Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
187 PLANO DE ESTUDO TUTORADO SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DE MINAS GERAIS TURNO: TOTAL DE SEMANAS: NÚMERO DE AULAS POR MÊS: COMPONENTE CURRICULAR: FILOSOFIA ANO DE ESCOLARIDADE: 3º ANO – EM PET VOLUME: 03/2021 NOME DA ESCOLA: ESTUDANTE: TURMA: BIMESTRE: 3º NÚMERO DE AULAS POR SEMANA: SEMANA 1 EIXO TEMÁTICO: Agir e Poder . TEMA/TÓPICO: Indivíduo e Comunidade . HABILIDADE(S): Compreen der as dif erent es formas de p oder nas sociedade s humanas. CONTEÚDOS RELACIONADOS: Teoria p olítica de Pla tã o e Aristótele s. TEMA: Teoria p olítica de Pla tã o e Aristótele s Olá, es tudant e! Es ta semana voc ê ser á convidado a pensar a política a par tir de dois pensador es clás - sic os: Platã o e Aristótele s. Es tes filóso fos pensar am as base s filosó ficas das relaç õe s de poder de seu temp o. Em meio a profundas trans formaç õe s sociais e políticas, as cidade s gregas no período clás sic o (pólis), experimentar am formas diversas de governo como a monarquia, a oligar quia, a tirania e a dem o- cracia. Aproveit e es ta viagem para compreen der o fundament o das relaç õe s políticas tant o do ponto de vis ta macr o (governos), quant o do ponto de vis ta micr o (relaç õe s interp essoais c otidianas). Através da escrita muito bem articulada de Gilber to Cotrim e de Mirna Fernan de s, nas próximas sema - nas v oc ê f ará uma viagem p ela his tória do pensam ent o político-filosó fic o. TEORIA POLÍTICA DE PLATÃO O filóso fo grego Platã o (428-34 7 a.c.), em seu livro A República, explica que o indivíduo pos sui três al- mas: a concupisc ent e, a irascív el e a racional. Pela educaçã o, o indivíduo deveria alcan çar um equilíbrio entr e esse s três princípios, mas um equilíbrio hierárquic o, pois, para o filóso fo, a alma racional deve prep onder ar. Depois, fazen do uma analogia entr e o indivíduo e a cidade (pólis), Platã o tam bém a dividiu em três gru- pos sociais: jenergoncalves Realce jenergoncalves Realce jenergoncalves Realce jenergoncalves Realce 188 • produtores – responsáveis pela produção econômica, como os artesãos e agricultores, criado- res de animais etc. Esse grupo corresponderia à alma concupiscente; • guardiões – responsáveis pela defesa da cidade, como os soldados. Esse grupo corresponderia à alma irascível; • governantes – responsáveis pelo governo da cidade. Esse grupo corresponderia à alma racional. A justiça na cidade dependeria do equilíbrio entre esses três grupos sociais, ou seja, cada qual cumprin- do sua função, uma vez que se trata de aspectos necessários à vida da cidade. Assim, a cidade é como o corpo do indivíduo que estabelece: [...] um acordo perfeito entre os três elementos da sua alma, assim como entre os três tons extremos de uma harmonia – o mais agudo, o mais grave, o médio, e os intermédios, se os houver –, e que, ligando-os uns aos outros se transforme, de múltiplo que era, em uso, moderado e harmonioso; [...] e que em todas essas oca- siões considere justa e honesta a ação que salvaguarda e contribui para completar a ordem que implantou em si mesmo [...].(Platão, A República, p. 145). E, da mesma forma que a alma racional prepondera no indivíduo, a esfera preponderante na cidade deve ser, para Platão, a dos governantes. Mas quem deve ser o governante? O filósofo propõe um mo- delo educativo que possibilitaria a todos os indivíduos igual acesso à educação, independentemente do grupo social a que pertencessem por nascimento. Em sua formação, as crianças iriam passando por processos de seleção, ao longo dos quais seriam destinados a um dos três grupos sociais que formam a cidade. Os mais aptos continuariam seus estudos até o ponto mais alto desse processo – a filosofia –, a fim de se tornarem sábios e, assim, habilitados a administrar a cidade. Dizemos, portanto, que a con- cepção política de Platão é aristocrática, pois supõe que a grande massa de pessoas é incapaz de dirigir a cidade; apenas uma pequena parcela de sábios está apta a exercer o poder político. Aristocracia (do grego aristoi, “melhores”, e cracia,“poder”) é a forma de governo em que o poder é exer- cido pelos “melhores”, os quais, na proposta de Platão, constituem uma elite (do latim eligere, = “esco- lhido”) que se distinguiria pelo saber. Trata-se, portanto, de uma “aristocracia do espírito”, isto é, não está baseada no poder econômico. Isso significa também que Platão não propunha a democracia como a forma ideal de governo. A justificativa para essa posição está em sua alegoria da caverna. Para ele, o filósofo é aquele que, saindo do mundo das trevas e da ilusão, busca o conhecimento e a verdade no mundo das ideias. Depois deve voltar para dirigir as pessoas que não alcançaram esse ponto. Ele se constituiria, assim, no que ficou popularizado como rei-filósofo, pois aquele que, pela contemplação das ideias, conheceu a essência do bem e da justiça deve governar a cidade. TEORIA POLÍTICA DE ARISTÓTELES O filósofo grego Aristóteles (384-322 a.c.) afirmava que o ser humano é por natureza um ser social, pois, para sobreviver, não pode ficar completamente isolado de seus semelhantes. Assim, constituída por um impulso natural do ser humano, a sociedade deve ser organizada conforme essa mesma natureza humana. O que deve guiar, então, a organização de uma sociedade? A busca de determinado bem, cor- responde aos anseios dos indivíduos que a organizam. Para Aristóteles, a organização social adequada à natureza humana é a pólis: “a cidade (pólis) encontra- -se entre as realidades que existem naturalmente, e o homem é por natureza um animal político”. A pólis grega, portanto, é vista pelo filósofo como um fenômeno natural. Por isso, o ser humano em seu sentido pleno é um animal político, isto é, envolvido na vida da pólis. Assim, Aristóteles toma um fenômeno so- cial característico da Grécia como modelo natural de todo o gênero humano. Aristóteles também entende que a cidade tem precedência sobre cada um dos indivíduos, pois, iso- ladamente, o indivíduo não é autossuficiente, e a falta de um indivíduo não destrói a cidade. Assim, afirmou: “o todo deve necessariamente ter precedência sobre as partes” (Política, p. 15). É por isso que, para o filósofo, conforme vimos, a política é uma continuidade da ética, ou melhor, a ética é entendida como uma parte da política. A ética dirige-se ao bem individual, enquanto a política volta-se para o bem comum, constituindo-se também em meio necessário ao bem-estar pessoal. 189 REFERÊNCIAS: COTRIM, Gilberto; FERNANDES, Mirna. Fundamentos de filosofia. 4ª edição. São Paulo: Saraiva, 2016. PARA SABER MAIS: POLÍTICA EM PLATÃO. Video: <https://www.youtube.com/watch?v=RTzKatSM5HE>. Acesso em: 16 maio 2021. POLÍTICA EM ARISTÓTELES. Video: <https://www.youtube.com/watch?v=zb5ICcV2Qgc>. Acesso em: 16 maio 2021. ATIVIDADES 1 – Analise o excerto seguinte: “Não menos estranho seria fazer do homem feliz um solitário, pois ninguém escolheria a posse do mun- do inteiro sob a condição de viver só, já que o homem é um ser político e está em sua natureza o viver em sociedade. Por isso, mesmo o homem bom viverá em companhia de outros, visto possuir ele as coisas que são boas por natureza” (Aristóteles, Política.1973, IX, 9, 1169 b 18/20) A partir do excerto acima, explique porque, para Aristóteles o ser humano é um animal político. 2 – Leia a tirinha e o texto a seguir Disponível em: https://profdotmarcosmelo.wordpress.com/platao. Acesso em 16/05/2021. Segundo ele é da natureza humana a convivência social. O ser humano não se realiza em sua totalidade na solidão. O exercício de suas virtudes e potenciais está ligado à plena à felicidade 190 “Exercita-te primeiro, caro amigo, e aprende o que é preciso conhecer para iniciares na política; antes, não. Então, primeiro precisamos adquirir virtude, tu ou quem quer que se disponha a governar ou a ad- ministrar não só a sua pessoa e seus interesses particulares, como a cidade e as coisas a ela pertinen- tes. Assim, o que precisas alcançar não é o poderabsoluto para fazeres o que bem entenderes contigo ou com a cidade, porém justiça e sabedoria”. (PLATÃO, O primeiro Alcibíades. Trad. Carlos Alberto Nunes. Belém: EDUFPA, 2004. p.281-285). A partir de seu conhecimento acerca da teoria política de Platão, explique porque para Platão apenas o filósofo é capaz de governar com justiça. 