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02-P. Limitadores Função Punitiva Estado - Prof

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Direito Penal I 
Profº. Paulo Eduardo Sabio 
Ensino Jurídico à Distância 
Direito Penal – Aula 02 
 
Princípios Limitadores da Função Punitiva do Estado 
 
Lei Penal em Branco 
 
 
 
 Princípio da Legalidade 
 
 Princípio da Fragmentariedade 
 
 Princípio da Intervenção Mínima 
 
 Princípio da Humanidade 
 
 Princípio da Insignificância 
 
 Princípio da Culpabilidade 
 
 Lei Penal em Branco 
 
 
1. Considerações Iniciais 
 
 
 Nessa nossa segunda aula estudaremos, basicamente, os princípios 
limitadores da função punitiva do Estado, e, ao final, abordaremos ainda a 
denominada Lei Penal em Branco. 
 
Pois bem: Comecemos com o tão falado “Princípio da Legalidade”. 
 
2. Princípio da Legalidade 
 
2.1. Considerações Gerais 
 
 Tal princípio rege o ordenamento jurídico como um todo1, e não apenas 
o Direito Penal. Entretanto, em cada ramo do direito ele adquire um contorno 
diferenciado. 
 
1 - Tanto que o art. 5º, inciso II da Constituição Federal, assim preceitua: “ninguém será obrigado a fazer ou 
deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. 
Direito Penal I 
Profº. Paulo Eduardo Sabio 
Ensino Jurídico à Distância 
 
Sendo que: se este princípio é importante para o ordenamento jurídico como 
um todo, mais ainda será para o Direito Penal, em virtude da natureza das 
sanções por ele impostas aos indivíduos e da gravidade dos meios que o 
Estado emprega na repressão dos delitos. 
 
Em outros termos: o Princípio da Legalidade tem importância capital para o 
Direito Penal, pois tal ramo do Direito é, por excelência, o maior limitador da 
liberdade individual em prol do bem comum, no entanto, este poder de 
limitação da liberdade não pode ser “arbitrário”. E para combater qualquer 
espécie de arbitrariedade, nada melhor do que o nosso bom e velho princípio 
da legalidade. Pode-se, portanto, afirmar que o princípio em estudo é a 
limitação do limitador. 
 
Saiba que: o princípio da legalidade é um dos principais pilares de sustentação 
do denominado Estado de Direito, e vem, tal princípio, insculpido no artigo 5º, 
incisos II e XXXIX da Constituição Federal e no artigo 1º do Código Penal. 
Vamos dar uma olhada nos referidos dispositivos: 
 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, 
sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à 
liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes: 
( ... ) 
 
II – ninguém será obrigado a fazer ou 
deixar alguma coisa senão em virtude de 
lei; 
 
( ... ) 
 
 
 
Direito Penal I 
Profº. Paulo Eduardo Sabio 
Ensino Jurídico à Distância 
XXXIX – não há crime sem lei anterior que 
o defina e nem pena sem prévia cominação 
legal. 
 
Art. 1º. Não há crime sem lei anterior que 
o defina. Não há pena sem prévia cominação 
legal. 
 
2.2. Princípio da Legalidade: Breve Histórico 
 
Antes de adentrarmos nos aspectos técnicos do princípio da legalidade, 
convém falarmos um pouco de seus aspectos históricos, mesmo que de forma 
sucinta. Em termos precisos, o princípio da legalidade foi formulado pela 
primeira vez na Declaração dos Direitos dos Homens, em 1789, durante a 
Revolução Francesa. Preceituava, tal diploma legal, que ninguém será punido 
senão em virtude de uma lei estabelecida e promulgada2 anteriormente ao 
delito, e legalmente aplicada. 
 
Sendo que: após esta primeira aparição efetiva, o princípio da legalidade foi 
inserido em todas as constituições dos povos cultos3. Entre nós, ele surgiu na 
Constituição de 1824, que preceituava que ninguém será sentenciado senão 
pela autoridade competente e em virtude de lei anterior, e na forma por ela 
prescrita. 
 
Saiba que: embora tenha sofrido algumas pequenas alterações, o princípio da 
legalidade foi inserido em todas as constituições brasileiras subseqüentes. 
 
Além do que: Não se tem dúvidas de que o princípio da legalidade representa 
uma das mais importantes conquistas de índole política inscrita nas 
constituições de todos os regimes democráticos e liberais. 
 
