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Tipologia animal: Características Morfológicas dos Bovinos de Corte Patrícia Albuquerque Viktor Veras Fortaleza – CE Abril/2020 Universidade Estadual do Ceará - UECE Faculdade de Veterinária - FAVET Zootecnia Geral Introdução2 Introdução 3 A bovinocultura de corte é um dos principais sistemas de produção do Brasil. Movimenta o capital do país. Características morfológicas permitem uma leitura crítica dos tipos biológicos dos animais. Tipos morfológicos mais eficientes para diferentes ambientes. Introdução 4 Entre as principais raças de corte, estão as Zebuínas: Guzerá, Gir, Nelore, Indubrasil, Brahman e as Europeias: Angus, Limousin, Hereford, Charolês, Chianina, Marchigiana, Shorthorn, e ainda os cruzamentos: Brangus, Braford, Santa Gertrudes, Canchim. (MAPA, 2013). A avaliação e as características do produto final são de suma importância para a rentabilidade de quem produz e vende e também para quem consome. O melhoramento genético das espécies bovinas especializadas em corte visa uma maior e melhor produção de carne. Guzerá Brahman Limousin Charolês Objetivos 5 • Expor dados históricos sobre a introdução do rebanho bovino no Brasil, bem como sua evolução até a especialização na produção de carne; • Salientar a importância econômica da bovinocultura de corte para e país e para o mundo; • Ilustrar as características da carne bovina e seus diferentes cortes; • Exemplificar as principais raças especializadas na produção de carne, bem como algumas características que determinam seu padrão racial; • Comentar a interação do trinômio genótipo-ambiente-mercado na Bovinocultura de Corte; • Demonstrar características almejadas em programas de cruzamento. Bovinocultura de Corte6 Bovinocultura de Corte 7 É principal atividade econômica não voltada a exportação no período colonial. Inicialmente se destacavam como animais de tração nos engenhos e também para alimentar as pessoas que ali trabalhavam. Em 1534 chegava à capitania de São Vicente o primeiro lote de bovinos enviados a Martim Afonso de Souza. A criação de bovinos irradia-se pelo país, de forma bastante primitiva e com animais de padrão racial não definido. No final do segundo século de ocupação, a criação de bovinos foi proibida próximo às regiões litorâneas para impedir a competição com cultura de cana de açúcar. Bovinocultura de Corte 8 Os animais de então eram grandes, ossudos, pouco cuidados em seus ferimentos, apenas vigiados para que não fossem roubados ou ficassem selvagens. Uma fazenda de 11.000 hectares produzia em média de 250 a 300 cabeças por ano. Nas regiões de São Paulo, Minas Gerais e Goiás os rebanhos eram mais bem cuidados, eram ministrados sal e farelos, os pastos eram divididos por cercas de pau-a-pique ou pedras e periodicamente queimados para haver o “rebrote dos verdes”. 9 Bovinocultura de Corte A partir de 1870 inicia-se a importação de novas raças de origem europeia. O melhoramento do padrão racial buscando animais com maior aptidão para a carne deu-se principalmente no Rio Grande do Sul. Decreto 833 de 31/10/1910 Criação o Serviço Veterinário do Ministério da Agricultura Decreto 7.945 de 07/04/1909 Regulação da instalação de frigoríficos Instalação de postos zootécnicos e fazendas modelo 1912 10 Bovinocultura de Corte Em meados de 1970, a Bovinocultura de Corte era considerada como uma das mais importantes atividades econômicas da agropecuária brasileira. Em 2018, o Brasil tinha o segundo maior rebanho de bovinos de corte com mais de 232 milhões de cabeça (IBGE) Brasil lidera o pódio de exportação de carne bovina. No consumo de carne bovina em termos absolutos, ou seja, em milhões de toneladas, o Brasil perde apenas