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Farmacologia II – Taynara Pereira 1 DIURÉTICOS FUNÇÕES DOS RINS - Balanço hídrico e salino - Excreção de compostos nitrogenados - Regulação ácido-base - Metabolismo ósseo - Atividade eritropoiética → os rins produzem eritrogenina - Controle da pressão arterial A unidade funcional do rim: Néfron (glomérulo, túbulo contorcido proximal, alça de Henle, túbulo distal, ducto coletor) Proteínas e células não são filtradas, assim como toda molécula de peso molecular alto. 60% da reabsorção ocorre no Túbulo contorcido proximal (TCP). 25% ocorrem no ramo espesso ascendente da alça de Henle. 5% da reabsorção ocorre no TCD. Cerca de 66% dos íons de sódio (Na+) filtrados, 85% do NaHCO3, 65% do K+, 60% da água e praticamente toda a glicose e os aminoácidos filtrados são reabsorvidos no túbulo proximal Entre os diversos solutos reabsorvidos no túbulo proximal, os mais relevantes para a ação diurética são o NaHCO3 e o NaCl. A aldosterona age no TCD. Diuréticos: - Antagonizam a ação da aldosterona (a aldosterona promove a eliminação de K+ e promove a reabsorção de água + sódio). Assim eles poupam potássio - Aumentam a taxa de fluxo da urina - Aumentam a taxa de excreção de Na+, Cl- e H2O Ex.: espironolactona - Promovem depleção de sódio, diminuindo o volume sanguíneo e o débito cardíaco. - Se utilizados isoladamente, diuréticos proporcionam tratamento da hipertensão essencial leve ou moderada - Na hipertensão grave, são usados em associação com agentes simpaticoplégicos e vasodilatadores. Classificação: 1. Inibidores da anidrase carbônica → agem no TCP Farmacologia II – Taynara Pereira 2 2. Diuréticos osmóticos → atuam em todo o néfron. São muito concentrados (hiperosmóticos) por isso puxam muita água 3. Diuréticos tiazídicos → agem no TCD 4. Diuréticos de alça → agem no ramo ascendente da alça de Henle 5. Diuréticos poupadores de potássio → Agem no final do TCD e início do ducto coletor ➔ INIBIDORES DA ANIDRASE CARBÔNICA Representantes: · Acetazolamida · Metazolamida · Diclorfenamida Mecanismo de ação da acetazolamida: Como ocorre a reabsorção de bicarbonato de sódio: - É iniciada pela ação de um permutador de Na+/H+ (NHE3) localizado na membrana luminal das células epiteliais do túbulo proximal. Esse sistema de transporte possibilita a entrada de Na+ na célula a partir do lúmen tubular, em troca de um próton (H+) proveniente do interior da célula. - Como em todas as porções do néfron, a Na+/K+- ATPase na membrana basolateral bombeia o Na+ reabsorvido no interstício, mantendo, assim, uma baixa concentração intracelular de Na+. - O H+ secretado no lúmen combina-se com o bicarbonato (HCO3–) para formar H2CO3 (ácido carbônico), que é rapidamente desidratado à CO2 e H2O pela anidrase carbônica. - O dióxido de carbono produzido pela desidratação do H2CO3 penetra na célula tubular proximal por difusão simples, onde é, então, reidratado a H2CO3, processo também facilitado pela anidrase carbônica intracelular. Após dissociação do H2CO3, o H+ torna-se disponível para transporte pelo permutador de Na+/H+, e o HCO3– é transportado para fora da célula por um transportador da membrana basolateral - Por conseguinte, a reabsorção de bicarbonato pelo túbulo proximal depende da atividade da anidrase carbônica. Essa enzima pode ser inibida pela acetazolamida e por outros inibidores da anidrase carbônica. A anidrase carbônica IV quebra H2CO3 em CO2+H2O para que esses compostos sejam absorvidos pelas células do TCP. Quando esses compostos são absorvidos anidrase carbônica II restaura o H2CO3 (ácido fraco) que logo se dissocia formando HCO3- (bicarbonato) e H+. O Bicarbonato é absorvido e o H+ Farmacologia II – Taynara