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Alice Pontes Nogueira Vasconcelos APG 6- “TODOS POR UM” OBJETIVOS: • ESTUDAR A FISIOPATOLOGIA DAS COMPLICAÇÕES CRÔNICAS DA DIABETES • ENTENDER O DIAGNÓSTICO DAS CCD’S • ANALISAR FATORES DE RISCO PARA CCD’S COMPLICAÇÕES CRÔNICAS DA DIABETES INTRODUÇÃO ➢ Incluem distúrbios da microcirculação (neuropatias, nefropatia e retinopatia), transtornos da motilidade gastrointestinal, complicações macrovasculares (doenças vasculares coronariana, cerebral e periférica) e úlceras dos pés ➢ Incidências desses transtornos são reduzidas pelo tratamento rigoroso da doença ➢ Existem efeitos favoráveis do controle glicêmico rigoroso que ocorre durante internações hospitalares NEUROPATIAS ➢ Risco de desenvolver neuropatias aumenta nos pacientes com hiperglicemia persistente ➢ Em geral os sintomas começam na segunda década depois do início da doença ➢ Como diabetes tipo 2 normalmente tem diagnóstico mais tardio, complicações podem se desenvolver ➢ Embora neuropatias tenham alta incidência em pacientes diabéticos, é difícil documentar exatamente quantos são afetados devido a diversidade de manifestações clínicas e porque o problema pode não ser reconhecido ou referido ➢ 2 formas de alterações são encontradas nesses pacientes: 1. Espessamento das paredes dos vasos nutrientes que irrigam o nervo (isquemia vascular desempenha papel significativo) 2. Processo de desmielinização segmentar que afeta as células de Schwann (associado a redução da velocidade de condução neural) ➢ As neuropatias podem ser dividas em neuropatias somáticas e do sistema nervoso autônomo NEUROPATIA SOMÁTICA ➢ Tipo mais comum encontrado de neuropatia somática é a POLINEUROPATIA SIMÉTRICA Alice Pontes Nogueira Vasconcelos DISTAL ➢ Em geral, déficit sensorial somático ocorre primeiro, geralmente é bilateral e simétrico e está associado à redução das modalidades sensoriais à vibração, à dor e à temperatura, principalmente nos membros inferiores (insensibilidade dos pés) ➢ A perda sensorial aumenta riscos de quedas, queimaduras graves e lesões traumáticas dos pés ➢ Neuropatia dos membros inferiores está associada a um índice de amputações do membro inferior de 61%, e a taxa de mortalidade nos primeiros 5 anos depois destas amputações varia de 39 a 80% ➢ Neuropatia diabética dolorosa acomete neurônios somatossensoriais que transmitem estímulos de dor, sendo o tratamento feiro com fármacos e intervenções holísticas ➢ Esse tipo de neuropatia causa dor debilitante, qualidade de vida prejudicada e altos custos em serviços de saúdes (tratamento de feridas, intervenções cirúrgicas, infecções, próteses) NEUROPATIA AUTÔNOMA ➢ Caracterizam-se por distúrbios que afetam as funções do sistema nervoso autônomo simpático e parassimpático ➢ Ocorre perda do tônus vascular (levando a vasodilatação com aumento da abertura de comunicações arteriovenosas reduzindo nutrição tecidual) e anidrose (ressecamento com formação de fissuras e alterações nas unhas que viram portas de entrada a infecção) ➢ Distúrbios podem ainda: 1. Afetar a função vasomotora (podendo causar tontura e síncope quando o paciente sai da posição supina para a posição ortostática) 2. Reduzir as reações cardíacas 3. Causar incapacidade de esvaziar a bexiga 4. Acarretar em disfunção sexual (diabetes tipo 1 e 2 é principal causa fisiopatológica de disfunção erétil) SOMÁTICAS ➢ Polineuropatias (sensoriais bilaterais) →Parestesias, inclusive dormência e formigamento →Déficits