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Ray Lins É a ciência que estuda as interações entre os compostos químicos com organismo vivo ou sistema biológico, resultando em um efeito maléfico (tóxico) ou benéfico (medicamentoso). A diferença estar na dose e na via de administração, guiando o fármaco. A janela terapêutica fica entre a máxima permitida e o limiar. Farmacocinética: absorção, distribuição, metabolismo a e excreção de fármacos. Farmacodinâmica: estuda os efeitos fisiológicos, bioquímicos e mecanismos de ação dos fármacos. Conceitos básicos DROGA: qualquer substância que interaja com o organismo produzindo algum efeito FÁRMACO: uma substância definida, com propriedades ativas, produzindo efeito terapêutico. MEDICAMENTO: é quando ao fármaco são adicionados todos os componentes para que este seja administrado terapeuticamente. FORMA FARMACÊUTICA: é a forma finam de como um medicamento se apresenta: comprimidos, cápsulas, injetáveis, líquidos, etc. REMÉDIO: (re = novamente; medior = curar): substância animal, vegetal, mineral ou sintética; procedimento (ginástica, massagem, acupuntura, banhos); fé ou crença; influência: usados com intenção benéfica. PLACEBO: (placeo – agradar): tudo o que é feito com a intenção benéfica para aliviar o sofrimento: fármaco/medicamento/droga/remédio (em concentração pequena ou mesmo na sua ausência). MEDICAMENTO ÉTICO OU DE REFEÊNCIA: sua principal função é servir de parâmetros para registros dos posteriores medicamentos similares e genéricos, quando sua patente expirar. MEDICAMENTOS GENÉRICO: é um medicamento com a mesma substância ativa, forma farmacêutica e dosagem e com a mesma indicação que o medicamento original, de marca. MEDICAMENTO SIMILAR: é o medicamento autorizado a ser produzido após prazo da patente de fabricação do medicamento de referência ou inovador ter vencido. Não tem garantias que ele vá produzir os mesmos efeitos do medicamento de referência, por não ter passada pelos testes de bioequivalência e biodiversidade. DOSE LETAL 50: a concentração de uma substância química capaz de matar 50% da população de animais testados. Essa dose mede-se em miligramas de substância por cada quilograma de massa corporal do animal testado. BIODISPONIBILIDADE: é uma medida da extensão de uma droga terapeuticamente ativa que atinge a circulação sistêmica e está disponível no local de ação. BIOEQUIVALÊNCIA: é o termo utilizado para avaliar a equivalência biológica esperada in vivo de duas preparações diferentes de um medicamento. Se sois medicamento são ditos bioequivalentes, isso significa Tatiana Panseri Medicina – P4 que se espera que eles sejam, para todas as intenções e propostas, iguais. POSOLOGIA: é o modo como o medicamento deve ser administrado. (qual via, quanto tempo? etc.) MEIA-VIDA: é o tempo necessário para que metade de uma substância seja removida do organismo por um processo físico ou químico. ESPECIFICIDADE: capacidade de um fármaco reconhecer apenas um receptor. AFINIDADE: tendência de um fármaco se ligar ao seu receptor. EFICÁCIA: tendência de um fármaco, uma vez ligado, ativar o receptor. AGONISTA: substâncias químicas que causam alterações na função celular, produzindo vários tipos de efeitos. ANTAGONISTAS: substância que se liga ao receptor sem causar ativação impedindo consequentemente a ligação do agonista. (não produz efeito terapêutico.) DESSENSIBILIZAÇÃO: diminuição do efeito de um fármaco que ocorre gradualmente quando administrado de modo contínuo ou repetidamente. Mecanismos de dessensibilização • Perda de receptores • Aumento do metabolismo do fármaco • Exaustão de mediadores • Adaptação fisiológica. FARMACOCINÉTICA A farmacocinética é a área da farmacologia responsável pelo estudo do caminho percorrido pelo medicamento no corpo, indo desde administração, absorção, distribuição, biotransformação até a excreção, ou seja, o que o organismo faz com o fármaco. OBS: É o que o corpo faz com o fármaco!!! Processo