Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Aluno: Davi de Aguiar Portela (0001418) Medicina – 4º Período APG IV – S06 P01 Refluxo Gastroesofágico Anatomia O esôfago é um tubo muscular colabável que mede aproximadamente 20-25 cm de comprimento e encontra-se posteriormente a traqueia. O estômago é um alargamento do canal alimentar em formato de J, diretamente inferior ao diafragma do abdome. É dividido em 4 regiões principais: o Cárdia; o Fundo gástrico; o Corpo; o Parte pilórica (antro). A parte pilórica pode ser dividida em 3 regiões: o Antro pilórico: liga-se o corpo ao estomago; o Canal pilórico: leva a terceira região; o Pilo: conecta ao duodeno. O piloro se conecta ao duodeno por meio de um esfíncter de musculo liso chamado esfíncter do piloro. ESTRUTURAS DA BARREIRA ANTIR- REFLUXO o Esfíncter esofágico inferior; o Esôfago abdominal; o Crura diafragmática; o Ângulo de His; o Válvula de Gubaroff; o Ligamento frenoesofágico. Embriologia Durante a quarta semana do desenvolvimento embrionário, os dobramentos laterais e longitudinais delimitam o intestino primitivo, que se comunica com o saco vitelínico por um ducto vitelino/ onfalomesentérico. O desenvolvimento do sistema digestório caracteriza-se pela complexidade da extremidade faríngea e o aumento do comprimento de sua parte média ou gastrintestinal. O intestino primitivo é formado por três segmentos: Segmento Origina-se Intestino Anterior Faringe; Esôfago, Estômago; Duodeno; Pâncreas; Fígado; Vesícula biliar; Intestino Médio Jejuno e íleo; Parte do intestino grosso (ceco, apêndice, cólon ascendente e 2/3 do cólon transverso); Intestino Posterior Parte do intestino grosso (parte distal do cólon transverso, cólon descendente, sigmoide, reto) Porção superior do canal anal. DESENVOLVIMENTO DO ESÔFAGO O esôfago é um ducto muito curto que cresce e sentido cefálico. Sua parte ventral origina o esboço traqueopulmonar; A endoderme que o reveste – epitélio cilíndrico, com algumas células ciliadas – prolifera até ocluir sua luz quase que completamente. Posteriormente, ele se abrira no final do período embrionário, em que seu epitélio de revestimento se transformara em pavimentoso estratificado. A túnica muscular (tipo estriada no terço cefálico) é derivada dos 4º e 6º arcos faríngeos, sendo inervadas por ramificações do nervo vago. O resto do esôfago possui musculatura lisa, desenvolvida a partir da mesoderme esplâncnica e recebendo inervações vegetativas dos plexos viscerais formados pelos derivados das células da crista neural. DESENVOLVIMENTO DO ESTÔMAGO O estomago é formado como uma dilatação fusiforme, em que a borda dorsal cresce com mais rapidez que a borda ventral, formando uma curvatura maior (fundo do estomago). No segundo mês de desenvolvimento, a mucosa gástrica apresenta dobras e fossetas gástricas. Os tipos celulares diferenciam-se no período fetal e a secreção de ácido clorídrico inicia pouco antes do nascimento. Refluxo Gastroesofágico O refluxo refere-se a um movimento de retorno ou retrocesso do conteúdo gástrico para dentro do esôfago, causando pirose. Comumente, os sintomas ocorrem minutos depois da ingestão de alimentos e raramente causam problemas graves. O conteúdo gástrico é normalmente retido no estomago por meio do esfíncter esofágico inferior, uma zona de alta pressão na parede distal do esôfago, que permanece tonicamente contraída, exceto na contração. Esse esfíncter regula o trânsito dos alimentos entre o esôfago e o estomago, por meio de mecanismos intrínsecos e extrínsecos que funcionam no sentido de manter a função antirreflexo o Mecanismos intrínsecos: músculos circulares do esôfago; o Mecanismos extrínsecos: parte do diafragma que circula o estomago. O relaxamento do esfíncter esofágico inferior é um reflexo do tronco encefálico mediado pelo nervo vago, em resposta a alguns estímulos aferentes. O relaxamento transitório com refluxo é comum depois de refeições, em que distensões gástricas e refeições ricas em gordura aumenta a frequência desse relaxamento. DOENÇA DO RELFUXO GASTROESOFÁGICO (DRGE) É um distúrbio causado pelo refluxo do conteúdo gástrico que provoca sintomas ou complicações deletérias nos pacientes, inclusive regurgitação e pirose. Ela esta relacionada com relaxamentos transitórios do esfíncter esofágico inferior fraco ou incompetente. Isso possibilita que ocorra o refluxo, retardando a neutralização do ácido refluído do estomago depois que ocorre. A lesão da mucosa esofágica esta relacionada com a composição destrutiva do material refluído e com o tempo que ele permanece em contato com a mucosa. Normalmente, o refluxo gastresofágico é neutralizado e eliminado pela peristalse esofágico e pelo bicarbonato da saliva, pois os líquidos do estomago são deletérios a mucosa esofágica. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Pirose A pirose é o sintoma mais comum, frequentemente grave, começando de 30 a 60 minutos depois da ingestão alimentar, sendo mais frequente durante a noite. Geralmente, esse sintoma tem como fator de piora a inclinação do individuo com o corpo abaixo da cintura ou em posição dorsal, sendo o fator de melhora a posição sentada ereta. Os antiácidos conferem alívio imediato, ainda que transitório. Outras queixas são eructações e dor torácica. A dor é localizada em região epigástrica ou retroesternal e frequentemente irradia para a garganta, ombros e dorso. Sintomas respiratórios O refluxo gastroesofágico também pode ocasionar sintomas respiratórios, como: o Asma; o Tosse crônica seca; o Laringite. Isso ocorre por causa das microaspirações e das macroaspirações, lesões laríngeas e broncoespasmos mediados pelo estímulo do vago. Esofagite Consiste em uma lesão da mucosa do esôfago, hiperemia e inflamação. As complicações como estenoses e esôfago de Barret desencadeiam m ciclo de lesão da mucosa seguida de hiperemia, edema e erosão da superfície interna do órgão. Metaplasia do esôfago O esôfago de Barret caracteriza-se como um processo reparativo em que a mucosa escamosa que recobre o esôfago sofre metaplasia e é substituída gradativamente por um epitélio colunar anormal semelhante ao do estomago ou intestino. Essa complicação esta associada ao aumento do risco de desenvolver adenocarcinoma do esôfago. EM PREMATUROS, RECÉM-NASCIDOS E LACTENTES O esfíncter esofágico inferior não é totalmente desenvolvido em prematuros e lactentes, havendo ainda uma controvérsia em relação ao RN. Com isso, a pressão do esfíncter pode estar diminuída, contínua ou intermitente, facilitando o conteúdo gástrico para o esôfago. O esvaziamento gástrico tardio e outros problemas na motilidade também podem desempenhar refluxo, diferentemente de crianças e adultos, que tem como causa principal a esofagite crônica. Tipicamente, o refluxo em prematuros apresenta-se como regurgitação contínua, engolfadas ou vômitos de pequenas quantidades de fórmula láctea após a mamada. A aspiração recorrente desse conteúdo pode ocasionar: o Pneumonia; o Exacerbação de doença pulmonar neonatal preexistente; o Se um volume suficiente for regurgitado, o lactente pode não crescer. . Em alguns prematuros, ocorre a distensão antral gástrica tardia no período pós-natal precoce, contribuindo para o retardo da distensão antral, que leva ao refluxo gastresofágico e a intolerância alimentar comumente observados em prematuros com menos de 32 semanas de gestação. O refluxo gastresofágico pode ocorrer de forma fisiológica em todos os lactentes, porém sem a frequência e gravidade do refluxo patológico. Certas substâncias, como xantinas, que podem ser administrados devido à apneia ou doença pulmonar, diminuem a pressão do esfíncter esofágico inferior e podem exacerbar ou até mesmo causar refluxo. Abordagem clínica A avaliação deum bebê com regurgitação frequente se concentra em: o Determinar se os sintomas são causados por uma doença patológica subjacente; o Descobrir de o refluxo está causando complicações secundárias. Para saber se os sintomas são causados por uma doença patológica subjacente, deve-se atentar-se aos sinais de alerta, que são: - Vômito bilioso; - Sangramento gastrointestinal (hematê- mese, hematoquezia); - Vômito consistentemente forte; - Início do vomito após seis meses de vida; - Constipação ou diarreia; - Sensibilidade abdominal; - Pneumonia recorrente (fístula traqueo- esofágica); - Aspiração (fenda laringotraqueal). Se os sinais de alerta estiverem presentes, deve-se fazer uma avaliação adicional dependendo do distúrbio suspeitado. Se os sinais de alerta estiverem ausentes, a próxima etapa é determinar se o bebê está se desenvolvendo normalmente ou tem complicações secundárias do refluxo, como esofagite, baixo ganho de peso ou recusa da alimentação. TRATAMENTO O tratamento consiste em mudar os hábitos de vida, fazer uma adaptação da dieta e, em alguns casos, utilizar medicamentos quando os sintomas são fortes e frequentes. Farmacológico Os medicamentos para refluxo são indicados para ser usados em crises de refluxo, porém podem ser usados também por períodos longos, os quais incluem: o Antiácidos: neutralizam a acides do estomago e evitam a sensação de queimação (hidróxido de magnésio ou hidróxido de alumínio); o Inibidores da bomba de prótons: inibem a produção do acido clorídrico (omeprazol, esomeprazol ou pantoprazol); o Aceleradores do esvaziamento gástrico: diminuem o tempo que os alimentos permanecem no estômago (metoclopramida/ plasil ou domperidona); o Protetores gástricos: formam uma barreira na mucosa do esôfago e do estomago (sucralfo). Referências: 1. AVERY, G. B.; FLETCHEK, M. A.; MACDOBALD, M. G.Neonatologia – fisiopatologia e tratamento dorecém-nascido. 6ª Ed. Rio de Janeiro: MEDSI, 2009. 2. HENRY, Maria Aparecida Coelho de Arruda. Diagnóstico e tratamento da doença do refluxo gastroesofágico. ABCD. Arquivos Brasileiros de Cirurgia Digestiva (São Paulo), v. 27, p. 210-215, 2014. 3. TACK, Jan; PANDOLFINO, John E. Pathophysiology of gastroesophageal reflux disease. Gastroenterology, v. 154, n. 2, p. 277- 288, 2018. 4. VERY, G. B.; FLETCHEK, M. A.; MACDOBALD, M. G. Neonatologia– fisiopatologia e tratamento do recém-nascido. 6ª Ed. Rio de Janeiro: MEDSI, 2009.
Compartilhar