para os Estados Unidos e a China. A bovinocultura brasileira é um dos principais destaques do agronegócio no cenário mundial. Anatomia Externa dos Bovinos de Corte: Ezoognósia 11 Anatomia Externa dos Bovinos de Corte: Ezoognósia 12 13 Anatomia Externa dos Bovinos de Corte: Ezoognósia Em algumas raças zebuínas a marrafa se situa praticamente na extremidade superior da cabeça, pois, apresenta localização bem traseira. Em outras raças, a fronte pode mostrar uma saliência ou crista óssea, de tamanho variável, que desce até a parte inferior do osso, e que recebe a denominação de nimbure ou nimburi, ou ainda nimburg. O perfil da fronte juntamente com o do chanfro caracterizam o perfil da cabeça. Retilínea Concavilínea Convexilínea Ultra-convexo/Sub-convexo Ultra-côncavo/Sub-côncavo 14 Anatomia Externa dos Bovinos de Corte: Ezoognósia A giba ou cupim está presente nos Zebuínos. Situa-se no alto da cernelha. Tem por base anatômica os músculos rombóide e trapézio. Varia de dimensões conforme o sexo e a raça. O braço, região par localizada entre a paleta e o antebraço. Seu limite posterior é o codilho. A base anatômica é constituída pelo osso úmero e músculos. A beleza desta região, nos bovinos de corte, está no desenvolvimento muscular. O costado deve ser longo, arredondado e profundo. O arqueamento das costelas determina maior ou menor amplidão da caixa torácica. No gado de corte, deve ser bem revestido por massa muscular. Sistema de Avaliação dos Bovinos de Corte 15 Reprodutores e Doadoras (sêmen, embriões e animais vivos) Rebanho multiplicador Rebanho comercial, cria, recria e engorda Estruturação Comercial do Gado de Corte Criação de um Sistema de Avaliação de Bovinos EPMURAS Se identificam os biótipos mais eficientes e produtivos para cada sistema de produção. Sistema de Avaliação dos Bovinos de Corte 16 17 Sistema de Avaliação dos Bovinos de Corte Estrutura Corporal (E): corresponde ao tamanho ou área do animal visto de lado, do dorso/lombo ao chão, considerando as pernas. Trata-se basicamente do comprimento corporal e altura do animal. Os escores em todos os quesitos variam de 1 a 6 Precocidade (P): corresponde à relação entre o comprimento de costelas e altura de membros. O objetivo é identificar animais com maior profundidade de costelas, que tende a depositar gordura de acabamento mais cedo.Esse acabamento é possível de ser observado na virilha baixa e arredondamento das massas musculares, baseado em menos ossos salientes, de pontos específicos, como a inserção da cauda, maçã do peito, paleta e coluna vertebral. 18 Sistema de Avaliação dos Bovinos de Corte Musculosidade (M): Corresponde ás evidências de massas musculares, principalmente observadas no posterior e na linha dorso- lombar, regiões onde estão situados os cortes nobres. Animais mais musculosos são mais pesados e apresentam maior rendimento de carcaça Umbigo (U): corresponde ao tamanho e posicionamento da prega umbilical, considerando bainha e prepúcio nos machos. Importante característica para as condições de produção brasileira – basicamente a pasto. Animais com umbigos muito pendulosos estão mais susceptíveis a patologias, podendo comprometer a reprodução. 19 Sistema de Avaliação dos Bovinos de Corte Adaptabilidade do animal ao ambiente tropical brasileiro Caracterização Racial (R): Todos os itens previstos nos padrões raciais determinados pela Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) devem ser considerados. O tipo racial é um distintivo comercial forte e tem valor de mercado. 