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FACULDADES INTEGRADAS PADRÃO – GUANAMBI-BA SISTEMAS ORGÂNICOS INTEGRADOS II HELLEN DE OLIVEIRA MOTTA CASAES 2° PERÍODO ATIVIDADE ACADÊMICA TIC´s – TÉTANO – SEMANA III GUANAMBI/BA 2021 PERGUNTA 1 : Quais as manifestações clínicas do tétano e sua relação com as alterações no Sistema Nervoso? RESPOSTA: Existem quatro padrões clínicos de tétano: • Generalizado: é o tipo mais grave e comum. Manifesta-se através do trismo (limitação da abertura bucal), hiperatividade e instabilidade autonômica generalizada – apresentando sudorese, taquicardia, agitação, hipertensão arterial e irritabilidade –, rigidez e dor na musculatura cervical. Além disso, o indivíduo pode desenvolver disfagia (dificuldade para engolir intensa e progressiva, a ponto de impossibilitar a alimentação oral), espasmos no músculo masseter (mastigação), contratura dos ombros e do dorso, contração tônica dos músculos esqueléticos, torcicolo, opistótono (espasmos acentuados nos músculos da nuca e do dorso, o que induz o corpo a tomar uma posição arqueada, forçada, apoiando-se nos calcanhares e na cabeça, situação evidente na imagem da tarefa), sorriso sardônico (fácies sardônico, expressão característica de pessoas com tétano, com contrações dos músculos da face) e abdômen rígido em tábua. Em situações mais avançadas da doença, o tétano pode ocasionar apneia (dificuldade para respirar) e/ou obstrução das vias aéreas superiores, uma vez que a disfunção do controle do tônus muscular – feito pelo sistema nervoso central – repercute em contração permanente dos músculos torácicos, da glote e da faringe. Sem respiração pulmonar, o oxigênio não circula pelo corpo, gerando um quadro de isquemia e, consequentemente, necrose tecidual geral, ocasionando a morte do indivíduo. Ademais, podem ocorrer fraturas ósseas (principalmente das vértebras, por conta dos espasmos), incapacidade de ventilar (o diafragma não relaxa, impedimento os movimentos necessários para a respiração) e parada respiratória, como dito anteriormente. Em casos mais raros, acontecem choque circulatório, hemorragia digestiva e rabdomiólise – quadro em que ocorre a degradação do tecido muscular e liberação da proteína mioglobina no sangue, podendo danificar os rins. Pelo fato de a doença não alterar a consciência do indivíduo, os espasmos são dolorosos, intensos e constantes, desencadeados por ruídos altos, contato físico, sons e luz. • Local: é de difícil diagnóstico e, na maioria das vezes, o tétano local se transforma em generalizado. • Cefálico: ocorre devido a ferimentos na cabeça ou no pescoço, atingindo, inicialmente, apenas nervos cranianos. Efeitos característicos são disfagia, trismo e neuropatias focais cranianas, podendo receber o diagnóstico equivocado de AVC. • Neonatal: ocorre em crianças de 5 a 7 dias de vida, iniciando a doença mais rapidamente (menor período de incubação), progredindo em horas, uma vez que o comprimento das fibras axonais do recém-nascido é bem menor que o de um adulto. Caracteriza-se por trismo, recusa para alimentar, espasmos nos músculos faciais – repercutindo em sorriso sardônico –, mãos apertadas, pés dorsiflexionados, aumento do tônus muscular (tensão do músculo em repouso), rigidez e opistótono. Por isso, é muito importante a vacinação antitetânica para a gestante, prevenindo a criança contra a doença. Quanto maior for o intervalo entre o início dos sintomas e o aparecimento dos primeiros espasmos, mais branda será a doença. O tétano clínico possui duração de 4 a 6 semanas. O tétano é uma doença do sistema nervoso central, causado pela liberação da tetanospamina metaloprotease (toxina tetânica) pela bactéria anaeróbica clostridium tetani. É uma doença transmissível, porém não contagiosa e tem como uma das profilaxias a vacinação. A bactéria atinge a medula espinal e o tronco cerebral através do transporte axonal retrógrado, causando uma alteração na propagação de impulsos nervosos que, a nível macroscópico, impede o relaxamento dos músculos e desencadeiam essa série de manifestações mencionadas anteriormente. PERGUNTA 2: Qual o mecanismo de ação da toxina tetânica no Sistema Nervoso Central e Sistema Nervoso Periférico? RESPOSTA: Para que a sinapse química ocorra nos terminais axonais, é necessário que o potencial de ação estimule a entrada do íon cálcio através de canais iônicos dependentes de voltagem. A partir de então, as vesículas sinápticas liberam os neurotransmissores na fenda sináptica, havendo, assim, a conversão de energia elétrica em química. Por conseguinte, os receptores desses sinais químicos ativam os canais iônicos de sódio e o impulso é propagado do neurônio pré-sináptico para o pós- sináptico, convertendo o sinal novamente a elétrico. Na placa motora, existe o neurônio responsável por transmitir o impulso para a fibra muscular (junção neuromuscular), fazendo-a contrair, e também existe o interneurônio inibitório (terminal axoaxônico, entre o neurônio da placa motora e o interneurônio), responsável por liberar o neurotransmissor GABA e glicina, interrompendo a contração muscular, em determinado período de tempo, em condições normais, para que ocorra, assim, a contração e relaxamento do músculo. A toxina tetânica (tetanospamina metaloprotease) chega ao sistema nervoso e liga-se de forma irreversível aos receptores do interneurônio, bloqueando a neurotransmissão por clivar as proteínas de membrana (que permitem a passagem de cálcio para o meio intracelular), envolvidas na neuroexocitose (liberação de neurotransmissores). Assim, os neurotransmissores inibitórios não serão liberados, o neurônio não será inibido e, dessa forma, mandará impulsos nervosos para contração muscular da fibra de forma constante, o que acarretará essa série de manifestações do tétano. REFERÊNCIAS: GUYTON, A.C. e Hall J.E.– Tratado de Fisiologia Médica. Editora Elsevier. 13a ed., 2017. BRANDÃO, R. Tétano. Google Acadêmico. Disponível em: < https://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/6972/tetano.htm?_mobile=off >. Acesso em: 29 Ago 2021.
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