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COMPLICAÇÕES DO DIABETES DOENÇA RENAL DO DIABETES NEFROPATIA DIABÉTICA CLÁSSICA: Alteração microscópica: espessamento da membrana basal glomerular, dano endotelial, expansão de nódulos mesangiais e perda de podócitos. Pico de incidência: após 10 a 20 anos de diabetes Não confundir com Doença Renal do Diabetes (DRD) → na DRD há albuminúria e/ou redução da taxa de filtração glomerular estimada em paciente com diabetes mellitus (ou seja, alterações clínicas) → a DRD é a principal causa de doença renal crônica!! A ND é uma alteração histológica da DRD RASTREIO de DRD DM2 → rastrear DRD a partir do diagnóstico DM1 → ADA recomenda rastrear após 5 anos de doença. Mas, na população pediátrica, o paciente precisa ter pelo menos 10 anos ou ter entrado na puberdade. → pela SBD, rastrear após 5 anos da doença, adiantando em casos de puberdade ou doença mal controlada. REALIZAR RASTREIO ANUALMENTE EXAMES DE RASTREIO: Albumina e creatinina Avaliar albuminúria em: ● Amostra de urina isolada (através da dosagem da albumina OU da relação albumina/creatinina) ● Dosagem de albumina na coleta urinária de 24 horas Valores de normalidade nos testes de pesquisa de albuminúria Exame Valores de normalidade Albumina em amostra de urina isolada < 14mg/L Relação albumina-creatinina em amostra de urina isolada < 30mg/g Albumina em amostra de urina de 24h < 30mg/24h Avaliar a TFGe pela Fórmula de Cockcroft-Gault: Outras fórmulas: Modification of Diet in Renal Disease (MDRD) e Chronic Kidney Disease Epidemiology Collaboration (CKD-EPI) Como confirmar diagnóstico de DRD pelo critério de albuminúria? Duas de três coletas de urina alteradas (obtidas durante um período de três a seis meses) OBS: lembrar das causas de albuminúria transitória: hiperglicemia importante, exercício, infecção, febre, menstruação, hipertensão arterial elevada e insuficiência cardíaca congestiva. INTERPRETAÇÃO DOS EXAMES Classificação da albuminúria Estágio de albuminúria Descrição mg/g ou mg/24h A1 Normal < 30 A2 Aumentada (microalbuminúria) 30 - 299 A3 Muito aumentada (macroalbuminúria) ≥ 300 Classificação da TFGe Estágio de TFGe Descrição TFGe (ml/min/1,73m²) 1 Normal ou elevada ≥ 90 2 Redução leve 60 - 89 3A Redução leve a moderada 45 - 59 3B Redução moderada a grave 30 - 44 4 Redução grave 15 - 29 5 Insuficiência renal < 15 A ADA recomenda que o paciente seja encaminhado ao nefrologista nas seguintes situações: ● Dúvida sobre a possibilidade de o DM ser causa da doença renal ● TFGe < 30 mL/min/1,73 m2 (para a discussão de terapia renal substitutiva) ● TFGe < 60 mL/min/1,73 m2 + albuminúria grau A3 CLASSIFICAÇÃO ESTÁGIOS DESCRIÇÃO Estágio 1 (Hiperfiltração) ●Aumento do ritmo de filtração glomerular (elevação do clearance da creatinina) ●Normoalbuminúria ●Rins aumentados de tamanho bilateralmente. ●Reversibilidade Estágio 2 (microalbuminúria ou nefropatia incipiente) ●Excreção urinária de albumina entre 20-200µg/min ou 30-300mg/24h. ●Ritmo de filtração glomerular (RFG) é elevado de início, com tendência ao declínio quando a albuminúria alcança valores > 70mg/min. Estágio 3 (Proteinúria ou nefropatia clínica) ●Excreção urinária de albumina atinge valores superiores a 200µg/min ou 300mg/24h. ●Há queda progressiva do RFG e aparecimento de hipertensão Estágio 4 (nefropatia terminal) ●Pacientes em IRC, em programas de diálise e transplante renal. FISIOPATOLOGIA Hiperglicemia → aumento inicial do glomérulo devido a proliferação da membrana basal (aumento da superfície de filtração) e expansão mesangial → aumento do volume renal causado pela expansão do tecido tubular OBS: a hiperglicemia age nas células endoteliais e mesangiais causando aumento da produção de componentes da matriz celular (colágeno IV e fibronectina) NEUROPATIA DIABÉTICA É a complicação mais comum do diabetes e principal causa de ulcerações e problemas relacionados ao pé diabético → 50% dos diabéticos vão desenvolver ● A neuropatia de fibras finas pode ser mais grave na diabetes autoimune latente do adulto (LADA). ETIOLOGIA ● Hiperglicemia ● Outros fatores metabólicos e vasculares: hipertensão, obesidade, tabagismo e níveis elevados de triglicerídeos. ● Outros: idade, duração do diabetes, altura e IMC. FISIOPATOLOGIA ● Fatores metabólicos e vasculares!! ● Estresse oxidativo e nitrosativo elevado ● Desequilíbrio redox, secundário ao aumento da atividade da aldose redutase ● Glicação não enzimática de proteínas estruturais dos nervos ● Inflamação crônica elevada e vias de sinalização do fator nuclear kappa B (NF-kB) ● Aumento na atividade da proteína C beta quinase ● Deficiência de óxido nítrico sintase e disfunção endotelial ● Ativação da ciclo-oxigenase-2 ● Hipóxia e isquemia de troncos e gânglios nervosos ● Deficiências no suporte neurotrófico de neurônios e deficiências no peptídeo C ● Ativação da poli (ADP-ribose) polimerase (PARP) ● Alterações na proteína quinase ativada por mitógenos ● Mobilização dos fatores de transcrição ● Lesão mediada por colesterol de lipoproteína de baixa densidade (LDL) oxidado. Todos esses fatores prejudicam a função mitocondrial e o