farmacocinéticos 1. Absorção: é a transferência de um fármaco desde o seu local de administração até a circulação sanguínea. A velocidade e a eficiência da absorção vão depender entre outros fatores da via de administração. (Ex: intravenoso não passa pela etapa de absorção). O fármaco tem de penetrar as camadas celulares e a primeira camada que ele vai atravessar é a membrana celular dos enterócitos. Características da membrana plasmática • A membrana celular possui bicamada lipídica, e sua parte interna é hidrofóbica e a externa é hidrofílica. • Fluidez • Proteínas (alvos para ação de drogas) • Relativamente impermeáveis às moléculas polares Mecanismos para atravessar as barreiras celulares: Tatiana Panseri Medicina – P4 A difusão facilitada e os transportadores de fármacos precisam de proteinas (carreador) que vão se ligar na molécula e no fármaco, os transportando para dentro da célula ou para dentro da corrente sanguínea. Na difusão facilitada acontece a favor do gradiente de concentração, já nos transportadores de fármacos não, havendo gasto de energia (hidrólise – ATP). PROPRIEDADES DOS FÁRMACOS E PERMEABILIDADE ✓ Fármacos menores tem maior facilidade de atravessar a membrana do que os maiores. ✓ Em fármacos que tem o mesmo peso molecular, o que vai diferenciar a capacidade de atravesar a membrana é o coeficiênte de partição óleo/água ou octanol/água. Quanto maior o percentual octanol/água maior sua permeabilidade em lipídios. A maioria do fármacos são ácidos fracos ou bases fracas e consequetemente tem a capacidade de se ionizar. Fármaco na forma molecular é uma estrututra mais lipossolúvel do que hidrossolúvel, TENDO a capacidade de atravessar as membranas, já se o fármaco está na forma ionizada NÃO tem capacidade de atravesssar a membrana por ter se transformado em uma molécula hidrossolúvel. o Fármacos com caráter ÁCIDO se acumulam no compartimento com pH mais básico e fármacos com caráter BÁSICO se acumulam no compartimento com pH mais ácido. o Em pH ácido a fórmula molecular é muito MAIS concentrada do que a forma ionizada, sendo assim o fármaco tem mais absorção. o Em pH básico a forma iônica é mais concetrada e estes ficam aprizionadas no plasma. O pH influencia diretamente na absorção do fármaco, ou seja, fármacos bases são abostíveis em pH básico (intestino), e fármacos ácidos são absortíveis em pH ácidos (estômago). 2. Distribuição: processo através do qual o fármaco deixa a corrente sanguínea, passando para os tecidos (seja no interstício ou no interior das células). ↑ PERFUSÃO ↑DISTRIBUIÇÃO ÓRGÃOS QUE RECEBEM MAIOR VOLUME SANGUÍNEO POR PESO CORPORAL, TEM MAIOR TAXA DE DISTRIBUIÇÃO DE FÁRMACO. Tem interferência de fatores anatômicos e fisiológicos o A segunda fase da distribuição pode levar minutos ou horas para que a concentração plasmática do fármaco esteja em equilíbrio com a dos tecidos; o A segunda fase da distribuição envolve maior massa corporal; o A lipossolubilidade interfere na distribuição; o O gradiente de pH intra e extracelular interfere na distribuição; o O principal fator é ligação do fármaco com proteínas plasmáticas. Tatiana Panseri Medicina – P4 Fármacos que se ligam a proteínas tem um menor metabolismo e uma menor distribuição, mas em compensação tem um maior tempo de ação uma vez que vão demorar mais tempo para chegar no local de ação e consequentemente demorar também a serem eliminados. OBS: APENAS fármacos livres que exercem ação farmacológica. A fração(qtd) de todo o fármaco ligado às proteínas é determinado pela concentração do fármaco, pela afinidade do fármaco pelas proteínase pelo número de sítios de ligações no fármaco Ligação as proteínas o Drogas ácidas tem maior afinidade por ALBUMINA o Drogas básicas tem maior afinidade por glicoproteína ácida. Distribuição dos fármacos aos tecidos: o Suscetíveis: sofrem ação farmacológica o Ativos: metabolizam o fármaco o Indiferentes: reservatórios temporários ✓ Ex: Quinacrina – ligação