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HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ

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HISTÓRIA E TEOLOGIA 
DA IGREJA CRISTÃ
Programa de Pós-Graduação EAD
UNIASSELVI-PÓS
Autoria: Robson Stigar
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Ivan Tesck
Equipe Multidisciplinar da 
Pós-Graduação EAD: Prof.ª Bárbara Pricila Franz
 Prof.ª Tathyane Lucas Simão
 Prof. Ivan Tesck
Revisão de Conteúdo: Neivor Schuck
Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Copyright © UNIASSELVI 2017
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
 231.044
 S854h Stigar, Robson
 História e teologia da igreja cristã / Robson Stigar. Indaial: 
UNIASSELVI, 2017.
 142 p. : il.
 
 ISBN 978-85-69910-84-8
 1.Teologia.
 I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. 
Robson Stigar
É doutorando em Ciência da Religião na 
PUCSP. Possui mestrado em Ciência da Religião 
pela PUCSP; MBA em Gestão Educacional; 
Especialização em Filosofia da Arte; Especialização em 
Catequética; Especialização em Educação, Tecnologia 
e Sociedade; Especialização em Ensino Religioso; 
Especialização em Psicopedagogia; Especialização em 
História do Brasil; Aperfeiçoamento em Ensino de Filosofia; 
Aperfeiçoamento em Sociologia Politica pela UFPR. 
É bacharel em Teologia; licenciado em Filosofia pela 
PUCPR; Licenciado em Pedagogia pela UNINTER. 
Atua como professor na Educação Básica e 
no Ensino Superior. Autor do Livro “O Ensino 
Religioso e sua Historicidade”, possui vários 
artigos científicos publicados em periódicos e 
artigos livres em jornais de circulação.
Sumário
APRESENTAÇÃO ..........................................................................01
CAPÍTULO 1
A Igreja Cristã na Antiguidade................................................... 09
CAPÍTULO 2
A Igreja Medieval ......................................................................... 45
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
A Igreja Renascentista e Moderna ........................................... 79
A Igreja Contemporânea .......................................................... 107
APRESENTAÇÃO
Nesta obra “História e Teologia da Igreja Cristã”, procuramos apresentar de 
forma rápida e objetiva a Igreja na Antiguidade, na Idade Média, no Renascimento, 
na Idade Moderna e na Contemporaneidade.
No primeiro capítulo “A Igreja Cristã na Antiguidade” procuramos realizar 
um pequeno estudo sobre a história da Igreja Cristã na Antiguidade, período 
que vai de 30 depois de Cristo até o ano 476. Procuramos entender a expansão 
da Igreja Cristã neste contexto histórico e geográfico bem como compreender o 
crescimento do império Romano. 
No segundo capítulo “A Igreja Medieval”, apresentamos a formação dos 
monastérios da Igreja Medieval, a história desta Igreja no Sacro Império Romano-
Germânico, objetivando entender os grandes cismas que ocorreram na Igreja. 
Vamos estudar sobre as Cruzadas, episódios tão marcantes naquele período que 
deixaram marcas até os dias de hoje, e por fim, conhecer a Guerra dos Cem anos 
e as causas da Queda de Constantinopla. 
No terceiro capítulo “A Igreja Renascentista e Moderna”, apresentamos um 
estudo analítico sobre a Reforma Religiosa iniciada no século XVI, procurando 
assim, compreender sua origem e sentido, bem como as causas da Contrarreforma 
e o Concílio de Trento, ambos realizados pela Igreja Católica em resposta à 
Reforma Religiosa realizada por Martinho Lutero e outros reformadores.
No quarto capítulo “A Igreja Contemporânea”, apresentamos a história dos 
Concílios Ecumênicos do Vaticano I e II, procurando compreender seu contexto 
e importância tanto para a história da civilização como para a história da Igreja. 
Vamos realizar um estudo reflexivo sobre a importância da renovação da Igreja 
Protestante/Evangélica para a Igreja Cristã e para a sociedade de forma geral, 
apresentando como suas rupturas e transições foram positivas para o seu 
desenvolvimento.
Nosso objetivo é realizar um pequeno estudo sobre a história da Igreja 
Cristã no Ocidente, tarefa difícil e complexa, dado o amplo período histórico que 
temos, pois são vários séculos de história, fatos e acontecimentos para serem 
apresentadas em poucas páginas.
O autor.
CAPÍTULO 1
A Igreja Cristã na Antiguidade
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
� Conhecer a igreja na Antiguidade (de 30 a 476 d. C.).
� Conhecer sobre a expansão do Império Romano.
� Estudar o crescimento da Igreja Cristã.
� Conhecer os Concílios de Niceia, Constantinopla e Calcedônia.
� Entender as causas da queda de Constantinopla.
� Promover uma análise crítica da Igreja Cristã na Antiguidade Clássica.
10
 HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
11
A Igreja Cristã na Antiguidade Capítulo 1 
Contextualização
O objetivo deste capítulo é realizar um pequeno estudo sobre a história da 
Igreja Cristã na Antiguidade, período que compreende de 30 depois de Cristo até 
476. Precisamos entender a expansão da Igreja Cristã neste contexto histórico e 
geográfico, bem como compreender o crescimento do Império Romano. 
Também vamos analisar os três grandes concílios que ocorreram naquela 
época, que foram relevantes para a história da civilização e da igreja, são eles: 
Niceia, Constantinopla e Calcedônia. Por fim, vamos procurar entender as causas 
da queda de Constantinopla. 
Temos também como tarefa conhecer um pouco do “período sombrio” que 
afetou a Igreja Cristã, ou seja, como se deram as perseguições neste período e 
como estas prejudicaram a igreja, bem como vieram a contribuir. Também vamos 
conhecer o que se denomina por Cristianismo Primitivo.
Esta obra tem caráter de introdução, já que temos quase cinco séculos de 
história sendo apontados em poucas páginas. Destacamos, entretanto, que cabe 
ao aluno o desafio de seguir adiante, motivado com o espírito crítico e acadêmico, 
buscando por novas informações e conhecimentos, pois esta é a dinâmica do 
meio acadêmico e teológico.
A Expansão do Império Romano
Segundo Le Roux (2013), o Império Romano nasceu oficialmente em 
27 a.C. e terminou – dependendo do ponto de vista – com a conquista de 
Roma pelos godos, chefiados por Alarico, em 410 d.C., ou em 476 d.C., 
data da queda do último imperador do Ocidente, em consequência dos 
repetidos assaltos dos povos germânicos.
Para Le Roux (2013), o Império Romano designa um período 
histórico marcado pela ampla dominação da potência romana, sob 
a direção de seus césares. Considerado isoladamente, o Império 
Romano representava uma forma institucional e territorial do exercício 
de um poder monárquico, mas ao qual eram associados os valores aristocráticos 
tradicionais, o direito público como fonte de legitimidade e uma dimensão religiosa 
que correspondia ao ponto de vista ideológico e à forma como raciocinavam as 
elites romanas e as de suas províncias. 
O Império 
Romano nasceu 
oficialmente em 
27 a.C. e terminou 
– dependendo do 
ponto de vista – 
com a conquista 
de Roma pelos 
godos, chefiados 
por Alarico, em 410 
d.C., ou em 476 d.C.
12
 HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
Devido a sua geografia, o Império Romano agrupava um 
conglomerado de cidades e de comunidades locais que, até 
certo ponto, estavam integradas a uma rede de relacionamentos 
sociais que copiavam as estruturas da sociedaderomana. 
Contudo, cada uma delas era constituída por suas próprias 
sociedades individuais, hierarquizadas e culturalmente 
mescladas, obedecendo em parte a tradições locais que 
revelavam os aspectos mais variados (LE ROUX, 2013, p. 8).
Le Roux (2013) destaca que o conceito corresponde, para os não 
especialistas, a uma forma ou outra de expansão da cidadania romana e de 
florescimento de uma civilização portadora dos valores nobres proclamados 
pelos literatos e filósofos latinos, mas caracterizada também pelos combates 
de gladiadores e outros espetáculos desumanos dos circos e anfiteatros, e pela 
perpetuação da escravatura, sem esquecer a grosseria de uma soldadesca 
indisciplinada e de mentalidade estreita, que se manifestava sem reservas no 
momento em que deixava os campos de batalha.
Roma se solidificou como o maior império que já existiu, sendo híbrida em sua 
formação, ou seja, composta de várias culturas, devido às conquistas territoriais ao 
longo dos tempos realizadas em suas guerras. Os romanos conquistaram grande 
parte do Oriente e todo o Ocidente durante os dois últimos séculos antes da Era Cristã 
e também na guerra civil interna, onde venceu Júlio César, em 100 a.C. – 44 a.C. 
A partir desse momento, com a paz sedimentada, Otávio Augusto (63 a.C. 
– 14 d.C.), o primeiro imperador romano, reorganizou o estado, delimitou as 
fronteiras, abriu estradas (85 mil quilômetros), promoveu construções por toda a 
extensão do império, de quase cinco milhões de quilômetros quadrados (divididos 
hoje entre 30 nações). Com isso, assegurou um período inédito de estabilidade 
em toda a região ao redor do mar Mediterrâneo (PIOPPI, 2012).
A pax romana facilitou, durante décadas, até mesmo nas regiões 
mais expostas do Império, o desenvolvimento de formas políticas, 
sociais e culturais que se contavam entre as mais “modernas”, segundo 
consideravam os antigos. À medida que seu poderio se expandia, os 
cidadãos romanos foram se envolvendo com a exploração e o controle 
dos territórios submetidos (LE ROUX, 2013). 
Na metade ocidental, o idioma utilizado era o latim, e na região do 
Mediterrâneo oriental e no Oriente Próximo era o grego. O Império Romano 
tornou-se um governo pacífico e próspero, suas cidades estavam em progresso e 
viajar não era mais difícil, pois muitas estradas foram construídas.
A pax romana 
facilitou, o 
desenvolvimento 
de formas políticas, 
sociais e culturais 
que se contavam 
entre as mais 
“modernas”.
13
A Igreja Cristã na Antiguidade Capítulo 1 
Segundo Le Roux (2013), foi Otávio Augusto quem estabeleceu inicialmente 
a imagem de um universo centrado em Roma. A cidade conquistadora e senhora 
do mundo era a única capital, a sede do império. Dotada de uma aparência 
monumental, sem equivalente no mundo inteiro, obtida através de uma série 
contínua de programas de desenvolvimento arquitetônico determinados pelos 
imperadores, Roma foi escolhida unanimemente como o modelo do urbanismo, 
mesmo antes de se tornar legalmente a pátria comum. Cosmopolita, ela vivia em 
simbiose com o restante do império, não esquecendo nunca, contudo, que além 
de capital, também era uma cidade.
