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Singularidades das deficiências e práticas inclusivas para a promoção da acessibilidade: mediação, desenho universal e tecnologia assistiva Vera Lucia Vieira de Souza Série de Cursos Arte/Educação + Acessibilidade + Inclusão Apoio: Realização: Realização Apoio Arte/Educação + Acessibilidade + Inclusão Arte/Educação + Acessibilidade + Inclusão Presidente da República Jair Messias Bolsonaro Ministro do Turismo Gilson Machado Neto Secretaria Especial de Cultura (SECULT) Mario Luís Frias Fundação Nacional de Artes | Funarte Presidente Lamartine Barbosa Holanda Diretor Executivo Jefferson da Fonseca Coutinho Diretor do Centro de Artes Visuais Luciano da Silva Barbosa Querido Coordenação de Artes Visuais Andréa Luiza Paes Procuradoria Jurídica Renata Renault Coordenação de Comunicação Marcelo Mavignier Universidade Federal do Rio de Janeiro | UFRJ Reitora Denise Pires de Carvalho Vice-reitor Carlos Frederico Leão Rocha Centro de Letras e Artes Decana Cristina Grafanassi Tranjan Vice-decano Osvaldo Luiz de Souza Silva Escola de Música da UFRJ Diretor Ronal Xavier Silveira Vice-diretor | Diretor Adjunto do Setor Artístico Marcelo Jardim Diretor Adjunto de Ensino de Graduação David Alves Diretora Adjunta dos Cursos de Extensão Maria José Di Cavalcanti Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Música João Vidal Coordenador do Programa de Mestrado Profission- al em Música Aloysio Fagerlande Fundação José Bonifácio | FUJB Presidente Kleber Fossati Figueiredo Secretário Geral Helios Malebranche Superintendente Técnico-Científica e Cultural Helena Ibiapina Gerente de Convênios e Análise Ane Vicente Pereira Todos os direitos reservados Universidade Federal do Rio de Janeiro Centro de Letras e Artes | Escola de Música Laboratório do Centro de Estudos Orquestrais Editora Escola de Música | Selo UFRJ Música Rua do Passeio, 98 — Centro CEP 20.021-290 Rio de Janeiro RJ Brasil editora@musica.ufrj.br | www.umnovoolhar.art.br Singularidades das deficiências e práticas inclusivas para a promoção da acessibilidade: mediação, desenho universal e tecnologia assistiva Vera Lucia Vieira de Souza Série de Cursos Arte/Educação + Acessibilidade + Inclusão Apoio: Realização: Realização Apoio Arte/Educação + Acessibilidade + Inclusão Arte/Educação + Acessibilidade + Inclusão UM NOVO OLHAR | UNO Coordenação Marcelo Jardim Coordenação de ações de acessibilidade Patrícia Dorneles Gerência de produção Lanuzza de Lima Assistência de produção em acessibilidade Isadora Machado Assessoria Curso “Arte/Educação+Acessibilidade+ Inclusão” Thelma Alvares, Angélica Dias e José Antônio Borges Consultoria DIRAC/UFRJ Amélia Rosauro e Cláudia Martins Tradução para Libras Gabriel Sampaio, Jéssica de Almeida Lima, Marcos Arantes e Raphael Costa Supervisão da Equipe de Audiodescrição Vera Lucia Santiago Audiodescrição Georgia Oliveira e Lindolfo Júnior Locução e edição de audiodescrição Filipe Granja Consultoria em audiodescrição Neyara Rebeca Barroso Lima Supervisão da equipe de legendagem Patrícia Vieira Legendagem Eurijunior Sales e Joel Bezerra Coordenação de ações de Canto Coral Maria José Chevitarese Editoração de partituras e edição de vídeos de canto coral Cadu Barcelos Vocal para vídeos de canto coral Carolina Morel e Sarah Salotto Piano para vídeos de canto coral Hector Coutinho Editor chefe Giulio Draghi Editor associado João Vidal Subcomissão produtos didáticos, bibliográficos, fonográficos e audiovisuais Presidente Marcelo Jardim Coordenação Editorial André Cardoso Maria José Chevitarese Aloysio Fagerlande Eduardo Monteiro Leandro Soares EDITORA E S C O L A de MÚSICA PROJETOS UFRJ — FUNARTE Coordenação geral Marcelo Jardim Coordenação de comunicação Gustavo Mendicino Coordenação do Núcleo de Mídias Digitais (NuMiDi) Kátia Maciel Administrativo Aliciandra Amaral e Tânia Oliveira Direção de arte Márcio Massieri Publicidade e Relações Públicas Fabiana Rosa Assistente de Relações Públicas Carolina Lais de Assis Imprensa Henrique Koifman Assistente de Imprensa Creuza Gravina Marketing digital Gustavo Kremser Revisão de texto Maurette Brandt Diagramação Renata Arouca NuMiDi João Pedro Dutra, Rogério Leão e Ítala Barros (redes sociais); Alberto Moura, Eduardo Martino, Giuliano Gerbasi (audiovisual); André Flauzino, Isabelle Barreto (design gráfico); Renan Ferreira e Eduardo Mangeli (webdesign) Fotografia Raffaela Bompiani e Walda Marques Arte/Educação + Acessibilidade + Inclusão Sumário Projeto Um Novo Olhar ......................................................................................................... 6 Um novo olhar nas políticas públicas de acessibilidade .........................................................7 Apresentação ...................................................................................................................... 8 Metas do módulo ................................................................................................................. 9 Objetivos educacionais ........................................................................................................ 9 1 Singularidade das deficiências ........................................................................................ 10 1.1 Deficiência física .....................................................................................................11 1.2 Deficiência intelectual ........................................................................................... 13 1.3 Deficiência auditiva e Surdez ................................................................................. 15 1.4 Deficiência visual e Cegueira ................................................................................. 16 1.5 Deficiência múltiplas ............................................................................................. 17 1.6 Transtorno do Espectro Autista — TEA ................................................................... 18 1.7 Transtorno do Processamento Sensorial – TPS ....................................................... 18 1.8 Necessidades Complexas de Comunicação — NCC ................................................ 20 1.9 Dificuldades de aprendizagem, leitura e escrita ................................................... 20 2 Dimensões da acessibilidade .......................................................................................... 21 3 Práticas inclusivas ......................................................................................................... 22 3.1 Mediação .............................................................................................................. 22 3.2 Desenho universal .................................................................................................23 3.3 Tecnologia assistiva ............................................................................................. 24 3.3.1 Comunicação Alternativa e Ampliada — CAA ................................................. 25 3.3.2 Material adaptado com uso de símbolos e linguagem simples .......................27 Considerações finais ......................................................................................................... 28 Referências bibliográficas ................................................................................................. 28 Leituras complementares para quem quer saber mais ........................................................ 31 Vídeos complementares para quem quer saber mais sobre CAA ........................................ 32 Sugestões de Filmes ......................................................................................................... 32 Arte/Educação + Acessibilidade + Inclusão Projeto Um Novo olhar O PROJETO UM NOVO OLHAR é uma parceria entrea Fundação Nacional de Artes — Funarte e a Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, por meio da Escola de Música da Universidade, que desenvolve e disponibiliza, gratuitamente, oficinas e apresentações artísticas, com especial atenção às artes visuais, além de capacitações em arte-educação e em regência coral. Com atuação online e nas cinco macrorregiões do país, a iniciativa faz parte do Programa Funarte de Toda Gente. Seu objetivo é promover o acesso de crianças, jovens e adultos com algum tipo de deficiência a atividades artísticas e de arte-educação, além de ampliar a percepção de toda a sociedade sobre as deficiências. Para isso, promove diversas atividades: i) a exibição online de performances de artistas; ii) vídeo podcasts (vodcasts) sobre arte e acessibilidade; iii) uma série de publicações; iv) grandes eventos online (Encontro Um Novo Olhar em Arte/Educação + Acessibilidade, Congresso Internacional de Música Coral Infanto-juvenil e Encontro Nacional de Acessibilidade); v) uma série de sete cursos em ambiente virtual, chamada Arte/Educação + Acessibilidade + Inclusão, destinada a professores do ensino fundamental — que traz palestras e mesas redondas nas quais especialistas tratam de temas relacionados à arte- educação inclusiva; vi) ações voltadas ao canto coral, uma das atividades musicais consideradas de maior capacidade inclusiva, por meio de aulas e oficinas que resgatam ainda o acervo de partituras da Funarte para coros e o disponibilizam de forma acessível e gratuita; e vii) oficinas de arte para crianças com deficiência. Suas atividades promovem a diversidade, incentivam o exercício da arte e da reflexão, trabalham as habilidades motoras e físicas — e promovem capacidades de percepção, comunicação, expressão, sensibilidade e formação, além da qualificação de indivíduos para geração de renda e inclusão no mercado de trabalho. Por sua atuação nas linhas de ensino, pesquisa e extensão, o