ao tecido hepático; Aminoglicosídeos - ligação ao tecido renal e vestibular; Tetraciclinas – ligação ao tecido ósseo; Barbitúricos - ligação ao tecido adiposo; o Emunctórios: excretam o fármaco. Ex: rim Alguns fatores que interferem na distribuição de fármacos: ✓ Ritmo do fluxo sanguíneo tecidual; ✓ Estado patológico; ✓ Ligação do fármaco a proteínas plasmáticas; ✓ Diferença regional de pH; ✓ Interação com alimentos 3. Metabolização (Biotransformação): São mecanismos enzimáticos complexos que tem como objetivo inativar compostos endógenos ativos (hormônios, enzimas, neurotransmissores, etc) e eliminar substâncias estranhas ao organismo (xenobióticos). Essas enzimas de biotransformação são principalmente encontradas no fígado, mas também pode haver biotransformação nos pulmões, ruins, adrenais, etc. A meta principal é transformar fármacos lipossolúveis em fármacos hidrossolúveis, por serem mais fácil de serem metabolizadas. A biotransformação pode alterar o fármaco de três formas diferentes: ✓ Fármaco ativo pode ser convertido em fármaco inativo; ✓ Fármaco ativo pode ser convertido em metabólito ativo ou tóxico; ✓ Pró-fármaco (droga inativa) pode ser convertido em fármaco ativo Tatiana Panseri Medicina – P4 A biotransformação gera metabólitos mais polares, facilmente excretados pelo organismo. Os rins não conseguem eliminar fármacos lipofílicos de maneira eficiente, pois eles facilmente atravessam as membranas celulares e são reabsorvidos nos túbulos contorcidos distais. Por isso, os fármacos lipossolúveis devem ser primeiro biotransformados no fígado em substâncias mais polares (hidrofílicas) usando dois grupos gerais de reações, denominados FASE 1 e FASE 2. Metabolismos de FASE 1: convertem o fármaco original em um metabólito mais polar através da oxidação, redução ou hidrólise. Após FASE 1, o fármaco metabolizado pode ter sua atividade aumentada, reduzida ou inalterada. Estas reações podem ou não ser mediadas pelo citocromo P450, sendo mais comum o envolvimento deste sistema. Algumas drogas polares são conjugadas na sua forma original sem passarem por reações da FASE 1. Reações de Fase II (fase de conjugação) As reações de fase II, por sua vez, consistem em conjugações entre o metabólito resultante da fase I e um substrato endógeno (como ácido glicurônico, ácido sulfúrico, ácido acético ou aminoácido), de forma a produzir um composto hidrofílico e, em geral, inativo. Há fármacos que fogem desta linha cronológica de metabolização. Por exemplo, alguns entram diretamente na fase II, outros passam apenas pela fase I (já que se tornam suficientemente polarizados para serem eliminados pelos rins após esta fase) e outros, como a isoniazida, passam primeiro pela fase II e depois pela fase I. • A glucuronidação, a reação mais comum da fase II, é a única que ocorre no sistema enzimático microssômico hepático. Os glucoronídeos são secretados na bile e eliminados na urina. • Assim, a conjugação torna a maioria dos fármacos mais solúvel e facilmente excretada pelos rins. A conjugação com aminoácidos, como glutamina ou glicina, produz conjugados que são prontamente excretados na urina, mas não extensivamente secretados na bile. • O envelhecimento não afeta a glucuronidação. Contudo, em recém-nascidos, a conversão em glucoronídeos é lenta, resultando potencialmente em efeitos graves (p. ex., como com o cloranfenicol). • A conjugação também pode ocorrer pela acetilação ou sulfoconjugação. Os ésteres de sulfato são polares e prontamente excretados na urina. O envelhecimento não afeta esses processos. Tatiana Panseri Medicina – P4 Consequências da indução enzimática • O fármaco pode aumentar o próprio metabolismo • O fármaco pode aumentar o metabolismo de outro fármaco • Produção de níveis tóxicos de metabólitos reativos Consequências da inibição enzimática • Redução no metabolismo dos fármacos que são metabolizados pela enzima inibida. 