Figura 1 – Grande imperador romano Otávio Augusto (63 a.C. – 14 d.C.)
Fonte: Disponível em: <https://www.google.com.br/
search?biw=1088&bih=510&tbm=isch&sa=1&q=otávio+augusto+imperador+romano>. 
Acesso em: 24 nov. 2017. 
Após sua morte, Otávio Augusto foi sucedido pelos imperadores Tibério (42 
a.C. – 37 d.C.), Caio (12-41), Cláudio (10 a.C. – 54 d.C.) e Nero (37-68). Com 
o suicídio de Nero, seguiu-se novo período de guerra civil, conhecido como o 
ano dos quatro imperadores (69). Ao final desse ano, o comandante das forças 
militares romanas em combate na primeira guerra judaico-romana, Vespasiano 
(9-79), foi aclamado o novo imperador. 
Posteriormente a ele seguiram seus filhos, Tito (39-81) e Domiciano (51-
96), cujo assassinato inaugurou o período de outros imperadores: Nerva (30-
98), Trajano (53-117), Adriano (76-138), Antonino Pio (86-161) e Marco Aurélio 
(121-180). Nessa época, o Império Romano atingiu sua expansão máxima, 
estabelecendo-se, assim, a paz romana, também conhecida como pax romana. 
Todavia, ao fim desse período, Cômodo (161-192) se tornou imperador, iniciando 
um longo período de instabilidades políticas (PIOPPI, 2012).
14
 HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
O Crescimento da Igreja Cristã
Na perseguição iniciada com a morte de Estevão, a igreja em Jerusalém 
dispersou-se por toda a Terra. Alguns chegaram até Damasco e outros até 
Antioquia. Por qual motivo sobrevieram então as perseguições? Marcos 16:15: 
E disse-lhes: “Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura”. A 
partir desta perseguição, os cristãos fugiam, porém, pregavam o evangelho e 
testemunhavam das maravilhas que Jesus operava. 
Segundo o renomado pesquisador da história da igreja, Carlo 
Pioppi (2012), a partir do século I, o cristianismo iniciou a sua expansão 
“territorial”, sob a orientação de São Pedro e dos apóstolos, tendo 
um rápido crescimento no Império Romano, nos primeiros séculos, 
difundindo assim uma nova religião e, consequentemente, uma nova 
perspectiva de vida religiosa.
A Palestina, onde o cristianismo deu seus primeiros passos, tinha uma 
posição geográfica privilegiada, pois ocupava uma área onde era a encruzilhada 
das grandes rotas comerciais que uniam o Egito à Mesopotâmia, e a Arábia com 
a Ásia Menor. Por isso vemos, na história descrita no Velho Testamento, esta área 
tão cobiçada sendo invadida por vários impérios. 
Jesus nasceu dentro deste contexto que biblicamente se conhece como 
"plenitude dos tempos" (Gl: 4:4-5). A igreja, respondendo às ansiedades da época 
com a revelação de Deus em Jesus, conseguiu rapidamente conquistar o império. 
Pioppi (2012) destaca que o poder político romano viu no cristianismo um 
perigo, pelo fato de reclamar um âmbito de liberdade na consciência das pessoas 
a respeito da autoridade estatal, assim, os seguidores de Jesus Cristo tiveram 
que suportar numerosas perseguições, que conduziram muitos ao martírio.
Segundo Pioppi (2012), no ano 313 o imperador Constantino 
I foi favorável à nova religião, concedeu aos cristãos a liberdade de 
professarem a fé, e iniciou uma política favorável para com eles. Com o 
imperador Teodósio I (379-395), o cristianismo converteu-se na religião 
oficial do Império Romano, e no final do século IV, os cristãos já eram a maioria da 
população do império. 
Pioppi (2012) destaca que no século IV a igreja teve que enfrentar uma forte 
crise interna: trata-se da questão ariana. Ário, presbítero de Alexandria, no Egito, 
defendia teorias heterodoxas, pelas quais negava a divindade do Filho, que seria, 
assim, a primeira das criaturas, embora superior às outras. A divindade do Espírito 
Santo era também negada pelos arianos. 
Difundindo assim 
uma nova religião e, 
consequentemente, 
uma nova 
perspectiva de vida 
religiosa.
O imperador 
Constantino I foi 
favorável à nova 
religião
15
A Igreja Cristã na Antiguidade Capítulo 1 
O arianismo foi condenado pelo Concílio de Niceia, mas 
a disputa teológica sobre a divindade de Cristo não terminou e 
continuou sendo objeto, no Oriente e no Ocidente, de diferentes 
orientações doutrinárias. Com o apoio do imperador Constantino, 
interessado numa solução política para a unificação da igreja oriental 
e ocidental, a decisão de Niceia foi aplicada e o arianismo foi banido 
como heresia, e seus adeptos, desacreditados. 
Fonte: Disponível em: <palavracriativa.org.br/site/wp-content/
uploads/2015/06/ARIANISMO1.pdf>. >. Acesso em: 24 nov. 2017.
A crise doutrinal, com que se encruzilharam frequentemente intervenções 
políticas dos imperadores, perturbou a igreja durante mais de 60 anos; foi 
resolvida graçasaos dois primeiros concílios ecumênicos, o primeiro de Niceia 
em 325 e o segundo de Constantinopla em 381, concílio em que se condenou 
o arianismo, se proclamou solenemente a divindade do Filho (consubstantialis 
Patri, em grego homoousios) e do Espírito Santo, e se compôs o símbolo niceno-
constantinopolitano (o Credo). 
O arianismo sobreviveu até o século VII, porque os missionários arianos 
conseguiram converter a sua crença muitos povos germânicos, que só pouco 
a pouco passaram ao catolicismo. Destaca-se ainda que no princípio a igreja 
também é vista ou considerada como uma seita do judaísmo, como consta no Ato 
dos Apóstolos (At: 24:5; 28:22).
Entretanto, o pesquisador Pioppi (2012) nos lembra que no século V houve 
duas heresias cristológicas, que tiveram o efeito positivo de obrigar a igreja a 
aprofundar no dogma, para formulá-lo de modo mais preciso. 
A primeira heresia é o nestorianismo, doutrina que, na prática, afirma a 
existência em Cristo de duas pessoas, além de duas naturezas. Foi condenada 
pelo Concílio de Éfeso em 431, que reafirmou a unicidade da pessoa de 
Cristo. Dos nestorianos derivam as igrejas siro-orientais e malabares, ainda 
separadas de Roma. 
16
 HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
O nestorianismo afirmava a existência da natureza humana 
completa em Jesus, os teólogos puderam estudar mais detidamente 
o modo como humanidade e divindade se relacionaram em Cristo. 
Antes, porém, de entrar em particulares, devemos mencionar as 
duas principais escolas teológicas da Antiguidade: a Alexandrina e a 
Antioquena, que muito influíram na elaboração da Cristologia. 
A Escola Alexandrina era herdeira de forte tendência mística; 
procurava exaltar o divino e o transcendental nos artigos da fé. 
Interpretava a Sagrada Escritura em sentido alegórico, tentando 
desvendar os mistérios divinos contidos nas sagradas letras. Em 
assuntos cristológicos, portanto, era inclinada a realçar o divino, 
com detrimento do humano. Ao contrário, a Escola Antioquena era 
mais dada à filosofia e à razão: voltava-se mais para o humano, sem 
negar o divino. Interpretava a Sagrada Escritura em sentido literal e 
tendia a salientar em Jesus os predicados humanos mais do que os 
atributos divinos. Era mais racional, ao passo que a de Alexandria 
era mais mística. 
Dito isto, voltemos à história do dogma cristológico. A primeira 
tentativa de solução foi encabeçada por Nestório, elevado à cátedra 
episcopal de Constantinopla em 428. Afirmava que o Lógos habitava 
na humanidade de Jesus como um homem se acha num templo 
ou numa veste; haveria duas pessoas, em Jesus – uma divina e 
outra humana – unidas entre si por um vínculo afetivo ou moral. Por 
conseguinte, Maria não seria a Mãe de Deus (Theotókos), como 
diziam os antigos, mas apenas Mãe de Cristo (Christokós); ela teria 
gerado o homem Jesus, ao qual se uniu a segunda pessoa da SS. 
Trindade com a sua divindade. 
Nestório propunha suas ideias em pregações ao povo, nas 
quais substituía o título “Mãe de Deus” por “Mãe de Cristo”. As suas 
concepções suscitaram reação não só em Constantinopla, mas em 
outras regiões também, especialmente em Alexandria, onde S. Cirilo 
era bispo ardoroso. Este escreveu em 429 aos bispos e aos monges 
do Egito, condenando a doutrina de Nestório. As duas correntes se 
dirigiram ao Papa Celestino I, que rejeitou a doutrina de Nestório num 
sínodo de 430. Deu ordem a S. Cirilo para que intimasse Nestório a 
retirar suas teorias no prazo de dez dias, sob pena de exílio; Cirilo 
enviou ao patriarca de Constantinopla uma lista de 12 anatematismos 
que condenavam o nestorianismo. Nestório não se quis dobrar, de 
17
A Igreja Cristã na Antiguidade Capítulo 1 
mais a mais que podia contar com o apoio do imperador; além do 
mais, tinha muitos seguidores na Escola Antioquena, entre os quais o 
próprio bispo João de Antioquia. 
Em 431, o Imperador Teodósio II, instado por Nestório, convocou 
para Éfeso o terceiro Concílio Ecumênico a fim de solucionar a 
questão discutida. S. Cirilo, como representante do Papa Celestino 
I, abriu a assembleia diante de 153 bispos. Logo na primeira sessão 
foram apresentados os argumentos da literatura antiga favoráveis 
ao título Theotókos, que acabou sendo solenemente proclamado; 
daí se seguia que em Jesus havia uma só pessoa (a Divina); Maria 
se tornara Mãe de Deus pelo fato de que Deus quisera assumir a 
natureza humana no seu seio. Quatro dias após esta sessão, isto é, 
a 26/06/431, chegou a Éfeso o patriarca Jogo de Antioquia, com 43 
bispos seus seguidores, todos favoráveis a Nestório; não quiseram 
unir-se ao concílio presidido por S. Cirilo, representante do papa; por 
isto formaram um conciliábulo, o qual depôs Cirilo. 
O imperador acompanhava tudo de perto e sentia-se indeciso. 
