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Homem, 62 anos Fluxograma Exames Um homem de 62 anos chegou ao serviço de emergência apresentando uma ferida aberta no pé esquerdo. O paciente possui história de diabetes melito não insulina-dependente e faz uso de Metformina. Afirma nunca ter tido infecções, problemas ou ter sofrido qualquer tipo de traumatismo recente no pé. A ferida não é muito dolorosa e ele somente a percebeu quando uma drenagem amarela manchou sua meia, há vários dias. Ele relata que mesmo a ferida não doendo notou que no último ano, ao caminhar 100 metros apresentava cansaço intenso na panturrilha esquerda que o obrigava parar para descansar por alguns minutos e que houve uma melhora da distância caminhada após o uso de Rivaroxabana e AAS há 60 dias. A temperatura corporal do paciente é de 37,9ºC e seus sinais vitais estão normais. O exame vascular periférico revelou pulsações palpáveis em ambas as regiões femorais, diminuído na topografia da poplítea direita e ausentes no pé esquerdo. O pé esquerdo está inchado sobre a região plantar e apresenta uma ferida aberta medindo 1,5 cm sobre a superfície plantar do pé, sobrejacente às cabeças do 4º e 5º ossos metatarsais. Observa- se um pouco de drenagem amarelada oriunda da área. A pele circundante está eritematosa e quente. À avaliação, nenhum osso exposto foi observado junto à base da úlcera. A contagem de leucócitos sanguíneos é de 12.000 células/m3 e a concentração sérica de glicose é de 230 mEq/dL. O exame Doppler dos membros inferiores revela a presença de sinais Doppler em ambos os pés, com índices tornozelo-braquiais (ITBs) mostrando: ITB de 0,5 no lado esquerdo e de 0,94 no direito. Chegou ao serviço de emergência apresentando uma ferida aberta no pé esquerdo. História de DM não insulina-dependente e faz uso de Metformina. Afirma nunca ter tido infecções, problemas ou ter sofrido qualquer tipo de traumatismo recente no pé. A ferida não é muito dolorosa e ele somente a percebeu quando uma drenagem amarela manchou sua meia, há vários dias. Ele relata que mesmo a ferida não doendo notou que no último ano, ao caminhar 100 metros apresentava cansaço intenso na panturrilha esquerda que o obrigava parar para descansar por alguns minutos e que houve uma melhora da distância caminhada após o uso de Rivaroxabana e AAS há 60 dias. T: 37,9ºC; Sinais vitais normais; O exame vascular periférico revelou pulsações palpáveis em ambas as regiões femorais, diminuído na topografia da poplítea direita e ausentes no pé esquerdo. O pé esquerdo está inchado sobre a região plantar e apresenta uma ferida aberta medindo 1,5 cm sobre a superfície plantar do pé, sobrejacente às cabeças do 4º e 5º ossos metatarsais. Observa-se um pouco de drenagem amarelada oriunda da área. A pele circundante está eritematosa e quente. À avaliação, nenhum osso exposto foi observado junto à base da úlcera. Leucócitos sanguíneos é de 12.000 células/m3 Glicose é de 230 mEq/dL O exame Doppler dos membros inferiores revela a presença de sinais Doppler em ambos os pés, com índices tornozelo- braquiais (ITBs) mostrando: ITB de 0,5 no lado esquerdo e de 0,94 no direito. Neuropatia Diabética Doença Arterial Periférica - A causa mais comum de doença arterial periférica é a aterosclerose. - Maioria são pacientes é assintomática; - Doença arterial periférica (DAP) inclui uma série de síndromes arteriais que são causadas por obstrução aterosclerótica das artérias das extremidades inferiores. Categorias de Rutherford: • Grau 0, categoria 0: assintomático • Grau I, categoria 1: claudicação leve • Grau I, categoria 2: claudicação moderada • Grau I, categoria 3: claudicação grave • Grau II, categoria 4: dor isquêmica em repouso • Grau III, categoria 5: pequena perda tecidual • Grau IV, categoria 6: grande perda tecidual. Exitem 4 estágios ( Fontaine ): - Estágio I : Assintomático - Estágio IIa : Claudicação leve - Estágio IIb : Claudicação moderada a grave - Estágio III : dor isquêmica em repouso - Estágio IV : ulceração ou gangrena Causas raras de claudicação