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Rafaela Lorena Boot – Odontologia UniCesumar Farmacologia Introdução É a ciência que estuda a interação das substâncias químicas com o organismo e os efeitos resultantes de alterações funcionais e estruturais que promovem. Divide-se em 3 ramos: Farmacocinética: manipulação de princípios ativos e preparação das formas farmacêuticas dos medicamentos. Farmacodinâmica: estuda os efeitos, local de ação e os mecanismos de ação dos fármacos. Farmacoterapia (farmacologia clínica): indicação de fármacos, quando e para que utilizar. Farmacologia básica: estuda os conceitos básicos e comuns a todos os grupos de drogas, bem como as propriedades dos fármacos e sua interação com os sistemas biológicos. Farmacologia x terapêutica Terapêutica: estudo dos métodos e procedimentos para tratar doenças e a ciência de escolher as terapias adequadas às diversas doenças e individualidades de cada paciente. Pode ser feita com medicamentos (terapêutica medicamentosa) ou não. Conceitos importantes Remédio: todo e qualquer tipo de cuidado utilizado para curar ou aliviar doenças, sintomas, desconfortos e mal-estar, podendo haver ou não o uso de substâncias químicas. Ex: Massagem e compressa. Fármaco: substância química de estrutura conhecida capaz de promover no organismo ação preventiva, curativa, paliativa ou diagnóstica. Também chamado de princípio ativo. Medicamento: produto tecnicamente elaborado contendo um ou mais fármacos (princípios ativos) juntamente com produtos inertes para tratar ou prevenir determinado problema de saúde. Especialidade farmacêutica → nome comercial. Ex: Tylenol 500mg. Genérico → nome do princípio ativo. Ex: Paracetamol 500mg. Droga: qualquer substância química (conhecida ou não) que não seja componente alimentício ou da dieta, que promova alguma alteração no funcionamento do organismo com ou sem intenção benéfica. Engloba fármacos e agentes tóxicos. Dose: quantidade de fármaco capaz de provocar alterações no organismo; depende da via de administração e farmacocinética do medicamento, o que vai determinar a biodisponibilidade do medicamento no local de ação. Rafaela Lorena Boot – Odontologia UniCesumar Posologia: estudo da quantidade de medicamento (dosagem) que o paciente deve tomar de cada vez e o intervalo entre uma e outra dose. Ex: Paracetamol 500mg – 12 comprimidos. Tomar 1 comprimido a cada 8h durante 4 dias. Uso interno. Forma farmacêutica: forma de apresentação do medicamento. Ex: Comprimidos, cápsulas, xaropes etc. Tratamento: intervenção x terapia medicamentosa Na odontologia a terapia medicamentosa é sempre complementar à intervenção clínica. Permitir o atendimento odontológico: - Anestésicos locais. - Controle de ansiedade. Complementar à intervenção clínica, no controle de sinais e sintomas indesejados. - Analgésicos, anti-inflamatórios e antibióticos. Evitar disseminação de infecção e comprometimento sistêmico. Conhecer os medicamentos que o paciente já faz uso. - Interações medicamentosas. - Efeitos na cavidade bucal. Medicamentos empregados na odontologia Antes do atendimento: Analgesia preventiva: prevenção de dor e edema: corticoides. Sedação: controle de ansiedade com benzodiazepínicos óxido nitroso. Profilaxia antibiótica: prevenção de bacteremia: endocardite bacteriana. Durante o atendimento: Controle da dor: com anestésicos locais. Controle precoce da dor: com analgésicos e anti- inflamatórios e corticoides. Após o atendimento: Controle de dor: com analgésicos. Controle de edema: com anti- inflamatórios. Tratamento de infecção: bacterianas e fúngicas. Locais x sistêmicas. FORMAS FARMACÊUTICAS E VIAS DE ADMINISTRAÇÃO Escolha da terapia Finalidade do uso: ação local ou sistêmica. Via de administração: endovenosa, oral, tópica ou retal. Rafaela Lorena Boot – Odontologia UniCesumar Forma farmacêutica: comprimido, xarope, pomada. “Estado final de apresentação dos princípios ativos farmacêuticos após uma ou mais operações farmacêuticas executadas com adição ou não de excipientes apropriados a fim de facilitar a sua utilização e obter o efeito terapêutico desejado, com características apropriadas a uma determinada via de administração.” Estabilizantes/conservantes/ edulcorantes: componentes adicionados para melhorar a estabilidade e o sabor. Veículo: parte