suporte neurotrófico e mediam a lesão dos neurônios e células de Schawann → dano progressivo e perda de fibras nervosas periféricas, prejudicando funções sensitivas CLASSIFICAÇÃO Neuropatia difusa: ● Polineuropatia sensório-motora simétrica distal ○ Primariamente neuropatia de fibras finas ○ Primeiramente neuropatia de fibras largas ○ Neuropatia mista de fibras finas e largas ● Neuropatia autonômica Mononeuropatia: ● Nervo craniano ou periférico isolado (por exemplo, NC III, ulnar, mediano, femoral, peroneal) ● Mononeurite múltipla Radiculopatia ou polirradiculopatia: ● Neuropatia radiculoplexica (também chamada polirradiculopatia lombossacral ou amiotrofia motora proximal) ● Radiculopatia torácica MAIS COMUNS: polineuropatia sensório-motora crônica e a neuropatia autonômica Classificação de Toronto Expert Panel on Diabetic Neuropathy Neuropatia periférica diabética típica: polineuropatia sensório-motora crônica, simétrica e dependente do comprimento. Neuropatia periférica diabética atípica: pode se desenvolver a qualquer momento durante a evolução do diabetes mellitus de um paciente, principalmente em fibras nervosas sensoriais e autonômicas. ABORDAGEM ● Lembrar que: até 50% podem ser assintomáticos. ● Anamnese + EF = diagnóstico!! ● Diferenciar de causas secundárias! FATORES DE RISCO: ● Duração prolongada do diabetes (p. ex. >10 anos) ● Idade avançada (p. ex., >70 anos) ● Alta estatura, tabagismo e autoimunidade ● Hiperglicemia mal controlada ● Hipertensão, dislipidemia, obesidade e DCV e DAC SINTOMAS: Sintomas mais comuns são induzidos por fibras finas e incluem: DOR + DISESTESIAS (sensações anormais desagradáveis de queimação, parestesia, dormência) E DORMÊNCIA. Fraqueza é menos comum. Intensidade da dor: permanente, lancinante, parestesia, queimação, dolorosa, maçante ou incômoda e excessivamente sensível. ● Piora à noite e pode perturbar o sono (se envolver fibras maiores → sensação de caminhar sobre bolas de algodão). Qual parte é afetada primeiro? → a parte mais distal dos nervos mais longos → pontas dos dedos → segue em direção proximal → padrão de meias ou luvas Outras apresentações da ND incluem: ● Mononeuropatias (síndrome do túnel do carpo [nervo mediano], pé pendente [nervo fibular comum]) ● Neuropatias cranianas (extremamente raras) ● Radiculoneuropatia troncular diabética (dor na parede abdominal ou torácica inferior) ● Amiotrofia diabética (fraqueza intensa, dor e atrofia proximal dos músculos da coxa). ANAMNESE: Hipotensão ortostática: queda na PA sistólica (20 mmHg) ou diastólica (10 mmHg) dentro de 3 minutos na posição ortostática → ocorre por denervação vasomotora simpática eferente que vasoconstrição reduzida dos leitos esplâncnicos e de outros leitos vasculares periféricos. Sintomas: ● Tontura, fraqueza, desmaio, comprometimento visual e síncope na posição ortostática. Sintomas gastrointestinais: comuns porneuropatia autonômica gastrointestinal diabética. Sintomas: ● Náuseas, vômitos pós-prandiais, distensão abdominal, perda de apetite, saciedade precoce. Se houver disfunção vagal: pirose e disfagia para sólidos. Outros: Diarreia profusa (20%), incontinência fecal. Disfunção vesical: polaciúria, urgência miccional, noctúria, hesitação na micção, fluxo fraco, incontinência urinária com gotejamento e retenção urinária Disfunção erétil: comum em homens. Mulheres podem perder o desejo sexual e ter aumento da dor durante relação. Disfunção sudomotora: anidrose, intolerância ao calor, pele seca ou hiperidrose EXAME FÍSICO: Exame neurológico: perda sensorial distal simétrica, com redução ou ausência dos reflexos aquileus. ● Avaliar: sensibilidade à dor, sensibilidade tátil, vibração e posição da articulação. ○ Usar diapasão no hálux para avaliar a sensação de vibração (vai ter perda de vibração) ○ Reflexos aquileus: servem para identificar pacientes de alto risco. Usar martelo (Trommer ou Queen Square). Obtidos na posição sentada, com pé pendente, ligeiramente dorsiflexionado e paciente relaxado. Se reflexo ausente, realizar manobra de Jendrassic (engatar os dedos das duas mãos e puxá-los). ○ Teste de sensibilidade tátil: usar monofilamento 10g no dorso de ambos os hálux. 8 respostas corretas de 10 aplicações é considerado normal; de 1 a 7 respostas corretas indica sensação reduzida; nenhuma resposta correta indica ausência de sensação. Inspeção dos pés: ● Presença de úlceras, calos e amputações prévias ○ Lesões indolores (principalmente nas cabeças metatarsais); infecções que complicam podem evoluir com gangrena ○ Úlcera plantar ○ Envolvimento de fibras sensoriais grandes: ataxia de marcha (principalmente à noite ou ao caminhar de olhos fechados); envolvimento motor (sem conseguir flexionar o pododáctilo) Sinais vitais: ● Taquicardia de repouso e FC fixa (90 a 100bpm e até 130bpm) → comprometimento vagal ● Aferição da PA em posição supina e ortostática → hipotensão ortostática. Exame abdominal: bexiga aumentada. INVESTIGAÇÃO Baseia-se em: ● Sintomas clínicos ● Exame físico clínico ● Teste eletrofisiológico ● Teste sensorial quantitativo (TSQ) ● Teste autonômico ● Biópsia de pele e densidade das fibras nervosas