de sensibilidade a dor, temperatura, toque suave, discriminação entre dois pontos e vibração →Redução dos reflexos patelar e do joelho ➢ Mononeuropatias →Acometimento de um único tronco nervoso misto, que inclui déficit de sensibilidade ao toque e à dor e fraqueza motora ➢ Amiotrofia → Associada a fraqueza e atrofia dos músculos (alterações osteomusculares presentes) e dor grave nos músculos da cintura pélvica e da coxa AUTÔNOMAS ➢ Disfunção vasomotora →Hipotensão postural ➢ Disfunção gastrintestinal →Gastroparesia →Diarreia, geralmente pós-prandial e noturna ➢ Disfunção geniturinária →Paralisia vesical →Micções parciais →Disfunção erétil →Ejaculação retrógrada ➢ Acometimento dos nervos cranianos →Paralisia dos músculos extraoculares →Reações pupilares reduzidas →Sentidos especiais anormais Alice Pontes Nogueira Vasconcelos DISTÚRBIOS DA MOTILIDADE GASTRINTESTINAL ➢ Comuns nos pacientes com diabetes de longa duração ➢ Sintomas tem gravidade variável e incluem constipação intestinal, diarreia e incontinência fecal, náuseas e vômitos e desconforto abdominal alto referido como dispepsia ➢ Gastroparesia (esvaziamento gástrico lento) é comum nos pacientes com diabetes, sendo caracterizado por queixas como desconforto epigástrico, náuseas, vômitos pós-prandiais, flatulência e saciedade precoce ➢ Devido absorção mais lenta dos alimentos a glicemia pode oscilar ➢ Procedimentos diagnósticos incluem endoscopia ou radiografias contrastadas com bário para excluir obstrução mecânica causada por doença ulcerosa péptica ou câncer ➢ Tratamento inclui agentes procinpeticos e antieméticos. Recomenda-se também controle glicêmico rigoroso e ingestão frequente de refeições leves ➢ Diarreia diabética é comum na diabetes tipo 1, normalmente é intermitente, líquida, indolor e noturna, e pode estar associada à incontinência fecal, ou alternar com constipação intestinal ➢ Tratamento inclui fibras dietéticas solúveis e uso de antidiarreicos (lopeamida). Controle da glicemia é importante e algumas situações necessitam de uso de antibióticos para tratar proliferação excessiva de bactérias no intestino delgado NEFROPATIAS ➢ Consiste em lesões que afetam simultaneamente os pacientes diabéticos ➢ Nefropatia diabética é a principal causa de doença renal crônica ➢ Acomete pacientes com diabetes tipo 1 e 2 ➢ Normalmente pacientes com esse distúrbio também tem algum grau de retinopatia ➢ Está associada ao aumento do risco cardíaco ➢ Lesões mais comuns afetam os glomérulos ➢ Anormalidades glomerulares encontradas são: 1. Espessamento da membrana basal capilar 2. Esclerose glomerular difusa 3. Glomerulosclerose nodular Glomerulosclerose nodular consiste na formação de lesões nodulares nos capilares glomerulares dos rins, resultando na redução do fluxo sanguíneo, perda progressiva da função renal e, finalmente, insuficiência renal Alterações na membrana basal associadas à glomerulosclerose difusa tornam possível que proteínas plasmáticas escapem para a urina, causando proteinúria e hipoproteinemia, edema e outros sinais de disfunção renal Fatores de risco: ➢ Predisposição genética e familiar ➢ Hipertensão arterial ➢ Controle glicêmico precário ➢ Tabagismo ➢ Hiperlipidemia ➢ Microalbuminúria (pequenas quantidades de albumina na urina é indicador precoce de insuficiência renal. Pacientes diabéticos devem fazer teste anualmente e confirmar positividade na urina de 24 horas com resultados na faixa de 30 a 300 mg/dia) ➢ Risco maior entre índios