S. Cirilo então mobilizou todos os seus recursos para mover Teodósio 
II em favor da reta doutrina; nisto foi ajudado por Pulquéria, piedosa 
e influente irmã mais velha do imperador. Este finalmente apoiou a 
sentença de Cirilo e exilou Nestório. Todavia os antioquenos não se 
renderam de imediato; acusavam Cirilo de arianismo a apolinarismo. 
Após dois anos de litígio, em 433 puseram-se de acordo sobre uma 
fórmula de fé que professava um só Cristo e Maria como Theotókos. 
O nestorianismo, porém, não se extinguiu. Os seus adeptos, 
expulsos do Império Bizantino, foram procurar refúgio na Pérsia, 
onde fundaram a Igreja Nestoriana. 
Esta teve notável expansão até a China e a Índia Meridional; 
mas do século XIV em diante foi definhando por causa das incursões 
dos mongóis; em grande parte, os nestorianos voltaram à comunhão 
da Igreja Universal (são hoje os cristãos caldeus e os cristãos de São 
Tomé). Em nossos dias, muitos estudiosos têm procurado reabilitar a 
pessoa e a obra de Nestório, que parece ser autor de uma apologia 
intitulada “Tratado de Heraclides de Damasco”: pode-se crer que 
tenha tido reta intenção, mas certamente sustentou posições 
errôneas por se ter apegado demasiadamente à Escola Antioquena. 
Fonte: Disponível em: <http://www.clerus.org/clerus/dati/2009-01/02-13/
As_Heresias_Cristologicas_e_Trinitarias.html>. Acesso em: 28 ago. 2017.
18
 HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
A outra heresia foi o monofisismo, que defendia, na prática, a existência em 
Cristo de uma só natureza, a divina; o Concílio de Calcedônia em 451 condenou 
o monofisismo e afirmou que em Cristo há duas naturezas, a divina e a humana, 
unidas na pessoa do Verbo. Dos monofisitas derivam as igrejas coptas, siro-
ocidentais, armênias e da Etiópia, separadas da Igreja Católica (FRÖLICH, 1987).
O monofisismo seria a luta contra o nestorianismo, que admitia 
em Jesus duas naturezas e duas pessoas, deu ocasião ao surto 
do extremo oposto, que é o monofisismo ou monofisitismo (“em 
Jesus há uma só natureza e uma só pessoa: a divina”). O primeiro 
arauto desta tese foi Eutiques, arquimandrita de Constantinopla: 
reconhecia que Jesus constava originariamente da natureza divina e 
da humana, mas afirmava que a natureza divina absorveu a humana, 
divinizando-a; após a Encarnação, só se poderia falar de uma 
natureza em Jesus: a divina. 
Esta doutrina tornou-se a heresia mais popular e mais 
poderosa da antiguidade, pois, para os orientais, a divinização 
da humanidade em Cristo era o modelo do que deve acontecer 
com cada cristão. Eutiques foi condenado como herege no Sínodo 
de Constantinopla em 448, sob o patriarca Flaviano. Todavia não 
cedeu e reclamou contra uma pretensa injustiça, pois tencionava 
combater o nestorianismo. Conseguiu assim ganhar os favores da 
corte. Solicitado pelo patriarca Dióscoro de Alexandria, o imperador 
Teodósio II convocou em 449 novo Concílio Ecumênico para Éfeso, 
confiando a presidência do mesmo a Dióscoro, que era partidário 
de Eutiques. Dióscoro, tendo aberto o concílio,negou a presidência 
aos legados papais; não permitiu que fosse lida a Carta do Papa S. 
Leão Magno, que propunha a reta doutrina: as duas naturezas em 
Cristo não se misturam nem confundem, mas cada qual exerce a 
sua atividade própria em comunhão com a outra; assim, Cristo teve 
realmente fome, sede e cansaço, como homem, e pôde ressuscitar 
mortos como Deus. Esse Concílio de Éfeso proclamou a ortodoxia 
de Eutiques; depôs Flaviano, patriarca de Constantinopla, e outros 
bispos contrários à tese monofisita. Todavia os seus decretos foram 
de curta duração. Os bispos de diversas regiões o repudiaram como 
ilegítimo ou, segundo a expressão do Papa São Leão Magno, como 
“latrocínio de Éfeso”; pediam novo concílio, que de fato foi convocado 
após a morte de Teodósio II pela imperatriz Pulquéria (irmã de 
Teodósio) e pelo general Marcião, que em 450 foi feito imperador e 
se casou com Pulquéria. 
19
A Igreja Cristã na Antiguidade Capítulo 1 
O novo concílio, desta vez legítimo, reuniu-se em Caledônia, 
diante de Constantinopla, em 451; foi o mais concorrido da 
Antiguidade, pois dele participaram mais de 600 membros, entre 
os quais três legados papais. A assembleia rejeitou o “latrocínio de 
Éfeso”; depôs Dióscoro e aclamou solenemente a Epístola Dogmática 
do Papa São Leão a Flaviano; esta serviu de base a uma confissão 
de fé, que rejeitava os extremos do nestorianismo e do monofisismo, 
propondo em Cristo uma só pessoa e duas naturezas: “Ensinamos 
e professamos um Único e idêntico Cristo... em duas naturezas, não 
confusas e não transformadas, não divididas, não separadas, pois 
a união das naturezas não suprimiu as diferenças; antes, cada uma 
das naturezas conservou as suas propriedades e se uniu com a outra 
numa Única pessoa e numa Única hipóstase”. 
Assim terminou a fase principal das disputas cristológicas: em 
Cristo não há duas naturezas e duas pessoas, pois isto destruiria a 
realidade da Encarnação e da obra redentora de Cristo; mas também 
não há uma só natureza e uma só pessoa, pois Cristo agiu como 
verdadeiro homem, sujeito à dor e à morte para transfigurar estas 
nossas realidades. Havia, pois, uma só pessoa (um só eu) divina, 
que, além de dispor da natureza divina desde toda a eternidade, 
assumiu a natureza humana no seio de Maria Virgem e viveu na Terra 
agindo ora como Deus, ora como homem, mas sempre e somente 
com o seu eu divino. 
O encerramento do Concílio de Calcedônia não significou 
a extinção do monofisismo. Além da atração que esta doutrina 
exercia sobre os fiéis (especialmente os monges), propondo-lhes 
a humanidade divinizada de Cristo como modelo, motivos políticos 
explicam essa persistência da heresia; com efeito, na Síria e no Egito 
certos cristãos viam no monofisismo a expressão de suas tendências 
nacionalistas, opostas ao helenismo e à dominação bizantina. Por 
isto os monofisitas continuaram a lutar contra o imperador, que havia 
exilado Dióscoro e Eutiques e ameaçado de punição os adeptos 
destes: ocuparam sedes episcopais; inclusive a de Jerusalém (ao 
menos temporariamente). 
No século VII a situação se agravou, pois os muçulmanos 
ocuparam a Palestina, a Síria e o Egito, impedindo a ação de 
Bizâncio em prol da ortodoxia nesses países. Em consequência, os 
monofisitas foram constituindo igrejas nacionais: a armena, a síria, 
a mesopotâmica, a egípcia e a etíope, que subsistem até hoje com 
20
 HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
cerca de 10 milhões de fiéis. No Egito, os monofisitas tomaram o 
nome de coptas, nome que guarda as três consoantes da palavra 
grega Aigyptos (g ou k, p, t ); são os antigos egípcios. Os ortodoxos 
se chamam melquitas (de Melek, imperador), pois guardam a doutrina 
ortodoxa patrocinada pelo imperador em Calcedônia. Há coptas 
que se uniram a Roma em 1742, enquanto os outros permanecem 
monofisitas, mas professam quase o mesmo credo que os católicos. 
Na Abissínia os monofisitas também são chamados coptas, pois 
receberam forte influência do Egito. “Dentre os melquitas, grande 
parte aderiu ao cisma bizantino, separando-se de Roma em 1054; 
certos grupos, porém, estão hoje unidos à Igreja Universal. Na Síria 
e nos países vizinhos, os monofisitas foram chamados jacobitas, 
nome derivado de um dos seus primeiros chefes: Jacó Baradai (= o 
homem da coberta de cavalo, alusão as suas vestes maltrapilhas). 
Jacó, bispo de Edessa (541-578), trabalhou com zelo e êxito para 
consolidar as comunidades monofisitas, às quais deu por cabeça o 
patriarca Sérgio de Antioquia. 
Fonte: Disponível em: <http://www.clerus.org/clerus/dati/2009-01/02-13/
As_Heresias_Cristologicas_e_Trinitarias.html>. Acesso em: 28 ago. 2017.
Pioppi (2012) nos apresenta que nos primeiros séculos da história do 
cristianismo assiste-se a um grande florescimento da literatura cristã, homilética, 
teológica e espiritual: são as obras dos padres da igreja, de grande importância na 
reconstrução da tradição; os mais relevantes foram Santo Ireneu de Leão, Santo 
Hilário de Poitiers, Santo Ambrósio de Milão, São Jerônimo e Santo Agostinho, 
no Ocidente; Santo Atanásio, São Basílio, São Gregório Nacianceno, São 
Gregório de Nissa, São João Crisóstomo, São Cirilo de Alexandria e São Cirilo de 
Jerusalém, no Oriente.
Paulo não foi o único missionário trabalhando fora da Palestina. A história 
nos apresenta que os primeiros agentes da expansão missionária provavelmente 
foram os convertidos do dia de Pentecostes (At: 2:9-11), que levaram o evangelho 
consigo quando voltaram para casa.
Os outros missionários foram aqueles que foram espalhados por toda parte 
na perseguição que se seguiu ao martírio de Estevão (At: 8:4). Estes foram 
pregando na Fenícia, no Chipre e na Antioquia, mas sempre aos helenistas. 
Um dos convertidos de Chipre e de Cirene (Líbia) pregou aos helenos (gregos) 
em Antioquia. 
21
A Igreja Cristã na Antiguidade Capítulo 1 
A EXPANSÃO DO CRISTIANISMO NO IMPÉRIO ROMANO
Expansão no Império Romano Leste: na Fenícia a fé logo cedo 
parece ter sido mais forte do que na própria Palestina. Entretanto é 
provável que aqui, como em quase todo o império, o cristianismo era 
um fenômeno urbano, desenvolvendo-se especialmente nas cidades 
costeiras. Tiro possuía uma igreja muito forte. 
Na Síria se desenvolveram duas comunidades cristãs: a de 
fala grega, que teve seu início em Antioquia e que se expandiu 
nas cidades comerciais de língua grega na Síria. Embora a igreja 
de Antioquia possa ter sido bilíngue desde cedo, a comunidade de 
fala siríaca teve seu núcleo principal ao Leste na cidade de Edessa. 