Pereira 3 fica disponível para transporte pelo permutador de Na+/H+. Ao bloquear a anidrase carbônica, os inibidores reduzem a reabsorção de NaHCO3 e causam diurese. - Inibição reversível de anidrase carbônica II citoplasmática e anidrase carbônica IV luminal A acetazolamida inibe a anidrase carbônica que promove a reabsorção de Na+ e HCO3- → dessa forma a urina fica mais alcalina e o sangue mais ácido. - Após vários dias de tratamento, o efeito diurético do fármaco é diminuído por supra-regularão compensatória da reabsorção de NaHCO3 e aumento da reabsorção de NaCl. - Associa-se a acidose metabólica de leve a moderada. A acetazolamida inibe a anidrase carbônica que promove a reabsorção de Na+ e HCO3- → dessa forma a urina fica mais alcalina e o sangue mais ácido. Uso clínico: - Restaurar o equilíbrio acidobásico em pacientes com insuficiência cardíaca. - Em associação com antagonistas β-adrenérgicos tópicos no tratamento do glaucoma. Os antagonistas β- adrenérgicos promovem a constrição da pupila, o que ajuda a reduzir a pressão ocular por drenar humor aquoso. A anidrase carbônica aumenta a produção de humor aquoso, o que colabora para o agravamento do glaucoma. Por isso a acetazolamida local é utilizada no tratamento do glaucoma. - Tratamento da epilepsia. - Tratamento de hiperuricemia ou gota → urina alcalina facilita a eliminação de substâncias ácidas como o ácido úrico - Alcalose metabólica: quando a alcalose se deve ao uso excessivo de diuréticos em pacientes com insuficiência cardíaca grave, a reposição do volume intravascular pode estar contraindicada. Nessas circunstâncias, a acetazolamida é útil para corrigir a alcalose, bem como para produzir uma pequena diurese adicional com vistas à correção da sobrecarga de volume. A acetazolamida também pode ser usada para a rápida correção da alcalose metabólica, que pode surgir após a correção da acidose respiratória - Doença das montanhas agudas: como a anidrase carbônica pode causar acidez do LCS, ela pode aumentar a ventilação e diminuir os sintomas da doença das montanhas. Essa leve acidose metabólica central e do LCS é também útil no tratamento da apneia do sono Efeito adversos: • Acidose metabólica → a acetazolamida ao contribuir para eliminação de HCO3- promove acidose metabólica hiperclorêmica, pois como formar de compensar a perda de carga negativa, ocorre absorção de Cl- • Cálculos uretrais → urina alcalina contribui para a formação de cálculos renais a partir de sais de cálcio (sais de fosfato de cálcio são relativamente insolúveis em pH alcalino, o que significa um aumento do Farmacologia II – Taynara Pereira 4 potencial de formação de cálculos renais a partir desses sais) • Parestesia e sonolêcia • Hipersensibilidade → Assim como todo fármaco • Perda renal de potássio: uma vez que o Na+ aumentado apresentado ao túbulo coletor (com HCO3- ) é parcialmente reabsorvido, aumentando o potencial elétrico negativo no lúmen desse segmento e intensificando a secreção de K+. Porque a acetazolamida pode ser prejudicial para pacientes com hepatopatia. A amônia básica tem que ser eliminada em urina ácida, então, pacientes que fazem uso desse fármaco possuem maior dificuldade de excretar a urinar na urina. A amônia se acumula no fígado que não consegue metabolizar, e a amônia é um composto neurotóxico. ➔ DIURÉTICOS OSMÓTICOS Representantes: · Manitol (I.V.) · Ureia (I.V.) · Glicerina (V.O) O manitol intravenoso atua como diurético, porém, o manitol via oral age como laxante. Manitol consegue atravessar a barreira hematoencefálica. Efeito adverso do manitol: arrasta muita água→ pode gerar acúmulo de eletrólitos • Agentes filtrados livremente no glomérulo • Sofrem reabsorção limitada pelo túbulo