americanos, hispano-americanos e afro-americanos ➢ Aumento do rim, hipertrofia dos néfrons e hiperfiltração são anormalidades precoces da nefropatia (refletem trabalho renal excessivo para reabsorver quantidades excessivas de glicose) ➢ Com diagnóstico estabelecido, estágio da nefropatia é determinado com base na taxa de filtração glomerular Alice Pontes Nogueira Vasconcelos ➢ Para evitar nefropatia, deve-se fazer controle glicêmico rigoroso; manter pressão arterial normal; prevenção ou redução do nível de proteinúria (fármacos IECA ou BRA); controle da Hiperlipidemia;interrupção de tabagismo em fumantes) RETINOPATIAS ➢ Retinopatia diabética é uma das principais causas de perda visual e cegueira ➢ Caracteriza-se por permeabilidade anormal dos vasos retiníamos, formação de microaneurismas, neovascularização e hemorragias, retrações fibróticas e descolamento de retina associados RETINOPATIA NÃO PROLIFERATIVA ➢ As lesões mais precoces são representadas pelo microaneurismas (pequenas dilatações saculares) causados pela perda dos pericitos capilares ➢ Exsudatos duros (manchas amareladas bem delimitadas) também são lesões iniciais (causadas pelo extravasamento lipídico pela alteração da permeabilidade tecidual) ➢ Lesões progridem até formarem isquemias que podem se manifestar na forma de edema ou de exsudatos algodonosos (demostram áreas de microinfarto) ➢ Achado de microaneurismas, edema ou exsudatos RETINOPATIA PROLIFERATIVA ➢ Presença de neovascularização e/ou hemorragia vítrea ➢ Em fase mais avançada, isquemia de retina provoca neoformação vascular (mediada pro sinalizadores como o beta-TGF, VEFG, IGF-1) ➢ Esses vasos neoformados acabam recobrindo áreas mais ou menos extensas da retina, provocando perda visual ➢ Além disso podem cursar com hemorragias intrarretinianas ou no humor vítreo, com risco de cegueira súbita ➢ Presença de neovascularização e/ou hemorragia vítrea define ➢ Quase todos pacientes com diabetes têm retinopatia, porém com graus variáveis ➢ Gestação, puberdade e cirurgia de catarata podem acelerar essas alterações Alice Pontes Nogueira Vasconcelos EDEMA MACULAR ➢ Tipo de lesão ocular que apresenta como manifestação inicial perda da visão central ➢ Causa perda de visão moderada e reversível Fatores de risco: ➢ Duração do DM (a partir de 5 a 7 anos) ➢ Controle glicêmico precário ➢ Hipertensão arterial ➢ Dislipidemia (associada aos exsudatos duros) ➢ Doença renal/ proteinúria (normalmente quem tem também desenvolve retinopatia) ➢ Fatores genéticos ➢ Tabagismo ➢ Gestação ➢ Puberdade ➢ É importante pacientes diabéticos fazerem exames periódicos de fundoscopia, tendo o primeiro exame que ser feito pouco após o diagnóstico da doença, prevenindo a ocorrência de hemorragias e perda visual ➢ Exame mais sensível é a fotorretinografia de múltiplos campos, preferencialmente com pupila dilatada ➢ No plano terapêutico todos os pacientes com retinopatia devem receber intervenção agressiva para controle rigoroso da glicemia, pressão arterial e níveis lipídicos ➢ Cessar tabagismo também é benéfico ➢ Uma das abordagens terapêuticas é a destruição seguida de fibrose das lesões proliferativas por fotocoagulação a laser, que é aplicada nas áreas com extravasamento vascular crônico para prevenir neoformação vascular e reduzir risco de cegueira ➢ Vitrectomia pode ser indicada em pacientes com descolamento tracional da retina ou hemorragia vítrea grave ➢ Farmacomodulação com antiangiogênico pode ser usada na presença de neovascularização