A força da igreja na Síria pode ser constatada pela presença de 20 
bispos seus no Concílio de Niceia em 325. 
Na Ásia Menor, área de trabalho de pelo menos dois apóstolos, 
Paulo e João, o cristianismo tinha sido adotado mais largamente do 
que qualquer outra região grande do império até o fim do III século. 
Seu crescimento maior parece ter sido nas cidades onde a cultura 
local estava desintegrando-se diante do impacto da cultura que 
chegava, a greco-romana. 
Nas cidades helênicas era menor, e nas cidades onde a 
educação helenista era desconhecida, era quase inexistente. A carta 
de Plínio ao imperador Trajano na segunda década do II século 
atesta a larga expansão do cristianismo nas cidades e até no quadro 
rural de Bitínia.
Expansão no Império Romano Africano: quanto ao Egito, a 
tradição faz de Marcos o missionário que lá plantou o evangelho. 
Sabemos que Apolo era de Alexandria, mas não sabemos se 
converteu-se lá ou se voltou para lá após sua conversão. Até o fim 
do segundo século a igreja já estava forte. Já incluía várias linhas 
teológicas, das quais uma das mais fortes foi o gnosticismo. 
Em Alexandria se desenvolveu muito cedo a famosa Escola 
Catequética em que teve entre seus professores Clemente e 
Orígenes.Já neste período, traduções de porções das Escrituras 
foram feitas em línguas indígenas, dando condições para o 
desenvolvimento da Igreja Copta. 
22
 HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
Na costa do Norte da África o cristianismo se alastrou cedo, 
especialmente nas regiões da Líbia, Tunísia e Algéria. O progresso do 
cristianismo nesta região parece ter sido muito rápido, especialmente 
no século III. É de aqui que surgiu Tertuliano, Cipriano e, mais tarde, 
Agostinho. A igreja parece ter sido mais forte nas cidades e entre a 
população que falava latim.
Expansão no Império Romano Europeu: na Itália, o evangelho 
chegou a Roma antes de Paulo, mas talvez não muito antes da 
agitação que resultou na expulsão dos judeus sob Cláudio (41-54) 
por causa dum certo Chrestus. Cf. At: 18:1-3. Até 250 a igreja em 
Roma cresceu sobremaneira. Uns calculam 30.000 membros; outros 
acham que foram muitos mais. Até meados do século III na Itália 
havia cerca de 100 bispos. 
Com a expansão rápida do cristianismo que ocorreu nas últimas 
décadas daquele século, calcula-se que quase toda a cidade no Centro-
Sul e na Sicília tinham um núcleo de cristãos. A penetração do Norte da 
Itália foi bem mais lenta e veio da Dalmácia e regiões ao Leste. 
A Espanha, embora romanizada antes da África, foi muito mais 
lenta em receber o Evangelho. Cedo, no III século, o cristianismo 
parece firmemente estabelecido no Sul, nas cidades costeiras.
O avanço do cristianismo ao Leste além dos limites do 
Império Romano: a tradição indica que Tomé foi aos Partos e à 
Índia; Mateus à Etiópia; Bartolomeu à Índia e André aos Citos. 
Edessa estava localizada nas grandes rotas comerciais que 
corriam entre as montanhas da Armênia, ao Norte, e os desertos da 
Síria, ao Sul. Até o fim do II século estava fora do Império Romano 
e dentro da esfera da influência dos Partos. A sucessão de bispos 
remonta a fins do II século. Embora centro de cultura grega, o 
cristianismo de Edessa era siríaco. 
No início do III século, poucas cidades continham mais crentes que 
Edessa. Até o fim do século parece que ela estava predominantemente 
cristã. Edessa parece ter sido o ponto donde o evangelho penetrou 
mais na Mesopotâmia e até aos limites da Pérsia. 
As antigas religiões da Babilônia e da Assíria estavam em 
desintegração e não ofereceram muita oposição ao cristianismo. A 
oposição surgiu principalmente do zoroastrismo, que mais tarde se 
23
A Igreja Cristã na Antiguidade Capítulo 1 
tornou a religião do estado persa (meados do III século). Os primeiros 
convertidos aparecem cerca de 100 a.D. Até o fim do primeiro quartel 
do III século havia mais de 20 dioceses na Mesopotâmia.
No Leste, o cristianismo não só não teve os mesmos êxitos 
que conseguiu no império, como também eventualmente quase 
desapareceu. Isto possivelmente se deva a três razões: a política 
religiosa dos Sassanidas (dinastia persa) que favoreceu o 
zoroastrismo; a forte hierarquia deste com o apoio da monarquia 
levantou uma forte resistência ao cristianismo. Também o próprio 
êxito do cristianismo no império, após sua adoção por Constantino, o 
tornou a religião do inimigo principal dos persas; e por último, a forma 
herética com que o cristianismo foi pregado.
Fonte: FRÖLICH, Roland. Curso básico de história da 
Igreja. 4. ed. São Paulo: Paulus, 1987.
O Cristianismo Primitivo
A denominação ‘cristianismo primitivo’ compreende o período que 
se estende da morte de Jesus em 33 a.D. até a chamada “conversão 
de Constantino” (306-337), ocorrida ao que parece no ano de 337 
d.C. Este período pode ser dividido em três fases: a) a primeira fase 
está situada entre a época da vida de Jesus até o ano 100, data em 
que a maioria dos contemporâneos de Jesus já havia falecido; b) 
a segunda fase vai do ano 100 ao ano de 250, no momento em que 
o cristianismo se propagava fora da Palestina, principalmente nas 
províncias romanas mais antigas (Síria, Ásia Menor, Egito e, é claro, 
pela Itália, especialmente em Roma), sem, no entanto, constituir uma 
religião universal; e c) o terceiro momento abrange a época em que 
o cristianismo foi mais intensamente perseguido pelo estado romano 
(entre 250 e 311) até sua aceitação como religião do estado imperial 
romano a partir de 391 (FRÖLICH, 1987). 
A primeira fase é marcada por uma série de disputas doutrinais, a começar 
pelos apóstolos companheiros de Jesus (em especial, Paulo e Pedro); disputas 
essas menos em razão da condução das comunidades do que em razão da linha 
de interpretação da ‘palavra’ adotada; tratava-se, pois, de responder às questões 
fundamentais, tais como as contribuições do judaísmo ao advento do cristianismo 
A denominação 
‘cristianismo 
primitivo’ 
compreende o 
período que se 
estende da morte 
de Jesus em 33 
a.D. até a chamada 
“conversão de 
Constantino” (306-
337), ocorrida ao 
que parece no ano 
de 337 d.C.
24
 HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
e a subsequente transmissão da ‘boa nova’ para fora das fronteiras do mundo 
judeu. Ainda nessa época, a comunidade primitiva cristã entra em conflito direto 
com a autoridade judaica hierosolimita, e grande parte dos judeus passou a se 
distanciar do cristianismo, recusando-o e acusando-o de ser uma seita.
Na segunda fase, as diferentes comunidades passam a estabelecer normas 
gerais, buscando um entendimento comum sobre as normas e os direitos das 
mesmas; aparece com mais firmeza o credo em uma ‘Lei’ universal que deve 
ser observada em todo o cosmos, e em um Deus que representa o princípio 
da justiça e do amor para todos os homens; além disso, as comunidades então 
estabelecidas passaram a praticar o ideal do “amor ao próximo”. 
Não obstante, as disputas do primeiro período causaram as primeiras crises 
internas, produzindo movimentos intelectuais considerados divergentes da doutrina 
oficial (Gnosticismo, Marcionismo e Montanismo) e compelindo os seguidores 
cristãos ao reconhecimento e acolhimento em nível institucional de uma única nova 
fé (regula fidei). No bojo dessas transformações, a igreja constituiu sua hierarquia, 
baseada em especial na sucessão episcopal (PIOPPI, 2012).
Na terceira fase, principalmente a partir do século IV, o cânon dos escritos 
cristãos é mais firmemente estabelecido, isto é, desde então dá-se especial relevo 
às questões sobre quais escritos deveriam fazer ou não parte do corpus bíblico, 
quais seriam ou não considerados heréticos, como se constituiria o culto e quais 
seriam seus verdadeiros crentes.
Além dessas divisões no tempo e no modo de agir, o cristianismo primitivo 
deve ser também distintamente considerado do ponto de vista geopolítico, isto é, 
devemos levar em conta a formação de duas comunidades diferentes em relação 
ao poder central romano: a primeira com seu berço na Palestina e posteriormente 
na Síria e no Egito, e a segunda em sua igreja em Roma. 
Ao que consta, a comunidade primitiva cristã em Roma parece ter nascido 
sob o signo da perseguição e da oposição ao império, enquanto na Palestina 
tratava-se de uma luta fundamentalmente entre cristãos e judeus. Essa divisão 
marcou profundamente toda a trajetória da igreja nos primeiros tempos, norteando 
sua composição política, social e cultural, dividida entre o mundo greco-romano e 
a herança vétero-testamentária judaica (PIOPPI, 2012).
25
A Igreja Cristã na Antiguidade Capítulo 1 
Um Período Sombrio: as Perseguições
O último período do primeiro século, que vai do ano 60 ao 100 d.C., 
denominamos de “Período Sombrio", em razão das perseguições que ocorriam 
sobre a Igreja Cristã.
O cristianismo considerava todos os homens iguais. Não havia distinção 
entre seus membros, nem em suas reuniões, por isso foram considerados como 
"niveladores da sociedade", portanto anarquistas, perturbadoresda ordem social. O 
paganismo, em suas práticas, aceitava as novas formas e objetos de adoração que 
iam surgindo, enquanto o cristianismo rejeitava qualquer forma ou objeto de adoração.
As reuniões secretas dos cristãos despertaram suspeitas de praticarem atos 
imorais e criminosos, durante a celebração da Santa Ceia, eram vetada a entrada dos 
estranhos, a adoração aos ídolos estava entrelaçada com todos os aspectos da vida.
Nero chegou ao poder em 54, todos os que se opunham a sua vontade, ou 
morriam ou recebiam ordens de se suicidar. Assim estavam as coisas quando em 
64 a.D. aconteceu o incêndio em Roma. 
Diz-se que foi Nero quem ateou fogo à cidade, contudo essa acusação ainda 
é discutível. Entretanto, a opinião pública responsabilizou Nero por esse crime. A 
fim de escapar dessa responsabilidade, Nero apontou os cristãos como culpados 
do incêndio de Roma, e moveu contra eles tremenda perseguição. 