 
2 - Cabe aqui diferenciar uma lei promulgada de uma lei “outorgada”. Uma lei promulgada é aquela que se valeu de 
meios democráticos para ingressar no ordenamento jurídico, e uma lei outorgada, ao contrário, é imposta à sociedade, 
se vale do autoritarismo dos governantes de uma determinada nação para fazer valer os direitos que a estes 
interessam. 
3 - Damásio Evangelista de Jesus 
Direito Penal I 
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Isto porque: Como já fora anteriormente exposto, este princípio se constitui 
em sendo uma efetiva limitação ao direito de punir do Estado. 
Perceba que: sempre se soube que o poder punitivo estatal precisava ser 
controlado, e que este “controle” deveria coibir a ocorrência de qualquer tipo de 
arbitrariedade ou excesso, do poder punitivo. E para o exercício deste 
“controle”, tem-se como principal instrumento, o princípio da legalidade. 
 
A propósito: o princípio em estudo, tal como dissemos anteriormente, vem 
insculpido no artigo primeiro do Código Penal. Vejamos, mais uma vez, o 
dispositivo: 
Art. 1º. Não há crime sem lei anterior que 
o defina. Não há pena sem prévia cominação 
legal. 
 
A propósito: não se esqueça que o princípio da legalidade tem como 
fundamento, também, o artigo 5º, incisos II e XXXIX da Constituição Federal, 
sendo que, tais incisos podem assim serem transcritos: 
 
II - ninguém será obrigado a fazer ou 
deixar de fazer alguma coisa senão em 
virtude de lei” 
 
XXXIX – não há crime sem lei anterior que 
o defina, nem pena sem prévia cominação 
legal. 
 
2.3. Princípio da Legalidade: Aspectos Políticos e Jurídicos 
 
 Diz-se que o princípio da legalidade tem um dúplice aspecto: um político 
e um jurídico. Vejamos cada um desses aspectos: 
 
Aspecto Político: o aspecto político do princípio da legalidade se origina do 
fato de este ser uma garantia individual dos direitos do homem. Como bem 
leciona Luiz Régis Prado, o seu fundamento político radica, principalmente, na 
função de garantia da liberdade do cidadão frente a intervenção estatal 
arbitrária por meio da realização da certeza do direito. 
Direito Penal I 
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Aspecto Jurídico: o princípio em tela, por óbvio, também possui um aspecto 
jurídico, técnico. E sob o prisma jurídico, tal princípio impõe que apenas se 
possa taxar de criminosa uma determinada conduta quando existir perfeita 
correspondência entre a conduta praticada e o dispositivo legal. 
 
A propósito: Não se pode esquecer que o ilícito penal não pode ser 
estabelecido de maneira imprecisa. Deve haver uma descrição pormenorizada 
da conduta, sob pena de se suprimir a segurança jurídica, que é uma das 
bases da convivência harmoniosa em sociedade, por isso que, via de regra, os 
tipos penais são fechados, tal como dissemos na aula passada. 
 
 
Saiba que: o princípio da legalidade corresponde, em verdade, a uma das 
aspirações mais básicas e fundamentais do homem, que é a de ter uma 
proteção contra qualquer forma de abuso por parte do Estado quando este for 
exercer o jus puniendi ( direito de punir). É necessário que a liberdade do 
cidadão não seja suprimida pelo Estado, senão nos casos previstos em lei. 
 
2.4. Princípio da Legalidade e Tipicidade 
 
 Afirma, a maioria da doutrina, que a teoria da tipicidade conferiu mais 
técnica ao princípio da legalidade. 
 
Saiba que: a tipicidade pode ser definida como sendo a perfeita adequação de 
uma conduta humana à um tipo penal, a uma norma penal incriminadora4. E o 
um tipo penal, por sua vez, podeser definido como sendo a descrição abstrata 
de um fato real, que a lei proíbe. Tal como ensina-nos o Profº. Luiz Régis 
Prado, o tipo penal vem a ser o modelo, o esquema conceitual da ação ou 
omissão vedada. 
 
 
4 - Que como se viu na aula passada, são normas penais que definem crimes e estabelecem as respectivas sanções 
Direito Penal I 
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Sendo que: tal como leciona a maioria da doutrina, tem utilidade 
inquestionável a teoria do tipo, concebida em 1907, por Ernst Beling. E isto se 
afirma pois é o tipo penal que realiza e garante o princípio da legalidade. 
 