20 Sistema de Avaliação dos Bovinos de Corte Aprumos (A): São avaliados por meio das proporções, direções, angulações e articulações dos membros anteriores e posteriores. No Brasil, a maioria dos animais é criada a pasto, com suplementação mineral. Com isso, os animais são obrigados a percorrerem grandes distâncias, favorecendo aqueles de melhores aprumos. Na reprodução, bons aprumos são fundamentais para o macho efetuar bem a monta e para a fêmea suportá-la, além de estarem diretamente ligados ao período de permanência do indivíduo no rebanho. CaracterísticasSexuais (S): Busca-se masculinidade nos machos e feminilidade nas fêmeas. Estas características deverão ser tanto mais acentuadas quanto maior a idade dos animais avaliados. Avaliam-se os genitais externos, que devem ser funcionais, de desenvolvimento condizente com a idade cronológica. Características sexuais do exterior do animal parecem estar diretamente ligadas à eficiência reprodutiva. Carne Bovina21 Carne Bovina 22 É uma das variedades de carne mais consumidas na Europa, nas Américas e na Austrália. A carne bovina é um tabu culinário em algumas culturas. A carne muscular pode ser cortada em bifes, em peças, desfiada ou moída. O sangue bovino também utilizado em algumas das variedades de morcelas. Carne Bovina 23 Rico em proteína, vitaminas do complexo B, sais minerais, fonte de ferro, zinco, fósforo, potássio, magnésio e selênio. Ajuda na saúde do coração e do sistema nervoso O corte de carne apresenta tecido muscular, tecido conjuntivo, gorduras e às vezes ossos Classificação das carnes •Categoria especial: contrafilé ou lombo, filé mignon; •1º categoria: coxão mole, coxão duro, patinho, lagarto, alcatra; •2º categoria: paleta, acém, capa de filé, aba de filé, fraldinha, peito; •3º categoria: pescoço, ponta de agulha; •Sem categoria: músculo dianteiro, músculo traseiro e cupim. Principais Raças Bovinas de Corte24 Principais Raças Bovinas de Corte 25 Angus • É uma raça europeia (Escócia) • Adaptação mais fácil nas regiões Sul e Sudeste do Brasil. • É um gado rústico, de tamanho médio, mocho e com pelagem que variam entre vermelha e preto. • Apresenta alta fertilidade, maturação sexual precoce, facilidade de parto, habilidade materna, resistência a enfermidades, elevado ganho de peso, longevidade e ainda tem boa produção leiteira. • Representa cerca de 6% da produção nacional, sendo difundida e mais consumida no Brasil devido às redes de fastfoods (hambúrgueres).. Principais Raças Bovinas de Corte 26 Brahman • Originária do Bos taurus indicus levados da Índia para os Estados Unidos • Seu pelo é curto, brilhante e grosso e sua pele é pigmentada. Já a pelagem varia entre a vermelha e a cinza, sendo mais frequente a cinza claro. Outro aspecto relevante da pelagem é que os machos sempre são mais escuros que as fêmeas. • Possui tamanho médio, boa adaptação a altas temperaturas, não é tão exigente quanto à qualidade do alimento, são resistentes a parasitas, possuem desenvolvimento e crescimento muscular rápido, apresenta boa habilidade materna e longevidade. • Foi um dos primeiros zebuínos a chegarem ao Brasil, nos séculos XIX e XX, e é uma raça presente também em diversos países. Principais Raças Bovinas de Corte 27 Brangus • Originada nos Estados Unidos, mediante o cruzamento entre Brahman (3/8) e Angus (5/8). • Possuem tamanho médio, são simétricos, balanceados, largos, com costelas bem arqueadas, são musculosos e possuem boa estrutura óssea. São mochos, apresentam cascos e pele pigmentados. • Em relação à pelagem, ela pode variar de preto a vermelho, apresentando também algumas manchas brancas. • Possui facilidade para o aumento de peso, tem comportamento dócil, possuem boa habilidade materna e são resistentes a ectoparasitas e as intempéries do clima. • É considerada uma raça rentável e atualmente o Brasil detém dois milhões de cabeças. Principais Raças Bovinas de Corte 28 