3 – “– Mas escuta, a ver se eu digo bem. O princípio que de entrada estabelecemos que devia observar-se em todas as circunstâncias, quando fundamos a cidade, esse princípio é, segundo me parece, ou ele ou uma das suas formas, a justiça. Ora nós estabelecemos, segundo suponho, e repeti-lo muitas vezes, se bem te lembras, que cada um deve ocupar-se de uma função na cidade, aquela para qual a sua natureza é mais adequada.” PLATÃO. A República. Trad. de Maria Helena da Rocha Pereira. 7 ed. Lisboa: Calouste-Gulbenkian, 2001, p. 185. Com base no texto e nos conhecimentos sobre a concepção platônica de justiça, na cidade ideal, assi- nale a alternativa correta. a) Para Platão, a cidade ideal é a cidade justa, ou seja, a que respeita o princípio de igualdade natu- ral entre todos os seres humanos, concedendo a todos os indivíduos os mesmos direitos perante a lei. b) Platão defende que a democracia é fundamento essencial para a justiça, uma vez que permite a todos os cidadãos o exercício direto do poder. c) Na cidade ideal platônica, a justiça é o resultado natural das ações de cada indivíduo na perse- guição de seus interesses pessoais, desde que esses interesses também contribuam para o bem comum. d) Para Platão, a formação de uma cidade justa só é possível se cada cidadão executar, da melhor maneira possível, a sua função própria, ou seja, se cada um fizer bem aquilo que lhe compete, segundo suas aptidões. e) Platão acredita que a cidade só é justa se cada membro do organismo social tiver condições de perseguir seus ideais, exercendo funções que promovam sua ascensão econômica e social. Ao buscar a verdade, as virtudes, o Filósofo em sua vocação natural pode governar com justiça. Para Platão o Filósofo ama o conhecimento e em sua busca pela temperança, coragem e a sabedoria, está o entendimento sobre a Justiça. jenergoncalves Realce 191 SEMANA 2 EIXO TEMÁTICO: Agir e Poder. TEMA/TÓPICO: Indivíduo e comunidade: Lei e Justiça HABILIDADE(S): Compreender as diferentes formas de poder nas sociedades humanas CONTEÚDOS RELACIONADOS: O pensamento político de Maquiavel. TEMA: O pensamento político de Maquiavel Olá Estudante! As relações humanas costumeiramente são relações de poder. As pessoas influenciam e são influen- ciadas. Quando influenciam exercem poder, quando são influenciadas estão sob o exercício de poder de outro (s). Maquiavel é pioneiro em compreender a política a partir das relações de poder. Para ele as pessoas não possuem uma natureza política conforme pensou Aristóteles. As relações humanas envol- vem interesses egoístas e a convivência humana exige um Estado forte; um governante que inspira res- peito e confiança para estabelecer a ordem e promover o bem comum. Maquiavel tira a política da tutela da moral tradicional, da ética cristã para pensá-la de forma realista, técnica. Compreender Maquiavel é compreender a espinha dorsal das sociedades humanas: os jogos de poder. O DIREITO DIVINO DE GOVERNAR Na idade média, com o desenvolvimento do cristianismo e o esfacelamento do império romano, a igreja consolidou-se primeiramente como um poder extra-político. Santo Agostinho (354-430), por exemplo, separava a Cidade de Deus – a comunidade cristã – da cidade dos homens – a comunidade política. Depois, ao longo da idade média e em parte da idade moderna, ocorreu uma aliança entre o poder ecle- siástico e o poder político. E como a igreja católica entendia que todo poder pertence a Deus, surgiu a ideia de que os governantes seriam representantes de Deus na Terra. O rei passou, então, a ter o direito divino de governar. Assim, embora a relação entre o poder temporal dos reis e o poder espiritual da igre- ja tenha sido um grande problema durante a idade média, de forma geral persiste a ideia do governante como representante de Deus, bem como a concepção de monarquia como a forma política mais natural e adequada à realização do bem comum. TEORIA POLÍTICA DE NICOLAU MAQUIAVEL As influências de Platão e Aristóteles no terreno da reflexão política foram marcantes tanto na Antigui- dade como na idade média. A ideia de que a política tem como objetivo o bem comum, que em Platão seria a justiça e em Aristóteles a vida boa e feliz, orientaria grande parte da reflexão política. Entre os filósofos da roma antiga (como Cícero e Sêneca), a teoria política passou a privilegiar a formação do bom príncipe, educado de acordo com as virtudes necessárias ao bom desempenho da função admi- nistrativa. na prática, porém, essa tendência revelou-se muitas vezes catastrófica, predominando até o período medieval. O filósofo italiano Nicolau Maquiavel (1469- -1527) é considerado o fundador do pensamento político mo- derno, uma vez que desenvolveu sua filosofia política em um quadro teórico completamente diferente 192 do que se tinha até então. Como vimos, no pensamento antigo a política estava relacionada com a ética e, na idade média, essa ideia permaneceu, acrescida dos valores cristãos. Ou seja, o bom governante seria aquele que possuísse as virtudes cristãs e as implementasse no exercício do poder político. Ma- quiavel observou, porém, que havia uma distância entre o ideal de política e a realidade política de sua época. Escreveu então o livro O Príncipe (1513-1515), com o propósito de tratar da política tal como ela se dá, isto é, sem pretender fazer uma teoria da política ideal, mas, ao contrário, compreendendo e escla- recendo a política real. Dessa forma, o filósofo afastou-se da concepção idealizada de política. Centrou sua reflexão na constatação de que o poder político tem como função regular as lutas e tensões entre os grupos sociais, os quais, em seu entendimento, eram basicamente dois: o grupo dos poderosos e o povo. Essas lutas e tensões existiriam sempre, de tal forma que seria ilusão buscar um bem comum para todos. Mas se a política não tem como objetivo o bem comum, qual seria então seu objetivo? Ma- quiavel respondeu: a política tem como objetivo a manutenção do poder do Estado. E, para manter o poder, o governante deve lutar com todas as armas possíveis, sempre atento às correlações de forças que se mostram a cada instante. Isso significa que a ação política não cabe nos limites do juízo moral. O governante deve fazer aquilo que, a cada momento, se mostra interessante para conservar seu poder. não se trata, portanto, de uma decisão moral, mas sim de uma decisão que atende à lógica do poder. Para Maquiavel, na ação política não são os princípios morais que contam, mas os resultados. É por isso que, segundo ele, os fins justificam os meios. Desse modo, escreveu em O príncipe: “Não pode e não deve um príncipe prudente manter a palavra empenhada quando tal observância se volte contra ele e hajam desaparecido as razões que a motiva- ram. [...] Nas ações de todos os homens, especialmente os príncipes, [...] os fins é que contam. Faça, pois, o príncipe tudo para alcançar e manter o poder; os meios de que se valer serão sempre julgados honrosos e louvados por todos, porque o vulgo [o povo, a maioria das pessoas] atenta sempre para aquilo que parece ser e para os resultados.” (O príncipe, p. 112-113.) PARA SABER MAIS: Vídeo do “Se liga na educação” sobre o pensamento político de Maquiavel. Disponível em: <https:// www.youtube.com/watch?v=uP7g-1GTK6s&t=155s>. Acesso em: 16 maio 2021. Paródia sobre o pensamento político de Maquiavel. Disponível em: <https://www.youtube.com/ watch?v=O2zigsMsQZs>. Acesso em: 16 maio 2021. REFERÊNCIAS COTRIM, Gilberto; FERNANDES, MIRNA. Fundamentos de filosofia. 4ª edição. São Paulo: Saraiva, 2016. 