4. Eliminação: A excreção, ou depuração, dos fármacos pode ser por via renal, fecal (sejam os fármacos ingeridos por via oral e não absorvidos ou fármacos que foram secretados diretamente no intestino ou na bile), pulmonar ou através do leite das lactantes. A via de excreção mais comum é a renal e para que os fármacos sejam eliminados na urina, três processos são fundamentais: filtração glomerular, secreção tubular ativa e reabsorção tubular passiva. FARMACODINÂMICA Este ramo da farmacologia estuda as várias maneiras (mecanismos de ação) como os fármacos agem sobre seus sítios-alvo para alcançar seus efeitos, desejados e indesejados. Um fármaco não tem a capacidade de conferir uma nova função à célula ou tecido-alvo. Sendo assim, o efeito de um medicamento irá depender das funções que uma célula é capaz de executar. OBS: É o que o fármaco faz com o corpo!!! Local de ação Depois de terem sido administrados, absorvidos e distribuídos aos tecidos orgânicos, os fármacos encontram o seu local de ação: os receptores celulares, estejam eles presentes na superfície ou no interior das células. Assim, a interação fármaco-receptor nas células-alvo produz o efeito terapêutico desejado, enquanto que esta mesma interação em outras células causa os efeitos colaterais. Em contrapartida, a depender da via de administração e das propriedades do fármaco, este pode atuar apenas em uma área específica do corpo. Mecanismos de ação Os mecanismos de ação, através dos quais os fármacos desencadeiam um efeito, são diversos, mas obedecem, de forma geral, a um mesmo conjunto de etapas. A etapa inicial é ligação do fármaco ao receptor, formando o complexo fármaco-receptor (FR). Este, por sua vez é responsável por desencadear o processo de transdução, ou seja, uma série de reações em cascata por meio de segundos mensageiros, que resulta em uma resposta intracelular específica. Há receptores intracelulares e receptores de membrana (transmembrana). Entre estes estão os canais iônicos disparados por ligantes, receptores acoplados à proteína G e receptores ligados a enzimas (figura 4). A formação do complexo FR com cada um destes Tatiana Panseri Medicina – P4 receptores dá origem a reações diferentes, que serão abordadas agora. TIPOS DE RECEPTORES CANAIS IÔNICOS DEPENDENTES DE LIGANTES Os canais iônicos disparados por ligantes são responsáveis pelo controle do fluxo de íons através das membranas celulares, regulando os poros que fluem os íons. Quando os fármacos se ligam, os canais se abrem e permitem a entrada ou a saída de íons, gerando alterações no potencial de membrana, o que pode desencadear, por exemplo, despolarizações ou hiperpolarizações das células. A resposta a estes receptores é bastante rápida (milissegundos)e diversas funções são intermediadas por meio deles, incluindo a neurotransmissão, a condução cardíaca e a contração muscular. RECEPTORES ACOPLADOS À PROTEÍNA G Ação desses receptores dura vários segundos a minutos. Eles podem agir em efetores como a adenililciclase e a fosfolipase C. A proteína G é composta por subunidades: a subunidade α (que se liga ao trifosfato de guanosina (GTP) ou difosfato de guanosina (GDT)), a subunidade β e a subunidade γ. Quando é ocupado pelo ligante (fármaco), o receptor passa a interagircom a proteína G no lado intracelular, ativando-a. Assim, a subunidade α tem seu GDP substituído pelo GTP. Ocorre a dissociação da proteína G, e ambas as subunidades α-GTP e a subunidade βγ interagem com outros efetores celulares. Esta interação envolve a ativação da adenililciclase pelas subunidades α-GTP, a qual resulta na produção de monofosfato de adenosina cíclico (AMPc) - um segundo mensageiro que regula a fosforilação de proteínas. As proteínas G também ativam a fosfolipase C, que é responsável pela geração de dois outros segundos mensageiros, IP3 e o DAG. O IP3 é responsável pela regulação das concentrações de cálcio intracelular livre, bem como de outras proteínas, enquanto o DAG ativa várias enzimas, como a proteína