Caracu • Originada no Brasil. Foi criada a partir das raças Transtagana, Minhota e Alentejana (se especula a raça Mirandesa também). • A pelagem varia entre bege, vermelha e castanha, seu pelo é liso e também é mocho. Em relação ao tamanho, essa raça é considerada de tamanho médio e as vacas pesam entre 550-700 Kg e os touros entre 900-1200 Kg. • Possui boa habilidade materna, boa fertilidade, serem dóceis, resistentes ao calor e a parasitas, não é tão exigente quanto à alimentação, tendo capacidade de engorda satisfatória mesmo em pastos não tão bons. • A caracu foi muito produzida na época do Brasil Império, chegando ao Brasil para suprir a demanda de zebuínos, e hoje é considerada como um patrimônio da pecuária. Principais Raças Bovinas de Corte 29 Charolês • Oriunda da França. • Possui tamanho grande e é considerada uma raça pesada, sendo que as vacas pesam entre 560- 950 Kg e os touros pesam entre 900-1250 Kg. • Os pelos são curtos durante o verão e crescem e se espessam durante o inverno, variando de acordo com a região onde ele é criado. Já a pelagem varia entre o branco e o creme. • Tem musculatura forte e bem desenvolvida e é conhecida pela frequência com que ocorre reprodução de bezerros gêmeos. • Além da utilização como gado de corte, o charolês também é utilizado nos trabalhos das propriedades como força motriz. • Um fato curioso é que a carne do Charolês é considerada mais saudável devido ao baixo índice de gordura e colesterol. Principais Raças Bovinas de Corte 30 Gir • Tem origem indiana e chegou ao Brasil no fim do século XIX. • O Gir possui um perfil craniano ultra-convexo (fronte larga e proeminente) e a base do chifre é direcionada a parte de trás do animal, crescendo de forma retorcida e para baixo. • Sua pele é solta, fina, flexível e pigmentada e seu pelo é curto, fino e sedoso. Em relação à pelagem, é vermelha ou amarela e pode apresentar combinações como gargantilha, chitada e rosilha. • Detém de boa longevidade, de boa habilidade materna, de boa resistência térmica ao calor e aos parasitas. São animais dóceis e possuem uma musculatura bem distribuída e abundante em todo o corpo, sendo utilizados tanto para produção de carne, quanto para produção de leite. Principais Raças Bovinas de Corte 31 Guzerá • Originada da Índia e do Paquistão, a Guzerá é considerada a primeira raça de zebuíno trazida para o Brasil, em torno de 1870. • É considerada de grande porte e sua pelagem varia em tons de cinza. A Guzerá é uma raça resistente à seca e é conhecida por sua fertilidade. • Hoje em dia os rebanhos são predominantes na região Nordeste, mas também há ocorrências na região Sudeste. No Brasil essa raça é utilizada para produção de carne e de leite, mas na Índia ela também é utilizada como transporte e como animais de tiro. • Diversas raças bovinas foram derivadas da Guzerá, dentre elas é possível citar exemplos como a Tabapuã, a Indubrasil e a Brahman. Principais Raças Bovinas de Corte 32 Indubrasil • É uma raça originária do Brasil, a partir do cruzamento das raças Gir, Nelore e Guzerá. • É uma raça de grande porte, são dóceis e suas orelhas longas e caídas, sua cabeça de tamanho e largura mediana e seu perfil craniano sub- convexo são característicos. • Em relação à pelagem, ela é curta e apresenta a cor branca, cinza ou vermelha. • Além disso, a Indubrasil é uma raça que possui grande desenvolvimento muscular, o que a caracteriza como uma excelente produtora de carne. • Devido a sua rusticidade e poder de adaptação é uma raça muito difundida pelo Brasil, entretanto o Nordeste e o Triangulo Mineiro se destacam como centros de seleção importantes. Principais Raças Bovinas de Corte 33 Nelore • Oriunda da Índia e chegou ao Brasil ao