intraepidérmicas ● Microscopia confocal da córnea Exames laboratoriais: Glicemia de jejum, hemoglobina glicada (HbA1c), teste oral de tolerância à glicose (em pacientes não diabéticos), hormônio estimulante da tireoide (TSH), vitamina B12, eletrólitos, creatinina, ureia sérica, perfil lipídico sérico, TFHs (descartar doença hepática), eletroforese de imunoglobulinas, hemograma completo e velocidade de hemossedimentação (VHS). Biópsia de pele: Determina a densidade das fibras nervosas intraepidérmicas e pode ser considerada para o diagnóstico, especialmente de neuropatia de fibras finas. Microscopia confocal da córnea: Não-invasiva, usada para realizar exames de imagem do plexo do nervo sub-basal da córnea, e a técnica de "flare" de exame de imagem com laser Doppler (LDI flare), que avalia a resposta vasodilatadora neurogênica de fibras finas mediada pelo reflexo axonal em resposta ao aquecimento cutâneo. Exame eletrofisiológico: Pode ser exames de condução e eletromiografia, e são necessários quando há características atípicas (déficits motores > sensitivos, assimetria, sintomas iniciais em MMSS, progressão rápida). ● Exames de condução: realizados procedimentos eletrofisiológicos no nervo inteiro (por exemplo, velocidade de condução nervosa, ondas F, amplitudes motoras e/ou sensoriais) ● Eletromiografia: pode ser normal em pacientes neurologicamente assintomáticos ou com sintomas leves, mas demonstra denervação na ND mais grave Teste sensorial quantitativo: O TSQ quantifica o limiar de percepção vibratória (LPV) e o limiar de percepção térmica. Usado quando os demais exames são normais, para detectar neuropatia de fibras finas. Exame dos reflexos autonômicos cardiovasculares: Realizar bateria de exames validados (por exemplo, resposta da FR à respiração profunda, manobra de Valsalva e resposta da FR a alterações posturais). Avalia a função parassimpática e simpática. Variabilidade da FC A VFC é avaliada pelo cálculo dos índices com base na análise estatística de intervalos de taxa de resposta (análise no domínio do tempo) ou por análise espectral (análise no domínio da frequência) de um componente. OUTROS ● Perfil de PA de 24 horas e microneurografia ● Neuropad ● Cintilografia com isótopo duplo: avaliar esvaziamento retardado da fase sólida. ● Gastroduodenoscopia: descartar obstruções pilóricas ou outras obstruções mecânicas em pessoas com suspeita de gastroparesia diabética ● Eletrogastrografia de superfície: detecta anomalias no ritmo gastrointestinal ● Refeição de bário: descarta lesões na mucosa ou obstrução ● Manometria gastrintestinal: pode indicar atraso na motilidade intestinal e gástrica ● Teste de hidrogênio no ar expirado: podem ser normais ou sugerir supercrescimento bacteriano ● Ultrassonografia gástrica: pode demonstrar retardo do esvaziamento gástrico ● Ressonância nuclear magnética (RNM) gástrica: pode demonstrar retardo do esvaziamento gástrico ● Manometria anorretal: pode ser normal ou pode sugerir hipomotilidade ● Gordura fecal: usado em diarreias de grande volume, pode ser normal ou elevada (esteatorreia) ● Teste de absorção da D-xilose: exame alternativo à medição de gordura fecal ● Urocultura: para pacientes com disfunção vesical ● Cistometria, cistometrograma miccional: avaliam-se o volume residual e a dilatação do trato urinário superior, pode ser normal ou pode sugerir disfunção vesical ● USG do trato urinário pós-miccional: para disfunção vesical ● Vídeo urodinâmica: para pacientes com disfunção neurogênica do trato urinário inferior ● Medição da tumescência peniana noturna e da PA braquial e peniana: Para avaliar disfunção erétil e doença vascular peniana. Resultado da pressão peniana-braquial < 0,7. ● LH, testosterona livre e prolactina: para homens com disfunção erétil para descartar hipogonadismo. ● Testes da função sudomotora: teste quantitativo do reflexo axonal sudomotor, impressão do suor, teste do suor termorregulatório e resposta cutânea simpática ● Estudos cintilográficos: avaliação cintilográfica quantitativa da inervação simpática do coração humano é possível com o uso da tomografia computadorizada por emissão de fóton único (SPECT) com I-123 metaiodobenzilguanidina (MIBG) e tomografia por emissão de pósitrons (PET) com 11C-metaidroxiefedrina DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS Uremia: realizar exames de ureia, creatinina e TFG Deficiência de cianocobalamina: desnutrição, alcoolismo, uso de alguns medicamentos anemia perniciosa, gastrite atrófica, má absorção ou infecção por Helicobacter pylori. Atinge mais idosos (>65 anos). Realizar hemograma completo + vitamina B12 Hipotireoidismo: Fadiga, intolerância ao frio, ganho de peso, constipação, mialgia, irregularidades menstruais, relaxamento tardio dos reflexos tendinosos profundos, bradicardia (se for intensa). Realizar exames de tireoide. Porfiria aguda intermitente: dor abdominal, vômitos, fraqueza muscular, constipação, febre, diarreia, perda sensorial, convulsões, taquicardia, hipertensão, dor abdominal intensa. Exames: Ácido aminolevulínico elevado, porfobilinogênio. Ingestão crônica de bebidas alcoólicas: Sinais