quinase (PKC), no interior da célula, levando a uma série de efeitos fisiológicos. Efeitos estes que, em geral, duram de vários segundos até minutos. Quando o fármaco se desliga do receptor o GTP volta a ser GDP e a subunidade alfa retorna e se liga na gama e na beta. RECEPTORES LIGADOS A ENZIMAS Estes receptores são compostos por diversos complexos de subunidades, que possuem, inclusive, ação enzimática citosólica. Quando o fármaco se liga ao domínio extracelular, o receptor sofre alteração conformacional, passando da sua forma quinase inativa para a ativa. O receptor ativado se autofosforila e fosforila os resíduos de tirosina em proteínas específicas. • Aumenta atividade enzimática • A resposta é de minutos a horas. • Usado pela insulina, fator de crescimento epidermal entre outros. Eles têm atividade tirosinocinase, ou seja, têm a capacidade de autofosforilação do próprio receptor. Quando isso ocorre, esse receptor fosforilado consegue fosforilar outros peptídeos e proteínas, que ativam outros sinais celulares importantes. Gerando uma cascata de ativações que resulta na multiplicação do sinal inicial. Tatiana Panseri Medicina – P4 RECEPTORES INTRACELULARES O ligante destes receptores deve ser suficientemente lipossolúvel para que este se difunda pela membrana plasmática e chegue até os receptores que estão localizados dentro das células. Uma vez formados os complexos FR, os alvos primários são os fatores de transcrição (localizados no núcleo da célula), que levam à transcrição do DNA em RNA e à tradução do RNA em uma série de proteínas. Devido à modificação da expressão gênica e, por isso, da síntese proteica, as respostas celulares só são observadas após um tempo considerável (30 minutos ou mais), e a duração da resposta (horas ou dias) é muito maior do que dos outros receptores. Exemplos de receptores intracelulares são os receptores de hormônios esteroides e tireoidianos. RECEPTORES DE RESERVA Estão presentes em alguns tecidos do corpo humano. Os agonistas podem produzir efeito máximo mesmo que apenas uma fração dos receptores seja ocupada. Alguns aspectos da transdução de sinais A transdução de sinais tem dois aspectos relevantes: a capacidade de amplificar sinais pequenos e a proteção da célula contra a estimulação excessiva, por meio da dessensibilização dos receptores aos seus ligantes. • Efeito A intensidade da resposta é proporcional ao número de complexos FR, ou seja, a intensidade do efeito depende da concentração do fármaco no local do receptor que, por sua vez, é determinada pela dose do fármaco administrado e por fatores característicos do perfil farmacocinético do fármaco, velocidades de absorção, distribuição e biotransformação. Há algumas propriedades relacionadas ao efeito do fármaco: • Potência A potência é definida como a medida da quantidade de fármaco necessária para produzir um efeito de uma dada intensidade. Para a determinação da potência analisa-se a concentração do fármaco que produz 50% do efeito máximo. Entre dois fármacos (A e Z), se para alcançar metade do efeito máximo, o fármaco Z requer concentração maior que o fármaco A, pode-se afirmar que o fármaco A é mais potente que o Z, já que uma concentração inferior é capaz do mesmo efeito. Em geral, os fármacos de alta potência apresentam alta afinidade pelos receptores, ocupando uma proporção significativa destes, mesmo em baixas concentrações. • Eficácia A eficácia diz respeito à habilidade do fármaco de provocar a resposta farmacológica quando interage com um receptor, ou seja, um fármaco é mais eficaz que outro quando possui efeito terapêutico máximo superior ao outro. EFICÁCIA MÁXIMA: quando todos os receptores estão ocupados pelo fármaco e não aumentará a resposta aumento a [ ] do fármaco. AGONISTAS: Um agonista é uma molécula que se liga a um receptor e o estabiliza numa determinada conformação (habitualmente na conformação ativa). • Agonistas integrais: ou agonistas plenos(totais), constituem