projeto é de fundamental importância para o real fortalecimento dos vínculos sociais dos indivíduos participantes. Suas aulas, oficinas e cursos contam com professores e artistas com conhecimento comprovado e notoriedade na área, com o suporte de materiais didáticos de alta qualidade. Marcelo Jardim Vice-diretor | diretor artístico Coordenador geral projeto Um Novo Olhar Professor Adjunto | Escola de Música da UFRJ Arte/Educação + Acessibilidade + Inclusão Um Novo olhar Nas Políticas Públicas de acessibilidade O PROJETO UM NOVO OLHAR objetiva a inclusão das atividades artísticas na vida de crianças, jovens e adultos com algum tipo de deficiência, através da acessibilidade e da democratização do acesso. No que diz respeito à formação de professores, dedica-se a auxiliar, a partir de um conjunto de diferentes iniciativas, a qualificação do ensino das artes numa perspectiva inclusiva e de mediação, acessível para pessoas com deficiência. É importante compreender que é através do ensino das artes, seja na educação formal ou não formal, que temos a ampla possibilidade de desenvolver o gosto pelas artes, a possibilidade de um desenvolvimento estético e artístico de forma individual e coletiva, a interpretação e a leitura do mundo através da manifestação artística — e o desejo do direito ao consumo artístico e cultural, dentre tantas outras potencialidades que o conhecimento em artes e a experiência estética de fruição e/ou criação nos proporcionam. As diferentes iniciativas desenvolvidas pelo Projeto Um Novo Olhar compõem uma plataforma de conteúdos que nos permitirá compreender a complexidade do campo da acessibilidade cultural para pessoas com deficiência. Todos esses conteúdos vão nos ajudar a avançar na promoção da cidadania cultural da população brasileira. A série de cursos oferecidos pelo projeto tem como objetivo oferecer um suporte consistente para a construção de novos olhares sobre arte, pessoas com deficiência, artistas e novas formas de fazer arte- educação. A grande diversidade de conteúdos, temas e metodologias aqui oferecidos abarcam desde a legislação que orienta os direitos das pessoas com deficiência até as diferentes áreas do campo das artes. Em diálogo com um fazer educativo e artístico acessível, descobriremos um universo composto de diferentes linguagens e tecnologias que facilitam não apenas a aplicabilidade de instrumentos de mediação, mas também o compartilhamento de todas a poéticas que a arte — e a vivência da arte — nos proporcionam. Patrícia Dorneles Coordenação Integrada de Ações de Acessibilidade | Projeto Um Novo Olhar Professora Associada | Departamento Terapia Ocupacional | Faculdade de Medicina UFRJ 8 Singularidades das deficiências e práticas inclusivas para a promoção da acessibilidade: mediação, desenho universal e tecnologia assistiva Arte/Educação + Acessibilidade + Inclusão aPreseNtação Neste módulo vamos conhecer características das deficiências e práticas inclusivas para superar as restrições nas atividades de pessoas com deficiência e outras necessidades específicas. Serão abordados aspectos da deficiência física, intelectual, visual e auditiva, transtorno do espectro autista, transtorno do processamento sensorial e dificuldades de leitura e escrita. As deficiências podem limitar as funções de diferentes órgãos e, quando associadas a barreiras no ambiente, seja físico ou social, geram restrições ou mesmo impedem que pessoas com deficiência possam usufruir de atividades educacionais. Essas atividades podem ser as que são disponibilizadas no ambiente escolar, nas diferentes disciplinas e atividades complementares, assim como as oferecidas em museus e em outros ambientes culturais. Conhecendo as singularidades e as dificuldades vivenciadas pelas pessoas com deficiência — de todas as idades, mas especialmente as crianças — em seu processo de desenvolvimento, podemos refletir sobre a forma de lidar com elas, assim como as práticas que podem ser incorporadas às atividades pedagógicas e culturais para promover atividades acessíveis, considerando as diferentes necessidades. A acessibilidade envolve as dimensões atitudinal, comunicacional, arquitetônica, metodológica, instrumental, programática e estética. Na promoção de um ambiente acessível, vamos abordar a mediação e conhecer práticas inclusivas baseadas no Desenho Universal e na Tecnologia Assistiva. Ao final do texto o leitor encontrará recomendações de textos, vídeos e filmes complementares. Palavras-chave: Deficiências, Acessibilidade, Tecnologia Assistiva, Comunicação Alternativa e Ampliada, Linguagem Simples. Vera Lucia Vieira de Souza Terapeuta Ocupacional I Doutora em Educação I Departamento de Terapia Ocupacional UFRJ Professora Convidada da Série de Cursos Artes/Educação + Acessibilidade + Inclusão Arte/Educação + Acessibilidade + Inclusão METAS DO MÓDULO Nossas metas neste módulo do curso são: • Destacar a necessidade de conhecer alguns aspectos da singularidade de pessoas com deficiência e outras necessidades específicas; • Conhecer práticas inclusivas necessárias para promover a participação de pessoas com deficiência e outras necessidades específicas em atividades educacionais e culturais, com base na mediação, no desenho universal e na tecnologia assistiva. OBJETIVOS EDUCACIONAIS Ao final deste módulo, você será capaz de: • Entender os problemas enfrentados, as condições que restringem e as que favorecem a participação das pessoas com deficiência física, visual, auditiva, intelectual, múltipla, com Transtorno do Espectro Autista e outras necessidades específicas; • Implementar algumas práticas inclusivas na mediação do ensino de pessoas com deficiência e outras necessidades especificas. 10 Singularidades das deficiências e práticas inclusivas para a promoção da acessibilidade: mediação, desenho universal e tecnologia assistiva Arte/Educação + Acessibilidade + Inclusão 1 Singularidade das deficiências O contexto sociopolítico e econômico influencia a forma com quea sociedade se relaciona com pessoas com deficiência (OMOTE, 2008). Do abandono sofrido na Antiguidade às pessoas que seriam merecedoras ora do castigo de Deus, ora da caridade, na Idade Média, até serem vistas como pessoas de direito hoje, foi um longo percurso — e ainda há muito a se conquistar para a efetiva inclusão das pessoas com deficiência (MEFANO, 2020). A visão da sociedade também determina a forma com que identificamos as pessoas com deficiência ou com alguma diferença. Termos como manco, aleijado, imbecil, idiota, ceguinho, chamam atenção para a deficiência, e não para a pessoa. Alguns desses termos foram usados como diagnóstico médico e permaneceram em uso, de forma pejorativa. Um termo já usado e que pode constar em documentos e na legislação brasileira é pessoa portadora de deficiência. Mas como a deficiência não é algo que portamos, esse termo foi substituído por pessoa com deficiência, por considerar que a deficiência é uma característica da pessoa, como qualquer uma das características que nos diferenciam uns dos outros e compõem a riqueza do ser humano (OMOTE, 2008). Este é o termo adotado pela Convenção sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência (BRASIL, 2009a) e na Lei Brasileira de Inclusão — LBI (BRASIL, 2015), documentos que são a base para assegurar “o exercício pleno e equitativo de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais por todas as pessoas com deficiência” (BRASIL, 2009a). A LBI incorporou o conceito de pessoas com deficiência da Convenção, considerando os impedimentos corporais e as barreiras presentes no ambiente, para conceituar pessoas com deficiência como aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas (BRASIL, 2009a). A LBI reforça a característica biopsicossocial da deficiência — e indica que, quando sua avaliação é necessária, deve envolver equipe multiprofissional e interdisciplinar; e considerando, além dos impedimentos nas funções e nas estruturas do corpo, os fatores socioambientais, psicológicos e pessoais; a limitação no desempenho de atividades; e a restrição de participação (BRASIL, 2015). Para as crianças com deficiência, a limitação de atividades e restrição na participação repercutem no desenvolvimento neuropsicomotor. Dessa forma, a LBI acompanha a Classificação Internacional de Funcionalidade e Deficiência – CIF, publicada em 2001 pela Organização Mundial da Saúde — OMS (OMS, 2020). Deficiência não é doença; doenças e traumas, porém, podem dar origem a deficiências ou condições limitantes nos aspectos motor, visual, auditivo, intelectual/cognitivo e em múltiplos aspectos. A causa de lesões em órgãos do corpo pode ocorrer em qualquer idade, desde o momento da concepção e período gestacional, no momento do parto, no período neonatal, durante o desenvolvimento da criança, Arte/Educação + Acessibilidade + Inclusão 11 Singularidades das deficiências e práticas inclusivas para a promoção da acessibilidade: mediação, desenho universal e tecnologia assistiva na adolescência, na fase adulta e na velhice. Ao ser detectada uma limitação da função corporal, há necessidade dos serviços de saúde e de reabilitação. No caso das questões que interferem no desenvolvimento, o quanto antes ocorrerem a identificação e a intervenção necessária, melhor será o desenvolvimento da criança. A ação conjunta e articulada dos serviços de saúde e de reabilitação com a escola representa um aspecto essencial para a promoção do desenvolvimento e da aprendizagem de crianças, jovens e adultos que frequentam espaços educacionais, do ensino infantil ao ensino superior. Mesmo após terem alta dos serviços de saúde e de reabilitação, pessoas com deficiência frequentarão espaços educacionais e culturais, nos quais um núcleo de profissionais pode dar suporte a