fim do século XVIII. • É caracterizado por ser uma raça de porte médio a grande. • É uma raça dócil, rústica, resistente a intempéries climáticas e a parasitas, são caracterizados por possuírem uma musculatura compacta, são dotadas de boa fertilidade, as fêmeas possuem boa habilidade materna e atingem a maturidade sexual precocemente. • Em relação à pelagem, ela pode variar entre branca, cinza e manchada de cinza. Os pelos são curtos e densos e a pele é pigmentada, fator que contribui para a proteção contra raios solares. Os cornos também são pigmentados e são firmemente implantados no crânio, sendo cônicos mais espessos na base e as orelhas são curtas. • É a raça de gado mais produzida do Brasil, dominado 85% do rebanho nacional,porém é predominante na região Centro- oeste Melhoramento Genético em Bovinos de Corte 34 Melhoramento Genético em Bovinos de Corte 35 Melhoramento genético é importante para o aumento da rentabilidade da bovinocultura, alcançando um patamar competitivo e se estabelecendo no mercado • O trinômio Genótipo-Ambiente-Mercado, se baseia na interação entre o potencial genético do gado com o ambiente em que o mesmo está inserido e com as exigências que o mercado impõe. • Nesse contexto é necessário que análises e avaliações sejam feitas para que o trinômio Genótipo-Ambiente-Mercado seja levado em consideração na estruturação de um bom programa de melhoramento genético. Mercado Bom Programa de Melhoramento Genético 36 Ferramentas para o melhoramento genético Melhoramento Genético em Bovinos de Corte Seleção Cruzamento Quando o cruzamento é utilizado para a adaptação de um rebanho ao ambiente de que forma que os descendentes sejam mais produtivos que os pais, isso é chamado de aclimação. Acasalamento entre dois indivíduos da mesma raça, selecionados por suas características e designados a gerar descendentes que enriqueçam o potencial genético do rebanho. Melhoria ou a fixação de alguma característica de importância, aumentando a frequência de alelos favoráveis no rebanho, levando em consideração evitar doenças congênitas Não é realizado entre indivíduos da mesma raça, mas sim de raças distintas. Entretanto, um dos pais precisa ser de raça pura para que assim ocorra uma exploração da heterose dos descendentes visando à melhoria genética e o incremento na produtividade. 37 Melhoramento Genético em Bovinos de Corte Características das raças bovinas de corte Raças britânicas: Em ambiente adequado, os representantes dessas raças apresentam boa taxa de sobrevivência e taxas reprodutivas e de crescimento boas o suficiente para produzir carcaças de ótima qualidade. Como desvantagens, eles possuem partos distócicos, muita gordura na carne em altos pesos e uma taxa de conversão menor que as raças continentais; Raças continentais: É caracterizado pelo alto potencial de crescimento, boa conversão alimentar, altos pesos de abate e carcaça com pouca gordura. Entretanto, os representantes destas raças ainda apresentam partos distócicos e peso adulto elevado, o que requer grande exigência para mantença desses animais; 38 Melhoramento Genético em Bovinos de Corte Características das raças bovinas de corte Raças zebuínas: Apresentam baixa taxa de crescimento quando comparados às raças europeias, baixo índices reprodutivos e carcaças com pouca aceitabilidade devido a sua carne dura. Entretanto, apresentam excelente taxa de sobrevivência, boa habilidade materna e são muito tolerantes a temperaturas elevadas e a parasitas; Raças europeias adaptadas ao clima tropical: Existem representantes principalmente na América do Sul, sendo raças que passaram por processos de seleção para associarem características interessantes, como a adaptabilidade das raças zebuínas e a alta produtividade das raças europeias. 