os agonistas clássicos que, quando em concentrações suficientes, provocam a resposta máxima desencadeada pelo receptor. Estabiliza o receptor em forma ATIVA. • Agonistas parciais: Mesmo com uma ocupação total dos receptores, produzem uma resposta menor do que os agonistas integrais. Tatiana Panseri Medicina – P4 • Agonista inverso: inativa o receptor e converte os receptores ativos na forma inativa. Ficando menos receptores ativados do que sem o fármaco. (+ RECEPTORES INATIVOS!!) Os agonistas fazem a TRANSDUÇÃO DE SINAL, que atuam como sinais, e os receptores como detectores de sinais, gerando segundos mensageiros ou moléculas efetoras que fazem parte de uma cascata de eventos que traduz a ligação do agonista a uma resposta celular. ANTAGONISTAS: Um antagonista é uma molécula que inibe a ação de um agonista, mas que não exerce nenhum efeito na ausência do agonista. • Antagonista competitivo o Alta afinidade, mas não produz resposta. o Compete com o agonista pelos sítios receptores. o Se ligam de forma reversível • Antagonista não-competitivo (irreversíveis) o Impede a resposta do agonista sem bloquear o receptor o Liga-se aos sítios receptores e bloqueia os efeitos do agonista. o Diminui a eficácia do agonista. O uso terapêutico dos fármacos depende das propriedades farmacodinâmicas. • Eficácia: Quantificação do efeito benéfico • Efetividade: Segurança + esquema de administração • Segurança: Efeito benéfico x nocivo INDÍCE TERAPEUTICO Baixo ✓ Fácil toxicidade. Ex: varfarina Alto ✓ Seguro em doses elevadas ✓ Biodisponibilidade não altera criticamente o efeito terapêutico. Tatiana Panseri Medicina – P4 ANTI-INFLAMATÓRIOS O que é uma inflamação? • Resposta normal protetora contra uma lesão tecidual • Causas: trauma físico, substâncias químicas, agentes microbiológicos. • Quando há cura o processo desaparece • Pode ser classificada como aguda ou crônica SINAIS CARDINAIS DA INFLAMAÇÃO INFLAMAÇÃO AGUDA • Tem duração curta, sendo de alguns minutos, horas ou poucos dias • Ocorre a exsudação de líquido e proteínas plasmáticas e emigração de leucócitos, predominantemente NEUTRÓFILOS. INFLAÇÃO CRÔNICA • Tem maior duração • Os leucócitos predominantes são S LINFÓCITOS E MACRÓFAGOS • Ocorre a proliferação de vasos sanguíneos e tecido conjuntivo (angiogênese) CASCATA DO ÁCIDO ARAQUIDÔNICO MEDIADORES QUÍMICOS DA RESPOSTA INFLAMATÓRIA Derivados do Ácido Araquidônico (AA) ✓ Prostaglandinas (PGs) o PGI2 (prostaciclina): inibe a agregação plaquetária e é vasodilatador; o PGD2: vasodilatadora potente, responsável por aumento na permeabilidade vascular; o PGE2: vasodilatadora e principal envolvida na patogenia da dor e da febre. ✓ Tromboxano: o TXA2: agregante plaquetário e vasoconstrictor Tatiana Panseri Medicina – P4 Obs: Os AINS terão mais foco na COX 1 e COX2 CICLO DAS OXIGENASESANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO ESTERÓIDES (AINES) ➢ São um grupo variado de fármacos que têm em comum a capacidade de CONTROLAR A INFLAMAÇÃO, de ANALGESIA (reduzir a dor), e de combater a HIPERTERMIA (febre). ➢ Mecanismo de ação: inibição seletiva ou não das enzimas cicloxigenases (COX) e consequentemente inibe a produção de prostaglandinas e tromboxanos. AINES ÁTIPICOS No processo inflamatório devido a ação do sistema imune muitas células estão sendo destruídas e consequentemente teremos a formação de peróxidos. Os três fármacos a abaixo são INATIVADOS QUIMICAMENTE pela ação desses peróxidos e por isso perdem sua ação inflamatória. FÁRMACOS: AAS, DIPIRONA E PARACETAMOS. LEMBRANDO: AINES devem apresentar 3 características: analgésico, antipirético e anti- inflamatório. INFLAMAÇÃO E ESPÉCIES REATIVAS DE OXIGÊNIO ✓ Durante uma lesão há o recrutamento de neutrófilos e macrófagos. ✓ Na lesão tecidual há formação de radicais de oxigênio reativos. ✓ Os anti-inflamatórios atípicos como dipirona e paracetamol, são inativamos por esses radicais e incapazes de removerem os radicais de O2, assim