O fogo durou seis dias e sete noites e depois voltou a se acender em diversos 
lugares por mais três dias. Milhares de cristãos foram torturados e mortos, muitos 
serviram de iluminação para a cidade, amarrados em postes e sendo-lhes ateado 
fogo, muitos foram vestidos com peles de animais e jogados para os cães. 
Nesta época morreram: Pedro, que foi crucificado em 67; Paulo, que foi 
decapitado em 68, e Tiago, que foi apedrejado depois de ser jogado do alto do 
templo. Além de serem torturados e mortos, serviram de diversão para o povo, 
promovendo a velha política da Antiguidade, “pão e circo”.
26
 HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
No ano 81, Domiciano sucedeu ao imperador Tito, que invadira e destruíra 
Jerusalém no ano 70. Com a destruição de Jerusalém, Domiciano ordenou que 
todos os judeus deviam enviar a Roma as ofertas anuais, que eram enviadas a 
Jerusalém; estes, por sua vez, não obedeceram, o que desencadeou a segunda 
perseguição, não somente aos judeus, mas também aos cristãos.
Durante esses dias, milhares de cristãos foram mortos, especialmente em 
Roma e em toda a Itália. Nesta época, o apóstolo João, que vivia em Éfeso, foi 
preso e exilado na ilha de Patmos, foi quando recebeu a revelação do Apocalipse.
No início do segundo século, os cristãos já estavam radicados em quase todas 
as nações, e alguns creem que a comunidade cristã se estendia até a Espanha e 
Inglaterra. O número de membros da comunidade cristã subia a muitos milhões. 
A famosa Carta de Plínio (governador da Bitínia – hoje Turquia) ao imperador 
Trajano declara que os templos dos deuses estavam quase abandonados, 
enquanto os cristãos em toda parte formavam uma multidão, e pertenciam a todas 
as classes, desde a dos nobres até a dos escravos (PIOPPI, 2012). 
Figura 2 – Perseguições aos cristãos: crucificações, 
apedrejamentos, enforcamentos
Fonte: Disponível em: <https://pastormarcelosantos.wordpress.com/2011/08/09/
as-perseguicoes-ao-cristianismo-primitivo/>. Acesso em: 24 nov. 2017.
O fato de maior destaque na História da Igreja neste período foram, 
sem dúvida, as perseguições realizadas pelos imperadores romanos. Estas 
perseguições duraram até o ano 313 d. C., quando Constantino, o primeiro 
imperador romano "cristão", fez cessar todos os propósitos de destruir a igreja 
(PIOPPI, 2012). Os principais mártires desse Período Sombrio são:
27
A Igreja Cristã na Antiguidade Capítulo 1 
• Inácio: provável discípulo de João, bispo em Antioquia, foi condenado 
no ano 107 d.C. por não adorar a outros deuses. Foi morto como mártir, 
lançado para as feras no anfiteatro romano, no ano 108 ou 110, enquanto 
o povo festejava. Ele estava disposto a ser martirizado, pois durante a 
viagem para Roma escreveu cartas às igrejas manifestando o desejo de 
não perder a honra de morrer por seu Senhor. 
• Policarpo: bispo em Esmirna, na Ásia Menor, morreu no ano 155. Ao ser 
levado perante o governador, e instado para abandonar a fé e negar o 
nome de Jesus, assim respondeu: "Oitenta e seis anos o servi, e somente 
bens recebi durante todo o tempo, como poderia eu agora negar ao meu 
Salvador?” Policarpo foi queimado vivo. 
• Justino Mártir: era um dos homens mais competentes de seu tempo, 
e um dos principais defensores da fé. Seus livros, que ainda existem, 
oferecem valiosas informações acerca da vida da igreja nos meados do 
segundo século. Seu martírio deu-se em Roma, no ano 166.
Entretanto, esse período de perseguições, denominado de sombrio, trouxe 
outros efeitos para a Igreja Cristã, que foram por sinal extremamente positivos e 
relevantes para a sua estrutura interna:
• As perseguições produziram uma igreja pura, pois conservava afastados 
todos aqueles que não eram sinceros em sua confissão de fé.
• A igreja multiplicava-se. Apesar das perseguições ou talvez por causa 
delas, a igreja crescia com rapidez assombrosa.
• Os escritos do Novo Testamento foram terminados, embora a formação 
do Novo Testamento com os livros que o compõem, como cânon, não 
foi imediata. Algumas igrejas aceitavam somente alguns livros como 
inspirados, e outras igrejas, livros diferentes.
• O crescimento e a expansão da igreja foram consequência da 
organização e da disciplina. A perseguição aproximou as igrejas e 
exerceu influência para que elas se unissem e se organizassem.
• O desenvolvimento da doutrina. Na era apostólica a fé era do coração, 
uma entrega pessoal à vontade de Cristo. Entretanto, no período que 
agora focalizamos, a fé gradativamente passara a ser mental, era uma 
fé do intelecto, fé que acreditava em um sistema rigoroso e inflexível de 
doutrinas.
Nesta época surgiram três escolas teológicas. Uma em Alexandria, outra 
na Ásia Menor e outra na África. Os maiores vultos da história do cristianismo 
passaram por essas escolas: Orígenes, Tertulianao e Cipriano (PIOPPI, 2012). 
28
 HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
Os Concílios
Antes de adentrarmos nos concílios da Igreja Cristã da Antiguidade 
propriamente, entendemos que se faz necessária uma rápida conceituação do 
que vem a ser um concílio em primeiro momento, bem com apresentar quantos 
concílios tivemos ao longo da história da Igreja Cristã. 
Um Concílio Geral consiste numa reunião formal de representantes 
da igreja, junto ao papa, para tomar decisões dogmáticas e pastorais 
que possam ajudar no crescimento da igreja, na eliminação dos erros e 
na difusão das verdades da fé. 
Ao longo de dois mil anos de existência, a Igreja Cristã reconhece 
21 Concílios Gerais e ainda acrescenta o chamado “Concílio de 
Jerusalém”, reunião narrada nos Atos dos Apóstolos (At 15,1-40), como 
parte da tradição da igreja e dos seus ensinamentos.
Pedagogicamente, podemos dividir esses 21 Concílios Gerais da igreja 
em quatro períodos. Os concílios ficaram conhecidos pelos nomes das cidades 
onde o papa, bispos e outros representantes da igreja se reuniam para discutir os 
assuntos de fé e doutrina (ALBERIGO, 1997). 
Um Concílio Geral 
consiste numa 
reunião formal de 
representantes 
da igreja, junto 
ao papa, para 
tomar decisões 
dogmáticas e 
pastorais.
OS PRINCIPAIS CONCÍLIOS
Concílios do Primeiro Milênio: 
• Niceia I (325)
• Constantinopla I (381)
• Éfeso (431)
• Calcedônia (451)
• Constantinopla II (553)
• Constantinopla III (680-681)
• Niceia II (787)
• Constantinopla IV (869-870
Concílios Medievais: 
• Latrão I (1123)
• Latrão II (1139)
• Latrão III (1179)
• Latrão IV (1215)
29
A Igreja Cristã na Antiguidade Capítulo 1 
• Lyon I (1245)
• Lyon II (1274)
• Vienne (1311-1312)
Concílios da Reforma: 
• Constança (1414-1418)
• Basileia-Ferrara-Florença-Roma (1431-1445)
• Latrão V (1512-1517)
• Trento (1545-1548/1551-1552/1562-1563)
Concílios da Idade Moderna:
• Vaticano I (1869-1870)
• Vaticano II (1962-1965)
Fonte: Disponível em: <http://www.a12.com/redacaoa12/igreja/historia-dos-concilios-gerais-da-igreja>. Acesso em: 24 nov. 2017.
Na sequência, vamos apresentar os três maiores concílios que ocorreram na 
Igreja Cristã durante a Antiguidade. 
O Concílio de Niceia I
Considerado como o primeiro dos três concílios fundadores da Igreja 
Católica, o Concílio de Niceia I foi a primeira conferência de bispos ecumênica da 
Igreja cristã, foi realizado de 20 de maio de 325 a 19 de junho de 325, em Niceia 
(hoje İznik), cidade da Anatólia (hoje parte da Turquia).
Foi convocado pelo imperador Constantino e abordou questões levantadas 
sobre a natureza ariana de Jesus Cristo: se uma pessoa com duas naturezas 
(humana e divina), como zelava até então a ortodoxia, ou uma pessoa com 
apenas a natureza humana (ALBERIGO, 1997).
30
 HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
Figura 3 – Ícone retratando o Concílio de Niceia I
Fonte: Disponível em: <https://www.google.com.br/
search?q=Ícone+retratando+o+Primeiro+Concílio+de+Nicéia>. 
Acesso em: 24 nov. 2017.
O Concílio de Niceia I reuniu 318 bispos por um período de dois meses para 
resolver as diferenças entre Alexandre e Ário. Bispos de todas as províncias 
foram chamados ao primeiro concílio ecumênico em Niceia: um lugar facilmente 
acessível à maioria dos bispos, especialmente aos da Ásia, Síria, Palestina, Egito, 
Grécia, Trácia e Egrisi.
A religião cristã nesses tempos era majoritária unicamente no Oriente. No 
Ocidente era ainda minoritária. Portanto, os bispos orientais estavam em maioria; 
na primeira linha de influência hierárquica estavam três arcebispos: Alexandre de 
Alexandria, Eustáquio de Antioquia, e Macário de Jerusalém, bem como Eusébio 
de Nicomédia e Eusébio de Cesareia. Entre os bispos encontravam-se Stratofilus, 
bispo de Pitiunt (Bichvinta, reino de Egrisi). O Ocidente enviou não mais de cinco 
representantes na proporção relativa das províncias: Marcus de Calábria de Itália, 
Cecilian de Cartago de África, Osio de Córdoba (Espanha), Nicasius de Dijon, na 
França, e Domnus de Stridon da província do Danúbio.
O papa em exercício na época, Silvestre I, não compareceu ao concílio. A 
causa de seu não comparecimento é motivo de discussões: uns falam que recusou 
o convite do imperador esperando que sua ausência representasse um protesto 
contra a convocação do sínodo pelo imperador; outros dizem que Silvestre já 
era ancião e estava impossibilitado, portanto, de comparecer. Silvestre já fora 
informado da condenação de Ário ocorrida no Sínodo de Alexandria (320 a 321) e 
para o Concílio de Niceia enviou dois representantes, Vito e Vicente (presbíteros 
romanos) (ALBERIGO, 1997). Os pontos discutidos no sínodo eram: 
31
A Igreja Cristã na Antiguidade Capítulo 1 
• A celebração da Páscoa; 
• A questão ariana;
• O cisma de Milécio;
• O batismo de heréticos; 
• O estatuto dos prisioneiros na perseguição de Licínio;
• Estabelecimento da ordem de dignidade dos Patriarcados: Roma, 
Alexandria, Antioquia, Jerusalém.