renal • São fármacos relativamente inertes O túbulo proximal e o ramo descendente da alça de Henle são livremente permeáveis à água. Qualquer agente osmoticamente ativo que é filtrado pelo glomérulo, mas não reabsorvido, provoca retençãode água nesses segmentos e promove uma diurese hídrica. Esses fármacos podem ser usados para reduzir a pressão intracraniana e para promover a remoção imediata de toxinas renais. Usos terapêuticos: - Insuficiência renal aguda - Crise aguda de glaucoma - Edema cerebral - Síndrome do desequilíbrio dialítico (hemodiálise ou diálise peritoneal) - Redução da pressão intracraniana Efeito adversos: Trombose (uréia) Hiperglicemia (glicerina) Edema pulmonar (ICC) → aumentam a chance de edema pulmonar → o leva à expansão do volume de líquido extracelular e ao desenvolvimento de hiponatremia. Esse efeito pode complicar a insuficiência cardíaca e produzir edema pulmonar franco - O uso excessivo de manitol sem reposição hídrica adequada pode, em última análise, levar à desidratação grave, perda de água livre e hipernatremia. À medida que a água é retirada das células, a concentração intracelular de K+ aumenta, resultando em perdas celulares e hiperpotassemia - Hiponatremia em pacientes com comprometimento renal: Quando usado em pacientes com grave comprometimento renal, o manitol administrado por via parenteral não pode ser excretado e é retido no sangue. Isso provoca a retirada osmótica de água das células, com consequente hiponatremia Ureia e glicerina possuem efeitos adversos sérios, por isso o manitol é o mais utilizados dos diuréticos osmóticos. ➔ DIURÉTICOS DE ALÇA Alça de Henle: - O ramo ascendente delgado é relativamente impermeável à água, porém permeável a alguns solutos. - O ramo ascendente espesso (RAE), que é uma continuação do ramo delgado da alça de Henle, reabsorve ativamente o NaCl do lúmen (cerca de 25% do sódio filtrado); entretanto, ao contrário do túbulo proximal e do ramo descendente delgado da alça de Henle, é quase impermeável à água. Por conseguinte, a reabsorção de sal no RAE dilui o líquido tubular. - O sistema de transporte do NaCl na membrana luminal do RAE é um cotransportador de Na+/K+/2Cl– (denominado NKCC2 ou NK2CL) - Apesar de o transportador de Na+/K+/2Cl– ser ele próprio eletricamente neutro (ocorre cotransporte de Farmacologia II – Taynara Pereira 5 dois cátions e de dois ânions), a ação do transportador contribui para o acúmulo excessivo de K+ no interior da célula. A retrodifusão desse K+ para dentro do lúmen tubular (por meio do canal ROMK) produz um potencial elétrico de lúmen positivo, que fornece a força propulsora para a reabsorção de cátions – incluindo magnésio e cálcio – pela via paracelular. Representantes: · Furosemida · Bumetamida · Torsemida · Ácido etacrínico Furosemida, Bumetamida e Torsemida → derivados da sulfonamida Mecanismo de ação: - Os diuréticos de alça inibem o NKCC2, o transportador luminal de Na+/K+/2Cl–, no RAE da alça de Henle. Ao inibir esse transportador, os diuréticos de alça reduzem a reabsorção de NaCl e, também, diminuem o potencial positivo no lúmen que deriva da reciclagem do K+ - Esse potencial positivo normalmente impulsiona a reabsorção de cátions divalentes no RAE, e, ao reduzir esse potencial, os diuréticos de alça causam aumento na excreção de Mg2+ e de Ca2+ No ramo ascendente espesso da alça de Henle existe um trocador de membrana (NKCC2) que reabsorve Na+, Cl- e K+. O Na+ é reabsorvido, o K+ excretado e 1Cl- e o outro fica na célula, gerando um balanço com carga negativa. Para compensar, são reabsorvidos Ca2+, Mg2+.O diurético de alça bloqueia esse trocador, assim Na+, Cl- e K+. Assim ocorre aumento da excreção de Na+, Cl-, K+, Ca++, Mg++ e H+ e grande eliminação de água (muito sódio no filtrado) → por isso esses diuréticos são indicados para HAS relacionada ao aumento da volemia Usos terapêuticos: • ICC, edema pulmonar agudo (furosemida) • Hipertensão → provocada por hipervolemia • Edema, ascite (IRC, hepático) • Hipercalcemia Hiperpotassemia leve → os diuréticos de alça podem aumentar significativamente a excreção urinária de K+ Insuficiência renal aguda → os diuréticos de alça podem aumentar significativamente a excreção urinária de K+, mas não impedem a insuficiência ou sua progressão Superdosagem de ânions → úteis no tratamento da ingestão tóxica de brometo, fluoreto e iodeto, que são absorvidos no RAE. Efeito adversos: • Desequilíbrio hidroeletrolítico → eliminação contínua de íons • Arritmias ( K+, Ca2+, Mg2+) • Alcalose metabólica ( H+) → A. Alcalose metabólica hipopotassêmica. Com a inibição da reabsorção de sal no RAE, os diuréticos de alça aumentam o aporte de Na+ ao ducto coletor. Esse aporte aumentado leva a um aumento da secreção de K+ e H+ pelo ducto, causando alcalose metabólica hipopotassêmica • Hipopotassemia • Hipomagnesemia • Ototoxicidade (> ác. etacrínico) → toxidade auditiva irreversível Farmacologia II – Taynara Pereira 6 Hiperuricemia: é causado por um aumento de reabsorção de ácido úrico no túbulo proximal associado à hipovolemia Interação medicamentosa: • Digitálicos (antiarrítmicos que atuam na bomba de Na+/K+)→ arritmias • Probenicida e AINES → a probenicida aumenta a secreção de ácido úrico. Os diuréticos de alça competem com o ácido úrico pela via de chegada ao néfron, assim o uso de probenicida resposta diurética • AINES → promovem contração da artéria renal e aumentam a PA → Com a contração, menos urina é filtrada e assim menos efeito dos diuréticos • Tiazídicos → sinergismo → Aumentam o efeito dos diuréticos • Altera lig. proteínas plasmáticas → se ligam muito às proteínas •Aminoglicosídeos → Contribuem para a ototoxidade provocada pelos diuréticos de alça ➔ DIURÉTICOS TIAZÍDICOS O TCD é impermeável à água, e a reabsorção de NaCl ocorre por um cotransportador de Na+/Cl- (NCC) eletricamente neutro e sensível aos diuréticos tiazídicos o Ca2+ é ativamente reabsorvido pelas células epiteliais do TCD por meio de um canal de Ca2+ apical e de um permutador de Na+/Ca2+ basolateral Sistema coletor: responsável pela regulação rigorosa do volume de líquido corporal e por determinar a concentração final de Na+ da urina. Além disso, o sistema coletor constitui o local onde os mineralocorticoides exercem uma influência significativa. Por fim, trata-se do local mais importante de secreção de K+ pelo rim e onde ocorrem praticamente todas as alterações induzidas por diuréticos no equilíbrio de K+. A reabsorção de Na+ através do canal epitelial de Na+ (CENa) e a secreção acoplada de K+ são reguladas pela aldosterona. Esse hormônio esteroide, por meio de suas ações sobre a transcrição gênica, aumenta a atividade dos canais da membrana apical e da Na+/K+- ATPase basolateral. Isso leva a um aumento do potencial elétrico transepitelial e a um notável aumento tanto na reabsorção de Na+ como na secreção de K+. Na ausência de ADH, o túbulo coletor (e o ducto) torna- se impermeável à água, com consequente produção de urina diluída. O ADH aumenta acentuadamente a permeabilidade à água, levando à formação de uma urina final mais concentrada. Representantes: - Clortalidona - Hidroclortiazida - Indapamida Farmacologia II – Taynara Pereira 7 Se diferem na potencialidade, meia-vida Indapamida e Clortalidona: são mais potentes Mecanismo de ação: Reduzem a reabsorção de Na + e Cl - no sítio de co- transporte Na/Cl das regiões iniciais do túbulo contornado distal → Os