193 ATIVIDADES 1 – Leia os textos a seguir. Texto 1 Todos concordam que é muitolouvável um príncipe respeitar a sua palavra e viver com integridade, sem astúcias nem embustes. Contudo, a experiência do nosso tempo mostra-nos que se tornaram grandes príncipes que não ligaram muita importância à fé dada e que souberam cativar, pela manhã, o espírito dos homens e, no fim, ultrapassar aqueles que se basearam na lealdade. MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. São Paulo: DPL Editora, 2008. Texto 2 Ao separar completamente a lógica da ação política dos fundamentos da moral, ele diz que “o Príncipe não é nem um livro moral, nem imoral; é apenas um livro técnico. CASSIRER, Ernst. O mito do Estado. Lisboa: Publicações Europa-América, 1961. A ética cristã medieval, as atitudes dos governantes e os Estados estão, todos, subordinados a uma lei superior e transcendente. A ética, sob a visão de Maquiavel, contrapõe-se a essa concepção afirmando que uma atitude não pode ser chamada de boa ou de má a não ser sob uma perspectiva histórica. Relacione os textos e explique em que consiste a separação entre ética e política no pensamento filo- sófico de Maquiavel. 2 – Maquiavel denominou fortuna a metade da vida humana que não pode ser controlada pelo homem. E identificou-a não a algo terrível, mas a uma bondosa deusa, possuidora da honra, da riqueza, da glória, do poder, ou seja, possuidora de todos aqueles bens aos quais os homens naturalmente almejam. Destarte, por ser mulher, a fortuna precisava ser seduzida, e, para tanto, bastaria que se apresentasse um homem de virilidade e coragem inquestionáveis. Um homem possuidor de virtú. O homem de virtú é capaz de seduzir a deusa fortuna, porque sabe o momento exato, criado por esta, para agir com sucesso [...] JUNIOR, Antonio de Freitas. O pensamento político de Maquiavel. Disponível em: <http://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/ id/141333/R174-10.pdf?sequence=4>. Acesso em: 23 mar. 2015. Com base no texto, explique a relação entre virtú e fortuna, segundo o pensamento político de Maquiavel? Em "O Príncipe", Maquiavel defende a necessidade de se separar a moral do soberano da moral da sociedade. Suas ações têm valor por sua eficácia, sendo assim mesmo a crueldade ou a violência poderiam ser ações boas dependendo dos fins. Como dito no texto sua abordagem se desenha técnica e seu objetivo envolve a manipulação do poder do Estado. Sendo parte importante da vida os acontecimentos que fogem do nosso controle ou previsão (Fortuna), se faz necessário que o príncipe reúna características necessárias para moldar situações e "fazer a própria sorte". Saber reconhecer os bons acontecimentos se aproveitar deles, tentar evitar os maus acontecimentos e dobrá-los a seu favor. A Virtú envolve fazer o que for necessário conforme a circunstância. 194 3 – Vilão ou herói, o certo é que com O Príncipe, Maquiavel funda a Ciência Política e cria o emprego moderno do termo “Estado”, “universalmente consagrada pela terminologia dos tempos modernos e da idade contemporânea”. BONAVIDES, Paulo. Ciência política. São Paulo: Malheiros, 1995. Para indicar o que os gregos tinham chamado de pólis, os romanos de res publica, e que um grande pen- sador político, o francês Jean Bodin, meio século depois de Maquiavel, chama de república. BOBBIO, Norberto. A teoria das formas de governo. Brasília: Universidade de Brasília, 1994. A novidade no estudo da política, consagrada pela teoria de Maquiavel em relação a concepções ante- riores, baseia-se na: a) Afirmação da crueldade humana e da necessidade da lei para bloquear as paixões. b) Compreensão da natureza humana como recurso de manipulação política. c) Concepção da política como objeto humano, separado da ética e da religião. d) Concepção paternalista do governo como zelador do patrimônio coletivo e do bem comum. e) Impotência do povo perante o poder político, impossibilitado de interferir na história. 4 – Não ignoro a opinião antiga e muito difundida de que o que acontece no mundo é decidido por Deus e pelo acaso. Essa opinião é muito aceita em nossos dias, devido às grandes transformações ocorridas, e que ocorrem diariamente, as quais escapam à conjectura humana. Não obstante, para não ignorar inteiramente o nosso livre-arbítrio, creio que se pode aceitar que a sorte decida metade dos nossos atos, mas [o livre-arbítrio] nos permite o controle sobre a outra metade. MAQUIAVEL, N. O Príncipe. Brasília: EdUnB, 1979 (adaptado). Em “O Príncipe”, Maquiavel refletiu sobre o exercício do poder em seu tempo. No trecho citado, o autor demonstra o vínculo entre o seu pensamento político e o humanismo renascentista ao: a) Valorizar a interferência divina nos acontecimentos definidores do seu tempo. b) Rejeitar a intervenção do acaso nos processos políticos. c) Afirmar a confiança na razão autônoma como fundamento da ação humana. d) Romper com a tradição que valorizava o passado como fonte de aprendizagem. e) Redefinir a ação política com base na unidade entre fé e razão. jenergoncalves Realce jenergoncalves Realce 195 SEMANA 3 EIXO TEMÁTICO: Agir e Poder. TEMA/TÓPICO: Indivíduo e comunidade. HABILIDADE(S): Delimitar as esferas do indivíduo, do social e do político. CONTEÚDOS RELACIONADOS: O contratualismo de Thomas Hobbes. TEMA: O contratualismo de Thomas Hobbes Olá, estudante! Para você, como deve ser a relação ideal entre o ser humano e o Estado? O Estado deve ser grande, digo, deve estar presente em todos âmbitos da vida das pessoas? Garantir a harmonia e o bem estar de todos os membros que compõem uma sociedade? Ou o Estado deve ser pequeno, ou até mínimo, não interferir na economia e deixar que as pessoas alcancem seus objetivos, sejam quais fo- rem, por mérito próprio? Qualquer alternativa de Estado que você tenha escolhido oferecerá desafios. Um Estado grande pode ser um limite para as liberdades individuais. Em nome da segurança as pessoas podem ter a liberdade reduzida. Por outro lado, um Estado mínimo, que garanta os direitos essenciais (como a vida, a liberda- de….) pode não ser eficiente em sociedades em que a desigualdade é crônica. A meritocracia, princípio fundamental do Estado mínimo, parece não ser um princípio justo em uma sociedade desigual. Na cor- rida da vida nem todos partem do mesmo ponto. Alguns nascem com acesso a muitas oportunidades, outros nascem em condições de pobreza extrema. Apenas o esforço pessoal seria suficiente para equi- librar as oportunidades? Dois filósofos nos ajudarão a pensar estas questões. Sob o comentário de Cotrim e Fernandes você acessará o pensamento de Thomas Hobbes e John Locke. Boa leitura! O CONTRATUALISMO DE THOMAS HOBBES O primeiro grande contratualista foi o filósofo inglês Thomas Hobbes (1588-1679). Em sua investigação, concluiu que o ser humano, embora vivendo em sociedade, não possui o instinto natural de sociabili- dade, como afirmou Aristóteles. Para Hobbes, cada indivíduo sempre encara seu semelhante como um concorrente que precisa ser dominado. Segundo o filósofo, onde não houver o domínio de um indivíduo sobre outro, existirá sempre uma competição intensa até que esse domínio seja alcançado. Tal tese está vinculada à concepção materialista e mecanicista da realidade proposta por Hobbes. A consequência óbvia dessa disputa infindável entre os seres humanos em estado de natureza teria sido o surgimento de um estado de guerra e de matança permanente nas comunidades primitivas. Por isso, nas palavras de Hobbes, “o homem é o lobo do próprio homem” (da expressão latina homo homini lupus). Vejamos, nas palavras do próprio Hobbes, como ele imaginou o estabelecimento do contrato social que deu origem ao Estado (Leviatã). Para o filósofo, a única maneira que os indivíduos tinham para instituir, entre si, um poder comum 196 era [...] conferir toda sua força e poder a um homem, ou a uma assembleia de ho- mens, que possa reduzir suas diversas vontades, por pluralidade de votos, a uma só vontade [...] é como se cada homem dissesse a cada homem [...] transfiro meu direito de governar-me a mimmesmo a este Homem, ou a esta Assembleia de ho- mens, com a condição de transferirem a ele