39 A escolha e os tipos de sistemas de cruzamento A escolha de um sistema adequado leva em consideração fatores como: Ambiente; Mercado; Mão-de-obra disponível; Nível de gerenciamento; Sistema de produção; Viabilidade de uso de inseminação artificial; Objetivo do empreendimento; Número de fêmeas; Quantidade e tamanho dos pastos. Melhoramento Genético em Bovinos de Corte 40 A escolha e os tipos de sistemas de cruzamento Ao se iniciar um programa de cruzamentos o que se objetiva é um ou mais dos benefícios a seguir: Explorar a heterose; Sincronizar características de desempenho e de adaptabilidade dos recursos genéticos com os recursos do meio ambiente; Incrementar o potencial genético do rebanho com a utilização de uma raça mais produtiva com uma menos produtiva, como a SRD; Formação de novas raças ou de novos grupos genéticos. Melhoramento Genético em Bovinos de Corte 41 A escolha e os tipos de sistemas de cruzamento Em qualquer dessas situações, a superioridade dos mestiços é aferida quando eles possuem ao menos uma diferença em relação aos pais ou ao rebanho, sendo elas: Maior frequência de genes favoráveis; Maior frequência de heterozigose nos loci com dominância; Melhor adaptabilidade a situações particulares de produção ou de mercado. Em relação aos tipos de sistema de cruzamento existem quatro tipos: . Melhoramento Genético em Bovinos de Corte Simples ou Industrial Contínuo e Absorvente Rotacionado ou Alternado Tricross 42 A escolha e os tipos de sistemas de cruzamento Melhoramento Genético em Bovinos de Corte (P) A X B (F1) ½ A ½ B O primeiro tipo é o simples ou industrial. Esse tipo de cruzamento é caracterizado pela exploração da geração F1, na qual não há uma continuidade e tanto machos, como fêmeas são destinados ao abate. Nessa situação, há uma necessidade que parte do rebanho de fêmeas seja mantida como rebanho puro para produção de fêmeas de reposição, tanto para o rebanho puro, quanto para aqueles que produzirão mestiços. Caso contrário, estas fêmeas precisarão ser obtidas de outros criadores. Simples ou Industrial 43 A escolha e os tipos de sistemas de cruzamento Melhoramento Genético em Bovinos de Corte Já o cruzamento contínuo e absorvente é caracterizado pela utilização constante de uma raça que tende a substituir a outra, gerando um animal puro por cruzamento. Nesse tipo visa o aprimoramento produtivo do rebanho, absorvendo a raça menos adaptada ou produtiva, por uma mais interessante no ponto de vista do produtor. Contínuo e Absorvente (P) A X B → (½ A + ½ B) (F1) (½ A + ½ B) X A → (3/4 A + 1/4 B) (F2) (3/4 A + 1/4 B) X A → (7/8 A + 1/8 B) (F3) (7/8 A + 1/8 B) X A → (15/16 A + 1/16 B) (F4) (15/16 A + 1/16 B) X A → (31/32 A + 1/32 B)* *Puro por cruzamento 44 A escolha e os tipos de sistemas de cruzamento Melhoramento Genético em Bovinos de Corte No caso do cruzamento rotacionado ou alternado, são utilizados reprodutores com raças diferentes, alterando entre as gerações, para produzir raças sintéticas. Nesse sistema, visa à sinergia de duas raças como uma forma de aproveitar os alelos importantes de ambas as raças e desenvolver uma mais adaptada e produtiva para o meio em que está inserida. Rotacionado ou Alternado (P) A X B → (½ A + ½ B) (F1) (½ A + ½ B) X A → (3/4 A + 1/4 B) (F2) (3/4 A + 1/4 B) X B → (5/8 A + 3/8 B)* *Puro sintético 45 A escolha e os tipos de sistemas de cruzamento Melhoramento Genético em Bovinos de Corte Por fim, o tricross é um tipo de sistema de cruzamento que é semelhante ao alternado, entretanto são utilizadas três raças diferentes que vão originar uma nova. Tricross (P) A X B → (½ A + ½ B) (F1) (½ A + ½ B) X C → (1/4 A + 1/4 B + ½ C) Conclusão 