tiazídicos inibem a reabsorção de NaCl do lado luminal das células epiteliais no TCD, bloqueando o transportador de Na+/Cl– (NCC). O bloqueio de NCC impede a reabsorção de Na/Cl, aumentando a osmolaridade da urina, seguido de “arrasto” de H2O = diurese Mais (Na) na urina = maior saída de (K) Os tiazídicos aumentam efetivamente a reabsorção de Ca2+ → a redução do Na+ intracelular pelo bloqueio da entrada de Na+ induzido pelos tiazídicosaumenta a troca de Na+/Ca2+ na membrana basolateral, bem como a reabsorção global de Ca2+ Essa ação resulta numa diurese menos intensa se comparada com aquela obtida com o uso da Furosemida Esse grupo de diuréticos ocupa lugar de destaque na terapia da hipertensão → efeito vasodilatador direto - Hidroclorotiazida diminui a tolerância à glicose - Primeira linha para o tratamento da hipertensão → reduzem tanto a mortalidade cardiovascular quanto a taxa de mortalidade total - Comprometimento da secreção de insulina e/ou diminuição da sensibilidade periférica à insulina induzidos pelo fármaco - Não devem ser administrados concomitantemente com agentes antiarrítmicos que prolongam o intervalo QT (arritmia de torção de pontos) → devido à hipopotassemia Efeito na excreção urinária: • Na+, Cl-, K+, H+ (o K+ ao ser eliminado, elimina também H+) • HCO3-, Ca2+ (adm. crônica) • Ác. Úrico (adm. crônica) → urina ácida dificulta a eliminação de compostos ácidos Usos terapêuticos: - Hipertensão - Edema (ICC, hepatopatias, doença renal, glicocorticóides) - Diabetes insipidus nefrogênico (resistente ao ADH) - Nefrolitíase devido à hipercalciúria idiopática Efeitos adversos: - tolerância a glicose → Os tiazídicos exercem um efeito fraco dependente de dose e não direcionado para alvo, estimulando os canais de K+ sensíveis ao ATP e causando hiperpolarização das células beta, com consequente inibição da liberação de insulina. Esse efeito é exacerbado pela hipopotassemia. - Aumenta LDL, colesterol, triglicérides - Alcalose metabólica hipocalêmica - Interação com quinidina → fibrilação - Reações alérgicas - Hiponatremia: É causada por uma combinação de elevação do ADH induzida pela hipovolemia, redução da capacidade de diluição do rim e aumento da sede. - Fraqueza, fatigabilidade e parestesias, impotência (relacionada com a depleção de volume) ➔ POUPADORES DE POTÁSSIO Os diuréticos poupadores de potássio impedem a secreção de K+ ao antagonizar os efeitos da aldosterona nos túbulos coletores Farmacologia II – Taynara Pereira 8 - Inibidores do canal de Na+ renal (ENAC). Ex.: amilorida, triantereno - Bloqueadores do receptor de aldosterona. Ex.: espinorolactona, esplerenona (mais seletivas → não apresenta efeitos esteroidogênicos) A espironolactona e a eplerenona ligam-se aos receptores de mineralocorticoides e reduzem a atividade da aldosterona. A amilorida e o triantereno não bloqueiam a aldosterona, porém interferem diretamente na entrada de Na+ por meio dos canais epiteliais de Na+ Os diuréticos poupadores de K+ são mais usados para evitar remodelamento cardíaco e fibrose, além de casos em que há hipopotassemia (necessidade de poupar potássio) A espironolactona também é usada em casos de efeitos deletérios da aldosterona com a angiotensina → Inibidores do canal de Na+ renal: Efeitos na excreção urinária: • Na+, Cl- • K+, H+, Ca2+, Mg2+ • reabsorção de ácido úrico O sódio quando é reabsorvido, o K+ é excretado. Se o sódio não é reabsorvido, a quantidade de K+ na urina diminui Usos terapêuticos: • Associado com espoliador de K+ • Pseudoaldosteronismo • Diabetes Insípido (p/ Li+) → amilorida • Tratamento da síndrome de Liddle Efeito adversos: • Hipercalemia • Tolerância a glicose • Náusea, vômito • O triantereno é apenas ligeiramente