teu direito, autorizando de maneira semelhante todas as suas ações. Feito isto, à multidão assim unida numa só pes- soa se chama Estado [...] É esta a geração daquele grande Leviatã [...] ao qual devemos [...] nossa paz e defesa. Pois graças a esta autoridade que lhe é dada por cada indivíduo no Estado, é-lhe conferido o uso de tamanho poder e força que o terror assim inspirado o torna capaz de conformar as vontades de todos eles, no sentido da paz em seu próprio país, e da ajuda mútua contra os inimigos estrangei- ros. É nele que consiste a essência do Estado, a qual pode ser assim definida: uma pessoa de cujos atos uma grande multidão, mediante pactos recíprocos uns com os outros, foi instituída por cada um como autora, de modo a ela poder usar a força e os recursos de todos, da maneira que considerar conveniente, para assegurar a paz e a defesa comum. Àquele que é portador dessa pessoa se chama Soberano, e dele se diz que possui poder soberano. Todos os restantes são súditos. (Leviatã, p. 105-106). DIFERENÇA ENTRE O CONTRATUALISMO DE HOBBES E LOCKE Assim como Hobbes, o filósofo inglês John Locke (1632-1704) também refletiu sobre a origem do po- der político e sua necessidade de congregar os seres humanos, que, em estado de natureza, viviam isolados. No entanto, enquanto Hobbes imagina um estado de natureza marcado pela violência e pela “guerra de todos contra todos”, Locke faz uma reflexão mais moderada. Refere-se ao estado de nature- za como uma condição na qual, pela falta de uma normatização geral, cada um seria juiz de sua própria causa, o que levaria ao surgimento de problemas nas relações entre os indivíduos. Para evitar esses problemas é que o Estado teria sido criado. Sua função seria a de garantir a segurança dos indivíduos e de seus direitos naturais, como a liberdade e a propriedade, conforme expõe Locke em sua obra Segundo Tratado sobre o Governo. Diferentemente de Hobbes, portanto, Locke concebe a sociedade política como um meio de assegurar os direitos naturais e não como o resultado de uma transferência dos direitos dos indivíduos para o governante e as instituições de governo. Assim nasce a concepção de Estado liberal, segundo a qual o Estado deve regular as relações entre os indivíduos e atuar como juiz nos conflitos sociais. Mas deve fazer isso garantindo aquilo que precede a própria criação do Estado: as liberdades e os direitos individuais, tanto no que se refere ao pensamento e à sua expressão quanto à propriedade e à atividade econômica. PARA SABER MAIS: LIBERALISMO POLÍTICO: Vídeo disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=SPI9oTr- 76Ww>. Acesso em: 17 maio 2021. CONTRATUALISMO DE THOMAS HOBBES: Vídeo disponível em: <https://www.youtube.com/wat- ch?v=jnrzUx5xVac>. Acesso em: 17 maio 2021. REFERÊNCIAS COTRIM, Gilberto; FERNANDES, MIRNA. Fundamentos de filosofia. 4ª edição. São Paulo: Saraiva, 2016. 197 ATIVIDADES 1 – (ENEM, 2000) O texto abaixo, de John Locke (1632-1704), revela algumas características de uma determinada corrente de pensamento: Se o homem no estado de natureza é tão livre, conforme dissemos, se é senhor absoluto da sua pró- pria pessoa e posses, igual ao maior e a ninguém sujeito, por que abrirá ele mão dessa liberdade, por que abandonará o seu império e sujeitar-se-á ao domínio e controle de qualquer outro poder? Ao que é óbvio responder que, embora no estado de natureza tenha tal direito, a utilização do mesmo é mui- to incerta e está constantemente exposto à invasão de terceiros porque, sendo todos senhores tanto quanto ele, todo o homem igual a ele e, na maior parte, pouco observadores da equidade e da justiça, o proveito da propriedade que possui nesse estado é muito inseguro e muito arriscado. Estas circunstân- cias obrigam-no a abandonar uma condição que, embora livre, está cheia de temores e perigos cons- tantes; e não é sem razão que procura de boa vontade juntar-se em sociedade com outros que estão já unidos, ou pretendem unir-se para a mútua conservação da vida, da liberdade e dos bens a que chamo de propriedade. (Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1991.) Do ponto de vista político, podemos considerar o texto como uma tentativa de justificar: a) A existência do governo como um poder oriundo da natureza. b) A origem do governo como uma propriedade do rei. c) O absolutismo monárquico como uma imposição da natureza humana. d) A origem do governo como uma proteção à vida, aos bens e aos direitos. e) O poder dos governantes, colocando a liberdade individual acima da propriedade. 2 – (UFU 1/1999) Para John Locke, filósofo político inglês, os direitos naturais do homem eram: a) família, propriedade e religião. b) liberdade, propriedade e servidão. c) propriedade, servidão e família. d) liberdade, igualdade e propriedade. e) família, religião e pátria. jenergoncalves Realce jenergoncalves Realce 198 3 – “A única maneira pela qual uma pessoa qualquer renuncia à liberdade natural e se reveste dos laços da sociedade civil consiste em concordar com outras pessoas, em juntar-se e unir-se numa comunidade, para viverem com segurança, conforto e paz.” LOCKE, John. Segundo Tratado Sobre o Governo. São Paulo: Martin Claret, 2006, p. 71. Para John Locke, o homem abre mão da liberdade natural em função da a) valorização do bem comum para o fortalecimento da sociedade. b) possibilidade de aumentar seus lucros e seu poder de transação comercial. c) garantia legal dos direitos naturais: vida, liberdade e propriedade privada. d) possibilidade do seu instinto, ultrapassar aquilo que limita sua liberdade. e) sensibilidade altruística, seu objetivo é ajudar o outro homem. 4 – Leia a tirinha a seguir. De acordo com algumas teorias políticas, a formação do Estado é explicada pela renúncia que os indiví- duos fazem de sua liberdade natural quando, em troca da garantia de direitos individuais, transferem a um terceiro o monopólio do exercício da força. O conjunto dessas teorias é denominado de a) liberalismo. b) despotismo. c) socialismo. d) anarquismo. e) contratualismo. jenergoncalves Realce jenergoncalves Realce 199 5 – Leia o texto abaixo e assinale a alternativa correta. “É evidente que, durante o tempo em que os homens vivem sem um poder comum que os mantenha subjugados, eles se encontram naquela condição que é chamada de guerra; e essa guerra é uma guerra de cada homem contra cada outro homem.” Hobbes in BOBBIO, Norberto. Thomas Hobbes. Rio de Janeiro: Ed. Campus, 1991. p. 35. a) Para Hobbes, a guerra é uma situação anterior ao estado de natureza. b) Hobbes associa, compreende a guerra de todos contra todos como característica do Estado de Natureza. c) Um poder comum, segundo Hobbes, mantém os homens no estado de natureza. d) Em Hobbes, a guerra de todos contra todos é compatível com um poder comum. e) Hobbes acredita que no Estado de Natureza o homem é bom e se corrompe quando vive em sociedade. jenergoncalves Realce 200 SEMANA 4 EIXO TEMÁTICO: Ser e agir . TEMA/TÓPICO: Indivíduo e c omunidade . HABILIDADE(S): Refle tir sobr e o sentido do c onflito nas r elaç õe s humanas. CONTEÚDOS RELACIONADOS: Liberalism o, Es tado mínimo. TEMA: John Lock e: Teoria p olítica Olá, es tudant e! Com quais direit os voc ê nasc eu e que ninguém pode tirar de voc ê? Caso voc ê tenha pensado na sua vida, na sua liberdade , voc ê pensou da mesma forma que o filóso fo liberal John Lock e. Es ta semana voc ê conhec erá mais sobr e es te filóso fo e sua teoria política. O obje tivo de s te conteúdo é te ajudar refle tir sobr e o conflito entr e interesse s pessoais e a nec essidade do Es tado . Através de duas his toriador as consagr adas da Filoso fia Maria Lúcia Aranha e Maria Helena Martins, ac essar emos a teo - ria política de John Lock e de f orma mais apr ofundada. RETOMANDO JOHN LOCKE: BREVE BIOGRAFIA John Lock e (1632-1704), filóso fo inglê s, era médico e de sc endia de burgue se s comerciant es. Refugiado na Holanda por ter-se envolvido com acusados de conspir ar contra a Coroa, retornou à Inglaterra no mesm o navio em