de desnutrição, encefalopatia de Wernicke e síndrome amnésica de Korsakoff. Avaliar tiamina e função hepática. Envenenamento por metais pesados: fraqueza extensora ou queda do punho/tornozelo, dor abdominal, constipação, mialgia, cefaleia, etc. Pesquisar chumbo e outros metais. Neuropatia induzida por medicamentos: antivirais, antibacterianos, antineoplásicos e imunossupressores, além de agentes cardiovasculares, do SNC, gastrointestinais e do metabolismo. Neuropatia desmielinizante inflamatória crônica: predominantemente motora, progressiva e de evolução independente do controle glicêmico. Sarcoidose: febre, sinais cutâneos (por exemplo, eritema nodoso),lesões nas articulações e/ou nos olhos. Hanseníase: nervos comumente envolvidos incluem o ulnar e o mediano (mão em garra), o fibular comum (pé caído), o tibial posterior (pododáctilos em garra e insensibilidade plantar), o facial, o cutâneo radial e o auricular magno. Outros: poliarterite nodosa, amiloidose, disproteinemias e paraproteinemias, síndrome paraneoplásica, leucemias e linfomas, neuropatias hereditárias, distúrbio psicofisiológico, atrofia de múltiplos sistemas/Síndrome de Shy-Drager, Síndrome de Riley-Day, neuropatia autonômica com hipotensão ortostática idiopática, síndrome de Guillain-Barré, Miastenia gravis, doença degenerativa do disco, neuropatia femoral, lesões da cauda equina, aneurisma da carótida, mononeuropatia múltipla, acromegalia e coagulopatias. CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS Toronto Expert Panel on Diabetic Neuropathy para polineuropatia simétrica distal (PNSD) Possível PNSD clínica Diminuição da sensibilidade Sintomas neuropáticos positivos (dormência, formigamento, sensação dolorosa, de pontada ou de queimação) nos pododáctilos, pés ou pernas Sinais: diminuição simétrica da sensibilidade distal Reflexos aquileus reduzidos ou ausentes Provável PNSD clínica Combinação de sintomas e sinais de polineuropatia sensório-motora distal com 2 ou mais dos fatores a seguir: Sintomas neuropáticos ● Diminuição da sensibilidade distal ● Reflexos aquileus reduzids ou ausentes PNSD clínica confirmada Estudo de condução nervosa anormal e sintoma(s) ou sinal(ais) de polineuropatia sensóriomotora. PNSD subclínica (estágio 1a) Nenhum sinal ou sintoma de polineuropatia Condução nervosa anormal. Definição de neuropatia de fibras finas do Toronto Expert Panel on Diabetic Neuropathy Possível neuropatia de fibras finas Presença de sintomas simétricos distais e/ou sinais clínicos de dano nas fibras finas. Provável neuropatia de fibras finas Presença de sintomas simétricos distais, sinais clínicos de dano nas fibras finas e estudo de condução nervosa (CN) normal ou anormal. Neuropatia de fibras finas definitiva Presença de sintomas dependentes do comprimento, sinais clínicos de dano nas fibras finas, estudo da CN sural normal ou anormal e/ou limiares térmicos do TSQ anormais nos pés e redução da densidade das fibras nervosas intraepidérmicas (DFNIEs) no tornozelo RASTREAMENTO Realizar em pacientes com: ● DM 2, a partir do diagnóstico ● DM 1, 5 anos após o diagnóstico ● Síndrome metabólica ou intolerância à glicose com sintomas de neuropatia periférica. Realizar 1 vez por ano → avaliação dos sinais e sintomas (teste de sensibilidade à dor, percepção de vibração, percepção de sensibilidade tátil e reflexos aquileus). TRATAMENTO CONTROLE GLICÊMICO No DM1, é capaz de reduzir a incidência de neuropatia em 60%. ● Uso de sensibilizadores de insulina (metformina e/ou tiazolinedionas ● Transplante pancreático CUIDADOS COM OS PÉS: Orientações ao paciente Realizar um bom exame físico Feridas não infectadas: usar solução antisséptica não irritante, trocas diárias de curativas e repouso Feridas infectadas: são polimicrobianas → ATBterapia E enviar amostra pós-desbridamento para cultura anaeróbia e aeróbia INTERVENÇÕES NO ESTILO DE VIDA Dieta + exercícios TRATAMENTO INICIAL 1º LINHA PELA ADA: Pregabalina, duloxetina e gabapentina são consideradas farmacoterapias. 1º LINHA POR OUTRAS DIRETRIZES: pregabalina 2º LINHA POR OUTRAS DIRETRIZES: abapentina, duloxetina, amitriptilina, venlafaxina, opioides (tramadol, oxicodona de liberação controlada) e capsaicina Pregabalina ● Se liga e modula os canais de cálcio dependentes de voltagem. ● Efetiva na redução da dor ● Pode causar sonolência e edema nos pés ● Pode causar dependência Duloxetina ● Inibidor dual seletivo de recaptação de serotonina-noradrenalina e é relativamente equilibrada em sua afinidade para inibição da recaptação ● Podem ocorrer náuseas e sonolência Gabapentina ● Alívio de 50% da dor ● Efeitos adversos: sonolência, tontura, edema periférico e distúrbio da marcha Tratamento combinado ● Duloxetina + pregabalina ● Imipramina + pregabalina Antidepressivos tricíclicos ● Bloqueio da recaptação neuronal da noradrenalina e da serotonina, potencializando o efeito inibidor desses neurotransmissores nas vias nociceptivas ● Efeitos adversos são comuns e podem levar a interrupção do tratamento ● Amitriptilina, imipramina, nortriptilina e desipramina Analgésicos opióides ● Usar somente se outros agentes falharem. ● Em