são coarctação aórtica, fibrodisplasia arterial, tumor arterial, dissecção arterial, embolia arterial, trombose, vasoespasmo e trauma. Outras causas raras são a arterite de Takayasu, arterite temporal, obstrução do desfiladeiro torácico e a doença de Buerger. A doença cística adventícia, os aneurismas de membros obstruídos, o aprisionamento da artéria poplítea, a toxicidade do Ergot, fibrose de radiação e fibrose retroperitoneal também podem causar DAP. Outros fatores incluem falta de condicionamento físico, alterações metabólicas como acúmulo de acilcarnitinas e adenosina difosfato (ADP), síntese insuficiente de fosfocreatina e lesão de músculo esquelético caracterizada por perda de fibra muscular. Diagnóstico: - Índice de tornozelo-braquial ( ITB ) Um ITB < 0.9 é diagnóstico da presença de DAP. 0,9 -1,09: Normal 0,41 - 0,9: Claudicação (Leve a moderado) <0,4: Isquemia crítica (Grave) >0,9: Sem isquemia >1,3: Calcificação elevada (Aterosclerose) - Índice hálux-braquial (IHB) IHB <0.6, quando ITB não é confiável em decorrência de vasos não comprimíveis - Exame da pressão segmentar Gradiente de >20 mmHg entre segmentos adjacentes - Ultrassonografia duplex Razão das velocidades sistólicas máximas >2.0 - Registro de volume de pulso Qualquer redução sequencial qualitativa na pulsatilidade da onda - Ultrassonografia Doppler de ondas contínuas Índice de pulsatilidade reduzido entre os segmentos anatômicos distal e proximal adjacentes - ITB com exercícios ITB pós-exercício < ITB pré-exercício - Angiografia por cateter, angiotomografia e angiografia por ressonância magnética Detalhe anatômico de estenoses ou oclusões Fatores de Risco: - Tabagismo - Diabetes - Hiperlipidemia - Hipertensão - Histórico de doença arterial coronariana ou doença cerebrovascular - Idade > 40 anos - Sedentarismo/baixo níveis de exercícios Diagnósticos Diferenciais: - Estenose da coluna vertebral - Artrite - Claudicação venosa - Síndrome compartimental crônica - Cisto de Baker sintomático - Compressão da raiz nervosa Tratamentos: - Cessar tabagismo, controle de glicose, controle de colesterol, controle de pressão, atividade física regular para manutenção do peso. - Encaminhamento para especialista vascular - Terapia antiagregante plaquetária - Alívio de sintomas (Analgesia) - Anticoagulação - Modificação contínua dos fatores de risco - Avaliação urgente para revascularização endovascular ou cirúrgica - Avaliar necessidade de amputação em isquemia -Cilostazol -Terapia endovascular ( lesão acima do joelho ) - Revascularização ( Bypass Aortobifemoral ) Tratamentos alternativos: - Angiogênese Terapeutica - Cateter balão - Vorapaxar - Rivaroxabana - Evolocumabe A hiperglicemia contribui para a patogênese de neuropatia tanto no diabetes do tipo 1 como do tipo 2. Outros fatores metabólicos e vasculares, principalmente hipertrigliceridemia, são importantes. A neuropatia periférica diabética é a complicação crônica mais comum do diabetes, caracterizada por disfunção dos nervos periféricos, diagnosticada após a exclusão de outras causas (por exemplo, hipotireoidismo, deficiência de vitamina B12, uremia, alcoolismo crônico). Dor é a queixa principal na maioria dos pacientes, mas muitos deles são completamente assintomáticos. A neuropatia diabética (ND) é a complicação mais comum do diabetes. A ND é a principal causa de ulcerações e problemas relacionados ao pé diabético, os quais constituem as causas mais importantes de internações hospitalares e amputações não traumáticas relacionadas ao diabetes. Aproximadamente 50% das pessoas com diabetes irão desenvolver ND durante a sua vida; Tanto fatores metabólicos quanto vasculares estão envolvidos na patogênese da neuropatia diabética . A principal causa é a hiperglicemia. Estudos sugerem que hipertensão, a obesidade e o tabagismo contribuem para o desenvolvimento da ND no diabetes do tipo 2. Outros fatores gerais • Idade • Duração do diabetes • Altura • Índice de massa corporal. Classificação: A. Neuropatiadifusa • Polineuropatia sensório-motora simétrica distal • Primariamente neuropatia de fibras finas • Primeiramente neuropatia de fibras largas • Neuropatia mista de fibras finas e largas • Neuropatia autonômica B. Mononeuropatia • Nervo craniano ou periférico isolado (por exemplo, NC III, ulnar, mediano, femoral, peroneal) • Mononeurite múltipla C. Radiculopatia ou polirradiculopatia • Neuropatia radiculoplexica (também chamada polirradiculopatia lombossacral ou amiotrofia motora proximal) • Radiculopatia torácica As formas mais comuns de neuropatia diabética (ND) são a polineuropatia sensório- motora crônica e a neuropatia autonômica. Classificação do Toronto Expert Panel on Diabetic Neuropathy: • Neuropatia periférica diabética típica: uma polineuropatia sensório-motora crônica, simétrica e dependente do comprimento (nervos mais longos afetados primeiro nos segmentos mais distais).Tendo como base estudos epidemiológicos de coorte e na população, acredita-se que seja a variedade mais comum de neuropatia periférica diabética. • A neuropatia periférica diabética atípica: pode se desenvolver a qualquer momento durante a evolução do diabetes mellitus de um paciente. O início dos sintomas pode ser agudo, subagudo ou crônico, mas a evolução geralmente é monofásica ou flutuante ao longo do tempo, com tendência a envolver preferencialmente as fibras nervosas finas sensoriais e autonômicas. Alguns quadros clínicos ocorrem com mais frequência em pessoas com diabetes e, portanto, podem coexistir. Por exemplo, o uso de longo prazo de metformina está associado à deficiência de vitamina B12. O exame físico (neurológico) pode revelar perda sensorial distal simétrica, com redução ou ausência dos reflexos aquileus. A perda sensorial é definida em termos de extensão, distribuição e modalidade, e envolve avaliações de: • Sensibilidade à dor • Sensibilidade tátil • Vibração • Posição da articulação. O diagnóstico muitas vezes é clinico. Para o diagnóstico será necessario: • Sintomas clínicos • Exame físico clínico • Teste eletrofisiológico • Teste sensorial quantitativo (TSQ) • Teste autonômico • Biópsia de pele e densidade das fibras nervosas intraepidérmicas[78] • Microscopia confocal da córnea. Os exames laboratoriais básicos incluem glicemia de jejum, hemoglobina glicada (HbA1c) e possivelmente teste oral de tolerância à glicose (em pacientes não diabéticos), hormônio estimulante da tireoide (TSH), vitamina B12, ureia sérica, eletroforese de imunoglobulinas e velocidade de hemossedimentação (VHS). A biópsia de pele é uma técnica validada para determinar a densidade das fibras nervosas intraepidérmicas e pode ser considerada para o diagnóstico de ND, particularmente da neuropatia de fibras finas. Fatores de Risco: Hiperglicemia mal controlada Duração prolongada de diabetes Idade Avançada Alta estatura Hipertensão Dislipidemia com triglicerídeos elevados Coexistência de vários fatores de risco para doença cardiovascular (diabetes do tipo 2) Tabagismo Obesidade Desregulação imune Diagnóstico Diferencial: Uremia Deficiência de cianocobalamina Hipotiroidismo Porfiria aguda intermitente Ingestão crônica de bebidas alcoólicas Envenenamento por metais pesados Neuropatia induzida por medicamentos Neuropatia desmielinizante inflamatória crônica Sarcoidose Hanseníase Poliarterite nodosa Amiloidose Disproteinemias e paraproteinemias Síndrome paraneoplásica Leucemias e linfomas Neuropatias hereditárias (por exemplo, doença de Charcot-Marie-Tooth) Distúrbio psicofisiológico Atrofia de múltiplos sistemas/síndrome de Shy-Drager Síndrome de Riley-Day Neuropatia autonômica:hipotensão ortostática idiopática Síndrome de Guillain-Barré Miastenia gravis Doença degenerativa do disco Aneurisma da carótida Acromegalia Coagulopatias Conduta: - Controlo Glicêmico - Cuidado com os pés - Intervenção no estilo de vida - Tratamento dos sintomas na neuropatia Complicações: Pé Diabético Distúrbios metabólicos vasculares prejudica a função mitocondrial e o suporte neutrófico. Cuminando em danos progressivos e perda de fibra nervosa periférica. Classificação de ADA : Baixo risco Risco