educadores e promover práticas inclusivas articuladas. A Lei 5296/2004, que regulamenta as leis de prioridade e acessibilidade para pessoas com deficiência, aponta os critérios adotados no Brasil para a classificação quanto ao tipo de deficiência. As deficiências podem ser de natureza física (ou motora), visual, auditiva, intelectual e mista (múltipla deficiência), quando ocorre a associação de duas ou mais deficiências. Esta classificação será usada como base neste texto. O número de pessoas com deficiência no Brasil foi estimado pelo Censo Demográfico 2010. No questionário foram incluídas questões referentes às funções de enxergar, ouvir, caminhar ou subir degraus. As alternativas de resposta foram: não tenho nenhuma dificuldade, tenho alguma dificuldade, tenho muita dificuldade, não consigo de modo algum. A deficiência intelectual correspondia à resposta afirmativa para a pergunta: tem alguma deficiência mental/intelectual permanente que limite suas atividades habituais como trabalhar, ir à escola, brincar? Considerando como pessoas com deficiência apenas os indivíduos que responderam ter “Muita dificuldade” ou “Não consegue de modo algum”, foram identificadas 12.748.663 pessoas, ou 6,7% do total da população (IBGE, 2018). Desse percentual, 3,4% foram identificadas com deficiência visual, 2,3% com deficiência física (motora), 1,4% com deficiência intelectual e 1,1% com deficiência auditiva. A seguir, abordaremos algumas características e singularidades de cada grupo. 1.1 Deficiência Física A deficiência física é a alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física. Incluem-se aqui a perda de movimento (paralisia, plegia) ou dificuldade de movimento (paresia), que, dependendo da parte do corpo comprometida, pode ser classificada como paraplegia ou paraparesia (membros inferiores), monoplegia ou monoparesia (um membro), tetraplegia ou tetraparesia (envolve os quatro membros), triplegia ou triparesia (comprometimento em três membros) e hemiplegia ou hemiparesia (comprometimento em um lado do corpo). A deficiência física pode ser decorrente ainda de ostomia (abertura feita na parede abdominal para acesso à alimentação, ou para eliminação de fezes ou da urina), amputação ou ausência de membro, nanismo (pessoas de baixa estatura), membros com deformidade congênita ou adquirida e paralisia cerebral. Não se incluem, como deficiências físicas, as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções. 12 Singularidades das deficiências e práticas inclusivas para a promoção da acessibilidade: mediação, desenho universal e tecnologia assistiva Arte/Educação + Acessibilidade + Inclusão Na escola, têm-se como as mais frequentes a paralisia cerebral (PC), a lesão medular, a mielomeningocele, a espinha bífida e as amputações (VINENTE; LINS; ALMEIDA, 2015). Paralisia cerebral é um termo amplo, que abrange pessoas com dificuldades motoras não progressivas. Apesar de ser usado o termo paralisia cerebral, o cérebro não está paralisado, mas o comprometimento envolve uma lesão no Sistema Nervoso Central ocorrida em um cérebro em período de desenvolvimento, entre o período pré-natal e os 2 anos de idade (BALADI, CASTRO E FILHO, 2007). Dependendo das áreas do cérebro acometidas, as dificuldades motoras vão se traduzir em dificuldades de movimentar e controlar movimentos corporais, como controle de cabeça, controle de tronco ou de braços e pernas. Em função dos membros com dificuldades de movimento, classifica-se em tetraparesia (ou quadriplegia), hemiplegia/hemiparesia e diparesia. Nesta última, o comprometimento dos membros inferiores é maior que o dos membros superiores (BALADI, CASTRO E FILHO, 2007). A paralisia cerebral é classificada como espástica (movimentam-se pouco, não conseguem abrir as mãos para pegar objetos), discinética (apresentam movimentação involuntária, pegam objetos ao seu alcance sem controle, com dificuldade de manterobjetos nas mãos), atáxica (dificuldade na movimentação voluntária e na marcha, dificuldade na movimentação fina, ou seja, dos dedos das mãos); ou mista, com combinação entre estes tipos (BALADI, CASTRO E FILHO, 2007). Na paralisia cerebral podem estar presentes outros problemas associados, como dificuldades visuais em 60% a 90% dos casos (BALADI, CASTRO E FILHO, 2007); por isso, é importante estar atento às questões visuais, quando acompanhar crianças com paralisia cerebral. Também podem ocorrer problemas ortopédicos, epilepsia, deficiência intelectual, dificuldades auditivas e dificuldades de comunicação oral, com ausência ou difícil compreensão da fala. No que se refere à mobilidade, crianças com paralisia cerebral podem adquirir a marcha livre ou andar com meios auxiliares, como bengalas e andadores, ou ainda se locomoverem em cadeira de rodas. Em relação à comunicação, crianças com paralisia cerebral podem não desenvolver a fala ou apresentar fala de difícil compreensão, devido à dificuldade motora de controle da musculatura orofacial. Esses fatores também dificultam a deglutição e, por isso, as crianças afetadas podem apresentar sialorreia (não deglutem a saliva); essa condição gera o estigma de terem deficiência intelectual e, por isso, a capacidade de expressão de muitas crianças costuma ser desconsiderada. A lesão medular é decorrente de doenças ou traumas (ferimentos por arma de fogo, acidentes de trânsito, quedas, mergulho) que levam à paralisia ou paresia dos movimentos abaixo do nível da lesão. A mielomeningocele e a espinha bífida são alterações no fechamento do tubo neural, que ocorrem no período gestacional. Os elementos posteriores da coluna vertebral não se fundem e a criança, ao nascer, apresenta paralisia em graus variados nos membros inferiores, bexiga e intestino. Apresenta dificuldade em colocar-se de pé, andar e controlar, de maneira voluntária, os sistemas vesical e intestinal. A hidrocefalia, condição em que ocorre o acúmulo de líquido cefalorraquidiano nos ventrículos cerebrais (cavidades onde este líquido circula), pode estar associada e vir a comprometer outras funções (FERNANDES, MENDONÇA, SANTOS, 2007). Arte/Educação + Acessibilidade + Inclusão 13 Singularidades das deficiências e práticas inclusivas para a promoção da acessibilidade: mediação, desenho universal e tecnologia assistiva As amputações podem ocorrer em membros superiores e inferiores. Em crianças e adolescentes, as amputações de membros superiores decorrem de ferimentos por fogos de artifício, traumas e problemas vasculares (RAMOS et al, 2007). No processo de reabilitação, pessoas de qualquer idade são protetizadas, o que envolve preparação, prescrição, ajuste e treino de atividades com uso de próteses. Nos casos de amputação de membros inferiores, os meios auxiliares de locomoção (bengalas) podem ser necessários, mesmo com a prótese. Além da paralisia cerebral e das amputações de membros superiores, outros tipos de deficiência física podem estar relacionados a dificuldades no uso das mãos, quanto à preensão, ao soltar e à manipulação de objetos, além das dificuldades de mobilidade. A dificuldade de movimento e/ou da coordenação motora podem impedir ou dificultar muitas atividades escolares, como o uso de diferentes instrumentos de escrita, recorte, pintura, colagem, manipulação de livros e outras que envolvam os movimentos finos das mãos. Além das pessoas com deficiência, a Lei 5296/2004 incluiu pessoas com mobilidade reduzida como população-alvo para o atendimento prioritário e para as práticas de promoção da acessibilidade, consideradas neste grupo as pessoas que, mesmo não sendo enquadradas no conceito de pessoa com deficiência, tenham, por qualquer motivo, dificuldade temporária ou permanente de movimentar-se, — o que gera redução efetiva de mobilidade, flexibilidade, coordenação motora e percepção. Neste grupo é possível incluir pessoas com bengalas, andadores, cadeira de rodas por limitações temporárias e pessoas idosas, obesas, gestantes ou mães com crianças de colo. “Eu não saio muito [...] Porque às vezes tem certos lugares que não dá para mim ir mesmo... Tipo show que tem muita gente, que fica o tempo todo em pé, aquele empurra-empurra [...] eu me canso se ficar muito tempo em pé [...], daí tem lugares que não dá pra ir.” Depoimento de Keila, no livro Vivenciando diferenças: experiências de pessoas portadoras de paralisia cerebral, de Giovanna Artigiani (2000, p. 182). Na deficiência física temos ainda pessoas com quadros progressivos, como distrofias musculares ou tumores que agridem o sistema nervoso. Tais condições geram dificuldades crescentes. Distrofias musculares são problemas nos músculos que comprometem a contração muscular; a pessoa se cansa facilmente, tem perda de força e da capacidade respiratória. Por isso necessita que os objetos à sua volta tenham posicionamento e disposição adequados, para diminuir o esforço e o gasto energético. Usam meios auxiliares de locomoção, cadeira de rodas e conseguem pegar objetos leves, próximos do seu corpo. Alguns tipos de distrofia podem ter comprometimentos cognitivos associados (ZANOTELLI et al, 2007). 1.2 Deficiência intelectual O termo deficiência intelectual substituiu o termo deficiência mental, para designar funcionamento intelectual significativamente inferior à média, com manifestação antes dos dezoito anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas — entre as quais comunicação, cuidado pessoal, habilidades sociais, utilização dos recursos da comunidade, saúde e segurança, habilidades acadêmicas, lazer e trabalho (BRASIL, 2004). 