conjunto ou isolados ● Pode ocorrer dependência ● Atuação: Suprimem a dor ao ativar os receptores mu, presentes nas membranas pré e pós-sinápticas das fibras nervosas aferentes primárias, nos neurônios secundários no corno dorsal da medula espinhal e nos neurônios nos centros supraespinhais relevantes à do Capsaicina tópica Isolada ou em conjunto em casos refratários. ● (0.025% ou 0.075%) aplicar na(s) área(s) afetada(s) até quatro vezes ao dia quando necessário Estimulação da medula espinhal Deve ser considerada em pacientes refratários a todas as outras opções de tratamento para dor intensa na neuropatia diabética. Para hipotensão ortostática ● Midodrina: 2.5 a 10 mg por via oral três vezes ao dia Medidas simples incluem evitar mudanças súbitas na postura corporal para a posição com a cabeça para cima; evitar medicamentos que agravam a hipotensão; fazer refeições pequenas e frequentes; evitar uma dieta pobre em sal; ingestão de líquidos adequada; evitar atividades que envolvam esforço. ● Elevar a cabeceira do leito 45 cm à noite melhorou os sintomas em pequenas séries de pacientes com hipotensão ortostática de causas diversas CASO CLÍNICO Um homem de 62 anos chegou ao serviço de emergência apresentando uma ferida aberta no pé esquerdo. O paciente possui história de diabetes melito não insulina-dependente e faz uso de Metformina. Afirma nunca ter tido infecções, problemas ou ter sofrido qualquer tipo de traumatismo recente no pé. A ferida não é muito dolorosa e ele somente a percebeu quando uma drenagem amarela manchou sua meia, há vários dias. Ele relata que mesmo a ferida não doendo notou que no último ano, ao caminhar 100 metros apresentava cansaço intenso na panturrilha esquerda que o obrigava parar para descansar por alguns minutos e que houve uma melhora da distância caminhada após o uso de Rivaroxabana e AAS há 60 dias. A temperatura corporal do paciente é de 37,9ºC e seus sinais vitais estão normais. O exame vascular periférico revelou pulsações palpáveis em ambas as regiões femorais, diminuído na topografia da poplítea direita e ausentes no pé esquerdo. O pé esquerdo está inchado sobre a região plantar e apresenta uma ferida aberta medindo 1,5 cm sobre a superfície plantar do pé, sobrejacente às cabeças do 4º e 5º ossos metatarsais. Observa-se um pouco de drenagem amarelada oriunda da área. A pele circundante está eritematosa e quente. À avaliação, nenhum osso exposto foi observado junto à base da úlcera. A contagem de leucócitos sanguíneos é de 12.000 células/m3 e a concentração sérica de glicose é de 230 mEq/dL. O exame Doppler dos membros inferiores revela a presença de sinais Doppler em ambos os pés, com índices tornozelo-braquiais (ITBs) mostrando: ITB de 0,5 no lado esquerdo e de 0,94 no direito. PÉ DIABÉTICO Infecção, ulceração ou destruição de tecidos do pé de uma pessoa com diabetes mellitus, geralmente acompanhada de neuropatia e/ou doença arterial periférica (DAP) nas extremidades inferiores. ETIOLOGIA ● Distribuição anormal das pressões plantares devido a anormalidades estruturais/biomecânicas (joanete, deformidades) ● Mobilidade articular prejudicada, anormalidades da marcha e neuropatias motoras ● Mecanismos de proteção prejudicados (por exemplo, pele seca, sistema imunológico anormalidades, doença arterial periférica) ● Reconhecimento prejudicado devido a neuropatia sensorial e/ou deficiências visuais ● Trauma repetitivo devido ao calçado → risco de bactérias → infecção Resumindo: Qual a causa? → perda progressiva da sensibilidade protetora + disfunção autonômicaperiférica + insuficiência vascular FISIOPATOLOGIA Ulceração/lesões por punção em epitélio viscoelástico e flexível do pé. Hiperglicemia crônica pode levar à neuropatia sensorial e disfunção do sistema imunológico, mas a hiperglicemia não afeta diretamente o desenvolvimento de infecções nos pés. Doença aterosclerótica macrovascular não tratada (tipicamente nível poplíteo e tibial) apresenta um risco maior de infecções nos pés entre aqueles com úlceras nos pés não cicatrizadas e aumenta o risco de amputação. ● Não há evidência de anormalidades microvasculares na ulceração. CLASSIFICAÇÃO Classificação de risco da American Diabetes Association (ADA) Alto risco (pé diabético em remissão) ● História de amputação anterior de dedo do pé, amputação parcial de pé ou perna, ou história de úlcera anterior no pé, mas sem úlcera ativa no pé atualmente ● A incidência anual de úlceras neste grupo é de 50%. Risco moderado ● Doença arterial periférica com ou sem neuropatia sensorial, mas sem úlcera ativa no pé atualmente ● A incidência anual de úlceras neste grupo é de 14% Baixo risco ● Neuropatia sensorial, mas sem úlcera ativa do pé atualmente ● A incidência anual de úlceras neste grupo é de 4,5% Risco normal ● Nenhuma das opções acima e nenhuma úlcera ativa no pé atualmente ● A incidência anual de úlceras neste grupo é de 2% Uma úlcera ativa = urgência → deve ser classificada de acordo com de acordo com o grau de perda de tecido, a presença/grau de isquemia e a presença/grau de infecção. Principais fatores associados à ocorrência ou recorrência: ● Presença de neuropatia sensorial (perda da sensação protetora) ● Presença de doença vascular e/ou história pregressa de úlcera ● Artropatia de Charcot ou amputação. International Working Group on the Diabetic Foot (IWGDF): risk classification Em risco para ulceração: ● Paciente com diabetes que não tem uma úlcera ativa no pé, mas que tem neuropatia periférica, presença ou progressão de deformidade do pé, mobilidade articular limitada, calo abundante ● Doença na artéria periférica ● Uma história de úlcera(s) no pé ou amputação de (ou parte) do pé ou perna ● Um diagnóstico de doença renal terminal ● Qualquer sinal pré-ulcerativo no pé. IWGDF: classificação da úlcera do pé diabético (IMPORTANTE) Parâmetro Definição Pontuação Local Antepé Mediopé ou retropé 0 1 Isquemia Fluxo sanguíneo preservado (pelo menos um pulso palpável) Evidência clínica de redução de fluxo sanguíneo 0 1 Neuropatia Sensação protetora preservada Sensação protetora perdida 0 1 Infecção bacteriana Ausente Presente 0 1 Área Úlcera < 1cm² Úlcera > 1 cm² 0 1 Profundidade Úlcera confinada à pele e ao tecido subcutâneo Úlcera atingindo músculo, tendão ou mais profunda 0 1 Pontuação total possível: 0 a 6 pontos IWGDF 2019: Estratificação de risco e periodicidade de vigilância Artropatia de Charcot Pacientes com artropatia de Charcot (colapso do mediopé) podem desenvolver úlceras e infecções no mediopé que estão associadas a anormalidades estruturais. As úlceras de calcâneo ocorrem com menos frequência em pacientes ambulatoriais e são frequentemente devido à pressão de decúbito em pacientes não ambulatoriais debilitados por acidente vascular cerebral anterior. As úlceras da perna/panturrilha (ocorrendo entre o joelho e os maléolos no tornozelo) são geralmente devidas à insuficiência venosa crônica. Ocasionalmente, as infecções são iniciadas por um ferimento por punção em vez de ulceração por trauma repetitivo. ABORDAGEM HISTÓRIA Fortes fatores de risco para complicações do pé diabético: neuropatia sensorial; história prévia de úlcera no pé, infecção ou amputação parcial; doença renal crônica (incluindo doença renal em estágio final) e deformidade do meio do pé de Charcot (ou seja, colapso do meio do pé). Fatores de risco fracos para complicações do pé diabético: deformidades estruturais, mobilidade limitada da articulação do tornozelo (tornozelo equino), doença arterial periférica, alteração visual, mau controle da glicose. ● A falta de sensação protetora é mais frequentemente devido ao diabetes, mas ocasionalmente pode ser devido a outras causas (por exemplo, abuso de álcool). Uma úlcera no pé é definida como um defeito epitelial de espessura total abaixo/distal aos maléolos que persiste por ≥ 2 semanas EXAME FÍSICO Examinar a integridade do pé! ● A maioria das úlceras e infecções nos pés que não cicatrizam ocorre no antepé, a porção do pé distal à articulação tarsometatársica (Lisfranc), e resulta de trauma repetitivo durante a deambulação em um pé insensível e estruturalmente anormal. ● Procurar por artropatia de Charcot. Sinais de infecção: edema (pé, tornozelo ou panturrilha), aumento da temperatura local, eritema (celulite), flutuação (abscesso), anorexia, mal-estar, febre ou calafrios (incomum). EXAME DO PULSO PEDIOSO A capacidade de palpar pulsos pediosos normais indica perfusão arterial adequada ao pé. ● Pulsos ausentes ou fracos devem levar ao encaminhamento para avaliação e testes não invasivos em uma clínica de especialidade vascular. ● Avaliar pelo Doppler de onda contínua fornece informações adicionais quando realizada e interpretada adequadamente; no entanto, enquanto os sinais monofásicos sugerem doença arterial periférica significativa, os sinais bifásicos não excluem doença arterial periférica significativa. EXAMES Hemograma completo, nível de glicose no sangue e radiografia do pé. Não fazer swab, mesmo com suspeita de infecção. Fazer cultura da lesão!! → guiar tratamento com ATB ● Raio-x: investigar osteomielite, fraturas, estabilidade da articulação, subluxações, destruição cortical e deformidades. ● Testes vasculares não invasivos: doença arterial periférica → solicitar para pacientes com úlcera do pé diabético quando o exame físico encontra algo além de pulsos palpáveis (p. ex. pulsos fracos, exame limitado por edema)> Angiografia → MELHOR TESTE PARA DIAGNÓSTICO DE DOENÇA ARTERIAL PERIFÉRICA → mostra estenose hemodinamicamente significativa (> 50%) ou oclusões entre a aorta e o pé. ● Índice tornozelo-braquial: é indicado em pacientes com úlceras nos pés que não cicatrizam, bem como em pacientes com sintomas de esforço nas pernas, pacientes com 50 anos ou mais com diabetes ou história de tabagismo e todos os outros pacientes com 65 anos ou mais, a fim de estabelecer uma diagnóstico de doença arterial periférica dos membros inferiores. A ressonância magnética do pé é considerada o melhor exame de imagem para o diagnóstico de OSTEOMIELITE. Função renal: não é necessária, mas pode ajudar na determinação da viabilidade de dar contraste iodado para imagens arteriais (se necessário) A osteomielite pode estar presente em um paciente com diabetes apesar