de íris, edema macular, hemorragia vítrea e retinopatia proliferativa (quando não há descolamento de retina) COMPLICAÇÕES MACROVASCULARES ➢ Diabetes melito é fator de risco importante para doença coronariana, doença vascular encefálica e doença vascular periférica ➢ Paciente com diabetes tipo 2 tem risco mais alto de complicações cardiovasculares, influenciado inclusive pelo diagnostico mais tardio. Risco mais alto também pode estar relacionado a componentes da síndrome metabólica ➢ Doenças cardiovasculares do DM atingem o coração (IAM), o cérebro (AVC) e membros inferiroes (DVP) Fatores de risco: ➢ Obesidade (aterosclerose...) ➢ Hipertensão (prejudica vasos, solta placas de ateroma...) ➢ Hiperglicemia (estado de inflamação, lesão endotelial) ➢ Hiperinsulinemia (aumenta norepinefrina e consequentemente FC e PA) ➢ Hiperlipidemia (aumento de LDL) ➢ Distúrbios da função plaquetária ➢ Disfunção endotelial ➢ Inflamação sistêmica (evidenciada por PCR alta) ➢ Níveis altos de fibrinogênio ➢ Diagnóstico se dá a partir da avaliação de sintomas clínicos (dispneia, dor torácica, sudorese excessiva, fadiga...), ausculta cardíaca, avaliação da PA, avaliação do perfil lipídico (colesterol total, HDL- colesterol, triglicerídeos), ecografia de carótidas, ECG, ECO, exames de imagem no geral Alice Pontes Nogueira Vasconcelos ÚLCERA DO PÉ DIABÉTICO ➢ Lesões podem causar ulcerações, infecção e até necessidade de amputação ➢ Lesões dos pés em diabéticos são atribuídas aos efeitos da neuropatia e da insuficiência vascular ➢ Neuropatia simétrica distal é um fator de risco significativo para úlceras do pé (redução da sensibilidade a dor, geralmente não percebendo o traumatismo constante dos pés, que é causado por calçados mal adaptados, sustentação incorreta do peso, objetos rígidos ou seixos nos calçados, ou infecções) ➢ Neuropatia motora com fraqueza dos músculos intrínsecos do pé pode causar deformidades que resultam em áreas focais sob pressão alta ➢ Quando área sob pressão anormal coincide com um déficit sensorial, paciente pode desenvolver úlcera no pé ➢ Áreas comuns de traumatismo são parte posterior do calcanhar, área plantar dos metatarsos ou primeiro pododáctilo, no qual o peso é apoiado quando o indivíduo caminha ➢ Pacientes com diabetes devem ter pés detalhadamente examinados ao menos uma vez ao ano, avaliando sensibilidade protetora, estrutura, biomecânica, condições vasculares e integridade da pele ➢ Avaliação da função somatossensorial, que utiliza o monofilamento de Semmes- Weinstein, ou da sensibilidade vibratória ➢ Deformidades articulares são captadas por meio de radiografia ➢ Alterações vasculares são diagnosticadas por meio do Doppler portátil (índice tornozelo braquial), mapeamento duplex, arteriografia por punção direta, angiotomografia e angioressonância ➢ Alterações infecciosas são determinadas por exames hematológicos, radiogradia, RM, cintilografia óssea e exames de cultura ➢ Pacientes devem usar calçados bem adaptados e examinar diariamente os pés, a fim de detectar bolhas, feridas abertas e infecção fúngica entre os dedos. Em caso de achados, busca imediata de cuidados médicos ➢ Tabagismo deve ser evitado (pois causa vasoconstrição e contribui para doença vascular) ➢ Cobertura apropriada para manter pés secos e aquecidos no frio ➢ Unhas dos pés devem estar cortadas bem curtas para evitar crescimento para dentro (em geral são mais grossas e deformadas)
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