14 Singularidades das deficiências e práticas inclusivas para a promoção da acessibilidade: mediação, desenho universal e tecnologia assistiva Arte/Educação + Acessibilidade + Inclusão Embora o termo usado na Lei 5296/2004 seja deficiência mental, a definição acompanha a proposta da Associação Americana de Deficiência Intelectual e Desenvolvimento—AAIDD, organização que influenciou a alteração do conceito de deficiência intelectual, com ênfase no comportamento adaptativo, nos cuidados pessoais e na vida social — e não somente na inteligência, como era na definição anterior. A AAIDD (2021) diferencia o funcionamento intelectual ao referir-se à capacidade mental em geral — como aprendizado, raciocínio, resolução de problemas, memória. Isso compreende o comportamento adaptativo resultante do conjunto das habilidades conceituais, sociais e práticas. As habilidades conceituais envolvem noção de dinheiro, tempo, números, leitura e autodirecionamento. As habilidades sociais referem-se às relações interpessoais, seguir regras, se proteger; e as habilidades práticas compreendem as que dizem respeito ao autocuidado, ao cuidado com saúde, ao uso de transporte e de telefone. A AAIDD ressalta que a deficiência intelectual é uma condição entre várias alterações do desenvolvimento — e em 2021 alterou, de 18 anos para até 22 anos, a idade em que pode ser levada em conta a evidência dessa deficiência (AAIDD, 2021). O termo deficiência intelectual caracteriza a dificuldade cognitiva em associação ao impacto presente na vida da pessoa. O termo refere-se à deficiência "no intelecto e não ao funcionamento da mente como um todo”. Isso ajuda a fazer a diferenciação entre os termos deficiência mental e doença mental, este último comum ainda hoje (SHIMAZAKI; MORI, 2012, p.56). A doença mental, referida atualmente como transtorno mental, relaciona-se ao sofrimento psíquico e não à dificuldade cognitiva, como no caso das pessoas com deficiência intelectual (SASSAKI, 2004). A síndrome de Down é a principal causa genética da deficiência intelectual (BRUNONI, 2003); é relacionada à presença de um cromossomo a mais no par 21 e, por isso, é também chamada de Trissomia 21. A pessoa com deficiência intelectual ou Transtorno do Desenvolvimento Intelectual (APA, 2014) pode apresentar dificuldades cognitivas classificadascomo leves, moderadas, graves ou profundas. Além das dificuldades cognitivas, as pessoas com deficiência intelectual podem ter dificuldades em outras áreas do desenvolvimento, como movimentação global (atraso na aquisição da marcha) e fina (manipulação de objetos pequenos), de desenvolvimento da linguagem e da fala (não oralizar ou apresentar fala de difícil entendimento), além de alterações sensoriais (não tolerar determinadas texturas). Assim, as repercussões no desenvolvimento, no aprendizado, na autonomia e na independência das pessoas com deficiência intelectual são bem variadas, dependendo das habilidades pessoais desenvolvidas, do contexto de vida e da estimulação recebida no meio em que a pessoa está inserida. Como ressaltam Shimazaki e Mori (2012, p. 64) “pessoas com deficiência intelectual podem apresentar níveis elevados de elaboração cognitiva, desde que as condições de ensino e aprendizagem sejam favoráveis”. Crianças com deficiência intelectual necessitam de meios adequados às suas condições cognitivas, para se desenvolverem com estratégias que valorizem suas potencialidades e capacidades, “associadas à qualidade das experiências vividas no grupo social” (BRAUN; NUNES, 2015). Arte/Educação + Acessibilidade + Inclusão 15 Singularidades das deficiências e práticas inclusivas para a promoção da acessibilidade: mediação, desenho universal e tecnologia assistiva 1.3 Deficiência auditiva e Surdez Nosso ouvido é sensível a uma gama específica de frequências (sons graves e agudos) e de intensidades (sons fracos e fortes) que definem o campo auditivo humano. Deficiência auditiva é a perda bilateral, parcial ou total da percepção de sons, na intensidade de 41 decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz (BRASIL, 2004). A percepção auditiva da voz humana ocorre na intensidade de 60 decibéis. Entre as pessoas com deficiência auditiva e surdez, podemos ter diferentes graus de percepção auditiva: leve, moderada, moderadamente severa, severa e profunda, de acordo com a classificação do grau da perda auditiva da Organização Mundial da Saúde – OMS, de 2020, na média entre as frequências de 500 Hz, 1 kHz, 2 kHz e 4 kHz (SISTEMA--, 2020). O desempenho da audição normal é a percepção do som abaixo de 20 decibéis. A surdez leve está presente quando a percepção do som ocorre somente a partir de 20 decibéis, e a pessoa manifesta dificuldade em ouvir o que é falado em locais ruidosos. Mas já é incapacitante no grau moderado, com percepção do som na faixa de 35 - 50 decibéis, em que a pessoa pode apresentar dificuldade em ouvir uma conversa, particularmente em lugares com ruídos. No grau severo, entre 65 e 80 decibéis, a pessoa tem dificuldade extrema para ouvir em lugares ruidosos e para participar de uma conversa. A surdez profunda, entre 80 e 95 ecibéis, é a dificuldade extrema em ouvir voz em forte intensidade. Na perda auditiva completa, a pessoa só tem percepção de sons acima de 95 decibéis, não consegue escutar nenhuma conversa e não ouve a maioria dos sons ambientais. O grau de perda auditiva deve ser visto de forma associada ao desempenho funcional, com ou sem o uso de prótese auditiva, como Aparelho de Amplificação Sonora Individual — AASI ou Implante Coclear, para identificar o impacto na comunicação e na participação da pessoa em suas atividades. O implante coclear é uma prótese auditiva que possui internos e externos, que ativa diretamente as terminações nervosas do nervo auditivo. É indicado para indivíduos com perda auditiva profunda e que não se beneficiam do uso do AASI. O período de aquisição da perda auditiva ou da surdez pode ocorrer antes da aquisição da linguagem nas causas congênitas, quando a criança nasce surda, ou pode quando o indivíduo perde a audição no decorrer da sua vida. Se ocorre antes da criança desenvolver a fala, é chamada de pré-lingual; quando ocorre depois da aquisição da linguagem é denominada pós-lingual. Esse aspecto diferencia o desenvolvimento da oralidade, da comunicação e da língua materna. Os surdos pertencentes à comunidade surda se comunicam pela Língua Brasileira de Sinais — LIBRAS, reconhecida como meio legal de comunicação e de expressão e língua primeira para o surdo pela Lei nº 10.436/ 2002, que também reconhece a língua portuguesa como sendo a segunda língua para o surdo (BRASIL, 2002). A língua de sinais é uma língua viso-gestual, importante para a aquisição de conceitos e para a organização das ideias dos surdos. Tem estrutura diferente da língua portuguesa, o que dificulta o aprendizado do português; para tal, é importante o educador “conhecer a língua de sinais, as construções cognitivas dos alunos surdos e as propostas de uma pedagogia visual que atendam às necessidades das crianças surdas no ensino da língua portuguesa” (OLIVEIRA, WALTER, 2016). 16 Singularidades das deficiências e práticas inclusivas para a promoção da acessibilidade: mediação, desenho universal e tecnologia assistiva Arte/Educação + Acessibilidade + Inclusão Pessoas ensurdecidas são aquelas que adquiriram a surdez no período pós-lingual,ou seja, após a aquisição da fala; podem também já ter sido alfabetizadas e ter o domínio da língua portuguesa oral e escrita. Em geral, não usam LIBRAS. Ao lidar com surdos ou ensurdecidos, é importante avaliar o ruído do ambiente, a visibilidade que a pessoa tem de quem fala – e quem fala deve falar de frente para a pessoa surda, especialmente quando a comunicação inclui a leitura labial. Em um grupo, a pessoa que fala deve estar sempre na frente. Sempre que houver a presença do intérprete de LIBRAS, é essencial que esteja sempre na frente e bem visível para a pessoa surda. A apresentação e a realização de atividades pedagógicas e culturais devem estar associadas ao uso de diferentes recursos visuais, como gestos, mímica, dramatização, desenhos, ilustrações, fotografias e vídeos, essenciais para que a percepção, a compreensão e a troca com o meio sejam facilitadas para as pessoas surdas. 1.4 Deficiência visual e Cegueira A função visual compreende a acuidade visual, o campo visual, a sensibilidade ao contraste e a visão de cores (SIAULYS,ORMELEZI; BRIANT, 2010). As funções visuais são relevantes na nossa sociedade e suas alterações impactam diversas atividades no nosso dia-a-dia (LIGHT FOR THE WORLD INTERNATIONAL, 2021). Acuidade visual é a capacidade de ver detalhes claramente, a qualquer distância em relação ao objeto; permite ver à distância — por exemplo, ler um quadro em sala de aula — e de perto, como ao desenhar, ler e escrever num papel. A percepção das cores tem um papel muito prático, pois permite diferenciar objetos de tamanho e forma semelhantes. A visão binocular (percepção de profundidade) permite avaliar as distâncias e a velocidade de aproximação dos objetos — como ao colocar água em um copo ou linha na agulha. A sensibilidade ao contraste refere-se à capacidade de distinguir um objeto em relação ao seu plano de fundo, o que é importante em situações de pouca iluminação, como à noite. A visão nos campos visuais central e periféricos ajuda o indivíduo a movimentar-se com segurança, detectando obstáculos e movimentos na visão lateral de uma pessoa. A deficiência visual é definida pela acuidade visual e pelo campo visual, considerando a função do melhor olho e com a correção ótica. A cegueira é a acuidade visual igual ou menor que 0,05 (20/400 ou 10%) no melhor olho, com a melhor correção óptica; e a baixa visão significa acuidade visual entre 0,3 (20/70 ou 70%) e 0,05 (20/400) no melhor olho, com a melhor correção óptica; e nos casos em que o somatório da medida do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60o, ou na ocorrência simultânea de