de marcadores inflamatórios normais, raios-X ou teste de sonda ao osso. DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS Úlcera venosa da perna: Geralmente ocorre abaixo do joelho, acima dos maléolos e raramente ocorre no dorso do pé. Pode ter lipodermatoesclerose circundante (ou seja, espessamento e descoloração da pele devido à inflamação, cicatrização e deposição de hemossiderina) Gota: associada a dor, edema e eritema no antepé, mas geralmente não é adjacente a uma úlcera no pé. Pode ocorrer no cenário de história prévia de gota. ● Raio-x: estreitamento do espaço articular, erosões ósseas dispersas, artrite tofácea. Artropatia de Charcot aguda: A ressonância magnética do pé mostra edema da medula óssea subcondral no mediopé (os tecidos subcutâneos geralmente não são envolvidos). DIAGNÓSTICO A Society for Vascular Surgery criou um sistema de classificação de membros inferiores ameaçados: Estratificação de risco com base na ferida, isquemia e infecção do pé (WIfI) FERIDA (WOUND - W) 0: sem úlcera ou gangrena 1: leve - úlcera pequena e rasa na parte distal da perna ou pé; nenhum osso exposto (a menos que limitado à falange distal); sem gangrena 2: moderada - úlcera mais profunda com exposição de osso, articulação ou tendão; geralmente não envolvendo o calcanhar; úlcera rasa docalcanhar sem envolvimento do calcâneo; alterações gangrenosas limitadas a dígitos 3: grave - úlcera extensa e profunda envolvendo antepé e/ou mediopé; úlcera profunda do calcanhar de espessura total e/ou envolvimento do calcâneo; gangrena extensa envolvendo antepé e/ou mediopé; necrose de espessura total do calcanhar e/ou envolvimento do calcâneo. ISQUEMIA (ISCHAEMIA - I) 0: índice tornozelo-braquial (ITB) ≥0,80; pressão sistólica do tornozelo >100 mmHg; pressão do dedo do pé (TP)/oximetria transcutânea (TcPO2) ≥60 mmHg 1: leve - ITB 0,6 a 0,79; pressão sistólica do tornozelo 70-100 mmHg; TP/TcPO2 40-59 mmHg 2: moderado - ITB 0,4 a 0,59; pressão sistólica do tornozelo 50-70 mmHg; TP/TcPO2 30-39 mmHg 3: grave - ITB ≤0,39; pressão sistólica do tornozelo <50 mmHg; TP/TcPO2 <30 mmHg INFECÇÃO DO PÉ (foot infection - FI) 0: sem sinais ou sintomas de infecção 1: leve - infecção presente, definida pela presença de pelo menos dois dos seguintes: ● Inchaço ou endurecimento local ● Eritema >0,5 cm a ≤2 cm ao redor da úlcera ● Sensibilidade ou dor local ● Calor local ● Corrimento purulento. 2: moderada - infecção local com eritema > 2 cm, ou envolvendo estruturas mais profundas que a pele e tecidos subcutâneos (por exemplo, abscesso, osteomielite, artrite séptica, fasceíte); sem sinais de resposta inflamatória sistêmica 3: grave (membro e/ou risco de vida) - infecção local com sinais de síndrome da resposta inflamatória sistêmica manifestada por pelo menos dois dos seguintes: ● Temperatura >38°C (100,5°F) ou <36°C (96,8°F) ● Frequência cardíaca >90 bpm ● Frequência respiratória >20 respirações/minuto ou PaCO₂ <32 mmHg ● Contagem de leucócitos >12 × 10⁹ células/L (12.000/microlitro) (leucocitose) ou <4 × 10⁹ células/L (4000/microlitro) (leucopenia); ou uma contagem normal de leucócitos com >10% de formas imaturas (banda). Universidade do Texas: classificação de feridas diabéticas Estágios A: sem infecção ou isquemia presente B: infecção presente C: isquemia presente D: infecção e isquemia presentes Grau 0: úlcera epitelizada (curada) 1: úlcera superficial (epitélio com ou sem derme) 2: úlcera penetra no tendão ou cápsula 3: úlcera penetra no osso ou articulação. Classificação de osteomielite - IWGDF Possível osteomielite ● Destruição cortical no raio-x ● Edema ósseo na ressonância magnética ● Sondas de úlcera no osso ou osso visível ● Velocidade de hemossedimentação > 70 mm/hora sem outra explicação plausível ● Ferida que não cicatriza apesar da descarga e perfusão adequadas por > 6 semanas de duração ● Úlcera com evidência clínica de infecção por >2 semanas de duração. Provável osteomielite ● Osso esponjoso visível na úlcera ● RNM mostrando edema ósseo e outros sinais de osteomielite ● Amostra óssea com cultura positiva, mas histologia negativa ou ausente ● Amostra óssea com histologia positiva, mas cultura negativa ou ausente ● Quaisquer 2 critérios possíveis (acima). Osteomielite definitiva ● Amostra óssea com cultura positiva e histologia positiva ● Osso purulento encontrado na cirurgia ● Um fragmento ósseo traumático removido da úlcera ● A RNM mostra abscesso intraósseo ● Quaisquer 4 critérios possíveis, ou 2 critérios prováveis, ou 1 critério provável e 2 critérios possíveis (acima). RASTREAMENTO A triagem para complicações nos pés em pacientes diabéticos deve ser feita pelo menos uma vez por ano. Pacientes com fatores de risco para úlcera e com DM devem ter o pé inspecionado em toda a consulta! Teste de monofilamento para neuropatia sensorial deve ser feito uma vez por ano em todos os pacientes com diabetes. ● Positivo (insensível ou sem sensação protetora): se o monofilamento não for detectado em nenhuma das 4 áreas testadas no antepé. ○ A identificação da perda sensorial é importante para a estratificação de risco e o início dos esforços de prevenção (por exemplo, calçados para diabéticos, educação sobre cuidados com os pés). Avaliação de pulso: uma vez por ano em pacientes com diabetes. Ausência de pulso palpável nos pés → risco elevado para úlceras. Índice tornozelo-braquial (ITB): em pacientes com doença arterial periférica → em pacientes com úlceras nos pés que não cicatrizam; com sintomas de esforço nas pernas; mais de 50 anos com histórico de DM ou tabagismo e outros pacientes com 65 anos ou mais. Rastreio pelo Protocolo de NICE ● No momento do diagnóstico de diabetes, e então pelo menos anualmente ● Quando surgem problemas nos pés ● Em qualquer admissão no hospital e se houver alguma alteração no estado do paciente quando estiver no hospital. Pacientes de 12 a 17 anos com diabetes devem ter seus pés avaliados anualmente. O que procurar no rastreamento? ● Neuropatia ● Isquemia do membro ● Ulceração ● Formação de calo ● Infecção e/ou inflamação ● Deformidade ● Gangrena ● Artropatia de Charcot ABORDAGEM PÉ DIABÉTICO AGUDO Inicialmente: Cuidados com ferimento: ● Curativos que mantêm um ambiente úmido, incluindo curativos não aderentes cobertos com camada de gaze ou outro material absorvente. ● Desbridar ferimentos profundos, com exsudato abundante ou escara sobrejacente e desbridar calo circundante. ● Enxerto de pele de espessura parcial em pacientes com defeito epitelial grande, mas com tecido de granulação saudável. ● Enxertos com tecidos xenogênicos ou alogênicos não autólogos Cuidado multidisciplinar: ● Referenciar para serviço de urgência. ● Referenciar para serviço interdisciplinar Calçado de “descarga” de pressão (offloading footwear): ● Recomendado para todos os pacientes ● Evitar trauma no local ● Gessos de contato total e andadores de gesso não removíveis são as opções mais eficazes para descarregar calçados. Cuidados dietéticos: ● Suplementação dietética com arginina, glutamina e beta-hidroxi-beta-metilbutirato (um metabólito do aminoácido leucina) demonstrou melhorar a cicatrização da úlcera do pé em pacientes com baixa albumina (ou seja, <40 g/L) ou doença arterial periférica (ou seja, índice tornozelo braquial <0,9) Com infecção leve: eritema limitado ≤ 2 cm além da borda da úlcera e/ou inchaço, calor ou dor localizada ATB oral: Terapia empírica ● Flucloxacilina 250-500mg 4x/dia ● Dicloxacilina 250-500mg 4x/dia ● Clindamicina 300-450mg 3-4x/dia ● Cefalexina 500mg 2x/dia ● Amoxicilina + Clavulanato 250mg 3x/dia OU 500mg 2x/dia ● Doxicilina 100mg 2x/dia ● Sulfametoxazol + trimetoprima 160/800mg 2x/dia Terapia definitiva após cultura Continuar terapia até resolução da infecção (1-2 semanas) Com infecção moderada a severa: MODERADA (Eritema > 2 cm além da borda da úlcera ou infecção profunda dos tecidos moles (por exemplo, abscesso, osteomielite)) E SEVERA (infecção no pé associada a dois ou mais sinais da síndrome da resposta inflamatória sistêmica) ATB oral ou intravenosa (2-3 SEMANAS) Reavaliar de 48-72h Drenagem ou debridamento adjunto Alguns pacientes: ● Considerar cirurgia nos casos moderados a severos para drenar/desbridar qualquer infecção profunda de tecidos moles em curso (por exemplo, drenar um abscesso ou espaço articular infectado, desbridar fascite/mionecrose/osso necrótico). ● Realizar cultura do ferimento!! SEGUIMENTO Cuidado contínuo da diabetes ● Check-ups regulares ● Manutenção dos níveis alvo de glicose no sangue, pressão arterial e controle de lipídios Reavaliar os pacientes com suspeita de infecção do pé diabético se: ● Os sintomas piorarem rapidamente ou significativamente ● Os sintomas não começam a melhorar dentro de 1 a 2 dias ● O paciente fica sistemicamente mal ou tem dor desproporcional à infecção Bypass cirúrgico e/ou intervenção endovascular ● Intervenção endovascular (geralmente angioplastia com balão com ou sem colocação de stent) e/ou bypass cirúrgico (geralmente bypass femorotibial ou femoropedal) podem ser necessários para estabelecer perfusão arterial adequada ao pé. ● Isso geralmente é feito após a infecção dos tecidos moles ter sido controlada ou pelo menos tratada. Amputação ● Amputações menores (ou seja, ressecções do dedo do pé ou parcial do pé) podem serrealizadas em áreas com gangrena irreversível. ● Amputações maiores são geralmente reservadas para duas situações: ○ Infecção ou gangrena tão extensa que a reconstrução não é possível ou não preservará a função significativa no membro afetado ○ Pacientes com pouca ou nenhuma função no membro (excluindo história prévia de acidente vascular cerebral ou paralisia) COMPLICAÇÕES ● Cicatrização retardada ● Osteomielite ● Recorrência de úlcera ● Artropatia de Charcot ● Estenose ou trombose do enxerto PROGNÓSTICO ● Úlcera do pé diabético: 2-3 meses para a cicatrização completa ● Úlcera do pé que não cicatriza associada a doença arterial periférica grave: geralmente demora 6 meses para cicatrizar e intervenções endovasculares podem ser necessárias. ● Infecção do pé: 3-4 meses sem DAP e 6 meses a 12 meses com DAP ● Amputação: 70% dos pacientes morrem em até 5 anos após a amputação → associado a doenças cardiovasculares
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