Em outras palavras: o princípio em estudo, como se viu, preceitua que não 
haverá crime sem lei que o defina, e tal definição é feita através do tipo penal. 
 
Pode-se concluir, portanto, que: o tipo penal confere aplicabilidade ao 
princípio da reserva legal. 
 
A propósito: sobre “tipo penal” e “tipicidade” mais se estudará, no momento 
adequado. 
 
 
 
2.5 Princípio da Legalidade e Anterioridade da Lei 
 
 
O artigo 1º do Código Penal, que já foi transcrito anteriormente, abarca 
dois aspectos: o da legalidade em si, e o da anterioridade da lei. 
 
Sendo que: o aspecto da legalidade, propriamente dito reserva ao campo da 
“lei” a tarefa de descrever crimes e cominar penas ( não há crime sem lei que o 
defina), e o aspecto da anterioridade se evidencia através da expressão “lei 
anterior”. 
 
Ou seja: faz-se necessário que a lei definidora de um crime esteja em vigor na 
data do fato5 . Para que se puna alguém pela prática de uma conduta delituosa, 
sua lei definidora têm que estar em vigor no momento da ação ou omissão. 
 
Preste Atenção à um aspecto de extrema importância: o artigo 1º do Código 
Penal determina que não há crime sem lei que o defina, e isso já foi 
anteriormente exposto. Entretanto, cumpre assinalar que o dispositivo legal em 
comento usa a expressão “lei” em sentido estrito. 
 
5 - Ressalvada a “retroatividade benéfica”, que será estudada na próxima aula. 
Direito Penal I 
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Em outros termos: apenas a lei, na sua acepção formal e estrita, emanada e 
aprovada pelo Poder Legislativo, por meio de procedimento adequado, poderá 
criar tipos e impor penas. Tal como bem assevera o Profº Fernando Capez, 
nenhuma outra fonte subalterna pode gerar a norma penal. 
 
Sendo assim: apenas o Poder Legislativo, em virtude de sua legitimidade 
democrática pode, através de lei, criar crimes e cominar penas. 
 
Resumindo: o princípio da legalidade, como maior limitador do poder punitivo 
estatal, determina que não se pode conceber um conduta criminosa, sem 
prévia e expressa tipificação legal. 
 
3. Outros Princípios Limitadores da Função Punitiva do Estado 
 
3.1. Considerações gerais 
 
O princípio da legalidade, por si só , não é suficiente para coibir 
eventuais abusos estatais. 
 
Pare e pense: se o princípio da legalidade atuasse isoladamente, nada 
impediria, por exemplo, que o legislador incriminasse a conduta de por fim a 
um relacionamento amoroso. Imaginemos o seguinte dispositivo: 
 
Art. (....) Por fim a um relacionamento 
amoroso sem que a outra parte contribua ou 
consinta para tanto. 
 
Pena: 01 (um) à 03 (três) anos de reclusão 
e multa 
 
Perceba que: o “suposto” dispositivo não afronta o princípio da legalidade. É 
formalmente legal. Entretanto, não se tem dúvidas de que a incriminação de 
uma conduta como a usada no exemplo supra se configura em sendo um 
abuso do poder punitivo do Estado. 
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Ou seja: se é verdade que seria uma arbitrariedade punir alguém por uma 
conduta não descrita da lei penal, igualmente o seria classificar como crime 
condutas inofensivas à sociedade. 
 
Por isso que: para que se evitem abusos como o dado no exemplo, outros 
princípios existem que ajudam na tarefa de impor limites ao poder punitivo 
Estatal. Vejamos quais são eles: 
 
Princípio da Fragmentariedade: dita este princípio que o direito penal não 
protege todos os bens jurídicos de eventuais violações, mas apenas os mais 
importantes. Sendo que, acerca deste princípio, interessante observação é feita 
pelo Profº. Luiz Régis Prado: “este princípio impõe que o direito penal 
continue a ser um arquipélago de pequenas ilhas no grande mar do 
penalmente irrelevante”. 
 
Em outras palavras: o direito penal, segundo o Princípio da 
Fragmentariedade, deve se ocupar de reprimir apenas as condutas mais 
danosas a sociedade. Sendo que, cumpre ter em mente que este princípio é 
corolário do princípio da insignificância, que será estudado logo adiante.. 
 
A propósito: o direito penal limita-se a castigar as ações mais graves, 
praticadas contra os bens jurídicos mais importantes. Por isso se afirma que 
ele é fragmentário. Porque ele se ocupa de tutelar apenas uma parte dos bens 
juridicamente protegidos, quais sejam, os mais importantes. 
 