quaisquer das condições anteriores (BRASIL, 2004). A acuidade visual é expressa em uma fração, sendo 20/20 a acuidade visual normal. Uma pessoa com acuidade visual 20/200, por exemplo, precisa se aproximar a 20 pés(6 metros) para enxergar o que uma pessoa com acuidade visual normal enxerga a 200 pés (SCHREIBER, 2010). Arte/Educação + Acessibilidade + Inclusão 17 Singularidades das deficiências e práticas inclusivas para a promoção da acessibilidade: mediação, desenho universal e tecnologia assistiva A deficiência visual pode ser classificada como leve, moderada, grave, cegueira e deficiência visual de perto (LIGHT FOR THE WORLD INTERNATIONAL, 2021). O termo "baixa visão" foi substituído por deficiência visual moderada" e "grave, na versão atualizada da Classificação Estatística Internacional das Doenças e Problemas relacionados à Saúde — CID-10 de 2016 (Conselho Brasileiro de Oftalmologia, 2019). A visão é preponderante em nossa sociedade — e a função visual impacta o desenvolvimento infantil e a participação em atividades para pessoas de todas as idades. As pessoas com visão residual (deficiência moderada e grave) podem melhorar o funcionamento visual com o uso de recursos ópticos (lupas e telescópios), eletrônicos (amplificadores e computador), não ópticos e modificações no ambiente — considerando as demais funções visuais além da acuidade visual, como controle da iluminação, ampliação do texto e adequação do tipo de letra (SCHREIBER, 2010). 1.5 Deficiência Múltiplas A deficiência múltipla é caracterizada pela associação de duas ou mais deficiências, podendo ocorrer associação entre deficiência física, visual, auditiva, mental ou TEA. Surdocegueira é a condição que combina graus variados de surdez e de deficiência visual ou cegueira. Essa classificação abriga, portanto, uma população bem diferenciada internamente. Pode estar também associada às demais condições, como deficiência física, intelectual ou TEA. A surdocegueira pode ser congênita ou adquirida, pré- ou pós-lingual (LUPETINA; KELMAN, 2018); essas diferenciações influenciam diretamente as formas de comunicação, a partir de um repertório adquirido ou não antes da instalação desta condição. Na surdocegueira congênita, a criança nasce ou adquire esta condição antes da aquisição de uma língua — seja oral (fala) ou sinalizada (LIBRAS) —, enquanto na surdocegueira adquirida, a pessoa já tem uma língua, oral ou sinalizada, e pode continuar com a mesma forma de comunicação expressiva; mas provavelmente terá que escolher outra forma de comunicação receptiva, utilizando sua capacidade auditiva ou visual (WATANABE, 2017). Pela variedade desse grupo, distintas formas de comunicação podem ser usadas (LUPETINA, 2020) WATANABE, 2017): • Língua de Sinais Tátil: língua de sinais adaptada ao tato • Língua de Sinais em Campo Reduzido: para os que possuem resíduo visual • Tadoma: percepção tátil das vibrações produzidas na fala (mão em L sobre o lábio, queixo e pescoço de quem fala) • Escrita na palma da mão: letra maiúscula, escrita na palma da mão, uma de cada vez (sistema alfabético) • Língua oral ou fala ampliada: para quem resíduo auditivo • Braille tátil ou manual: usando indicador e dedo médio como célula Braille ou a posição da máquina Braille. Além destas opções para a comunicação, objetos e pranchas de comunicação tangível também podem ser adicionados, como veremos no item das Práticas Inclusivas que se refere à área da Comunicação Alternativa e Ampliada. 18 Singularidades das deficiências e práticas inclusivas para a promoção da acessibilidade: mediação, desenho universal e tecnologia assistiva Arte/Educação + Acessibilidade + Inclusão 1.6 Transtorno do Espectro Autista — TEA Pessoas com TEA são consideradas pessoas com deficiência pela Lei Nº 12.764/ 2012, que Instituiu a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista. O TEA é uma alteração do desenvolvimento neurológico, caracterizada por dificuldade na comunicação social e na interação social em múltiplos contextos, padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades — condições presentes desde o início da infância e que limitam o funcionamento diário. O termo espectro evidencia a variedade dos comportamentos que caracterizam esta condição, dependendo da gravidade da condição autista, do nível de desenvolvimento e da idade cronológica (APA, 2014). Em relação à comunicação, as pessoas com TEA podem não desenvolver a fala, ou falar repetindo algo que acabaram de ouvir ou ouviram em outros momentos (ecolalia). Podem ainda ter compreensão reduzida da fala, entendendo as palavras de forma literal. Apresentam uso reduzido de comportamentos incluídos na comunicação não-verbal, como gestos, expressões faciais, orientação corporal ou entonação da fala e contato visual (podem não manter contato visual ou olhar rapidamente), dificuldade para seguir o gesto de apontar ou o olhar indicador de outras pessoas (APA, 2014). O TEA é classificado quanto ao apoio necessário, em três níveis: exigência de apoio muito substancial, de apoio substancial e de apoio — com referência ao nível de apoio nas áreas da comunicação social e em relação aos padrões de comportamento restritos e repetitivos, o que também inclui dificuldades de se adaptar a mudanças, de mudar de foco ou de ações (APA, 2014). Dificuldades sensoriais podem estar presentes — e a pessoa com TEA pode ter reações diferenciadas a estímulos sensoriais, como não reagir a dor/temperatura ou ter hipersensibilidade a determinados sons ou cheiros. Como essas características não são específicas do TEA, vamos vê-las em outro item. 1.7 Transtorno do Processamento Sensorial – TPS Nossos sentidos estão constantemente recebendo os estímulos do ambiente e as sensações do nosso próprio corpo. Estas informações são direcionadas ao nosso cérebro, que as processa e organiza; assim podemos perceber ou ignorar alguns estímulos e dar atenção a outros. Quando as informações estão desorganizadas, temos dificuldade de sentir e de reagir de forma adequada às demandas do meio. Por exemplo, algumas crianças reagem de forma intensa à sensação da própria roupa no corpo, sentindo incômodo pela textura do tecido ou da etiqueta, o que faz com que não consigam ficar sentadas sem se mexer e não consigam prestar atenção à professora na sala de aula. Integração Sensorial (IS) é a organização das sensações para uso no dia-a-dia. A coordenação das sensações (audição, visão, tato, gustação, olfato, movimento, gravidade e posição do nosso corpo no espaço) nos permite agir e responder às situações adequadamente (ABIS, 2016). Assim como em outras alterações do desenvolvimento, os adultos podem ter desenvolvido estratégias de compensação. OS TPS podem ser classificados em três tipos de dificuldades: de modulação, motoras de base sensorial e de discriminação sensorial (MAGALHES, 2008). Na dificuldade de modulação — Transtorno de Arte/Educação + Acessibilidade + Inclusão 19 Singularidades das deficiências e práticas inclusivas para a promoção da acessibilidade: mediação, desenho universal e tecnologia assistiva Modulação Sensorial — são encontrados três tipos de resposta aos estímulos sensoriais: hiperresposta (resposta exagerada), hiporresposta (resposta ausente ou demorada) ou busca intensa por estímulos sensoriais (necessidade constante de estímulos sensoriais). Essas reações podem ser combinadas de diferentes maneiras — e a criança pode ter uma resposta exagerada e não suportar o contato com determinada textura, mas apresentar uma hiporresposta a estímulos auditivos e não responder quando chamada. Comportamentos inadequados podem estar relacionados a estímulos sensoriais não processados de forma adequada, que antecedem estes comportamentos. Por exemplo, um jovem que não gosta de ser tocado e, na entrada para a sala, os colegas esbarram nele e ele grita ou bate, revidando os toques. A dificuldade de modulação pode ocorrer também em relação a movimentos; por exemplo, a criança não gosta de movimentos inesperados — e pode ter uma resposta aversiva a movimentos rotatórios, em particular. As dificuldades motoras de base sensorialsão problemas relacionados à coordenação de movimentos, também chamada de Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação (APA, 2014). São crianças tidas como sem jeito ou desastradas; por exemplo, derrubam objetos, batem nos móveis com frequência. Podem ter respostas lentas e imprecisas no desempenho de habilidades motoras, como andar de bicicleta ou praticar esportes; podem ter dificuldades para se manter sentadas ou para escrever sem deitar a cabeça sobre o papel ou apoiar a cabeça nas mãos; podem também ter dificuldade em atividades que requeiram várias ações, como recorte e colagem. A discriminação sensorial é a habilidade para reconhecer diferenças e realizar determinadas atividades, como pegar a chave no bolso sem olhar, ou certos movimentos, como colocar os braços no espaço sem olhar para o corpo. Dificuldades de discriminação sensorial podem interferir em atividades como graduar a força para escrever no papel e reconhecer diferenças em letras parecidas. A Terapia de Integração Sensorial é a base para produzir as respostas sensoriais mais organizadas e eficientes, melhorar a coordenação e o planejamento motor, além de desenvolver estratégias para lidar com as dificuldades em diferentes contextos. O TPS pode se apresentar de forma isolada ou estar associado a outras condições, como TEA e síndrome de Down. É importante considerarmos que, ao fornecer estímulos com cores, luzes, sons, cheiros, sabores, texturas, posições e movimentos, tais estímulos podem produzir respostas diferenciadas. As alterações rápidas devem ser avisadas, para que a criança possa antecipar o que vai acontecer e se organizar; é importante também criar estratégias para ajudá-la. Por exemplo, se a criança não gosta de ser tocada — como no exemplo dado anteriormente —, pode entrar e sair da sala antes ou depois dos colegas; é importante, também, explicar aos colegas a razão disso. 