que viaja va Guilherme de Orange , símbolo da consolidaçã o da monarquia parlam entar ingle sa. Com a obra Dois tratados sobr e o governo civil, tornou-se o teóric o da revoluçã o liberal ingle sa. Suas ideias políticas fecun daram todo o século XVIII, dando o fundament o filosó fic o das revoluçõe s liberais oc orridas na Eur opa e nas Am éricas. ESTADO DE NATUREZA E CONTRATO SOCIAL Assim como Hobbes e pos teriorm ent e Rous se au, Lock e par tiu da concep çã o pela qual os indivíduos isolados no es tado de natureza unem-se mediant e contrato social para cons tituir a sociedade civil. Segun do e ssa t eoria, ap enas o pact o torna legítim o o poder do Es tado . Diferent ement e de Hobbes, porém, Lock e não de scr eve o es tado de natureza como um ambient e de guerr a e egoísm o. O que entã o levaria os indivíduos a aban donar essa situaçã o, delegan do o poder a outrem? Para Lock e, no es tado natural cada um é juiz em causa própria; portant o, os risc os das paixõe s e da parcialidade sã o muito grande s e podem de se s tabilizar as relaç õe s entr e os indivíduos. Por isso , visan do à segur ança e à tranquilidade nec essárias ao gozo da propriedade , todos consent em em insti- tuir o c orpo político. Lock e segue a tendência jusna turalis ta e, nesse sentido , es tá convencido de que os direit os naturais humanos não de sapar ec em em consequên cia de sse consentim ent o, mas subsis tem para limitar o po- der do Es tado . Jus tifica, em última instân cia, o direit o à insurreiçã o: o poder é um trus t, um dep ósit o confiado aos governant es - trata-se de uma relaçã o de confian ça- , e , se es tes não visam ao bem pú- blico, é permitido aos governados retirar essa confian ça e oferec ê-la a outrem, posiçã o que dis tingue Lock e de Hob bes. 201 LEGITIMAÇÃO DE PODER Na Idade Média transmitia-se por herança tant o a propriedade como o poder político: o herdeiro do rei, do conde , do marquê s rec ebia não só os bens como tam bém o poder sobr e aquele s que viviam nas ter- ras herdadas. Lock e es tab elec e a dis tinçã o entr e o públic o e o privado , âmbitos que devem ser regidos por leis dif erent es. Assim, o poder político não deve, em tese , ser de terminado pelas condiçõe s de nascim ent o, bem como o Es tado não deve inter vir, mas gar antir e tutelar o livre exercício da propriedade , da pala vra e da inicia - tiva ec onômica. Desse modo, um asp ect o progressis ta do pensam ent o liberal é a concep çã o parlam en- tar do p oder p olítico, que se acha nas ins tituiç õe s políticas, e nã o no arbítrio dos in divíduos. Enquant o para Hobbes o pact o concede o poder absolut o e indivisível ao sob erano, para Lock e o poder legisla tivo é o poder supr emo, ao qual deve se sub ordinar tant o o executiv o quant o o poder feder ativo (encarr egado das r elaç õe s e xteriores). A PROPRIEDADE SEGUNDO LOCKE Como repr esentant e dos ideais burgue se s, Lock e enf atiza que os indivíduos aban donam o es tado de natureza para preser var a propriedade . Mas o que ele ent ende por propriedade ? Em um sentido muito amplo , é “tudo o que per tence” a cada indivíduo, ou seja, sua vida, sua liberdade e seus bens. A primeira coisa que a pessoa pos sui, portant o, é o seu corpo: todo indivíduo é proprie tário de si mesm o e de suas capacidade s. O trabal ho de seu corpo é propriam ent e dele; portant o, o trabal ho dá início ao direit o de propriedade em sentido es trito (bens, patrimônio). Isso significa que , na concep çã o de Lock e, todos sã o proprie tários: mesm o quem não pos sui bens é proprie tário de sua vida, seu corpo, seu trabal ho e, portant o, dos frut os do seu tr abal ho. PARA SABER MAIS: ASSIS TA AO VÍDEO SOBRE O PENSAMENTO POLÍTICO DE J OHN LOCKE. Disponível em: <https:// www.youtub e.com/watch?v=zWvQJ9Uj6MA>. Acesso em: 17 maio 202 1. REFERÊNCIAS ARANHA, Maria Lúcia Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando – Introdução à Filosofia. São Paulo: Moderna. 202 ATIVIDADES 87- 88. In: L OCKE, John. Dois Tratados sobre o Governo. Traduçã o de Júlio Fisch er. S ão Paulo: Martins F ontes, 1998. Com base na leitur a do texto, disc orre sobr e como Lock e fundamenta a formaçã o da sociedade política. 1 – (UFMG - 2007) Leia este trecho: “Embora todos os frutos que a terra produz naturalmente e todos os animais que alimenta pertençam à humanidade em comum [...] cada homem tem a propriedade de sua própria pessoa; a esta ninguém tem qualquer direito senão ele mesmo. O trabalho de seu corpo e a obra de suas mãos, pode dizer-se, são propriamente dele. A qualquer coisa que ele retirasse do estado no qual a natureza a deixou, ele misturou o próprio trabalho, acrescentando algo que pertence a ele, e, por isso mesmo, tornou-a sua propriedade. Retirando-a do estado comum em que a natureza a colocou, anexou-lhe por esse trabalho algo que a exclui do direito comum de outros homens.” Com base na leitura desse trecho e considerando outros conhecimentos sobre o assunto, REDIJA um texto, explicando como o jusnaturalismo, corrente de que Locke é um representante, justifica a norma moral: “Não se deve roubar”. Direito natural ou jusnaturalismo é uma teoria que procura fundamentar o direito no bom senso, na racionalidade, na equidade, na igualdade, na justiça e no pragmatismo. Para Locke, não se deve roubar porque tudo o que o homem usa teve origem na natureza. Porém, ele imprimiu nessas coisas o seu próprio trabalho, ou seja, parte dele mesmo. Dessa forma, quando se rouba algo de outra pessoa rouba-se também parte do trabalho e da inteligência que não lhe pertence. 2 – (UEL/2020) Leia o texto a seguir. Tendo o homem nascido com um direito à liberdade perfeita e em pleno gozo de todos os direitos e pri- vilégios da lei da natureza, da mesma forma que qualquer outro homem ou grupo de homens no mundo; tem ele por natureza o poder não apenas de preservar sua propriedade – ou seja, sua vida, sua liberda- de, seus bens – contra as depredações e intentos de outros homens, como também de julgar e punir as violações dessa lei por outros. […] Sempre que qualquer número de homens se reúne em uma socieda- de de modo que cada um renuncie ao poder executivo da lei da natureza e o confie ao público, então, e somente então, haverá uma sociedade política ou civil. Adaptado de LOCKE, J. Segundo Tratado sobre o Governo: ensaio referente à verdadeira origem, extensão e objetivo do governo civil. §§ Para John Locke, só existe uma sociedade política onde cada um dos membros renunciou a esse poder natural e o depositou nas mãos da comunidade política. Nela, o povo, como verdadeiro detentor do poder soberano, outorga aos poderes constituídos no governo civil a sua confiança, sem se submeter a eles. LOCKE, John. Segundo Tratado sobre o Governo V,25-26. jenergoncalves Realce 203 3 – (UFSJ-MG) Os pensador es. O motivo que leva os homens a entr arem em sociedade é a preser vaçã o da propriedade; e o obje tivo para o qual esc olhem e aut orizam um poder legisla tivo é tornar pos sível a exis tência de leis e regr as es tab elecidas como guar da e proteçã o às propriedade s de todos os mem bros da sociedade , a fim de limitar o poder e moder ar o domínio de cada par te e de cada mem bro da comunidade; pois não se po- der á nunca sup or seja vontade da sociedade que o legisla tivo pos sua o poder de de s truir o que todos intentam as segur ar-se entr ando em sociedade e para o que o povo se subm eteu a legislador es por ele mesm o criados. Sempr e que os legislador es tentam tirar e de s truir a propriedade do povo, ou redu - zi-lo à escr avidão sob poder arbitr ário, entr a em es tado de guerr a com ele , que fica as sim absolvido de qualquer obediên cia, mas aban donado ao refúgio comum que Deus providenciou para todos os ho- mens contra a força e violência. Sempr e que , portanto, o legisla tivo transgr edir es ta regr a fundamental da sociedade , e por ambiçã o, temor, loucura ou corrupçã o, procur ar apoder ar-se ou entr egar às mãos de terceiros o poder absolut o sobr e a vida, liberdade e propriedade