moderado Risco Normal Alto Risco Classificação de Meggitt-Wagner Consiste em um sistema linear que contempla seis graus de comprometimento; Classificação da Universidade do Texas (CTU) A CTU é efetiva como preditor de amputação de extremidade, muito utilizada na prática clínica e não contempla a neuropatia como fator a ser considerado na gravidade da lesão. Classificação PEDIS Classifica as úlceras do pé diabético em cinco categorias de comprometimento: perfusão; extensão; profundidade/perda tecidual; infecção; e sensibilidade. Classificação SINBAD gravidade da úlcera Classificação simples, seu escore é obtido por meio da soma de todos os dados importantes sobre a úlcera e apresenta valor prognóstico com boa acurácia.Esta classificação foi validada tanto para prognosticar cicatrização da úlcera quanto como preditor de amputação Neuropatia sensitiva, motora e autonômica; Diminuição da mobilidade articular; A diminuição da vascularização da pele torna-a mais susceptível a pequenos traumas, altera a imunidade local e atrasa a cicatrização, contribuindo assim para a infecção das úlceras e atrasando a sua cura, aumentando o risco de amputação. Fatores de Risco: História de ulceração e/ou amputação prévia Neuropatia periférica Deformidade dia pés Doença vascular periférica Baixa acuidade visual Nefropatia diabética Controle glicêmico insatisfatório Tabagismo Diagnóstico: - Anamnese: Neuropatia sensorial História prévia de ulcera no pé Infecção ou amputação parcial Doença renal crônica Pé de Charcot; - Exame Físico: Formato do pé (em busca de deformidades); Integridade da pele (Cor, espessura, secura, rachaduras, sudorese, infecção, ulceração , calos/bolhas); Presença de eritema, ulceras, infecções, abscessos, edema; Avaliação Neurológica (Estensiomètro ou Monofilamento de 10g, Diapasão 128 Hz, martelo, pino ou palito); Avaliação Vascular (Pulsações do pé e ITB) Tratamento: Fungica: Onicomicose (Itraconazol 100mg); Tinea Pedis (Fluconazol 150mg ou Miconazol 2%) Bacteriana: Infecção leve - limitado a pele, presença de exsudato purulento; Infecção moderada: Grangrena - Envolvimento de músculo, tendão, articulação ou osso; Infecção grave- Toxicidade sistêmica;Confusão mental, vômito, Hipotensão Empírico: Cefalexina ou amoxilina com clavulanato ou Clindamicina Prevenção: -Calçado: Sempre examinar o calçado por dentro; avaliar formato do calçado e orientar o uso sem costura e com solado rígido; evitar o uso de saltos muito altos e chinelos. Cuidado com os pés: usar água morna para a limpeza dos pés (avaliar antes com a mão), sempre secar o pé e entre o meio dos dedos, hidratar os pés, cortar a unha de forma reta, evitar uso de talco e alicate, auto examinar o pé com uso de espelho Conduta: - Intenação - Dieta hipolipídica e hipoglicemica - Hidratação Venosa - Controle Glicemico (Hba1c<7) - Insulina NPH - Insulina regular subcutânea conforme esquema: 0-200:0; 201-250:4UI; 251-300:6UI; 350-400: 8UI - Solicitação de exames (Função renal, ureia, creatinina, lipidograma, hemograma, PCR e VHS) - Controle lipídico - Solicitar RX do pé - Amostra de sangue para cultura - Antibiótico terapia: Ampicilina - Sulbactam 3g 6/6h - Sintomáticos: Analgésico, antitérmico (Dipirona, 1g EV até de 6/6 horas, se febre ou dor); antiemético (Bromoprida, 10- 20mg, por dia EV, se náusea ou vômito) , protetor gástrico ( Omeprazol, até 20 mg por dia) - Avaliação da deficiência de B12 - Manter Rivaroxabana - Avaliação Vascular - Curativo da Ferida - trocar diariamente (Avaliar drenagem ou debridamento) - Ambulatório:Dieta adequada, controle glicemico, uso correto de medicação, molhar os pés 2x/dia, evitar andar descalço, evitar calçado apertado, analgesia, se dor (Duloxetina, 20-30 mg/dia; Capsaicina, 4x ao dia) Alunos: Ana Yasmim, Fabiana Oliveira, Jogiely Larissa, Laura Eloi, Lorena Benício, Maria Eduarda Rezende, Martha Rayssa, Paulo Wictor e ReginaHolanys Critérios de internação: -Febre; -Leucocitose; - Tamanho da lesão - 2cm -Hiperglicemia - Alterações ITB's
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