Foi no Concílio de Niceia I que se decidiu então resolver a questão, 
estabelecendo que a Páscoa dos cristãos seria sempre celebrada no 
domingo seguinte ao plenilúnio após o equinócio da primavera. Apesar 
de todo esse esforço, as diferenças de calendário entre Ocidente e 
Oriente fizeram com que esta vontade de festejar a Páscoa em toda a 
parte no mesmo dia continuasse até os dias de hoje.
Segundo Ário, presbítero de Alexandria, somente Deus Pai seria eterno 
não gerado. O Logos, o Cristo preexistente, seria mera criatura. Criado a partir 
do nada, nem sempre existiria. O Cristo existiria num tempo anterior a nossa 
existência temporal, mas não era eterno. 
Por outro lado, estavam Alexandre e o jovem Atanásio, que afirmava que 
o Logos era eterno e era o próprio Deus que apareceu em Jesus. Deus é Pai 
apenas porque é o Pai do Filho. Assim o Filho não teria tido começo e o Pai 
estaria com o Filho eternamente. Portanto, o Filho seria o filho eterno do Pai, e o 
Pai, o Pai eterno do Filho. 
A cristologia de Ário foi rejeitada pelo Concílio de Niceia, afirmando que a 
igreja acreditava em: "um só Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus; gerado do Pai, 
unigênito da essência do Pai, Deus de Deus, Luz de Luz, verdadeiro Deus de 
verdadeiro Deus, gerado não criado consubstancial com o Pai, por quem todas 
as coisas foram feitas no céu e na terra; o qual, por nós homens e pela nossa 
salvação desceu do céu e encarnou e foi feito homem", "todos os que dizem que 
houve um tempo em que ele não existiu, ou que não existiu antes de ser feito, e 
que foi feito do nada ou de alguma outra substância ou coisa, ou que o Filho de 
Deus é criado ou mutável, ou alterável, são condenados pela Igreja Católica".
A páscoa dos 
cristãos seria 
sempre celebrada 
no domingo seguinte 
ao plenilúnio após 
o equinócio da 
primavera.
32
 HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
OS CÂNONES DO CONCÍLIO DE NICEIA
O Concílio de Niceia I estabeleceu 20 cânones, os quais darão 
sequência ao Credo:
• Cânon I - Eunucos podem ser recebidos entre os clérigos, 
mas não serão aceitos aqueles que se castram.
• Cânon II - Referente a não promoção imediata ao presbiterato 
daqueles que provieram do paganismo.
• Cânon III - Nenhum deles deverá ter uma mulher em sua 
causa, exceto sua mãe, irmã e pessoas totalmente acima de 
suspeita.
• Cânon IV - Relativo à escolha dos bispos.
• Cânon V - Relativo à excomunhão.
• Cânon VI – Relativo aos patriarcas e sua jurisdição.
• Cânon VII - O bispo de Jerusalém seja honorificado, 
preservando-se intactos os direitos da Metrópole.
• Cânon VIII - Refere-se aos novacianos.
• Cânon IX - Quem quer que for ordenado sem exame deverá 
ser deposto, se depois vier a ser descoberto que foi culpado 
de crime.
• Cânon X - Alguém que apostatou deve ser deposto, tivessem 
ou não consciência de sua culpa os que o ordenaram.
• Cânon XI – Penitência que deve ser imposta aos apóstatas 
na perseguição de Licínio.
• Cânon XII - Penitência que deve ser feita àqueles que 
apoiaram Licínio na sua guerra contra os cristãos.
• Cânon XIII - Indulgência que deve ser dada aos moribundos.
• Cânon XIV – Penitência que deve ser imposta aos 
catecúmenos que caíram em apostasia.
• Cânon XV - Bispos, presbíteros e diáconos não se transferirão 
de cidade para cidade, mas deverão ser reconduzidos, se 
tentarem fazê-lo, para a igreja para a qual foram ordenados.
• Cânon XVI - Os presbíteros ou diáconos que desertarem de 
sua própria igreja não devem ser admitidos em outra, mas 
devem ser devolvidos a sua própria diocese. A ordenação deve 
ser cancelada se algum bispo ordenar alguém que pertence à 
outra igreja, sem consentimento do bispo dessa igreja.
• Cânon XVII - Se alguém do clero praticar usura deve ser 
excluído e deposto.
33
A Igreja Cristã na Antiguidade Capítulo 1 
• Cânon XVIII - Os diáconos devem permanecer dentro de 
suas atribuições. Não devem administrar a Eucaristia a 
presbíteros, nem tomá-la antes deles, nem sentar-se entre 
os presbíteros, pois que tudo isso é contrário ao cânon e à 
correta ordem.
• Cânon XIX – As regras a se seguir a respeito dos partidários 
de Paulo de Samósata que desejam retornar à igreja.
• Cânon XX - Nos dias do Senhor [refere-se aos domingos] e 
de Pentecostes, todos devem rezar de pé e não ajoelhados.
Fonte: Disponível em: <http://www.ibconcordia.org/documentos/220413-Primeiro%20
Conc%C3%ADlio%20de%20Nic%C3%A9ia.pdf>. Acesso em: 24 nov. 2017.
O Concílio de Constantinopla I
O Concílio de Constantinopla I ocorreu de maio a junho de 381 depois de 
Cristo, durante o pontificado do Papa Dâmaso I (366-384), naquela época era 
imperador Teodósio Magno.
O Segundo Concílio Ecumênico condenou o falso ensino dos 
denominados pneumatômacos (“adversários do espírito”), cujo 
principal representante foi Macedônio, arcebispode Constantinopla. 
Este considerava o Espírito Santo como um servo de Deus e cumpridor 
de Sua vontade, em algo próximo de como se considera os anjos. Daí 
que esta heresia não reconhecia o Espírito Santo como uma hipóstase 
(pessoa) da Santíssima Trindade. A Santa Igreja exerceu posição firme 
para proteger a pureza da doutrina e fé ortodoxa, estabelecendo as 
verdades básicas da doutrina cristã preservadas no Credo, que é um 
guia constante para todos os cristãos ortodoxos em sua vida espiritual.
A doutrina da divindade do Espírito Santo e a condenação de Macedônio, 
patriarca que era contra essa doutrina: “Cremos no Espírito Santo, Senhor e fonte 
de vida, que procede do Pai, que é adorado e glorificado com o Pai e o Filho e 
que falou pelos profetas”. “Com o Pai e o Filho ele recebe a mesma adoração e a 
mesma glória”.
A sede de Constantinopla, ou Bizâncio “segunda Roma”, recebeu uma 
preeminência sobre as sedes de Jerusalém, Alexandria e Antioquia. Desses 
dois concílios anteriores surge o símbolo (Creio – Profissão de Fé) niceno-
Este considerava o 
Espírito Santo como 
um servo de Deus 
e cumpridor de sua 
vontade, em algo 
próximo de como se 
considera os anjos. 
Daí que esta heresia 
não reconhecia, 
hipóstase.
34
 HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
constantinopolitano. O símbolo denominado niceno-constantinopolitano tem sua 
grande autoridade no fato de ter resultado dos dois primeiros concílios ecumênicos 
(325 e 381). Ainda hoje ele é comum a todas as grandes igrejas do Oriente e do 
Ocidente (CIC§ 195) (ALBERIGO, 1997).
O Credo Niceno-Constantinopolitano ou Símbolo Niceno-
Constantinopolitano é uma declaração de fé cristã que é aceita pela 
Igreja Católica e pela Igreja Ortodoxa. O nome está relacionado com o 
Primeiro Concílio de Niceia (325), no qual foi adotado, e com o Primeiro 
Concílio de Constantinopla (381), onde foi aceita uma versão revista. 
Por esse motivo, ele pode ser referido especificamente como o Credo 
Niceno-Constantinopolitano para o distinguir tanto da versão de 325 
como de versões posteriores que incluem a cláusula filioque. 
Houve vários outros credos elaborados em reação a doutrinas que 
apareceram posteriormente como heresias, mas este, na sua revisão de 381, 
foi o último em que as comunhões católica e ortodoxa conseguiram concordar 
em todos os pontos. O Credo está dividido em 12 partes, das quais sete foram 
formuladas no Primeiro Concílio Ecumênico, e as outras cinco no Segundo.
O Credo Niceno-
Constantinopolitano 
ou Símbolo Niceno-
Constantinopolitano 
é uma declaração 
de fé cristã que é 
aceita pela Igreja 
Católica e pela 
Igreja Ortodoxa.
CREDO
Creio em um só Deus, Pai todo-poderoso,
Criador do céu e da terra,
de todas as coisas visíveis e invisíveis.
Creio em um só Senhor, Jesus Cristo,
Filho Unigênito de Deus,
nascido do Pai antes de todos os séculos:
Deus de Deus, luz da luz,
Deus verdadeiro de Deus verdadeiro,
gerado não criado,
consubstancial ao Pai.
Por Ele todas as coisas foram feitas.
E, por nós, homens, e para a nossa salvação,
desceu dos céus:
e encarnou pelo Espírito Santo,
no seio da Virgem Maria,
e se fez homem.
Também por nós foi crucificado
sob Pôncio Pilatos;
35
A Igreja Cristã na Antiguidade Capítulo 1 
padeceu e foi sepultado.
Ressuscitou ao terceiro dia,
conforme as escrituras;
E subiu aos céus,
onde está sentado à direita do Pai.
E de novo há de vir, em sua glória,
para julgar os vivos e os mortos;
e o seu reino não terá fim.
Creio no Espírito Santo,
Senhor que dá a vida,
e procede do Pai;
e com o Pai e o Filho
é adorado e glorificado:
Ele que falou pelos profetas.
Creio na Igreja una, santa,
católica e apostólica.
Professo um só batismo
para remissão dos pecados.
Espero a ressurreição dos mortos;
E a vida do mundo que há de vir.
Amém.
Fonte: Disponível em: <http://www.catolicoorante.com.br/
oracao.php?id=16>. Acesso em: 24 nov. 2017.
O Concílio de Calcedônia
O Concílio de Calcedônia inicia em 8 de outubro de 451 e termina em 1º de 
novembro de 451, durante o pontificado do Papa Leão I, no império de Marciano.