do povo, perde , por es ta infraçã o ao encar go, o poder que o povo lhe entr egou para fins comple tam ent e diferent es, fazen do-o voltar ao povo, que tem o direit o de retomar a liberdade originária e, pela instituiçã o de novo legisla tivo, confor- me achar c onvenient e, prover à pr ópria segur ança e gar antia, o que c ons titui o obje tivo da sociedade . LOCKE, John. Segundo Tratado sobre o Governo. Traduçã o de: MONTEIRO, E. Jac y. 3. ed. S ão Paulo: Abril Cultural, 1983. p. 121. Analise as a firma tivas a seguir . I) A presen ça da pr opriedade origin ou a organizaçã o da sociedade . II) O Poder Legisla tivo pode tir ar e de s truir a propriedade . III)O Legisla tivo perde o p oder quan do transgride as r egr as da sociedade . IV)O Poder Legisla tivo cria leis e r egr as par a proteger as pr opriedade s. V) O Poder Legisla tivo tem poder absolut o sobr e a vida, lib erdade e pr opriedade . Es tã o corretas as a firma tivas a) I, II e V. b) II, IV e V. c) I, III e IV. d) II, III e IV. e) Som ent e II e IV. 4 – Leia o enun ciado abaix o: [...] es forçar -me-ei por mos trar de que maneira os homens podem vir a ter uma propriedade em di- versas par tes daquilo que Deus deu em comum à humanidade , e isso sem nenhum pact o expresso por par te de t odos os m em bros da c omunidade . LOCKE, J. Dois Tratados sobre o Governo. Traduçã o de Julio Fish er. S ão Paulo: Martins F ontes, 2005. p . 406.– grif o do aut or. Assinale a alt erna tiva que apr esenta o fun dament o natural da propriedade priv ada segun do Lock e. jenergoncalves Realce jenergoncalves Realce jenergoncalves Realce jenergoncalves Realce jenergoncalves Realce jenergoncalves Realce 204 a) A propriedade privada surgiu com o pact o de consentim ent o em que alguns abdicam da pos se do que é c omum, dando-o c omo bem de um in divíduo pelo seu m érit o. b) A propriedade privada é antes de tudo uma dádiva divina que alguns obt êm e outros não, por isso não resulta do tr abal ho do indivíduo e sim da b ondade de Deus. c) O fundament o da propriedade privada é o poder es ta tal que , em última instân cia, é o verdadeir o proprie tário , e que n o uso de seu p oder r edis tribui o bem públic o. d) O fundament o da propriedade privada consis te essen cialm ent e na propriedade de si mesm o; cada p essoa t em c omo direit o inaliená vel à pr opriedade de si m esma. e) Todas as alt erna tivas ant eriores e s tã o incorretas. 5 – “Através dos princípios de um direit o natural pree xis tent e ao Es tado , de um Es tado base ado no consenso , de sub ordinaçã o do poder executiv o ao poder legisla tivo, de um poder limitado , de direit o de resis tência, Lock e e xpôs as dir etrize s fun damentais do Es tado lib eral.” Bobbio. Consider ando o texto citado e o p ensam ent o político de Lock e, seguem as a firma tivas abaix o: I) A pas sagem do es tado de natureza para a sociedade política ou civil, segun do Lock e, é realizada mediant e um contrato social, através do qual os indivíduos singular es, livres e iguais dão seu consentim ent o para ingressar n o Es tado civil. II) O livre consentim ent o dos indivíduos para formar a sociedade , a proteçã o dos direit os naturais pelo governo, a sub ordinaçã o dos poder es, a limitaçã o do poder e o direit o à resis tência sã o prin- cípios fun damentais do lib eralism o político de Lock e. III)A violaçã o delib erada e sis temática dos direit os naturais e o uso contínuo da força sem ampar o legal, segun do Lock e, não sã o suficient es para conferir legitimidade ao direit o de resis tência, pois o exercício de tal direit o causaria a dissoluçã o do Es tado civil e , em consequên cia, o retorno ao e s tado de na tureza. IV)Os indivíduos consent em livrement e, segun do Lock e, em cons tituir a sociedade política com a finalidade de preser var e proteger , com o ampar o da lei, do arbítrio e da força comum de um corpo político unitário , os seus inaliená veis dir eit os na turais à vida, à lib erdade e à pr opriedade . V) Da dissoluçã o do poder legisla tivo, que é o poder no qual “se unem os mem bros de uma comu- nidade para formar um corpo vivo e coer ent e”, dec orre, como consequên cia, a dissoluçã o do es tado de na tureza. Das a firma tivas f eitas acima: a) Som ent e a a firmaçã o I es tá c orreta. b) As afirmaç õe s I e III es tã o corretas. c) As afirmaç õe s III e IV es tã o corretas. d) As afirmaç õe s II e III es tã o corretas. e) As afirmaç õe s III e V es tã o incorretas. jenergoncalves Realce jenergoncalves Realce jenergoncalves Realce jenergoncalves Realce jenergoncalves Realce jenergoncalves Realce jenergoncalves Realce 205 SEMANA 5 EIXO TEMÁTICO: Ser e agir . TEMA/TÓPICO: Indivíduo e c omunidade . HABILIDADE(S): Refle tir sobr e o sentido do c onflito nas r elaç õe s humanas. CONTEÚDOS RELACIONADOS: Sob erania, v ontade p opular, Es tado . INTERDISCIPLINARIDADE: História, Sociologia. TEMA: Rous se au: Teoria p olítica Olá Estudant e! O homem nasc e bom? Nasc e mal? É corrompido pela sociedade ou já pos sui uma natureza corrupta. A resp os ta a es ta pergunta implica na cons truçã o de um tipo de terminado de Es tado . O filóso fo Rous se au par tiu do pressup os to de que o homem pos sui uma natureza boa para cons truir uma teoria política so - bre o Es tado . Nes ta semana voc ê ac essa as principais ideias de Rous se au sobr e a política através da excelent e e xplanaçã o de Gilber to Cotrim e de Mirna Fernan de s. ROUSSEAU: ESTADO DE NATUREZA Rous se au aborda um tema clás sic o, o ser humano em es tado de natureza – is to é, antes de viver em sociedade –, e critica seus pr edec essor es – como Hobbes e Lock e – por imaginar em um e s tado na tural que lhes convinha para jus tificar seus modelos predile tos de governo: a monarquia absolutis ta, no caso do primeiro; o es tado liberal, no caso do segun do. Assim, para Rous se au, propuser am um es tado de guerr a ou de proprie tários, resp ectiv ament e, pintan do o “homem natural” com as cores da sociedade de sigual e injusta que todos conhec emos. O filóso fo franco-suíç o afirma, em contrapar tida, que é pos - sível conjectur ar sobr e um es tado de natureza totalment e dis tinto, ado tan do, para isso , outro método de de sc ober ta: uma meditaçã o interior nas profundezas da flores ta. Por meio dela, Rous se au chega a uma imagem do es tado de natureza que rec onhec e ser apenas uma hipótese , não um fato his tórico, mas uma hip ótese plausív el e nã o menos v eros símil do que as outr as e xis tent es. De ac ordo com sua de scriçã o, o ser humano em es tado natural vivia isolado , livre e feliz, guiado por bons sentim ent os e em harmonia com seu hábita t. Ligado a sua natureza animal, tinha os sentidos mais de sen volvidos que o intelect o, e suas únicas paixõe s eram o amor de si (entendido como uma paixã o inata que leva cada animal à aut opreser vaçã o) e a piedade (definida como uma repugnân cia inata por ver o so friment o alheio). Rous se au reviveu, as sim, o mito do bom selv agem , present e em vários rela tos de viagem de e xploradores daquela ép oca e que seria t ema de v árias obr as lit erárias. Apesar de sua proximidade dos outros animais, o ser humano se dis tinguiria de s tes, segun do o filóso fo, por ser um pouc o mais livre em relaçã o aos instintos e por apresentar uma car act erís tica fundamental: a capacidade ou potencialidade de mudar seu es tado ou condiçã o para melhor (aper feiç oar-se) ou pior (como foi o caso da vida em sociedade), o que não oc orre com os outros animais, pois es tes se mant êm sempr e iguais. tr ata-se da chamada p er fectibilidade humana. a prim eira de sigualdade 206 ORIGEM DA DESIGUALDADE SEGUNDO ROUSSEAU Segun do o filóso fo, a de sigualdade surgiupor um encade ament o de circuns tân cias funes tas, iniciadas no moment o em que alguém cercou um terreno e disse que era seu, dando origem à propriedade priva- da, era a primeira de sigualdade , a de sigualdade de pos se s ou fortuna. Daí surgiram disputas e guerr as. os ricos, buscan do gar antir suas