 
Princípio da Intervenção Mínima: de acordo com este princípio, o legislador 
deve evitar a definição desnecessária de crimes6. 
 
Ou seja: o direito penal, segundo o Princípio da Intervenção Mínima, só deve 
intervir quando for realmente necessário para a sobrevivência da comunidade. 
 
Direito Penal I 
Profº. Paulo Eduardo Sabio 
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Saiba que: o direito penal, tal como apregoa a maioria dos doutrinadores deve 
funcionar como ultima ratio ( último recurso), uma vez que, tal como ensina-
nos o Profº. Cezar Roberto Bitencourt, se outras formas de sanção ou outros 
meios de controle social revelarem-se suficientes para a tutela de um 
determinado bem, sua criminalização será inadequada e não-recomendada. 
 
Em outros termos: Diz-se que o Direito Penal deve ser a ultima ratio ( o último 
recurso) pois só deve atuar quando os demais ramos do direito se mostrarem 
ineficazes para dar a devida proteção aos bens jurídicos mais relevantes da 
sociedade. O penalista supracitado conclui dizendo que antes de se recorrer ao 
Direito Penal, deve-se esgotar todos os meios extrapenais de controle social. 
 
Saiba que: o principal objetivo da chamada intervenção mínima, segundo a 
doutrina, é o combate à denominada “inflação legislativa”. Isto porque, segundo 
alguns doutrinadores os legisladores têm criminalizado condutas sem um 
mínimo de critério, entrando em confronto, assim, com o princípio em questão. 
 
Sendo que: esta inflação legislativa prejudica a força intimidativa das sanções 
penais, e pode levar o Direito Penal ao descrédito total. De fato, cremos que o 
Direito Penal deva ser encarado como ultima ratio e não como prima ratio 
( primeiro recurso) na solução de conflitos sociais. 
 
3.4. Princípio da Humanidade: uma das principais buscas do Direito Penal, ao 
longo de seu desenvolvimento, é a humanização das penas. Se olharmos 
atentamente para a história do Direito Penal, poderemos constatar que se 
evoluiu, no tocante às penas, das penas de morte às penas privativas de 
liberdade e destas se está passando, de forma gradativa, às penas 
alternativas. 
 
Ou seja: em linhas gerais, pode se afirmar que o conceito de retribuição pela 
prática delituosa está se modificando. Sendo que, por força deste princípio, os 
chamados “Estados de Direito” vedam qualquer espécie de pena que possa 
atentar contra a dignidade humana. 
 
6 - Pode parecer que os princípios em estudo por vezes se confundem, mas na verdade, se completam. 
Direito Penal I 
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Tenha em mente, ainda, que: segundo alguns doutrinadores,este princípio é 
um dos principais obstáculos à adoção da pena de morte e da prisão perpétua. 
 
Olhe só que interessante: você sabia que a Constituição Federal não veda de 
maneira absoluta a pena de morte ? É verdade, pois o artigo 5º, inciso XLVIII 
da Constituição preceitua que não haverá pena de morte, salvo em caso de 
guerra declarada. 
 
Acerca do princípio da humanidade, tenha em mente que: segundo ele ( 
Princípio da Humanidade), o réu deve ser tratado como pessoa humana. 
 
Por outro lado: o Direito Penal não deve perder seu caráter retributivo7, e via 
de regra, a retribuição não pode ser conseguida sem que se atribua um mínimo 
de dor e sofrimento ao delinqüente. 
 
Ou seja: Também não podemos transformar o Direito Penal num direito de 
premiação pelos delitos e assistência aos criminosos. 
 
Sendo assim: o que se busca com este princípio, é que nenhuma pena 
privativa de liberdade, ou qualquer outra, atente contra a incolumidade da 
pessoa enquanto ser social. Tal como leciona o Profº Cézar Roberto 
Bitencourt, dentro destas fronteiras, impostas pela natureza de sua missão, 
todas as relações reguladas pelo Direito Penal devem ser presididas pelo 
princípio da humanidade. 
 