36
 HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
Figura 4 – El Concilio de Calcedonia
Fonte: Disponível em: <https://es.slideshare.net/RebecaReynaud/22-
conc-calcedonia-monofisismo-san-len>. Acesso em: 24 nov. 2017.
O presente Concílio reafirma a cristologia do concílio anterior: 
Um só e mesmo Cristo, Senhor, Filho Único que devemos reconhecer 
em duas naturezas, sem confusão, sem mudanças, sem divisão, 
sem separação. A diferença das naturezas não é de modo algum 
suprimida pela sua união, mas antes as propriedades de cada uma são 
salvaguardadas e reunidas em uma só pessoa (uma só hipóstase). 
Definiu a cristologia afirmando que Jesus Cristo era: "perfeito em 
divindade e perfeito em humanidade, verdadeiro Deus e verdadeiro 
homem, de alma racional e corpo, da mesma substância com o Pai 
segundo a divindade; e da mesma substância conosco segundo a 
humanidade, semelhante a nós em todos os aspectos, sem pecado, 
gerado do Pai antes de todos os tempos segundo a divindade".
Em suma, reafirma a cristologia do concílio anterior: “na linha 
dos santos padres, ensinamos unanimemente a confessar um só 
e mesmo Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, o mesmo perfeito em 
divindade e perfeito em humanidade, o mesmo verdadeiramente Deus 
e verdadeiramente homem, composto de uma alma racional e de um 
corpo, consubstancial ao Pai, segundo a divindade, consubstancial a 
nós segundo a humanidade, ‘semelhante a nós em tudo com exceção do pecado’ 
(Hb 4,15); gerado do Pai antes de todos os séculos segundo a divindade, e nesses 
últimos dias, para nós e para nossa salvação, nascido da Virgem Maria, Mãe de 
Deus, segundo a humanidade”. 
Definiu a cristologia 
afirmando que 
Jesus Cristo 
era: “perfeito em 
divindade e perfeito 
em humanidade, 
verdadeiro Deus e 
verdadeiro homem, 
de alma racional e 
corpo, da mesma 
substância com 
o Pai segundo a 
divindade; e da 
mesma substância 
conosco segundo 
a humanidade, 
semelhante a 
nós em todos os 
aspectos, sem 
pecado, gerado do 
Pai antes de todos 
os tempos segundo 
a divindade”.
37
A Igreja Cristã na Antiguidade Capítulo 1 
Entretanto, a questão do relacionamento entre o Filho e o Pai resolvida em 
Niceia gerou novos questionamentos, agora em torno do relacionamento entre as 
naturezas humana e divina de Cristo. Em geral, os teólogos ligados a Alexandria 
salientaram a divindade de Cristo, enquanto que os relacionados a Antioquia, a 
sua humanidade, às expensas de sua deidade (ALBERIGO, 1997).
A controvérsia se iniciou no ensino de Paulo de Samósata, bispo de Antioquia. 
Este ensinava o que se chama de adocionismo ou monarquismo dinâmico. Jesus 
era um homem "energizado" pelo Espírito no batismo e assim exaltado à dignidade 
divina. Apolinário de Laodiceia foi o primeiro a negar formalmente que Jesus teve 
uma alma racional. No seu lugar estava o divino Logos. 
O presente concílio também propôs a condenação da simonia, dos 
casamentos mistos e das ordenações absolutas (realizadas sem que o 
novo clérigo tivesse determinada função pastoral) (ALBERIGO, 1997).
Também propôs 
a condenação 
da simonia, dos 
casamentos mistos 
e das ordenações 
absolutas.
Os Demais Concílios da Igreja Cristã 
na Antiguidade
Segue um quadro com informações mais resumidas sobre os demais 
concílios realizados no primeiro milênio:
Quadro 1 – Resumo sobre os demais concílios realizados no primeiro milênio
CONCÍLIO DECISÕES PRINCIPAIS
CONCÍLIO DE ÉFESO
Data: 22/06 a 17/07 de 431 
Papa: Celestino I (422-
432) 
Imperador: Teodósio, O 
Jovem
- Cristo é uma só Pessoa e duas naturezas; 
- Definição do dogma da maternidade divinade Maria, contra 
Nestório, patriarca de Constantinopla, que foi deposto. 
- Maria é THEOTOKOS, “Mãe de Deus, não porque o Verbo de Deus 
tirou dela a sua natureza divina, mas porque é dela que Ele tem o 
corpo sagrado dotado de uma alma racional, unido ao qual, na sua 
pessoa, se diz que o Verbo nasceu segundo a carne”. 
- Condenou o pelagianismo, que negava os efeitos do pecado origi-
nal.
CONCÍLIO DE CONSTAN-
TINOPLA II 
Data: 05/05 a 02/07 de 553 
Papa: Virgílio (537-555) 
Imperador: Justiniano
- Condenação dos nestorianos (Teodoro de Mopsuéstia, Teodoro 
de Ciro e Ibas de Edessa). “Não há senão uma única hipóstase 
[ou pessoa], que é Nosso Senhor Jesus Cristo, Um na Trindade... 
Aquele que foi crucificado na carne, Nosso Senhor Jesus Cristo é 
verdadeiro Deus, Senhor da glória e Um na Santíssima Trindade”. 
“Toda a economia divina é obra comum das três pessoas divinas. 
Pois da mesma forma que a Trindade não tem senão uma única e 
mesma natureza, assim também não tem senão uma única e mesma 
operação”. “Um Deus e Pai do qual são todas as coisas, um Senhor 
Jesus Cristo para quem são todas as coisas, um Espírito Santo em 
quem são todas as coisas”.
38
 HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
CONCÍLIO DE CONSTAN-
TINOPLA III
 
Data: 07/11 de 680 a 16/09 
de 681 
Papa: Ágato (678-681) e 
Leão II (662-663) 
Imperador: Constantino 
Pogonato
- Condenação do monotelitismo, heresia defendida pelo patriarca 
Sérgio de Constantinopla, que ensinava haver só a vontade divina 
em Cristo. 
- Este concílio ensinou que Cristo possui duas vontades e duas op-
erações naturais, divina e humana, não opostas, mas cooperantes, 
de sorte que o verbo feito carne quis humanamente, na obediência a 
seu Pai, tudo o que decidiu divinamente com o Pai e o Espírito San-
to, para a nossa salvação. 
- A vontade humana de Cristo “segue a vontade divina, sem estar 
em resistência nem em oposição em relação a ela, mas antes sendo 
subordinada a esta vontade todo-poderosa”.
CONCÍLIO DE NICEIA II
 
Data: 24/09 a 23/10 de 787 
Papa: Adriano I (772-795) 
Imperador: Constantino 
VI (Regente: imperatriz 
Irene)
- Contra os iconoclastas (destruidores de imagens): há sentido e li-
ceidade na veneração de imagens. “Para proferir sucintamente nossa 
profissão de fé, conservamos todas as tradições da igreja, escritas 
ou não escritas, que nos têm sido transmitidas sem alteração. Uma 
delas é a representação pictórica das imagens (ícones), que concor-
da com a pregação da história evangélica, crendo que, de verdade, e 
não na aparência, o Verbo de Deus se fez homem, o que é também 
útil e proveitoso, pois as coisas que se iluminam mutuamente têm 
sem dúvida um significado recíproco”. 
- Contra os iconoclastas (destruidores de imagens): há sentido e 
liceidade na veneração de imagens. “Nós definimos com todo o rigor 
e cuidado que, à semelhança da representação da cruz preciosa 
e vivificante, assim, as venerandas e sagradas imagens pintadas, 
quer em mosaico, quer em qualquer outro material adaptado, devem 
ser expostas nas santas igrejas de Deus, nas alfaias sagradas, nos 
parâmentos sagrados, nas paredes e mesas, nas casas e nas ruas; 
sejam elas as imagens do Senhor Deus, dos santos anjos, de todos 
os santos e justos”. Latria (adoração) Dulia (veneração).
CONCÍLIO DE CONSTAN-
TINOPLA IV 
Data: 05/10 de 869 a 28/02 
de 870 
Papa: Adriano II (867-872) 
Imperador: Basílio de 
Macedônia
- Excomunhão do patriarca de Constantinopla (Fócio), que foi conde-
nado.
 - O culto das imagens foi confirmado.
Fonte: Disponível em: <http://www.iscal.com.br/iscal/upload/
curso_capelania/parte-1.pdf>. Acesso em: 24 nov. 2017.
39
A Igreja Cristã na Antiguidade Capítulo 1 
A Queda do Império Romano
A partir do século III d.C., uma profunda crise se abateu sobre o Império 
Romano, levando-o ao enfraquecimento. O comércio enfraqueceu, a falta de 
moedas em circulação fez com que o comércio se tornasse difícil devido às 
diferenças econômicas entre as províncias orientais e ocidentais. 
As dificuldades em proteger e administrar o vastíssimo império, as crescentes 
revoltas populares, a falta de escravos nesse período e o fim das conquistas 
impossibilitavam o acúmulo de riquezas, levando Roma a uma situação 
insustentável. Diante desse quadro, houve uma reforma política e Roma passou a 
ter quatro imperadores por um tempo, formando uma tetrarquia.
O imperador Constantino suspendeu a tetrarquia e reformou o governo, 
assinou o Édito de Milão (permissão para os cristãos professarem sua fé) e 
transferiu a capital do império de Roma para Bizâncio (antiga colônia grega), a 
qual passou a se chamar Constantinopla. 
Alguns anos mais tarde, o Imperador Teodósio aboliu o culto aos antigos 
deuses romanos e tornou o cristianismo a religião oficial de Roma, através do 
Édito de Tessalônica em 380, o que significou o nascimento da Igreja Católica 
Apostólica Romana ou Igreja Romana.
A respeito da fundação de Constantinopla, o imperador 
Constantino compreendeu que a cidade de Roma estava intimamente 
ligada à adoração pagã, cheia de templos e estátuas pagãs. Ele 
desejava uma capital sob os auspícios da nova religião. Na nova 
capital, a igreja era honrada e considerada, não havia templos pagãos. 
Logo depois da fundação da nova capital, deu-se a divisão do império. 
As fronteiras eram tão grandes que um imperador sozinho não podia 
defender seu vastíssimo território. Início da Reforma religiosa.
40
 HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
No ano 395 o império foi definitivamente dividido em dois: Império Romano 
do Ocidente, com sede em Roma, e Império Romano do Oriente com sede em 
Constantinopla (atual Istambul, Turquia), também conhecido como Império 
Bizantino. Roma teria dois imperadores.