solúvel e pode precipitar na urina, causando a formação de cálculos renais. → Antagonista receptor de aldosterona: Efeitos na excreção urinária: - Semelhantes aos bloqueadores de canais de Na+ - Depende da aldosterona endógena A espironolactona inibe o receptor androgênico → pode provocar efeitos adversos de impotência e ginecomastia nos homens. A eplerenona, mais seletiva, minimiza a incidência desses efeitos adversos Como ocorre redução na excreção de K+, consequentemente, ocorre redução da secreção de H+ → urina mais básica → Ajuda na eliminação de ácido úrico - Tratamento da alcalose hipopotassêmica secundária ao excesso de mineralocorticoides que pode acompanhar insuficiência cardíaca, insuficiência hepática → diminuição do metabolismo da aldosterona. - Tratamento de ascite e edema → decorrência de insuficiência hepática. - Espironolactona quanto eplerenona reduzem a taxa de mortalidade em pacientes com insuficiência cardíaca e naqueles com disfunção cardíaca significativa (fração de ejeção de < 40%) após infarto do miocárdio. - Retardar a progressão da doença renal crônica e o desenvolvimento de fibrose renal. Usos terapêuticos: - Edema, hipertensão (associado com diurético espoliador de K+) - Hiperaldosteronismo primário (adenoma, hiperplasia suprarrenal) - Aldosteronismo secundário (ICC, cirrose, ascite) - Cirrose hepática Efeitos adversos: Farmacologia II – Taynara Pereira 9 - Hipercalemia - Acidose metabólica → Ao inibir a secreção de H+ paralelamente à secreção de K+, os diuréticos poupadores de K+ podem causar acidose - Efeitos esteroidogênicos: ginecomastia, irregularidades menstruais, impotência, redução da libido, hisurtismo, alteração da voz - Aldosterona: hormônio esteroidal - Espironolactona pode agir em outros receptores além do receptor da aldosterona, como em receptores de hormônios esteroidais, por isso é comum efeitos esteroidogênicos Contraindicações: Os agentes poupadores de potássio podem causar hiperpotassemia grave e até mesmo fatal em pacientes suscetíveis. Pacientes com insuficiência renal crônica são particularmente vulneráveis e raramente devem ser tratados com esses diuréticos. O uso concomitante de outros fármacos que atenuam o sistema de renina-angiotensina (β-bloqueadores, inibidores da ECA, bloqueadores do receptor de angiotensina) aumenta a probabilidade de hiperpotassemia. FÁRMACOS ANTI-HIPERTENSIVOS As estratégias atualmente empregadas no tratamento da hipertensão: - Redução do volume intravascular com vasodilatação concomitante; - Infrarregulação do tônus simpático; - Modulação do tônus do músculo liso vascular; - Inibição dos reguladores neurohumorais da circulação; Escolha da terapia: Hipertensão em estágio 1: IECA, BRA, tiazídico ou Bloqueador do canal de cálcio (BCC) dihidropiridina IECA e BRA não devem ser associados Inicialmente IECA ou BRA, se persistir, em sequência acrescentar um tiazídico e depois um BCC → Essa ordem não é obrigatória, mas é a mais utilizada Quarto fármaco acrescentado (em caso de hipertensão resistente): espironolactona → averiguar os níveis de potássio (K+ é pró-arritmico) Em pacientes com insuficiência cardíaca, o diurético de escolha é a espironolactona. NÃO É PARA POUPAR POTÁSSIO, É PARA EVITAR REMODELAMENTO resultante da Insuficiência Farmacologia II – Taynara Pereira 10 IECA e BRA diminuem progressão de lesão renal em diabéticos como consequencia da proteinúria Diuréticos não são indicados no diabetes, pois podem provocar hipopotassemia, o que provoca dificuldade na liberação de insulina pelas células Beta → para liberar insulina é necessário um nível de potássio elevado Na insuficiência renal crônica: IECA e BRA → IECA promove vasodilatação na arteríola eferente