A propósito: vamos ver alguns dispositivos constitucionais que consagram 
este princípio: 
 
Art. 1º. A República Federativa do Brasil, 
formada pela união indissolúvel dos 
Estados e Municípios e do Distrito 
 
7 - O caráter retributivo do Direito Penal podem ser resumido na seguinte assertiva: todo mal praticado contra a 
sociedade deve se retribuído, compensado. Lembra daquele velho dito popular que diz que “quem fez tem que pagar ”? 
Em linhas gerais, assim pode ser explicado o caráter retributivo do Direito Penal. 
Direito Penal I 
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Federal, constitui-se em Estado 
Democrático de Direito e tem como 
fundamentos: 
(...) 
 
III – a dignidade da pessoa humana. 
 
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, 
sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País, a 
inviolabilidade do direito à vida, à 
liberdade, à igualdade, à segurança, e à 
propriedade, nos termos seguintes: 
( ...) 
 
III – ninguém será submetido a tortura nem 
a tratamento desumano ou degradante; 
 
3.5. Princípio da Insignificância: pode-se expor, de início, que de acordo com 
este princípio, devem ser consideradas atípicas8 as ações ou omissões que 
afetem de maneira insignificante um bem penalmente protegido. Está, este 
princípio, ligado aos chamados “delitos de bagatela”. 
 
Ou seja: este princípio, que foi formulado por Claus Roxin, em 1964, 
recomenda que a Lei Penal não se preocupe com infrações de pequena monta. 
 
A propósito: convém expor que o que este princípio afasta é a tipicidade de 
uma conduta criminosa, em particular, em virtude de sua insignificância, 
entretanto, de forma genérica, a conduta continua a ser considerada como 
crime. 
 
Preste muita atenção: não se pode afirmar que os chamados delitos de menor 
potencial ofensivo9 sempre serão abrangidos pelo princípio em tela. Aos 
 
8 - Ou seja, desprovidas de “tipicidade” . Lembra da “tipicidade” ? Já falamos sobre ela nesta aula. 
 
9 - De acordo com o artigo 61 da Lei 9099/95, consideram-se crimes de menor potencial ofensivo as contravenções 
penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 1 ( um ) ano, excetuado os casos em que a lei 
preveja procedimento especial. Entretanto a Lei que criou os Juizados Especiais Federais mudou tal conceito, e agora 
Direito Penal I 
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delitos de menor potencial ofensivo, o legislador impôe conseqüências jurídico-
penais, valorando tais condutas como social e penalmente relevantes. Já nos 
chamados crimes de bagatela, não se impõe qualquer sanção penal. 
 
Preste muita atenção: cumpre atentar para a opinião do Profº Fernando 
Capez, acerca do princípio da insignificância, que pode assim ser transcrita: 
 
“Entendemos que o princípio da 
insignificância não tem base legal. Se a 
infração tem pequeno potencial ofensivo, 
deve incidir a Lei 9009 ( Lei dos 
Juizados Especiais Criminais) e seus 
institutos despenalizadores, não 
justificando deixar o juiz de aplicar a 
lei.” 
 
Entretanto: nós, particularmente, entendemos que os critérios usados para a 
aplicação do princípio da insignificância são totalmente diferentes dos critérios 
usados pelo legislador para definir os crimes de menor potencial ofensivo. Para 
definir estes, se leva em conta a pena máxima, cominada abstratamente, 
enquanto que os delitos de bagatela são assim considerados, em cada caso 
concreto, em virtude da ínfima lesividade da conduta, independente da pena 
máxima cominada em abstrato. 
 
 
3.6. Princípio da Culpabilidade: este princípio consagra a máxima de que não 
há crime sem culpabilidade. E por mais obvio que tal preceito possa parecer, 
cumpre aclarar que em seus primórdios, o Direito Penal vigorava com base na 
chamada responsabilidade objetiva, onde se responsabilizava o agente pela 
simples causação do resultado, ou seja, antigamente havia crime sem 
culpabilidade. 
 
 
consideram-se crimes de menor potencial ofensivo as infrações a que lei comine pena máxima não superior a dois 
anos, inclusive os casos em que a lei preveja procedimento especial. Mas ainda existe muita discussão acerca do 
tema. 
Direito Penal I 
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Mas: felizmente, esta tal de responsabilidade penal objetiva está praticamente 
extinta. 
 
A propósito: sobre esta tal de “culpabilidade” mais se falará no momento 
oportuno, no entanto, desde já convém ter me mente que esta ( culpabilidade), 
tal como nos ensina o Profº. Flávio Augusto Monteiro de Barros pode ser 
entendida como sendo o juízo de censura que recai sobre a formação e a 
manifestação de vontade do agente, com o objetivo de imposição de pena. 
 