1.8 Necessidades Complexas de Comunicação — NCC Como pontuamos na paralisia cerebral, na deficiência intelectual e na TEA, algumas crianças não desenvolvem a fala e apresentam o que se chama atualmente de necessidades complexas de comunicação. Jovens, adultos e idosos também podem apresentar dificuldade para se comunicar pela 20 Singularidades das deficiências e práticas inclusivas para a promoção da acessibilidade: mediação, desenho universal e tecnologia assistiva Arte/Educação + Acessibilidade + Inclusão fala, em decorrência de problemas neurológicos, respiratórios ou acometimentos nos órgãos da fala. A fala pode estar ausente ou ser de difícil compreensão. A dificuldade de comunicação implica ainda a impossibilidade de escrever, ou de ter uma dificuldade acentuada para escrever. Quando nos expressamos, usamos a fala associada a gestos, olhar expressão facial, movimentos corporais e sinais convencionais, que fazem parte da nossa comunicação não-verbal. Para as pessoas que não oralizam (não falam), estes outros modos de comunicação assumem o protagonismo na expressão. Nem sempre, porém, são compreensíveis; por exemplo, quando a pessoa tem uma descoordenação motora acentuada ou insuficiente para expressar tudo o que quer. Nesses casos recorremos a representações, recursos, técnicas e estratégias de Comunicação Alternativa e Ampliada – CAA, para oferecer oportunidades ou ampliar a comunicação de pessoas com NCC, tanto para a comunicação oral como para a escrita. A CAA fornece meios de expressão, mas também favorece a compreensão e a aquisição de conceitos por pessoas com dificuldades cognitivas e de aprendizagem. Falaremos da CAA no item referente à Tecnologia Assistiva. 1.9 Dificuldades de aprendizagem, leitura e escrita Dificuldades na aprendizagem e no uso de habilidades acadêmicas não relacionadas à condição cognitiva, acuidade visual ou auditiva não corrigida, podem caracterizar o chamado Transtorno Específico da Aprendizagem (APA, 2014). É uma condição ligada ao neurodesenvolvimento. Esta condição se traduz na dificuldade de leitura (precisão na leitura de palavras, na velocidade ou fluência da leitura, na compreensão da leitura) ou na expressão escrita (precisão na ortografia, precisão na gramática e na pontuação, na clareza ou na organização da expressão escrita) ou na matemática (conceito numérico, memorização de fatos aritméticos, precisão ou fluência de cálculo ou raciocínio matemático). A dificuldade pode ser leve, moderada ou grave, tanto na dislexia — termo alternativo para dificuldades na leitura e na escrita — quanto na discalculia, termo ligado às dificuldades na área da matemática. Estratégias para facilitar a leitura envolvem a ampliação de textos escritos em letras maiúsculas, com fonte de fácil percepção, sem serifa. A disponibilidade do conteúdo em áudio ou com texto acessível a um leitor de tela são recursos que possibilitam o acesso ao conteúdo escrito. Em síntese, conhecer estas singularidades nos permite identificar as necessidades de modificação no meio e promover a acessibilidade em atividades educacionais e culturais. É importante reiterar que podemos encontrar uma grande variedade de condições em cada item aqui abordado; mas o que importa é conhecer essa diversidade humana e pensar nas possibilidades e nas adaptações ou modificações que possam beneficiar os diferentes grupos, facultando a participação de todos nas atividades educacionais e culturais. Assim, podemos modificar crenças e atitudes, além de planejar, organizar e disponibilizar os recursos necessários para que todas as pessoas possam ser acolhidas e possam participar plenamente das atividades educacionais e culturais. Arte/Educação + Acessibilidade + Inclusão 21 Singularidades das deficiências e práticas inclusivas para a promoção da acessibilidade: mediação, desenho universal e tecnologia assistiva 2 Dimensões da Acessibilidade As modificações no meio objetivam dar oportunidade de participação para pessoas com deficiência, ou seja, remover as barreiras que impedem a igualdade de condições com outras pessoas. O meio a que nos referimos é tanto físico (ambiente) quanto social (atitudes e interação pessoal). As barreiras são representadas por: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que limite ou impeça a participação social da pessoa, bem como o gozo, a fruição e o exercício de seus direitos à acessibilidade, à liberdade de movimento e de expressão, à comunicação, ao acesso à informação, à compreensão e à circulação com segurança, entre outros (LBI, 2015, art 3º). Sassaki (2009) identificou seis tipos de acessibilidade: atitudinal; arquitetônica (física); comunicacional; instrumental (utensílios, equipamentos); metodológica (métodos); e programática (política, legislação). Em relação às atividades culturais, a acessibilidade estética é uma nova dimensão a ser cuidada, para possibilitar a fruição por várias vias sensoriais e não só pela visual, que é o sentido predominante na nossa sociedade (KASTRUP, 2015; ALVES, MORAES, 2018). A acessibilidade atitudinal implica atitudes e comportamentos que demonstramos ao lidar com pessoas com deficiência. Devemos estar atentos para não ter atitudes preconceituosas, desvalorizando ou supervalorizando as pessoas por alguma condição particular. As atitudes devem considerar o respeito às singularidades e valorizar possibilidades de cada pessoa, oferecendo oportunidades iguais de participação. Assim, quando tratamos todos com equidade e atendemos às necessidades das pessoas que, por exemplo, precisam de mais tempo para terminar uma atividade ou de ajuda para se deslocar em um espaço, estamos promovendo a igualdade de oportunidades — e isso não é um privilégio. O respeito e o reconhecimento do direito da pessoa com deficiência à igualdade de oportunidades é a base para a promoção da acessibilidade em todas as suas dimensões. Este tema e as demais dimensões de acessibilidade são abordados na apresentação Acessibilidade – conceito e dimensões, disponibilizada em PowerPoint. Para promover a acessibilidade,precisamos ter atitudes positivas e disponibilizar serviços, estratégias, práticas, recursos e equipamentos elaborados com base na mediação, nos princípios do Desenho Universal e da Tecnologia Assistiva. “É que a maioria dos professores na época não tavam preparados pra me receber, pra dar aula... pra me ensinar... Eles queriam me educar igual a maneira dos outros, mas não queria, direito, me fazer... me ajudar em alguma coisa. Falta de conhecimento deles. Mais especificado para deficientes. (...) Não, (os professores) tratava igual todo mundo, só que eu procurava acompanhar o ritmo da aula, aí depois eles foram me.. .vendo as dificuldades, daí eles começaram a querer mais contato comigo. Aí eles viam o que eu tava precisando, aí foi que a gente resolveu... solucionou o problema através disso. De eu mostrar pra eles que eu tinha dificuldade e eles teriam o interesse em me ajudar. Depoimento de Ferreira, no livro Vivenciando diferenças: experiências de pessoas portadoras de paralisia cerebral, de Giovanna Artigiani (2000, p. 113-114). 22 Singularidades das deficiências e práticas inclusivas para a promoção da acessibilidade: mediação, desenho universal e tecnologia assistiva Arte/Educação + Acessibilidade + Inclusão 3 Práticas inclusivas Na promoção da acessibilidade, vamos destacar como práticas inclusivas a mediação, o Desenho Universal, a Tecnologia Assistiva e a Comunicação Alternativa e Ampliada. Essas práticas podem estar incluídas nas adaptações razoáveis, conceito inserido pela Convenção de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência (BRASIL, 2009) e presente também na LBI, definido como: adaptações, modificações e ajustes necessários e adequados que não acarretem ônus desproporcional e indevido, quando requeridos em cada caso, a fim de assegurar que a pessoa com deficiência possa gozar ou exercer, em igualdade de condições e oportunidades com as demais pessoas, todos os direitos e liberdades fundamentais. Tais adaptações razoáveis podem ser desde mudanças de atitudes até modificações ambientais para acessibilidade física, disponibilidade de recursos e serviços de Tecnologia Assistiva e de Comunicação Alternativa e Ampliada — ajustes considerados razoáveis pelas partes envolvidas, sendo possível sua realização sem ônus desproporcional. 3.1 Mediação Nas atividades pedagógicas e culturais, a mediação é uma prática essencial que “favorece a interpretação do estímulo ambiental”, chamando atenção para aspectos relevantes, atribuindo significado à informação recebida, favorecendo o desenvolvimento e a iniciativa (MOUSINHO et al, 2010, p. 94). O mediador é aquele que facilita e instiga (ALVES, MORAES, 2018). Na intervenção com pessoas com deficiência, a mediação ganha destaque na promoção de acessibilidade e no processo de ensino-aprendizagem na educação formal (escolas) e informal (nos espaços culturais). Tojal (2014), analisando a inclusão em espaços culturais, destaca a mediação direta, que é parte da ação educativa e interativa, e a indireta, representada pela forma de comunicação previamente concebida, e que inclui a escolha de objetos e de recursos disponibilizados em um espaço expositivo. Na ação educativa em escolas ocorre o mesmo, pois além da mediação social, interativa, a disponibilização de objetos e de materiais adaptados favorece a participação de crianças e jovens — e, por conseguinte, a aprendizagem e o desenvolvimento. Um exemplo da mediação direta é auxiliar uma pessoa cega ou com deficiência visual a explorar com as mãos um objeto, orientar essa exploração e verbalizar o que está sendo tocado, para que haja compreensão ou reconhecimento do objeto. Para pessoas com deficiência intelectual, a mediação é um fator essencial para promover o aprendizado e o desenvolvimento (SHIMAZAKI; MORI, 2012); considerando a forma como o estudante elabora e estrutura seu pensamento, o educador “se adianta ao modo de pensamento do aluno, desafiando-o com situações de ensino que o façam elaborar conceitos, em um grau de complexidade gradativo, impulsionando seu desenvolvimento” (BRAUM, NUNES, 2015). Arte/Educação + Acessibilidade + Inclusão 23 Singularidades das deficiências e práticas inclusivas para a promoção da acessibilidade: mediação, desenho universal e tecnologia assistiva Além das estratégias, a mediação com objetos favorece a compreensão e a expressão das pessoas com deficiência pelo uso do elemento concreto. O uso de recursos e estratégias de Tecnologia Assistiva possibilitam a mediação com objetos, miniaturas, fotografias, desenhos e símbolos gráficos, como veremos mais adiante. 