e reduz a pressão intraglomerular Síndrome metabólica: relacionada ao diabetes tipo 2, Beta bloqueador (BB) é contraindicado em caso de doença arterial periférica → o receptor beta 2 quando ativado causa vasodilatação em vasos periféricos, o BB causa vasoconstrição e piora o quadro de doença arterial periférica Na gravidez não é utilizado fármacos que agem no sistema renina-angiotensina-aldosterona. Por isso o mais indicado é metildopa Em casos de bloqueio AV (dificuldade de transmitir potencial de ação) deve-se evitar fármacos que reduzem a frequência cardíaca → contraindicados: bloqueadorde canal de cálcio e beta bloqueador (receptores beta 1 no nó sinoatrial) Diuréticos basificam a urina e por isso são contraindicados em casos de excesso de ácido úrico (gota) Hipertensão arterial na gravidez: - Mulheres grávidas com hipertensão crônica não complicada devem ter os níveis de PA inferiores a 150/100 mmHg, tomando-se cuidado para que a PAD não seja < 80 mmHg. - Na hipertensão crônica gestacional com LOA, a PA deve ser mantida em níveis inferiores a 140/90 mmHg - O uso de IECA e BRA é contraindicado na gestação, e o atenolol e prazosin devem ser evitados. - A metildopa (produz anemia hemolítica autoimune), os betabloqueadores (exceto atenolol), a hidralazina e os BCC (nifedipino, amlodipino e verapamil) podem ser usados com segurança. - Durante o período puerperal, a PA deve ser mantida em níveis inferiores a 140/90 mmHg, preferencialmente com as seguintes medicações, que são seguras durante a amamentação: hidroclorotiazida, espironolactona, alfa-metildopa, propranolol, hidralazina, Minoxidil, verapamil, nifedipino, nimodipino, nitrndipino, benazepril, captopril e enalapril Tratamento combinado: - Quando um único fármaco não consegue controlar adequadamente a pressão arterial, fármacos com diferentes locais de ação são associados para reduzir efetivamente a pressão arterial e, ao mesmo tempo, minimizar os efeitos tóxicos. - Se não for utilizado de início, um diurético muitas vezes passa a ser o segundo fármaco escolhido. - Se houver necessidade de três fármacos, a associação de um diurético, um agente simpaticoplégico ou um inibidor da ECA e um vasodilatador direto (p. ex., hidralazina ou bloqueador dos canais de cálcio) é com frequência efetiva INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS Farmacologia II – Taynara Pereira 11 Tratamento das emergências hipertensivas: - Anti-hipertensivos parenterais para baixar rapidamente a pressão arterial (em algumas horas); - Nas primeiras horas ou dias, o objetivo do tratamento não consiste em normalização completa da pressão arterial, visto que a hipertensão crônica está associada a alterações autorreguladoras no fluxo sanguíneo cerebral. - Com efeito, a pressão arterial deve ser reduzida em cerca de 25%, mantendo-se a pressão diastólica não inferior a 100 ou 110 mmHg. - O fármaco mais comumente empregado é o vasodilatador nitroprusseto de sódio + furosemida, para impedir a expansão do volume. - Outros fármacos parenterais que podem ser efetivos incluem fenoldopam, nitroglicerina, labetalol, bloqueadores dos canais de cálcio, diazóxido e hidralazina. → Emergência hipertensiva: Elevação da PA > 180/120 mmHg ASSOCIADA a lesão aguda de órgão-alvo. É este cenário que exige internação e controle rápido da PA. Uso de fármaco pela via parenteral → maior disponibilidade e efeitos mais rápidos → Urgência hipertensiva Elevação > 180/120 mmHg na ausência de lesão aguda e/ou piora de lesão em órgão-alvo. Na maioria das vezes, está associada a má adesão ao tratamento e ansiedade → o tratamento ambulatorial, trata-se a causa do pico hipertensivo
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