pos se s, e os demais, acr editan do es tar mais segur os as sim, chegar am a um ac ordo para formar a sociedade civil e es tab elec er leis de convivência (o chamado contrato social). Foi aí que de sp ontar am todos os tipos de de sigualdade social. Eleit os inicialment e, os primeiros diri- gent es impuser am-se como governant es hereditários, acumulan do cada vez mais privilégios, poder e fortuna, e o res to da his tória já conhec emos. Portant o, podem os dizer resumidam ent e que , com o surgiment o da sociedade e de todas as suas instituiç õe s, de sapar ec eu a bondade natural, própria dos selv agens, bem como sua liberdade . e que a tese de Rous se au é a de que o es tado social não é natural no ser human o e o c orrompe, mas se t ornou indisp ensá vel a par tir de c er to moment o. O contrato social rec onhec endo que não é pos sível uma volta atrás, o problema para Rous se au tornou- -se , entã o, o seguint e: que tipo de convençã o ou forma de organizaçã o política pode conser var a liber- dade car act erís tica do es tado de natureza? No livro Do contrato social, Rous se au emp enhou- -se em fornec er uma resp os ta a essa que s tã o. Nele sua tar efa não era mais, como no discurso, a de fornec er conjectur as sobr e event os his tóricos, e sim apresentar uma tese normativa, is to é, que argumentas se sobr e como deveria ser o es tado para que fos se legítim o. Em outras pala vras, procur ou es tab elec er instrument os p elos quais o in divíduo “natural” se tr ans formas se n o cidadã o do “convívio social”. Rous se au de fendeu, entã o, a ideia de que o sob erano deve conduzir o es tado segun do a vontade ger al de seu povo, sempr e tendo em vis ta o atendiment o do bem comum. Som ent e esse es tado , de base s dem ocr áticas, teria condiçõe s de oferec er a todos os cidadã os um regim e de igualdade jurídica. Por essa e outras ideias, rous se au tornou-se célebr e como de fensor da pequena burgue sia e inspirador dos ideais pr esent es na revoluçã o francesa, oc orrida onze an os ap ós a sua m orte PARA SABER MAIS: VÍDEO RÁPIDO SOBRE CONTRATUALISMO. Disponível em: <https:// www.youtub e.com/watch?v= - sAmUnHVE5dI>. Acesso em: 17 maio 202 1. REFERÊNCIAS COTRIM, Gilber to; FERNANDES, MIRNA. Fundamentos de filosofia. 4ª ediçã o. São Paulo: Saraiva, 2016. 207 ATIVIDADES 1 – No pensam ent o político de Rous se au, o verdadeir o fundador da sociedade civil foi o primeiro que , tendo cercado um terreno, lembrou-se de dizer is to é meu e encontrou pessoas suficient ement e simple s para acr editá -lo. Quantos crimes, guerr as, as sas sínios, misérias e horrores não pouparia ao gên ero humano aquele que , arrancan do as es tacas ou enchendo o fos so , tivesse gritado a seus sem elhantes: ‘Defendei Vos de ouvir esse impos tor; es tar eis perdidos se esquec erde s que os frutos da terra sã o de todos e que a terra não per tence a ninguém!’. Grande é a pos sibilidade , porém, de que as coisas já entã o tivessem chegado ao ponto de não poder mais perman ec er como eram, pois essa ideia de propriedade , dep endendo de muitas ideias anteriores que só poderiam ter nascido suc essivament e, não se formou rep entinam ent e no espírito humano”. (ROUSSEAU, Je an-Jacque s. Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens. 2. ed. S ão Paulo: Abril Cultural, 1978, p.2265. C oleçã o Os Pensador es). A es te resp eit o, as sinale a alt erna tiva CORRETA a resp eit o da t eoria c ontratualis ta de R ous se au. a) Rous se au afirma que no Es tado de Natureza há liberdade ilimitada, resultan do como premis - sa a inexis tência da propriedade privada e do direit o de alguns sobr e aquilo que é de todos os homens. b) Rous se au de fine que no Es tado de Natureza o homem pos suía o direit o irrevogá vel sobr e a pro- priedade c ons tituindo a pos se da t erra, portant o, um direit o par ticular . c) Rous se au adver te que no Es tado de Natureza a liberdade é limitada, tornando-se nec essário o de ver de sub ordinaçã o dos h omens ao p oder p olítico do mais f orte. d) Rous se au não admit e que no Es tado de Natureza o homem tenha o direit o ilimitado sobr e todas as c oisas, mas ap enas que a pr opriedade p er tence c ole tivament e a t odos. e) Rous se au busca es tab elec er que no Es tado Civil o direit o deve preser var a propriedade privada, uma vez que o Es tado de Na tureza é f ormado p ela guerr a de t odos c ontra todos. 2 – Rous se au, no texto Sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens (1755), estabelece que: a) A invençã o da propriedade privada, das sociedade s e das leis foram ac ontecim ent os que der am origem , diversificar am e apr ofundaram as f ormas de de sigualdade . b) A desigualdade na tural entr e os h omens é a prin cipal r azã o da de sigualdade social e p olítica. c) A desigualdade ec onômica se de ve, sobr etudo, à inteligên cia mais aguçada dos ric os. d) A invençã o da sociedade e das leis nasc eu para gar antir os direit os naturais da vida e da propriedade . e) A invençã o da política mar cou o fim da de sigualdade entr e sen hores e e scr avos. jenergoncalves Realce jenergoncalves Realce 208 3 – O filóso fo Je an-Jacque s Rous se au (1712-1778) foi um atent o obser vador da sociedade de sua ép oca. Em um de seus livr os, publicado em 1755, R ous se au e scr eveu: “O primeiro que , tendo cercado um pedaç o de terra, se apressou em dizer isso me per tence, e encon- trou pessoas muit o ingênuas par a cr er no que ele dizia, f oi o verdadeir o fundador da sociedade civil.” Segun do e s te ar gument o, a sociedade civil a) Alcançou níveis de f elicidade social de sc onhecidos dos h omens na turais. b) Es tab elec eu uma c ondiçã o de pr olongada paz social entr e os h omens. c) Result ou de uma situaçã o de de sigualdade social entr e os h omens. d) Promoveu a c ompreensã o entr e os h omens p or meio da divisã o das riquezas. e) Trans formou os h omens em ser es indolent es e in capaze s par a o trabal ho. 4 – (PUC-PR) De ac ordo com O discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade, de Je an- Jacque s Rous se au (1712-1778), é correto afirmar que: a) No es tado de natureza – fundament o do direit o político –, o homem natural era um ser livre, po- rém sem dir eit os iguais. b) No es tado de natureza – fundament o do direit o político –, o homem natural era um ser de direit os iguais, p orém nã o era livre. c) No es tado de natureza, os direit os fundamentais do homem eram: igualdade , liberdade e propriedade . d) No es tado de na tureza, já e xis te o direit o de pr opriedade . e) No es tado de na tureza, os dir eit os fun damentais do h omem er am: igualdade e lib erdade . jenergoncalves Realce jenergoncalves Realce 209 SEMANA 6 EIXO TEMÁTICO: Ser e agir . TEMA/TÓPICO: Indivíduo e c omunidade . HABILIDADE(S): Compreen der as dif erent es formas de p oder nas sociedade s humanas. CONTEÚDOS RELACIONADOS: Sob erania, v ontade p opular, Es tado . INTERDISCIPLINARIDADE: História, Sociologia. TEMA: Michel Foucault Olá, Es tudant e! Es ta semana voc ê compreen der á a política a par tir do ponto de vis ta contemp orâneo . Para Foucault o poder não se es tab elec e de forma macr o, mas de forma micro. O poder es tá em todo lugar; cria subje - tividade s. Para Foucault o poder não é nega tivo, é positiv o pois é criador de realidade s. Mais uma vez vamos utilizar a b oa e scrita de Gil ber to Cotrim e de Mirna Fernan de s par a apr ofundarmos o t ema. FOUCAULT: O PODER Foucault nasc eu em Poitier s, na França. Buscan do explicar as zonas cultur ais e institucionais que in- fluem diretam ent e nas atividade s e nos pensam ent os cotidianosdas pessoas, produziu uma crítica his- tórica da m odernidade , na qual a ideia-cha ve é o p oder . Um dos principais pensador es da pós-m odernidade foi o filóso fo francês Michel Foucault (1926-1984), que centr ou sua inves tigaçã o em temas como cer tas instituiç õe s sociais (notadam ent e as educa ti- vas, psiquiátricas e car cerárias), a se xualidade e, principalm ent e, o poder . De ac