Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
(medcurso) Introdução: o leite materno é considerado um alimento perfeito, pois possui proteínas, lipídios, carboidratos, minerais, vitaminas e 88% de água e atende as necessidades nutricionais, metabólicas, imunológicas e confere o estímulo psicoafetivo ao lactente. Durante o primeiro ano de vida, cerca de 40% das calorias ingeridas são utilizadas para o processo de crescimento e desenvolvimento, ou seja, o aporte dietético inadequado nesse período levará a desnutrição proteicoenergética e atraso no desenvolvimento. As recomendações atuais do MS, OMS e SBP são: 1. Aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses de vida; 2. Aleitamento materno complementado de seis meses até dois anos de vida; 3. O leite materno deve ser mantido, no mínimo, até os dois anos de vida. Definições: Aleitamento materno exclusivo (AME): a criança recebe apenas leite materno da própria mãe ou de outra fonte (banco de leite), sem outros líquidos ou sólidos à exceção a vitaminas, medicamentos e sais de hidratação. Aleitamento materno predominante (AMP): além do leite materno, recebe água, chás, sucos em quantidades limitadas. Aleitamento materno complementado (AMC): além do leite materno, recebe alimentos sólidos ou semissólidos com o objetivo de complementar o leite materno. Os leites de outras espécies não são considerados alimentos complementares. Aleitamento materno misto ou parcial (AMM): a criança também recebe outros tipos de leite Vantagens do aleitamento materno Para o bebê: Composição nutricional ideal; Prevenção de doenças – redução da mortalidade infantil, diminuição da incidência e gravidade das doenças respiratórias e diarreicas, diminuição das alergias, diminuição das doenças crônicas (cânceres: leucemias, linfomas e doença de Hodgkin; gastrointestinais: doença celíaca, doença de Crohn, retocolite ulcerativa; metabólicas: DM, sobrepeso, obesidade, hipercolesterolemia; cardiovasculares: HAS); Melhor desenvolvimento cognitivo Desenvolvimento da cavidade oral Fortalecimento do vínculo afetivo mãe-bebê Para a mãe: Prevenção da hemorragia pós-parto; Método contraceptivo (a eficácia somente é alcançada para mães até seis meses após o parto, que estejam em aleitamento exclusivo ou predominante e que estejam em amenorreia); Remineralização óssea; Redução do risco de câncer de mama e ovário; Proteção contra o DM 2; Promove perda ponderal; Economia e eficácia. Todas as mães devem ser estimuladas a amamentar, mas nunca obrigadas. Causas de desmame precoce: falta de informação, mães adolescentes, primeiro filho, gemelaridade, baixa escolaridade materna, prematuridade e baixo peso ao nascimento, experiência prévia desfavorável de amamentação, trabalho materno fora de casa, uso da chupeta e ‘’confusão de bicos’’*. *a OMS/Unicef contraindica o uso de mamadeiras e chupetas, pois facilitam o desmame, favorecem alterações ortodônticas, aumentam a incidência de candidíase oral e servem de veículo para enteroparasitoses. PREPARO PARA A AMAMENTAÇÃO: durante a gestação ocorre o crescimento do tecido mamário, escurecimento da aréola e desenvolvimento das glândulas de Montgomery. As mamas não precisam ser preparadas, existem apenas alguns cuidados recomendados. Evitar usar sabonetes nos mamilos; Expor a mama ao sol; Para os mamilos planos ou invertidos, pode ser feito um orifício no sutiã, que facilita a protrusão do mamilo. Exercícios de Hoffman (massagens circulares ao redor da aréola e mamilo) não deve ser feito durante a gestação, apenas após o parto. Além disso, o simples estímulo no mamilo, compressa fria e sucção com bomba ou manual, ordenhar o leite enquanto o bebê não mamar, facilitam a protrusão do mamilo. PSICOFISIOLOGIA DA LACTAÇÃO: na gestação, o estrogênio e progestogênio atuam para que as glândulas mamárias fiquem prontas para lactar. Estrogênio: estimula a proliferação dos ductos lactíferos e suas ramificações; progestogênio: estimula o crescimento dos alvéolos e suas ramificações. Mesmo com a prolactina elevada na gravidez, a mulher não secreta leite, por causa do hormônio lactogênico placentário. Com o nascimento e saída da placenta, os efeitos inibitórios do estrog. E progest. Sobre a prolactina cessam, aumentando a secreção de leite (lactogênese fase II). Inicia-se a síntese de ocitocina, que atua na ejeção do leite e produz o reflexo de Fergunsson. 