
proporção de médicos e vagas de graduação por 
habitantes. 
No entanto, tem sido observado que esta expansão vem se 
realizando principalmente por meio de escolas de 
medicina privada, com custos inacessíveis para grande 
parte das famílias, o que indicaria objetivos não explícitos 
de realizar controle do mercado de trabalho médico por 
meio do aumento da oferta de profissionais. 
Ratificando a Lei do Mais Médicos, o Conselho Nacional de 
Educação aprova as novas DCN’s do Curso de Graduação 
em Medicina, em 2014, que determina reformulação do 
currículo médico. 
 Determina que, no mínimo, 30% do internato (que deve 
corresponder a, pelo menos, dois anos da formação) 
aconteça na Atenção Básica e em serviços de urgências do 
SUS. 
Articulada à inserção dos estudantes desde o início do 
curso em unidades básicas de saúde e outros serviços, na 
lógica da integração ensino-serviço-comunidade, 
promoveria uma aproximação com o sistema de saúde, 
necessária para a aquisição de competências, habilidades 
e atitudes adequadas a uma prática médica voltada para 
as necessidades de saúde da população. 
Esse componente legal do Programa Mais Médicos vem 
sofrendo forte resistência da maioria do movimento 
médico e de outros setores conservadores. 
 
 
Ao analisar a distribuição destes médicos, observa-se que 
o número de municípios com escassez desses profissionais 
na APS passou de 1.200 em março de 2013, para 558 em 
setembro de 2014 
Redução de 53,5% da escassez de médicos nos 
municípios 
Região Norte 91,2% dos municípios que apresentavam 
escassez em 2013 foram atendidos, com provimento de 
4,9 médicos por município, em média (a maior razão entre 
regiões). 
Em suma, o programa atendeu aqueles municípios mais 
necessitados, que tinham as piores razões de 
médico/habitante, em situação de extrema miséria e com 
altas necessidades de saúde; 
O relatório de Auditoria Operacional do Tribunal de 
Contas da União (TCU) → indica que após a implantação do 
Programa Mais Médicos houve crescimento de 33% no 
número de consultas realizadas e de 32% nas visitas 
domiciliares, indicando aumento na oferta de serviços se 
saúde. 
 
Os resultados do estudo: Em municípios pobres das cinco 
regiões do Brasil 
Revelam efeitos positivos do Programa. 
Observou-se junto a 263 usuários do SUS estudados, alto 
grau de satisfação nas dimensões “tempo de espera para 
agendar a consulta” e “atendimento durante a consulta”. 
A maioria relatou que sua privacidade foi respeitada, que 
os médicos ouviram com atenção suas queixas, deram as 
informações necessárias, explicaram de forma clara o 
tratamento e que eles compreenderam as orientações 
dadas. 
No caso de médicos intercambistas, a língua espanhola 
não foi impedimento para a comunicação. 
Resultados semelhantes constam no já citado relatório do 
TCU; dentre os 264 pacientes entrevistados 57% e 32% 
relataram “não ter nenhuma dificuldade” e “ter tido um 
pouco de dificuldade”, respectivamente, para entender o 
que o médico intercambista falava. 
Conclui: o Programa Mais Médicos não é um equívoco 
conceitual e, além de bem fundamentado em evidências 
das necessidades da população, é concernente aos 
princípios constitucionais do SUS. 
Diagnosticada a escassez, o Programa incide sobre a falta 
de médicos a curto e médio prazo, ao associar o 
provimento à ampliação e mudanças na formação do 
profissional. 
24 
 
Maria Carolina Braga Sampaio 
 
O SUS ainda precisa de muito mais para garantir o direito 
universal à saúde, mas as evidências já indicam melhor 
distribuição de médicos e maior oferta de serviços, 
particularmente nos territórios remotos. 
 
A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) coopera 
tecnicamente com a iniciativa, triangulando acordos entre 
Brasil e Cuba para a vinda de médicos de Cuba para atuar 
em Unidades Básicas de Saúde, no setor de Atenção Básica 
do Sistema Único de Saúde brasileiro. 
Cuba tem o maior número de médicos por mil habitantes 
do mundo: 7,519 (dado de 2014). O índice é quatro vezes 
maior do que o do Brasil: 1,852 (dado de 2013). Além disso, 
Cuba possui ampla experiência no envio de médicos a 
outros países para trabalhar em diversos setores de saúde, 
como atenção primária, cirurgias e atendimento de vítimas 
de desastres naturais. 
Três eixos compõem o Mais Médicos: o primeiro prevê a 
melhoria da infraestrutura nos serviços de saúde. O 
segundo se refere ao provimento emergencial de médicos, 
tanto brasileiros (formados dentro ou fora do país) quanto 
estrangeiros (intercambistas individuais ou mobilizados por 
meio dos acordos com a OPAS). O terceiro eixo é 
direcionado à ampliação de vagas nos cursos de medicina e 
nas residências médicas, com mudança nos currículos de 
formação para melhorar a qualidade da atenção à saúde. 
 
MS - Brasil (2019) 
O programa Médicos pelo Brasil foi lançado pelo Governo 
Federal em agosto de 2019, em substituição gradual ao 
projeto Mais Médicos. 
O principal objetivo do novo programa continua sendo a 
interiorização de médicos pelo país, especialmente nas 
regiões mais remotas e desassistidas. 
Em comparação ao projeto Mais Médicos, a nova 
estratégia ampliará em cerca de 7 mil vagas a oferta desses 
profissionais em municípios onde há os maiores vazios 
assistenciais, sendo que as regiões Norte e Nordeste, 
juntas, terão 55% do total dessas vagas. 
Os médicos serão selecionados por meio de processo 
seletivo eliminatório e classificatório conduzido pela 
ADAPS (Agência para o Desenvolvimento da Atenção 
Primária à Saúde), vinculada ao Ministério da Saúde. 
A seleção contemplará duas funções diferentes: médicos 
de família e comunidade e tutor médico. 
Para a função de Médico de Família e Comunidade, serão

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