ordo com Foucault, as sociedade s modernas apresentar am uma nova organizaçã o do poder que se de sen volveu a par tir do século XVIII. Nessa nova organizaçã o, o poder não se concentr a apenas no se tor político e em suas formas de repr es - sã o, mas es tá disseminado pelos vários âmbitos da vida social. Para esse filóso fo, o poder fragm ent ou- -se em micropoder es e tornou-se muito mais e ficaz. em seu livro Microfísica do poder, Foucault (1978, p.181), explica: Por dominaçã o eu não ent endo o fato de uma dominaçã o global de um sobr e os outros, ou de um grupo sobr e outro, mas as múltiplas formas de dominaçã o que se podem e xercer na sociedade . Assim, sem se de ter apenas no macr o poder concentr ado no Es tado , Foucault analisou esse s micro- poder es que se espal ham pelas mais diversas instituiç õe s da vida social, is to é, os poder es exercidos por uma rede imensa de pessoas que interiorizam e cumpr em as normas es tab elecidas pela discipli - na social – pais, porteiros, enfermeiros, professor es, secr etárias, guar das, fiscais e tc. ado tan do essa persp ectiv a de análise , conhecida como microfísica do poder , ele afirma que “o poder es tá em toda par te, não porque englob e tudo” e sim “porque provém de todos os lugares”. Na vida cotidiana, segun do 210 o filóso fo, esbarr amos mais com os guar diõe s dos micropoder es – os pequen os donos dos poder es pe- riféric os – do que c om os de tent ores dos macr o poder es. Seu obje tivo, como filóso fo, foi o de colocar à mos tra es truturas veladas de poder , tendo Nietzsch e por inspiraçã o. tant o quant o es te, Foucault a firmou a relaçã o entr e sab er e p oder: Vivemos em uma sociedade que em grande par te marcha “ao compas so da verdade” – ou seja, que produz e faz circular discur sos que funcionam como verdade , que pas sam por tal e que de têm, por esse m otivo, poder es e sp ecífic os (FOUCAULT, 1978, p. 231). A ORIGEM DO PODER Foucault tam bém de sen volveu seu método de pesquisa à maneira de uma gen ealogia, inspirado em Nietzsch e. Como o filóso fo alemã o, ado tou como ponto de par tida a noçã o de que os valores – o bem e o mal, o verdadeir o e o falso , o cer to e o errado , o sadio e o doent e etc. – sã o consagr ados his toricam ent e em fun çã o de int eresse s rela tivos ao p oder dentr o da sociedade . Em outras pala vras, a de finiçã o do que é bom, verdadeir o ou sadio dep ende das instân cias nas quais o poder se encontra. Na visã o de Foucault, esse poder não seria essen cialm ent e de repr essã o ou de cen- sura, mas antes um poder criador , no sentido de que produz a realidade e seus conceit os. em seu livro Vigiar e punir: uma genealogia do poder, ele e xplica e sse seu ent endiment o do que é o p oder: É preciso cessar de sempr e de scr ever os e feit os do poder em termos nega tivos: ele “ex- clui”, “reprim e”, “recalca ”, “censur a”, “discrimina ”, “máscar a”, “esc onde”. Na verdade , o poder produz: produz o real; produz os domínios de obje tos e os rituais de verdade (FOUCAULT, 1975, p. 110). Nessa mesma obra, Foucault ac ompan ha a evoluçã o dos mecanism os de controle social e de puniçã o, que se tornaram cada vez menos visíveis e mais racionalizados. Caract eriza a sociedade contemp orâ- nea como uma sociedade disciplinar , na qual prevalec e a produçã o de práticas disciplinar es de vigilân- cia e c ontroles c ons tant es, que se e s tendem a t odos os âm bitos da vida dos in divíduos. Uma das formas mais e ficient es de ssa vigilância e disciplina se dá, no seu ent ender, por meio de dis - cursos e práticas científicas apar ent ement e neutr as e racionais, que procur am normatizar o com- portam ent o dos indivíduos. Exemplo disso seria o tratam ent o científic o dado à se xualidade , no qual o comportam ent o se xual é normatizado por meio do convenciment o racional dos indivíduos sobr e os cuidados n ec essários à sua vida n esse âm bito. Desse modo, as sumindo a fac e do sab er, o poder , segun do Foucault, atinge os indivíduos em seu corpo, em seu comportam ent o e em seus sentim ent os. Assim, como o poder encontra-se em múltiplos espa - ços, a resis tência a esse es tado de coisas não cab eria, para o filóso fo, a um partido ou clas se revolucio - nária, pois es tes se dirigiriam a um único foc o de poder . Seria nec essária, portant o, a açã o de múltiplos pontos de r esis tência. PARA SABER MAIS: Vídeo aula de Foucault sobr e poder e política. Disponível em: <https:// www.youtub e.com/watch? - v=qnifuzWogY8>. Acesso em: 17 maio 202 1. REFERÊNCIAS COTRIM, Gilber to; FERNANDES, MIRNA. Fundamentos de filosofia. 4ª ediçã o. São Paulo: Saraiva, 2016. 211 ATIVIDADES 1 – Gilber to Cotrim (2006. p. 212), ao tratar da pós-m odernidade , comenta as ideias de Michel Foucault, nas quais “[...] as sociedade s modernas apresentam uma nova organizaçã o do poder que se de sen volveu a par tir do século XVIII. Nessa nova organizaçã o, o poder não se concentr a apenas no se tor político e nas suas formas de repr essã o, pois es tá disseminado pelos vários âmbitos da vida social [...] [e] o poder fragm ent ou-se em micropoder es e tornou-se muito mais e ficaz. Assim, em vez de se de ter apenas no macr o poder concentr ado no Es tado , [os] micropoder es se espal ham pelas mais diversas instituiç õe s da vida social. Isto é, os poder es exercidos por uma rede imensa de pessoas, por exemplo: os pais, os porteiros, os enf ermeiros, os pr ofessor es, as secr etarias, os guar das, os fiscais e tc.” Fonte: COTRIM, Gilber to. Fundamentos da Filosofia: história e grandes temas. S ão Paulo: S araiva, 2006. (adaptado) Pelo expos to por Gilber to Cotrim sobr e as ideias de Foucault, a principal funçã o dos micropoder es no corpo social é int eriorizar e f azer cumprir: a) O ideal de igualdade entr e os h omens. b) O total direit o político de ac ordo c om as e tnias. c) As normas e s tab elecidas p ela disciplina social. d) A repr essã o exercida p elos m enos ins truídos. e) O ideal de lib erdade in dividual. 2 – Na sua obra Vigiar e Punir, Foucault tema tiza as relaç õe s de poder a par tir de uma contraposiçã o entr e as formas de puniçã o dos regim es absolutis tas europeus e aquelas utilizadas pelas sociedade s dem ocr áticas a par tir do século XVIII. Es sa análise tem como foc o principal o tratam ent o dedicado ao criminoso n esse s períodos. Sobr e e sse e s tudo, é CORRETO afirmar que: I) Enquant o no direit o monárquic o o tratam ent o do criminoso era feit o a par tir do exercício da puniçã o, nos regim es pos teriores ao século XVIII cria-se uma sociedade na qual o poder de vigi- lância é usado c omo mecanism o de disciplina. II) O esp etá culo do suplício não tinha por obje tivo res tituir o poder do rei, já que se trata va de um mecanism o sem nenhum efeit o sobr e os súdit os. O único efeit o do suplício seria a dor sobr e o corpo, e isso explicaria por que os crimes continua vam oc orrendo mesm o num regim e tã o inten- so de puniçã o. III)Nos regim es marcados pelo suplício , todo ato criminoso é tratado como uma afronta ao poder do rei, que teria o suplício como instrument o de exercício do poder que fora ofendido pelo crime. IV)O suplício é consider ado por Foucault como uma inicia tiva de puniçã o sobr e o corpo do indivíduo, ou seja, uma pena dolorosa e atroz contra o corpo do criminoso . O grau da pena variaria segun do o grau do delit o. O suplício seria um grande esp etá culo que pretendia mos trar aos demais o que oc orreria c om ele s caso a frontas sem o p oder c entr al. Verdadeiro Verdadeiro Verdadeiro Falso jenergoncalvesRealce jenergoncalves Realce jenergoncalves Realce jenergoncalves Realce jenergoncalves Realce 212 Analise as pr oposiç õe s, acima, e mar que a op çã o CORRETA: a) Apenas as as ser tivas I e II es tã o corretas. b) Apenas as as ser tivas I, III e IV es tã o corretas. c) Apenas as as ser tivas II e IV es tã o corretas. d) Todas as as ser tivas e s tã o corretas. e) Apenas a as ser tiva IV es tá c orreta. jenergoncalves Realce
Compartilhar