4. Lei Penal em Branco10: 
 
4.1. Considerações gerais 
 
Afinal, o que vem a ser esta tal de Lei Penal em Branco ( ou cega ou 
aberta) ?. Em verdade o termo “lei em branco” foi usado pela primeira vez por 
Binding, que usou o termo para designar as leis penais cuja pena é 
determinada, porém, o preceito que se liga a esta sanção é incompleto, ou 
indeterminado. 
 
Ou seja:. Tal como ensina-nos o Profº. Flávio Augusto Monteiro de Barros, a 
Lei Penal em branco é aquela cuja definição da conduta criminosa é 
complementada por outra lei. 
 
Preste atenção: usamos o termo lei, no parágrafo acima, em sentido amplo, 
haja vista que o complemento das normas penais em branco podem se originar 
de qualquer espécie legislativa. 
 
A propósito: para melhor ilustrar nossa exposição, temos por indispensável a 
exposição de alguns exemplos: 
 
 A lei 6368/75, mais conhecida como Lei de Tóxicos, em seu artigo 12 
define o crime de importar, exportar, remeter, etc...substância entorpecente 
ou que determine dependência física ou psíquica . Pois bem, por substância 
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entorpecente, não podemos entender senão aquelas assim classificadas 
pelo Ministério da Saúde, através da Agência Nacional de Vigilância 
Sanitária ( ANVISA). 
 
Sendo assim: Como se pode perceber pelo presente exemplo, o dispositivo 
incriminador, por si só, não tem exeqüibilidade, haja vista depender de uma 
outra lei para sua complementação, que, no caso, é a portaria do Ministério da 
Saúde, que relaciona quais substâncias devem ser consideradas 
“entorpecentes”. 
 
Perceba que: o conceito de “substânciaentorpecente” não está contido no 
tipo penal que cuida de incriminar o “tráfico”. A lei diz “substância 
entorpecente”, mas quem diz quais são estas substâncias entorpecentes é o 
Ministério da Saúde através, como já disse, da ANVISA. 
 
 Peguemos agora como exemplo o artigo 269 do Código Penal, que 
assim preceitua: 
 
Art. 269. Deixar o médico de denunciar à 
autoridade pública, doença cuja 
notificação é compulsória. 
 
Pena – detenção de 6 ( seis) meses a 2 
( dois ) anos, e multa. 
 
Saiba que: as tais “doenças de notificação compulsória” estão arroladas em 
portaria do Ministério da Saúde, e, portanto, a norma penal supracitada, como 
se pode perceber, é incompleta e necessita que se busque um conceito 
extrapenal para sua efetiva aplicação. Ou seja: é uma lei penal em branco. 
 
 Vejamos outro exemplo, para que fique bem clara a idéia de “norma 
penal em branco”: 
 
 
10 - Que já foi citada na aula passada, quando falamos um pouco sobre a classificação das infrações penais. 
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A lei 1.521/ 51, que define os crimes contra a economia popular, em seu 
artigo 2º, inciso VI, impõe pena de detenção de 6 ( seis ) meses à 2 ( dois) 
anos e multa à quem transgredir tabelas oficiais de gênero e mercadoria. Como 
se pode notar, a aplicação do referido dispositivo depende de expedição de 
portarias administrativas com as tabelas oficiais de preços. Segundo Damásio 
Evangelista de Jesus, estas “tabelas” de preço completam a norma penal 
incriminadora. 
 
Preste muita atenção: em verdade, não é a toa que existe a chamada lei 
penal em branco. Sendo que, por vezes, algumas das matérias reguladas pelo 
Direito Penal são extremamente dependentes de fatores histórico-culturais, 
sendo que tal dependência exige uma atividade normativa constante e variável. 
 
Continue prestando atenção: o dispositivo incriminador “básico”, o preceito 
normativo incompleto, é estável e emanado do Poder Legislativo através de um 
demorado processo de criação. Entretanto, as mutações indispensáveis à 
coerente aplicação da norma ocorrem através de processos legislativos menos 
complexos, de maior maleabilidade11. 
 
Em outras palavras: se estes “fatores altamente variáveis” fossem 
introduzidos no ordenamento jurídico através do complexo procedimento usado 
para a elaboração da “norma-base”, o estatuto repressivo ficaria ultrapassado 
de tal maneira que sua aplicabilidade ficaria seriamente comprometida. 
 