líquida da fórmula em que serão dissolvidos o princípio ativo e os outros componentes da formulação. Excipiente: componente sólido, que não terá ação nenhuma no corpo, mas será o responsável por dar volume e forma ao medicamento. Geralmente esse excipiente é o talco farmacêutico. Qual a importância de se ter formas farmacêuticas diferentes? Facilitar a administração ou ingestão do medicamento. Precisão na dose, proteção da substância ativa contra as barreiras do corpo, ajudar o fármaco a chegar ao seu local de ação. Podem influenciar no tempo que o medicamento vai começar a agir no corpo, entre outros fatores. Sólidas I. Comprimido: necessita ser dissolvido no organismo e atingir a mucosa. O tamanho varia (quanto menor o comprimido, mais rápida a absorção). - Revestidos: recobertos por uma ou mais camadas de ceras, resinas, plastificantes. Impedem degradação no estômago, mascara sabor e odor, facilita deglutição, protege da luz. Obs: Não podem ser repartidos. - Sunlinguais: absorvidos pela mucosa bucal em casos de medicamentos que são destruídos pelos ácidos do estômago ou pouco absorvidos no intestino. - Efervescentes: desintegrados em água antes da administração, liberando gases pela dissolução de sais, facilitando sua dissolução. - Mastigáveis: facilita a sua desintegração, devendo ser engolidos para finalizar sua dissolução e absorção do TGI. Adição de edulcorantes e adoçantes. Rafaela Lorena Boot – Odontologia UniCesumar II. Drágeas: possui uma película externa que protege o princípio ativo contra o ácido clorídrico; o princípio ativo só é liberado nos intestinos (absorção mais lenta). III. Cápsulas: revestida de um material gelatinoso para proteger o princípio ativo do ácido clorídrico. IV. Granulados: forma farmacêutica sólida constituída de um aglomerado de um ou mais princípios ativos associados com excipientes na forma de pó liofilizado, grãos ou fragmentos cilíndricos. Usado em substâncias que não são estáveis em água, devendo ser preparado imediatamente antes da adm. V. Supositórios: possui formato cônico ou ogival para aplicação retal que dissolvem-se na temperatura corporal. Utilizado para crianças e pacientes que não podem deglutir, no caso de vômitos, medicamentos que degradam-se no estômago e que teria gosto desagradável. Semissólidas I. Pomadas: Formas farmacêuticas de base oleosa (parafina líquida, vaselina) aplicadas sobre a pele ou mucosas que amolecem ou derretem à temperatura corpórea. II. Pastas: preparação semelhante à pomada, contendo grande parte de partículas sólidas (30 a 50%), dando um efeito secante. Utilizado especificamente na pele e mucosas, formando uma barreira protetora em pequenas áreas. III. Cremes: formas farmacêuticas semissólidas com emulsões (água/óleo) com agente emulgente (estabilidade) aplicadas sobre a pele e mucosas. Utilizado na dermatologia (áreas extensas), ginecologia. IV. Géis: forma farmacêutica em que uma fase líquida fica retida em um polímero geleificante (gelatina e ágares). Líquidas I. Emulsões: composição heterogênea de dois líquidos imiscíveis (como água e óleo), evidenciando gotículasesféricas dispersas no líquido. É necessário agitar antes de usar. II. Suspensões: líquidas ou viscosas constituída por uma dispersão grosseira de partículas sólidas insolúveis em um líquido, ficando partículas suspensas. É necessário agitar antes de usar. III. Soluções: Misturas de caráter homogêneo em que o solvente é capaz de dissolver o soluto, formando uma preparação com uma Rafaela Lorena Boot – Odontologia UniCesumar única fase e de aspecto límpido. - Administradas por via oral. - Administradas localmente em cavidades. - Soluções injetáveis (vias parentais). Vias de administração Via enteral Via na qual os fármacos passam pelo TGI antes de serem absorvidos. Metabolismo de primeira passagem no fígado → degradação do fármaco → diminui a biodisponibilidade (quantidade do fármaco que chega no fígado). Há o risco de hepatite medicamentosa. I. Oral – Dissolução dos excipientes, coeficiente de ionização ácido/básico do fármaco (forma não ionizada é melhor absorvida), metabolização no fígado. II. Sublingual – Via de absorção rápida devido a mucosa ser fina e possuir maior suprimento sanguíneo. É a 2º via de administração com efeito mais rápido. É necessário que o medicamento seja absorvido