Devido à falta de mão de obra escrava e à fragilidade das fronteiras, os 
germânicos, que viviam nas fronteiras do império, ingressaram em terras romanas 
para trabalharem de forma pacífica. Com o passar do tempo e percebendo a 
fragilidade do Império, um grupo de tribos germânicas iniciou um processo de 
conquista do império.
Figura 5 – A divisão do Império Romano em 395
Observa-se que o Império Romano do Oriente permanece, enquanto o do 
Ocidente se transformou em diversos reinos germânicos.
Fonte: Disponível em: <http://historiapublica.blogspot.com.br/2009/05/
divisao-do-imperio-romano.html>. Acesso em: 16 out. 2017.
41
A Igreja Cristã na Antiguidade Capítulo 1 
Sobre o desenvolvimento do poder na Igreja Romana, Roma 
reclamava para si autoridade apostólica. A igreja de Roma era a 
única que declarava poder mencionar o nome de dois apóstolos 
como fundadores, isto é, Pedro e Paulo. A organização da igreja 
de Roma e bem assim seus dirigentes defendiam fortemente estas 
afirmações. Neste ponto há um contraste notável entre Roma e 
Constantinopla. Roma havia feito os imperadores, ao passo que os 
imperadores fizeram Constantinopla. Além disso, Roma apresentava 
um cristianismo prático. Nenhuma outra igreja a sobrepujava no 
cuidado para com os pobres, não somente com os seus membros, 
mas também entre os pagãos. Foi assim que em todo o Ocidente o 
bispo de Roma começou a ser considerado como autoridade principal 
de toda a igreja (LE ROUX, 2013).
Atividade de Estudos:
1) Neste capítulo estudamos sobre a história da Igreja Cristã na 
Antiguidade, procurando conhecer um pouco da sua especificidade 
e historicidade a fim de conhecer a sua doutrina, origens e outros 
conhecimentos que temos presentes no interior da Igreja Cristã.
Agora vamos procurar colocar um pouco deste conhecimento 
em prática, ou, quem sabe, produzir uma práxis, ou seja, 
empregar a teoria na prática. 
Assim sendo, leia o artigo disponível no link a seguir, e após 
a leitura elaboreum pequeno texto apresentando o que vem a 
ser a doutrina de Pelágio. Posteriormente, faça uma resenha 
comparando a controvérsia entre Pelágio com Santo Agostinho. 
Disponível em: <http://portal.pucminas.br/imagedb/documento/
DOC_DSC_NOME_ARQUI20060607103635.pdf>.
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42
 HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
Algumas Considerações
Como já havia sido apresentado na introdução deste capítulo, nosso objetivo 
é realizar um pequeno estudo sobre a história da Igreja Cristã na Antiguidade, 
tarefa difícil e complexa, dado o amplo período histórico que temos, pois são 
quase cinco séculos de história, fatos e acontecimentos para serem apresentados 
em poucas páginas.
Mesmo assim, procuramos da melhor forma possível apresentar ao nobre 
leitor os fatos mais relevantes da história da Igreja Cristã na Antiguidade, 
procurando desde os fatos históricos e geográficos, bem como a expansão desta 
igreja junto ao Império Romano. Apresentamos também a Igreja Cristã diante das 
perseguições, período sombrio, mas que também serviu de fortalecimento interno.
Entendemos que seria oportuno promover um estudo acerca dos três grandes 
concílios que ocorreram naquela época, que foram extremamente relevantes 
para a história da civilização e da igreja, são eles: Niceia, Constantinopla e 
Calcedônia. Por fim, procuramos um rápido estudo sobre as causas da queda de 
Constantinopla, a fim de entendê-la.
Não temos aqui a intenção de esgotar o assunto, até porque, como já foi dito, 
a presente obra é de caráter de introdução. Aproveitamos e desejamos ao nobre 
leitor uma boa leitura, assim como sucesso em seus estudos e reflexões sobre a 
história da Igreja Cristã, bem como da Teologia de forma geral.
Referências
ALBERIGO, G. História dos Concílios Ecumênicos. São Paulo: Paulus, 1997.
BETTENCOURT, D. Estevão. As Heresias Cristológicas e Trinitárias. [s.d.]. 
Disponível em: <http://www.clerus.org/clerus/dati/2009-01/02-13/As_Heresias_
Cristologicas_e_Trinitarias.html>. Acesso em: 28 ago. 2017.
BIHLMEYER, Karl; TUECHLE, Hermann. História da Igreja. V. 2: a Idade Média. 
São Paulo: Paulinas, 1964.
COMBY, J. Para ler a história da Igreja I - Das origens ao século XV. São 
Paulo: Loyola, 1996.
DREHER, Martin N. A Igreja no Império Romano (Coleção História da Igreja). 
São Leopoldo: Sinodal, 1993.
43
A Igreja Cristã na Antiguidade Capítulo 1 
FRÖLICH, Roland. Curso básico de história da Igreja. 4. ed. São Paulo: 
Paulus, 1987.
HURLBUT, Jesse Lyman. História da Igreja Cristã. São Paulo: Vida, 1979.
LENZENWEGER, J.; STOCKMEIER, P.; AMON, K. História da Igreja 
Católica. São Paulo: Loyola, 2006.
LE ROUX, Patrick. Império Romano. Tradução de William Lagos. Porto Alegre: 
L&PM, 2013.
MATOS, Henrique Cristiano José. Introdução à história da Igreja. V. 1. Belo 
Horizonte: O Lutador, 1997.
MONDIN, Battista. Os Grandes Teólogos do Século Vinte. V. 1 e 2. São Paulo: 
Paulinas, 1980.
ORLANDIS, J. História Breve do Cristianismo. Rei dos Livros, 1993.
PIERINI, Franco. A Idade Média: curso de história da Igreja. V. 2. São Paulo: 
Paulus, 1997.
PIOPPI, Carlo. História da Igreja. Tema 14. MTA-PPKE: Vaticano, 2012.
POTESTÀ, G. L; VIAN, G. História do Cristianismo. São Paulo: Loyola, 2013.
ROGIER, L. J; AUBERT, R; KNOWLES, M. D. Nova história da Igreja. V. 1 e 
2. Petrópolis: Vozes, 1976.
ROMAG, Dagoberto. Compêndio de história da Igreja. V. 2: a Idade Média. 
Petrópolis: Vozes, 1950.
STOCKMANN, Luis Henrique. A Sã Doutrina Bíblica. Tabernáculo Evangélico A 
Voz De Deus. Arianismo. [s.d.]. Disponível em: <palavracriativa.org.br/site/wp-
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TILLICH, Paul. História do Pensamento Cristão. São Paulo: ASTE, 1988.
WILLIANS, Terri. Cronologia da História Eclesiástica. São Paulo: Vida Nova, 
1993.
44
 HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
CAPÍTULO 2
A Igreja Medieval
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo, você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
�	Estudar e conhecer a formação dos monastérios.
�	Estudar e conhecer o sacro império romano-germânico.
�	Estudar e conhecer os grandes cismas da Igreja.
�	Estudar e compreender as Cruzadas.
�	Estudar e compreender a Guerra dos Cem Anos.
�	Estudar e compreender as causas da queda de Constantinopla.
�	Promover uma análise crítica da Igreja Cristã no período Medieval.
46
 HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
47
A Igreja Medieval Capítulo 2 
Contextualização
Este capítulo pretende apresentar um estudo analítico sobre a formação de 
monastérios da Igreja Medieval; conhecer sua história no Sacro Império Romano-
Germânico para que possamos entender como ocorreram os grandes cismas. 
Pretendemos, ainda, estudar as Cruzadas, episódios tão marcantes e que nos 
deixaram um legado; conhecer a Guerra dos Cem anos e as causas da queda de 
Constantinopla. 
De forma clara e objetiva, pretendemos promover um panorama sobre a 
Igreja Cristã no período Medieval (476 a 1453) não deixando de observar sua 
contextualização histórica. Com isso, haverá um amadurecimento de opinião 
tanto sobre a história da civilização quanto da Igreja diante dos acontecimentos.
A Era Medieval foi um período muito rico na formação teológica da Igreja, 
tanto que, nos primeiros séculos da história do Cristianismo, assistiu-se a um 
grande florescimento da literatura cristã, homilética, teológica e espiritual. Trata-
se de obras dos padres da Igreja que tiveram grande importância na formação do 
Cristianismo e dos monastérios. 
Os santos mais relevantes foram: Santo Ireneu de Leão, Santo Hilário de 
Poitiers, Santo Ambrósio de Milão, São Jerônimo e Santo Agostinho, no Ocidente. 
Santo Atanásio, São Basílio, São Gregório Nacianceno, São Gregório de Nissa, São 
João Crisóstomo, São Cirilo de Alexandria e São Cirilo de Jerusalém, no Oriente.
A Formação dos Monastérios
A Idade Média compreendeu o período em que ocorreu a queda do Império 
Romano, séculos V ao XV, ou seja, são dez séculos ou 1.000 anos de história em 
que se consolidou o feudalismo com a nobreza no poder; período marcado pela 
força espiritual e política da Igreja Católica. O conhecimento estava restrito aos 
mosteiros e a grande questão discutida era a relação entre a fé e a razão, entre 
filosofia e teologia. 
O Império Romano do Ocidente foi invadido pelos povos germânicos 
(arianos, pagãos eslavos, escandinavos e magiares) no ano de 476, e desde 
então, o trabalho da Igreja passou a ser o de evangelizar e contribuir para civilizar 
estes povos (PIOPPI, 2012).
Segundo o pesquisador, no século VI nasceu o monarquismo beneditino, que 
garantiu o aparecimento da prosperidade e o retorno dos mosteiros. No século VII 
48
 HISTÓRIA E TEOLOGIA DA IGREJA CRISTÃ
foi de grande importância a ação missionária em todo o continente dos monges 
irlandeses e escoceses; no século VIII, a dos beneditinos ingleses, quando 
também terminou a etapa da Patrística, com os últimos dois padres da Igreja, São 
João Damasceno, no Oriente e São Beda, o venerável, no Ocidente. 
Com o passar do tempo, houve o desenvolvimento da vida monástica, que foi 
crescendo durante a Idade Média, com as congregações femininas ou masculinas, 
trazendo resultados positivos e negativos para a Igreja e para a sociedade. Com 
o crescimento dessas comunidades, tornava-se necessária alguma forma de 
organização, de modo que nesse período surgiram quatro grandes ordens.
 Para Pioppi (2012) nos séculos XIII e XIV houve a Alta Escolástica

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