4.2. Classificação das Normas Penais em Branco 
 
4.2.1. Norma Penal em Branco em Sentido Lato ou Norma Penal em 
Branco Homogênea: nesta espécie, segundo Damásio Evangelista de Jesus, 
o complemento da norma é determinado pela mesma fonte material 
encarregada de elaborar a norma incompleta, a norma-base. Diz-se 
homogênea pois há homogeneidade de fontes. 
 
 
11 - Luiz Regis Prado 
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A propósito: vejamos alguns exemplos desta espécie de norma penal em 
branco: 
 
Art. 178. Emitir conhecimento de depósito 
ou warrant em desacordo com disposição 
legal. 
 
Pena – reclusão de 1 ( um ) a 4 ( quatro) 
anos e multa. 
 
Perceba que: tal dispositivo deve ser complementado pelo diploma legal que 
dita regras sobre o conhecimento de depósito ou warrant. Precisamos saber se 
houve uma desobediência a “disposição legal” referida no artigo. E esta 
disposição legal, este complemento, vem do Direito Comercial, que é emanado 
da mesma fonte do Direito Penal, qual seja, a União. 
 
Saiba que: é a própria Constituição Federal que dita que à União cabe legislar 
sobre Direito Penal e Direito Comercial. Vamos ver o dispositivo constitucional 
que embasa esta nossa afirmação: 
 
Art. 22. Compete privativamente à União 
legislar sobre: 
 
I – direito civil, comercial, penal, 
processual, eleitoral, agrário, marítimo, 
aeronáutico, espacial e do trabalho. 
 
Como se vê: tanto a norma penal em branco ( art. 178 do CP), como seu 
complemento são originários da mesma fonte, ou seja, há uma homogeneidade 
de fontes.. 
 
 
4.2.2. Lei Penal em Branco em Sentido Estrito ou Lei Penal em Branco 
Heterogênea: nestes casos, o “complemento” da norma penal em branco é 
originário de outra fonte legislativa, de outro órgão legiferante. As fontes 
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formais da norma penal em branco e do seu complemento, nestes casos, não 
se confundem, são heterogêneas. 
 
 Peguemos como exemplo desta espécie o artigo 268 do Código Penal, que 
assim reza: 
 
Art. 268. Infringir determinação do poder 
público, destinada a impedir a introdução 
ou a propagação de doença contagiosa: 
 
Pena – detenção, de 1 ( um) mês a 1 ( um ) 
ano, e multa. 
 
Perceba que: quando o dispositivo em apreço fala em “infringência à 
determinação do poder público”, entenda-se: editais e portarias oficialmente 
publicados, e tais medidas, segundo Damásio Evangelista de Jesus, podem 
advir do Poder Público Estadual ou Municipal. Sendo assim, pode acontecer 
de o complemento da norma penal em branco, neste caso, seja oriunda de 
outra fonte legislativa, o que nos leva a crer que estamos diante de uma 
chamada lei penal em branco heterogênea ou lei penal em banco em sentido 
estrito 
 
Veja que interessante: quando se estuda a Lei Penal em Branco, pode surgir 
a seguinte questão: o complemento da norma penal em branco é parte 
integrante desta ? Esta questão se reveste de extrema importância, haja vista 
que ao afirmar, como faz a maioria da doutrina, que o “complemento” é parte 
integrante da norma penal em branco, tem-se que admitir que, 
excepcionalmente, o conteúdo da lei penal pode ser elaborado por órgão 
diferente da União, que é, segundo a Constituição, o órgão que tem 
legitimidade para tal. 
 
Sendo assim: para solucionar esta questão, os doutrinadores sempre citam o 
pensamento de Soler, que dizia que “a lei penal em branco, que defere a outro 
a fixação de determinadas condições, não é nunca uma carta branca outorgada 
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a esse poder para que assuma funções repressivas, e sim, o reconhecimento 
de uma faculdade meramente regulamentar”. 
 
A propósito: segundo a doutrina, para que a técnica legislativa da norma 
penal em branco não ofenda o princípio da legalidade, a norma penal 
incompleta deve fixar com precisão os limites de sua integração com outra 
norma. Isso porque, segundo Luiz Regis Prado, o caráter delitivo da ação ou 
omissão só poder ser delimitado pelo Poder competente, qual seja, o Poder 
Legislativo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Questão Problema 
 Madalena era secretária de um poderoso executivo, e deixou de 
repassar a ele um recado de extrema importância, fato este que acabou por 
gerar sérios prejuízos a empresa, haja vista que tal recado versava sobre uma 
importante negociação que teria que ser concluída naquele dia, pois a pessoa 
com quem o chefe de Madalena iria negociar estava com passagem comprada 
para a Antártida, onde iria passar alguns anos, fazendo alguns estudos sobre a 
região. O chefe de Madalena, por ter deixado de lucrar vultuosa soma, ficou 
extremamente enraivecido e comentou o fato com um de seus amigos, que era 
um juiz de direito totalmente maluco, e que acabou por prender a pobre 
Madalena. 
 