3.2 Desenho universal O termo Desenho Universal refere-se à concepção de produtos, ambientes, programas e serviços a serem usados por todas as pessoas, sem necessidade de adaptação ou de projeto específico (BRASIL, 2015). O conceito do desenho universal surgiu na década de 1990, propondo que ambientes, meios de transporte e utensílios fossem projetados para todos, comtemplando uma ampla gama de demandas da diversidade humana. O desenho universal se traduz na construção de espaços amplos com entradas largas, beneficiando a circulação de pessoas em cadeira de rodas, bengalas ou as que necessitam de apoio de outra pessoa para andar. Este também é o princípio presente na criação de utensílios com cabos de fácil preensão, grossos, não escorregadios. O conceito do desenho universal foi transposto para a educação; ressalta práticas de ensino destinadas a promotoras de aprendizagem para todos e constitui o Desenho Universal da Aprendizagem – DUA (CAST, 2021; SEBASTIAN-HEREDERO, 2020). O DUA propõe a redução das barreiras ao ensino e à aprendizagem — e considera, além do princípio do desenho universal, conceitos de aprendizagem e desenvolvimento de autores como Piaget, Vygotsky, Bruner e Bloom, estudiosos que ajudaram “a compreender o modo como se aprende, as diferenças individuais e a pedagogia necessária para enfrentar essas diferenças” (NUNES; MADUREIRA, 2015, p.134). As referidas autoras ressaltam que o conceito proposto por Vygotsky sobre o uso de “andaimes” para favorecer a aprendizagem é um dos pontos-chave na abordagem do DUA. A neurociência e a variedade de formas de aprendizagem embasam a compreensão de três sistemas básicos envolvidos no aprendizado. As redes afetivas ressaltam a motivação como fator que determina o que é importante aprender; as redes de reconhecimento associam o aprendizado novo a conhecimentos anteriores; e as redes estratégicas são ligadas à forma como aprendemos (NUNES; MADUREIRA, 2015). A partir destes conhecimentos, o DUA foi elaborado com três princípios básicos para favorecer a aprendizagem: proporcionar múltiplos meios de envolvimento; proporcionar múltiplos meios de representação; proporcionar múltiplos meios de ação e expressão. Quando o educador oferece múltiplos meios na apresentação de temas, na possibilidade de realizar as tarefas e na avaliação do aprendizado com formas variadas, estudantes com necessidades específicas, com deficiência ou não, têm possibilidades de se engajar a partir de suas potencialidades. Na prática, esses princípios se referem a apresentar um determinado conteúdo usando a multissensorialidade (visual, auditivo, tátil, movimento, olfativo e gustativo, quando possível); vídeos com legendas e LIBRAS, com textos transcritos; utilizar textos que possam ser ampliados, permitir 24 Singularidades das deficiências e práticas inclusivas para a promoção da acessibilidade: mediação, desenho universal e tecnologia assistiva Arte/Educação + Acessibilidade + Inclusão maior contraste e ser lidos com uso de tecnologia de leitores de tela, em linguagem simples, que possa ser compreendida por todos; incentivar o apoio e a ajuda entre os pares; representação dos conteúdos por meio de palavras e de imagens, como no caso de infográficos e de imagens com texto alternativo, que contém a descrição da imagem (SEBASTIAN-HEREDERO, 2020). As diretrizes para aplicaçãodo DUA contemplam, ainda, uma série de estratégias com uso de recursos de Tecnologia Assistiva, que veremos no próximo tópico. Para identificar as estratégias e os recursos a serem disponibilizados para os estudantes, é fundamental que o educador faça um planejamento, considerando: os objetivos do conteúdo a ser ministrado; as estratégias de ensino que atendem às características dos estudantes da turma, que devem incluir aqueles com demandas específicas; selecionar materiais e recursos; avaliar se os resultados foram alcançados (NUNES; MADUREIRA, 2015). Os princípios e diretrizes do DUA favorecem o ensino e a aprendizagem de todos, mas são essenciais para pessoas com deficiência e outras necessidades específicas. 3.3 Tecnologia Assistiva Tecnologia assistiva é o termo usado para designar um campo de conhecimento e um conjunto de práticas, estratégias, dispositivos e serviços concebidos e aplicados para melhorar os problemas enfrentados pelas pessoas com deficiência (COOK; POLGAR, 2008). O termo é usado no singular e difere de quando nos referimos à tecnologia como ferramenta usada no nosso dia-a-dia, como computadores e smartphones, ou de tecnologia usada com fins educacionais (como jogos digitais educativos) ou para reabilitação (programas de treino cognitivo). A tecnologia é assistiva quando ajuda na atividade funcional (COOK; POLGAR, 2008). No Brasil, vários termos foram usados como sinônimos – tecnologia de apoio, ajudas técnicas – até ser definida a opção pelo uso do termo Tecnologia Assistiva — TA, de forma a valorizar não só o produto, mas os serviços, as estratégias, as práticas e a “aplicação do conhecimento destinado a promover a autonomia e a participação das pessoas com deficiência” (BRASIL, 2009b). Na LBI aparecem os termos Tecnologia Assistiva e ajuda técnica, como era referido em outras legislações: Tecnologia assistiva ou ajuda técnica: produtos, equipamentos, dispositivos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivem promover a funcionalidade relacionada à atividade e à participação da pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida, visando à sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social (BRASIL, 2015). Pela sua abrangência, a TA é uma área interdisciplinar, que demanda ação integrada dos profissionais envolvidos — e inclui o usuário da TA e seus familiares como foco central das ações e decisões (BRASIL, 2009), como escolha de um equipamento, estratégia de introdução e treino para utilização e avaliação do uso. Arte/Educação + Acessibilidade + Inclusão 25 Singularidades das deficiências e práticas inclusivas para a promoção da acessibilidade: mediação, desenho universal e tecnologia assistiva Serviços em Tecnologia Assistiva englobam a áudio-descrição, desenvolvida para pessoas com deficiência visual e usada também para pessoas com deficiência intelectual; disponibilização de intérprete de LIBRAS; avaliação, prescrição, treino e avaliação do uso de recursos. A TA engloba as áreas de Comunicação Alternativa e Ampliada — CAA; adaptações de acesso ao computador; equipamentos para visão e audição; controle do meio ambiente; adaptação de jogos e brincadeiras; adequação postural (posicionamento adequado em cadeira de rodas e outros dispositivos); mobilidade; próteses; instrumentos de atividades básicas da vida diária (autocuidado com alimentação, higiene, vestuário, cuidado com equipamentos pessoais) e de atividades instrumentais da vida diária (preparo de refeições, limpeza, compras, comunicação) (AOTA, 2015; PELOSI, 2005). Para a identificação das necessidades de TA de um estudante, os profissionais de saúde envolvidos na área e/ou já envolvidos com o estudante devem atuar de forma conjunta com os educadores. No que se refere a posicionamento, adaptação de material escolar e de instrumentos ligados às atividades realizadas na escola ou em espaços educacionais, o terapeuta ocupacional é um profissional que colabora com o professor para melhorar o desempenho do estudante em atividades pedagógicas e culturais (BORGES et al, 2017). O terapeuta ocupacional atua de modo a facilitar a realização e a participação do estudante nas atividades cotidianas com autonomia e independência, introduzindo estratégias, serviços e recursos de TA, a partir da análise das necessidades e potencialidades do estudante, da demanda da atividade e do contexto no qual ela está inserida (COOK, POLGAR, 2008). 3.3.1 Comunicação Alternativa e Ampliada — CAA Na LBI (2015), as barreiras na comunicação e na informação estão descritas como “qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que dificulte ou impossibilite a expressão ou o recebimento de mensagens e de informações por intermédio de sistemas de comunicação e de tecnologia da informação”. Para superar tais barreiras, a mesma lei define como comunicação a forma de interação dos cidadãos que abrange, entre outras opções, as línguas, inclusive a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), a visualização de textos, o Braille, o sistema de sinalização ou de comunicação tátil, os caracteres ampliados e os dispositivos multimídia, assim como a linguagem simples, escrita e oral, os sistemas auditivos, os meios de voz digitalizados e os modos, meios e formatos aumentativos e alternativos de comunicação, incluídas aqui as tecnologias da informação e das comunicações. A CAA está contemplada nesta definição como modos, meios e formatos aumentativos e alternativos de comunicação. No Brasil, usamos vários termos para a tradução do termo em inglês Augmentative and Alternative Communication – AAC. Assim, podem ser encontradas referências como Comunicação Alternativa e Ampliada, que é usada neste texto; Comunicação Suplementar e Alternativa – CSA; Comunicação Aumentativa e Alternativa — CAA ou simplesmente Comunicação Alternativa — CA. Sistemas alternativos de comunicação ampliam as possibilidades de expressão e de compreensão de pessoas que não podem falar ou que não apresentam fala funcional, ou seja, não são compreendidas em todas as suas necessidades comunicativas. 