embaixo da língua. Vias parentais injetáveis I. Via intramuscular – Tem efeito intermediário entre a via oral e a sublingual. É escolhida por condições dos pacientes e medicamentos específicos. Administração de soluções aquosas e oleosas. II. Intravenosa – Via de efeito imediato. É a via mais perigosa, pois mesmo com o uso de antídotos é mais difícil de reverter o efeito. Única via na qual não há absorção já que o fármaco cai diretamente para a corrente sanguínea e devido a isso terá 100% de biodisponibilidade. Administração de soluções aquosas. III. Subcutânea – Via muito pouca utilizada. Usada, geralmente, quando se quer um período de ação maior. É uma via alternativa. Possui absorção mais lenta. Insulina de liberação lenta. Vias parentais não injetáveis I. Via respiratória/inalatória. Via tópica A administração é local e superficialmente, não atingem a circulação. I. Cutânea – Possui absorção pouco significativa. II. Superfície de mucosas (boca/vaginal). III. Aplicação em pelos/cabelos. IV. Bochechos. Rafaela Lorena Boot – Odontologia UniCesumar São administrados na forma de líquidos, cremes, pasta e pomada. Vias de uso interno Oral. Sublingual. Retal. Vias de uso externo Parentais injetáveis: Intravenosa. Intramuscular. Subcutânea. Intradérmica. Parentais não injetáveis e tópicos: Inalação/respiratória. Endodôntica/intracanal. Tópica – pele, mucosa, ocular, bochecho etc. FARMACOCINÉTICA Trajeto do fármaco no organismo e processos que as drogas passam nesse sistema como absorção, distribuição, metabolismo e eliminação. Absorção → distribuição → metabolismo → excreção. Absorção Passagem do fármaco para a circulação sanguínea. I. Via de administração – via endovenosa (não necessita de absorção), via sublingual (absorção mais rápida do que via oral) e via tópica (dificuldade de absorção pela pele). II. Lipossolubilidade – quanto mais lipossolúvel o fármaco, mais fácil é a absorção. Fármacos lipofílicos são melhor absorvidos pois interagem com a membrana das células (bicamada lipídica). III. Ph do meio e grau de ionização da molécula da fármaco – o pH varia se a porção é ionizada (hidrossolúvel ou não ionizada (lipossolúvel. A maioria dos fármacos possui um ácido ou base fraca, e podem ser encontrados de forma polar e apolar dependendo do pKa. Quanto maior a concentração não ionizada (lipossolúvel), Rafaela Lorena Boot – Odontologia UniCesumar mais fácil será a absorção. - pH = pKa à 50% ionizado e 50% não ionizado. IV. Superfície de absorção. V. Glicoproteína P. Fatores que influenciam na absorção Moléculas lipofílicas: difusão simples ou facilitada Moléculas hidrofílicas: transporte ativo. Superfície de absorção: espessura/queratinização (maior absorção via sublingual, intestino, menor absorção em pele), área de contato (intestino – vilosidades) e maior vascularização (quanto mais irrigado o local, maior será a distribuição do fármaco nesse tecido). Glicoproteína P: bombeia o fármaco para fora da célula (intestino hepatócitos, ductos pancreáticos e biliares, epitélio dos túbulos renais próximos). Biodisponibilidade Fração do fármaco absorvido que atinge circulação sistêmica na forma inalterada após aplicação em alguma via de administração. Varia de acordo com: I. A via de administração e velocidade de absorção. II. Solubilidade do fármaco. Rafaela Lorena Boot – Odontologia UniCesumar III. Instabilidade química (insulina no estômago → degradação). 500mg via oral → absorvido 250mg (biodisponibilidade de 50%) 500mg via endovenosa → “absorvido” 500mg (biodisponibilidade de 100%). A concentração plasmática varia com o tempo: Concentração plasmática X via de administração: Distribuição Passagem do fármaco do compartimento intravascular (plasmático) para o extravascular (tecidos). Transporte via sangue ou linfa. Fatores que influenciam na distribuição Vascularização e perfusão sanguínea do tecido – quanto mais irrigado o local, maior será a distribuição do fármaco nesse tecido. I. Distribuição rápida onde tem alto fluxo sanguíneo (fígado, baço, pulmões, rins e cérebro). II. Distribuição lenta onde tem baixo fluxo (pele, tecido adiposo e esquelético). III. Antibióticos + anti- inflamatórios. Anti- inflamatórios diminuem a permeabilidade e calibre vascular → diminui a chegada do fármaco no local. Ligação a proteínas plasmáticas – quanto