 Na sua opinião, quais dos princípios ora estudados foram feridos com esta 
absurda prisão ? Porque ? Faça alguns comentários sobre os princípios 
que, eventualmente, possamter sido feridos com a decisão do juiz insano. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Quadro Sinóptico 
 
 
1. Princípio da Legalidade: rege o ordenamento jurídico como um todo e 
não apenas o Direito Penal, e em cada ramo do Direito ele adquire um 
contorno diferenciado. 
 
2. Para o Direito Penal, que é, por excelência, o maior limitador da 
liberdade individual em prol do bem comum, este princípio é de suma 
importância, pois ajuda a coibir eventuais abusos estatais. 
 
3. Base legal do Princípio da Legalidade: artigo 5º, incisos II e 
XXXIX da Constituição Federal e artigo 1º do Código Penal. 
 
4. Princípio da Legalidade – Aspecto Político: seu fundamento político 
reside na função de garantia da liberdade do cidadão frente a 
intervenção estatal arbitrária. 
 
5. Princípio da Legalidade – Aspecto Jurídico: segundo este principio, 
apenas podem ser consideradas criminosas as condutas devidamente 
tipificadas, devidamente descritas em lei, e nesta limitação reside o 
aspecto jurídico do Princípio da Legalidade. 
 
6. Princípio da Legalidade e Tipicidade: a teoria da tipicidade 
conferiu mais técnica ao Princípio da Legalidade. É o tipo penal que 
realiza e garante o Princípio da Legalidade. Ou seja: a tipo penal 
confere aplicabilidade ao Princípio da Legalidade. 
 
7. Princípio da Legalidade e Anterioridade da Lei: o artigo 1º do 
Código Penal abriga dois aspectos, quais sejam: a legalidade e a 
anterioridade. 
 
8. Da Anterioridade da Lei Penal: não basta que exista uma lei que 
defina o crime. É necessário ainda que esta lei seja anterior á 
prática do fato, é necessário que a lei definidora de um crime esteja 
em vigor na data do fato. 
 
9. Outros Princípios limitadores da função punitiva estatal: o 
Princípio da Legalidade, atuando por si só não é suficiente para 
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coibir eventuais abusos estatais. Para evitar de maneira eficiente a 
ocorrência de eventuais abusos estatais, é imprescindível que outros 
princípios atuem juntamente com o Princípio da Legalidade. Vamos 
relembrar quais são os princípios que atuam juntamente com o Princípio 
da Legalidade: 
 
a. Princípio da Fragmentariedade: dita este princípio que o direito 
penal não protege todos os bens jurídicos de eventuais violações, mas 
apenas os mais importantes 
 
b. Princípio da Intervenção Mínima: de acordo com este princípio, o 
legislador deve evitar a definição desnecessária de crimes 
 
c. Princípio da Humanidade: por força deste princípio, os chamados 
“Estados de Direito” vedam qualquer espécie de pena que possa atentar 
contra a dignidade humana. 
 
d. Princípio da Insignificância: de acordo com este princípio, devem 
ser consideradas atípicas as ações ou omissões que afetem de maneira 
insignificante um bem penalmente protegido 
 
e. Princípio da Culpabilidade: este princípio consagra a máxima de que 
não há crime sem culpabilidade. 
 
10. Lei Penal em Branco: é aquela lei cuja definição da conduta 
criminosa é complementada por outra lei. Vamos relembrar as 
classificações da lei penal em branco: 
 
a. Norma Penal em Branco em Sentido Lato ou Norma Penal em Branco 
Homogênea: nesta espécie, segundo Damásio Evangelista de Jesus, o 
complemento da norma é determinado pela mesma fonte material 
encarregada de elaborar a norma incompleta, a norma-base 
 
b. Lei Penal em Branco em Sentido Estrito ou Lei Penal em Branco 
Heterogênea: nestes casos, o “complemento” da norma penal em branco é 
originário de outra fonte legislativa, de outro órgão legiferante.

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