46 Portanto, é possível concluir que a bovinocultura de corte é uma atividade econômica que faz parte da cultura brasileira, sendo desenvolvida desde os primórdios da colonização. Além disso, ficou comprovado que a bovinocultura é de extrema importância para economia nacional, movimentando milhões de reais e gerando empregos. Ademais, foi possível expor que há muitas análises e esforço científico no aprimoramento da cultura, especializando os rebanhos cada vez mais para que o trinômio genótipo-ambiente-mercadoseja alcançado e, assim, se obtenha animais com bom potencial genético, adaptados ao meio em que estão inseridos e suprindo a necessidade do mercado consumidor. Bibliografia 47 • Anatomia dos Bovinos. Disponível em: http://zootecniablogs.blogspot.com/2013/03/regioes-do-corpo-dos- bovinos.html Acesso em: 07 de abril de 2020. • Avaliação e Julgamento como ferramenta para seleção produtiva de bovinos de corte. Disponível em: https://www1.ufmt.br/ufmt/unidade/userfiles/publicacoes/93e4dc5003b2e34ed835fb9c149aaa6d.pdf. Acesso em; 08 de abril de 2020. • Avaliação Visual – EPMURAS Descritivo. Disponível em: http://www.brasilcomz.com/assets/uploads/downloads/apostila-epmuras-AvNd.pdf. Acesso em: 08 de abril de 2020. • CAVET-USS. Universidade de Vassouras. Guia de raças de bovinos. Vassouras: Centro Acadêmico de Medicina Veterinária, 2017. 56 slides, color. • Descrição Anatômica Funcional. Disponível em: http://gadoholandes.com/new/wp- content/uploads/2016/03/1_2_2_20DESCRIC_CC_A7A_CC_83O_20ANATO_CC_82MICA_20FUNCIONAL.pdf. Acesso em: 07 de abril de 2020. • EPMURAS – Sistemas de Avaliação de Bovinos. Disponível em: https://www.cpt.com.br/artigos/epmuras-sistema- de-avaliacao-de-bovinos. Acesso em: 08 de abril de 2020. • EUCLIDES FILHO, Kepler. O melhoramento genético e os cruzamentos em bovinos de corte. Campo Grande: Embrapa-cnpgc, 1997. 35 p. http://zootecniablogs.blogspot.com/2013/03/regioes-do-corpo-dos-bovinos.html https://www1.ufmt.br/ufmt/unidade/userfiles/publicacoes/93e4dc5003b2e34ed835fb9c149aaa6d.pdf http://www.brasilcomz.com/assets/uploads/downloads/apostila-epmuras-AvNd.pdf http://gadoholandes.com/new/wp-content/uploads/2016/03/1_2_2_20DESCRIC_CC_A7A_CC_83O_20ANATO_CC_82MICA_20FUNCIONAL.pdf https://www.cpt.com.br/artigos/epmuras-sistema-de-avaliacao-de-bovinos Bibliografia 48 • EUCLIDES FILHO, Kepler. Melhoramento genético no Brasil: Fundamentos, História e Importância. Campo Grande: Embrapa Gado de Corte, 1999. 63 p. • EUCLIDES FILHO, Kepler. Produção de Bovinos de Corte: e o trinômio genótipo-ambiente-mercado. Campo Grande: Embrapa Gado de Corte, 2000. 61 p. • NETTO, C.G.A.M. MODERNIZAÇAO E DIFERENCIAÇÃO NA BOVINOCULTURA DE CORTE BRASILEIRA. 1994. 232 f. Tese (Doutorado) - Curso de Política Econômica, Instituto da Economia, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1994. • PREUSS, I.J. TIPOLOGIAS DE PRODUTORES COM ATIVIDADE DE BOVINOCULTURA NO MUNICÍPIO DE SÃO LUIZ GONZAGA – RS: CARACTERÍSTICAS E PROJEÇÕES. 2013. 36 f. Monografia (Especialização) - Curso de Técnico Agrícola, Pós-graduação Lato Sensu em Desenvolvimento Rural Sustentável e Agricultura Familiar, Universidade Federal na Fronteira Sul, Cerro Largo, 2013. • RIBEIRO, José Carlos. As melhores raças para gado de corte no Brasil. São José do Rio Preto: Boi Saúde Pecuária Inteligente, 2015. 19 slides, color. • Tipos de Corte de Carne Bovina e os Melhores Preparos. Disponível em: https://www.cruzeirodosulalimentos.com.br/post/3/tipos-de-cortes-de-carne-bovina-e-os-melhores- preparos. Acesso em: - de abril de 2020. https://www.cruzeirodosulalimentos.com.br/post/3/tipos-de-cortes-de-carne-bovina-e-os-melhores-preparos
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