não exercem a atividade anti-inflamatória como os demais AINES. ✓ O AAS apresenta atividade anti-inflamatória somente em altas dosagens, em torno de 12 a 20 comprimidos na dose de 325mg. o A dose máxima dia/adulto não deve ultrapassar 4g. CLASSIFICAÇÃO DOS AINES DERIVADOS DE ÁCIDO ACETIL SALICÍLICO o SALICILATOS: AAS, Diflunisal, Salicilato de metila, Ácido salicílico. o O AAS é um antiagregante plaquetário por inibição da COX1 e consequente inibição da TXA2. AAS EFEITO ANTITROMBÓTICO ✓ Acetila irreversivelmente à enzima COX1. ✓ Enquanto com os demais AINEs o efeito somente é mantido enquanto estes fármacos permanecem no plasma, com o uso da aspirina Tatiana Panseri Medicina – P4 a recuperação da hemostasia normal depende da produção de novas plaquetas funcionantes, que ocorre após 7 a 10 dias (fato que deve ser lembrado antes de cirurgias). ✓ São fragmentos de megacariócitos (células da medula óssea). São anucleadas. DERIVADOS DO PARA-AMINOFENOL o Paracetamol – não possui ação anti-inflamatória. o Hepatotóxico quando utilizados em altas doses. o Origina metabólitos hepatotóxicos (N-acetil-p- benzoquinona). o Quando há risco de intoxicação, essa deve ser tratada com N-acetil-cisteína. DERIVADOS DO ÁCIDO ACÉTICO o Indometacina, Sulindaco e Etodolaco. o Utilizado principalmente em processos inflamatórios crônicos. o Fármaco alternativo para o fechamento do canal arterial do neonato. DERIVADOS DO PARA-AMINOFENOL o FENAMATOS: Ácido mefenâmico, Meclofenâmico e Flufenâmico. o Utilizado para dores de tecidos moles e dismenorreias. DERIVADOS DO ÁCIDO PROPIÔNICO o Ibuprofeno, Cetoprofeno, Naprexeno, Fenoprofeno. o Profenid: bastante utilizado em processos inflamatórios crônico e no tratamento de dismenorreia primária. o Ibuprofeno: utilizado para baixar temperatura corporal elevada. DERIVADOS DO ÁCIDO ENÓLICO o OXICANS: Piroxicam, Meloxicam, Nabumetona o Bastante utilizado no tratamento a longo prazo em processos inflamatórios crônicos e doenças musculoesqueléticas. o Meloxicam possui seletividade para COX2 DERIVADOS DA PIRAZOLONA o Dipirona e Fenilbutazona, Oxifenilbutazona. o A Fenilbutazona é bastante utilizada no tratamento. a longo prazo em processos inflamatórios. o Dipirona é utilizada como analgésico e antitérmico. DERIVADOS DO ÁCIDO FENILACÉTICO o Diclofenaco. o Maior inibição da COX2. Tatiana Panseri Medicina – P4 o Além de ser utilizado nos processos inflamatórios crônicos, também é bastante utilizado para dores na coluna e dores pós traumática e pós operatória. o Utilizado na ortopedia. o Capacidade de penetrar a cápsula articular. DERIVADOS DA FENOXIMETANOSSULFANILIDA o Nimesulida o Inflamações leves com dores agudas e dores musculoesqueléticas; o Processos inflamatórios associados a gripes e resfriados (faringoamigdalites inflamatórias) INIBIDORES SELETIVOS DA ENZIMA CICLOXIGENASE-2 o Ação anti-inflamatória, analgésica e antitérmica. o Inibição seletiva para COX2 = redução de efeitos colaterais, principalmente gastrointestinais. o Efeitos cardiovasculares (infarto agudo do miocárdio, acidente vascular encefálico e tromboembolismo pulmonar). CICLO-OXIGENASES FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA ✓ Boa absorção pelo TG; ✓ Alta taxa de ligação a proteínas plasmáticas; ✓ Metabolização hepática; ✓ Excreção renal. PRINCIPAIS EFEITOS ADVERSOS ✓ GASTROINTESTINAIS: inibição da produção de prostaglandinas citoprotetoras da mucosa gástrica; ✓ CARDIOVASCULARES: risco de desenvolvimento de trombose e infartos; ✓ NEFROPATIA POR ANALGÉSICOS: maior risco para o uso crônico associado a infecções do trato urinário; ✓ HIPERSENSIBILIDADE: principalmente por intolerância ao AAS, Dipirona e Ibuprofeno. PRINCPAIS INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS ✓ Maior risco de sangramento quando associado a Warfarina; ✓ Aumento na frequência ou gravidade de ulceração gastrintestinal quando combinado com corticoides.
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