3º/4° dia: apojadura, essa etapa não depende da sucção do mamilo pelo bebê, pois é de controle hormonal. Em seguida, ocorre a lactogênese fase III (manutenção da produção e ejeção do leite sob total dependência da sucção do mamilo pelo bebê e esvaziamento das mamas). O reflexo de ejeção do leite é bloqueado pelo estresse, baixa autoestima, medo, dor e falta de apoio. Essa inibição é mediada pela adrenalina e noradrenalina. O recém-nascido possui vários reflexos que facilitam a amamentação: reflexo dos pontos cardeais ou de busca, reflexo de sucção e reflexo de deglutição. TÉCNICA DE AMAMENTAÇÃO: o início da amamentação deve ocorrer nas primeiras 1-4h de vida. Frequência: o esvaziamento gástrico no RN varia de 1-4h; o leite deve ser oferecido em livre demanda. O RN deve sugar a mama até ela esvaziar, e o leite materno posterior é até 3x mais rico em lipídeos do que o leite anterior, o que aumenta o intervalo entre as mamadas. O colostro não sacia tanto o bebê, por isso, no início os intervalos são menores e as mamadas são de curta duração. Com o crescimento da criança, o intervalo aumenta. O choro intenso não é parâmetro de lactação insuficiente, pois tem outras causas de desconforto para os bebês. Mamas: as duas mamas são oferecidas em todas as mamadas. A primeira mama é esvaziada completamente, pois o bebê está com fome, por isso a próxima mamada deve ser iniciada com a mama que foi oferecida em segundo lugar. Técnica de posicionamento: rosto do bebê de frente para a mama, com o nariz encostado no mamilo, cabeça e tronco alinhados no mesmo eixo axial, corpo do bebê próximo ao da mãe encostando barriga com barriga, pescoço do bebê levemente extendido e corpo do bebê bem apoiado pelas mãos da mãe. Técnica de pega: boca bem aberta, englobando maior parte da aréola, lábio inferior evertido, queixo tocando a mama, a língua fica sobre a gengiva inferior e com bordas voltadas para cima, deglutição visível e audível. Padrão de evacuações: os bebês podem evacuar sempre que mamam ou passar cinco a sete dias sem evacuar. Regurgitações não acompanhadas por obstrução das vias aéreas, choro intenso, palidez é considerado normal. Extração manual do leite: mãe em pé ou sentada, polegar acima do complexo mamilar com os dedos embaixo (formando um ‘’C’’), pressiona firmemente a mama contra a parede torácica. Armazenamento do leite cru não deve ser feito fora da geladeira, na geladeira conserva por até 12h e no congelador por até 15 dias. Leite humano x leite de vaca FASES DA PRODUÇÃO LACTÉA: Colostro: secretado nos primeiros três a cinco dias após o parto. Alta concentração de IgA e lactoferritina. Porém possui menos gordura, lactose e vitaminas hidrossolúveis, quando comparado ao leite maduro. Leite de transição: entre 6-10 dias até a segunda semana de parto. Concentração de imunologlobulinas torna-se menor e ocorre aumento das vitaminas hidrossolúveis, lipídeos e lactose. Leite maduro: produzido a partir da segunda quinzena pós-parto. Maior teor lipídico e de lactose, menor quantidade de proteínas. Leite de mães de prematuros: mais ricos em proteínas e em fatores de proteção, gorduras, eletrólitos, e vitaminas A e E. AFECÇÕES DA MAMA: Ingurgitamento mamário: existe o fisiológico, que ocorre durante a apojadura, as mamas encontram-se cheias, pesadas e quentes, mas sem sinais de hiperemia e edema. Já no patológico acontecem três eventos: o leite não é drenado de forma eficiente,há aumento da vascularização local com congestão e há obstrução linfática. o Causas: técnica de amamentação incorreta, mamas espaçadas e separação entre mãe e bebê. o Medidas preventivas: pega e posicionamento adequados, retirada eficaz de leite alcançada com o regime de livre demanda e não uso de suplementos. o Tratamento: manter a amamentação, ordenhar manualmente, realizar massagem circulares, começar a mamada pelo seio mais túrgidos, compressas frias, sutiãs apropriados, banho morno, analgésicos... Dor e traumas mamilares: a dor mamilar é comum na primeira semana de pós-parto, após esse período pode estar sendo causada por um trauma, candidíase ou síndrome de raynauld. Fissuras e bolhas são causadas por má técnica de amamentação, mamilos curtos e invertidos, disfunções orais da criança e etc. Mastite: processo inflamatório da mama causada por estase do leite. Prevenção igual do ingurgitamento e traumas. Anti-inflamatório – ibuprofeno Antibioticoterapia Não contraindicar a amamentação Galactocele: cistos presentes em meio ao tecido mamário. Tratamento consiste em excisão cirúrgica devido a sua tendência à recidiva. Abscesso mamário: pode ser complicação da mastite. Intensa dor, formação de nódulo palpável e flutuante de pus e febre. Tratamento: drenagem cirúrgica, adm ATB e esvaziar regularmente a mama Candidíase: a prevenção é manter os mamilos ventilados e o tratamento é com nistatina, miconazol ou cetoconazol. Síndrome de Raynaud: isquemia intermitente do mamilo, trauma, exposição ao frio. Os sintomas são palidez, dor e queimação; tratamento é com compressas mornas. Pouco leite: corrigir a técnica, aumentar frequência das mamadas, dieta balanceada, repouso e algumas medicações (domperidona, metoclopramida...), USO DE MEDICAÇÕES E LACTAÇÃO CONTRAINDICAÇÕES À AMAMENTAÇÃO Relacionadas a mãe: HIV, algumas drogas (antineoplásicas e imunossupressoras, substâncias radioativas, derivados de ergot...), casos graves de psicose puerperal, eclampsia ou choque, lesões ativas na mama provocadas por hepes, mães HLTV 1 e 2 positivas. Tuberculosa ativa pode amamentar com a mae usando mascara e o bebê recebendo quimioprofilaxia. Relacionadas a criança: galactosemia
Compartilhar