26 Singularidades das deficiências e práticas inclusivas para a promoção da acessibilidade: mediação, desenho universal e tecnologia assistiva Arte/Educação + Acessibilidade + Inclusão A comunicação pode ser assistida (com ajuda) e não assistida (sem ajuda) (von TETZCHNER; MARTINSEN, 2000). A comunicação não assistida se caracteriza quando a pessoa se expressa por recursos do próprio corpo, como sorriso, olhar, expressão facial, gestos, sinais e movimentos corporais. A comunicação é assistida quando são acrescentados a estes recursos outros, como cartões e prancha de comunicação impressa ou disposta em computadores, comunicadores e dispositivos móveis. Cartões ou pranchas de comunicação impressos são formas de comunicação visual elaboradas com símbolos pictográficos, que o usuário seleciona apontando, olhando ou por varredura, sinalizando de forma positiva ou negativa quando o símbolo desejado é apontado por outra pessoa. Nesse recurso, o vocabulário (palavras ou frases) pode estar representado por fotografias, desenhos ou símbolos pictográficos padronizados e elaborados para a CAA. Os símbolos ARASAAC, disponíveis no endereço eletrônico do Centro Aragonês de Comunicação Aumentativa e Alternativa (ARASAAC) — https://arasaac.org/ — são exemplos de símbolos gratuitos que têm sido utilizados em programas de CAA desenvolvidos no Brasil. O Programa Prancha Fácil – disponível no endereço eletrônico https://sites.google.com/a/nec.ufrj.br/prancha-facil/, que foi desenvolvido na AssistUFRJ, Núcleo de Pesquisa em Tecnologia Assistiva da UFRJ (PELOSI; BORGES, 2015), utiliza os símbolos ARASAAC para a construção de pranchas de comunicação e atividades adaptadas com símbolos, para impressão ou uso direto no computador. Os cartões e pranchas de comunicação também podem ser tangíveis. Neste caso, o usuário seleciona pelo tato os objetos, miniaturas, representações ou partesdo objeto disponíveis. As representações, visuais ou táteis, também podem ser disponibilizadas em comunicadores, equipamentos eletrônicos nos quais se pode gravar o vocabulário que o usuário necessita para se expressar. Quando o usuário seleciona a mensagem desejada, a gravação desta é acionada. A forma de seleção da mensagem nos comunicadores, computadores ou dispositivos móveis pode ser direta — quando a mensagem é selecionada por meio do toque direto no símbolo desejado — ou pelo olhar, quando a seleção estiver associada a programas que captam o movimento dos olhos ou da cabeça. Pessoas com dificuldades motoras podem não conseguir ativar diretamente a mensagem e necessitam da seleção indireta, por meio de varredura. Nesse caso, um programa realiza a varredura automática, iluminando os símbolos um a um, por coluna ou por linha; o usuário então seleciona a mensagem desejada, ativando um acionador ou dispositivos que captam movimentos dos olhos. A comunicação é multimodal; envolve vários meios, usados de forma simultânea ou em função do contexto e da atividade. Uma pessoa pode usar um computador para se comunicar de forma escrita, ou com fala digitalizada, na sala de aula; e usar uma prancha de comunicação impressa para se comunicar no pátio e no refeitório da escola. Além das pranchas de comunicação, os símbolos pictográficos podem ser usados para sinalização de ambientes, apoio a textos de linguagem simples, elaboração de textos com símbolos, adaptação de material escolar, adaptação de jogos e brincadeiras (PELOSI, 2019; SOUZA et al. 2017). O Portal Assistiva, cujo endereço eletrônico é www.portalassistiva.com.br, é um depositário do Laboratório de Tecnologia Assistiva Arte/Educação + Acessibilidade + Inclusão 27 Singularidades das deficiências e práticas inclusivas para a promoção da acessibilidade: mediação, desenho universal e tecnologia assistiva – UFRJ, onde são disponibilizadas pranchas de comunicação, histórias e atividades adaptadas com diversos temas. Existem aplicativos para dispositivos móveis, elaborados para a comunicação, que são gratuitos e personalizáveis — ou seja, podem ser ajustados para as habilidades sensoriais, motoras, cognitivas e comunicativas do usuário de CAA. Fonseca e Schirmer (2020) identificaram quatro aplicativos, com indicação para TEA, customizáveis e gratuitos na área da CAA: Aboard, E-pecs, Picto TEA e Special app CAA — e ainda outros cinco com taxas de utilização em algum momento, entre os quais o Let me Talk, com aplicação gratuita para CAA. Outro exemplo é o programa Falaê, no qual, as pranchas de comunicação são produzidas no computador e baixadas em dispositivos móveis (smartphones ou tablets). 3.3.2 Material adaptado com uso de símbolos e linguagem simples Para as pessoas com deficiência intelectual, a elaboração de textos com apoio de imagens e escritos em linguagem simples são essenciais para favorecer a compreensão (MOVIMENTO DOWN, 2015; MASCARENHAS; TABAK, 2013). Os textos podem ainda ser escritos com símbolos, favorecendo também as pessoas que necessitam de CAA. O texto em linguagem simples contempla ainda idosos, crianças em processo de alfabetização, imigrantes e pessoas com dificuldades de leitura e de aprendizagem. As informações devem ser escritas com frases curtas, sem jargão ou palavras difíceis, com apoio de imagens que ajudem a explicar o conteúdo, com fontes de fácil visualização e sem serifa (ou seja, sem traços adicionais na letra), como as fontes Arial ou Tahoma, tamanho 14 ou maior, com alinhamento à esquerda e frases de no máximo duas linhas, com fácil localização das informações e ideias centrais (INCLUSION EUROPE, 2009) Mascarenhas e Tabak (2013) delineiam as etapas da construção do texto em linguagem simples: extrair do texto original os fatos e ideias mais importantes; resumir as principais ideias; simplificar e explicar as informações usando exemplos do dia-a-dia; não apresentar todas as ideias de uma só vez. Borges et al (2017) destacam a relevância de se considerar, na elaboração de material escrito adaptado: a apresentação visual do material; a organização do conteúdo; o nível de leitura e o uso de elementos para transmitir informações; a escrita com símbolos pictográficos; apoio de imagens representativas; elementos para direcionar o local da resposta; e o destaque das palavras-chave de cada enunciado. Considerações Finais O texto apresentou algumas singularidades e necessidades específicas que pessoas com ou sem deficiência podem demandar. Mostrou como as barreiras existentes no ambiente podem limitar a atividade e restringir a participação nas atividades pedagógicas e culturais. 28 Singularidades das deficiências e práticas inclusivas para a promoção da acessibilidade: mediação, desenho universal e tecnologia assistiva Arte/Educação + Acessibilidade + Inclusão Os conceitos e exemplos de práticas inclusivas para superar tais dificuldades e eliminar barreiras têm base no conhecimento dos conceitos de acessibilidade, na mediação, nos princípios do Desenho Universal e nos recursos e serviços de TA, destacando-se a CAA. A promoção de um ambiente inclusivo em espaços de educação formal e não formal inclui a compreensão destes conceitos, para que os educadores possam rever atitudes e incorporar práticas inclusivas, entre as quais a mediação, o uso de ferramentas do DUA e de recursos, estratégias, serviços e práticas de TA e CAA. Nesse processo, e considerando os desafios da inclusão de crianças, jovens e adultos com deficiência, os educadores devem ter uma retaguarda e desenvolver ações colaborativas com profissionais de saúde ligados à própria escola, a centros de apoio à educação, a serviços de saúde na atenção básica ou a centros de reabilitação, entre os quais o profissional terapeuta ocupacional. É fundamental para a acessibilidade que o planejamento da atividade já incorpore as várias demandas, o uso de várias modalidades sensoriais (visão, audição, tato, movimento) e os elementos que possam superar barreiras à participação de pessoas com necessidades específicas. Referências Bibliográficas AAIDD. Associação Americana de Deficiência Intelectual e Desenvolvimento. Deficiência Intelectual. Disponível em https://www.aaidd.org/. Acesso em 24/02/2021. ABIS. Associação Brasileira de Integração Sensorial. O que é a Integração Sensorial? 2016. Disponível em https://www.integracaosensorialbrasil.com.br/. 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DSM-5-Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais [recurso eletrônico]. Tradução: Maria Inês Corrêa Nascimento ... et al.]. Revisão técnica: Aristides Volpato Cordioli ... [et al.]. – 5. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre: Artmed, 2014. ARTIGIANI, G. Vivenciando as diferenças: experiências de exclusão/inclusão social de pessoas portadoras de paralisia cerebral. 2000. BALADI, CASTRO E MORAIS FILHO. Paralisia Cerebral. Em FERNANDES, A.C.; RAMOS, A.C.R.; CASALIS, M.E.P.; HEBERT, S.K. Medicina e reabilitação: princípios e prática. São Paulo: Artes Médicas,
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