maior, mais demora a absorção e maior é o tempo de duração dos fármacos no organismo. Normalmente se ligam a albumina, que possui dois sítios de ligação: baixo grau (40%) e alto grau (70%). I. A fração do fármaco ligada às proteínas plasmáticas não apresenta ação farmacológica, porém é uma ligação reversível. II. Alta afinidade por proteínas plasmáticas: atrapalha distribuição para os tecidos → fármaco fica aprisionado no sangue → eliminação mais rápida. III. Baixa afinidade por proteínas plasmáticas/baixa quantidade de proteínas plasmáticas: mais fármaco livre para ser distribuído Rafaela Lorena Boot – Odontologia UniCesumar →eliminação mais lenta → atuação por mais tempo. IV. Competição por ligação com proteínas plasmáticas: quanto maior a ligação à proteínas plasmáticas maior a segurança do medicamento. Quando absorvida: alta taxa de ligação proteica → rápida metabolização e eliminação → menor toxicidade. Cuidado: Em dose terapêuticas a ligação plasmática é constante. Em doses altas a ligação plasmática é um processo saturável → mais fármaco livre → efeitos adversos. Conteúdo lipídico do tecido. I. Fármaco lipofílico: chegam a todos os compartimentos e se acumulam no tecido adiposo. II. Fármaco não lipofílico (polar): dificuldade de atravessar parede dos capilares → confinado no plasma ou líquido intersticial. Volume de distribuição – é o volume de líquido que seria necessário para conter todo o fármaco presente no corpo na mesma concentração dosada no plasma. É diretamente proporcional a concentração de fármaco no sangue. Os principais compartimentos de fármacos são o plasma, líquido intracelular, líquido transcelular e gordura. Então quanto maior a solubilidade de um fármaco maior será o seu volume de distribuição. I. Fármaco concentrado no sangue (alta ligação de proteínas plasmáticas) → menor volume→ eliminação mais rápida. II. Fármaco disperso nos tecidos (lipossolúveis) → maior volume de distribuição → eliminação mais lenta. Barreiras fisiológicas – impedem a chegada do fármaco. As moléculas lipossolúveis são facilmente distribuídas, já as hidrossolúveis passam pela barreira se forem de baixo peso molecular ou se forem auxiliadas por proteínas. Farmacopexia Afinidade da droga por tecidos específicos. Acúmulo de fármacos nos tecidos em concentrações mais altas do que nos líquidos extracelulares e no sangue como, por exemplo, anestésicos locais que se acumulam nos tecidos adiposos. É causado devido à alta ligação tecidual e a maior solubilidade das moléculas. Associação estável entre drogas e elementos teciduais → armazenamento. Tecido adiposo → 70% dos barbitúricos tiopental após 3 h da administração. Ossos e dentes → tetraciclina, chumbo e rádio. Volume de distribuição x efeitos adversos Varfarina: anticoagulante oral. Maior parte ligada a proteínas plasmáticas (partículas maiores) e menor parte nos Rafaela Lorena Boot – Odontologia UniCesumar tecido. Possui baixo volume de distribuição. Cloroquina: antimalárico. Menor fração ligada às proteínas plasmáticas e maior parte acumula-se nos tecidos – retina (lipossolúvel e partículas menores). Possui alto volume de distribuição. Distribuição em compartimento especiais Barreira hematoencefálica – seleciona a chegada ao SNC. Possui membrana lipídica espessa. I. Ausência de fenestrações. II. Presença de tight junctions nos capilares cerebrais. III. Dificulta a passagem de substâncias hidrossolúveis, ionizadas e polares. IV. Medicamentos para o SNC (muito lipofílicos). Glicose, aminoácidos, aminas, purina e ácidos orgânicos → transporte ativo. Placenta – seleciona a chegada ao feto. A placenta é um órgão efêmero materno- fetal, constituído por um complexo sistema de membranas que englobam e protegem o feto, permitindo a transferência restrita de metabólitos e drogas (difusão passiva). A maioria dos fármacos de uso rotineiro na odontologia tem facilidade em atravessar a barreira placentária, devido ao baixo peso molecular e alta Lipossolubilidade. Saliva – passagem de fármacos livres do plasma. Drogas lipossolúveis e de pequeno tamanho. Medicação não invasiva da concentração plasmática livre de drogas. Fármaco livre no sangue → saliva. Metabolismo Conjunto de reações enzimáticas que degradam e inativam o fármaco (biotransformação) preparando-o para sua eliminação. Órgãos envolvidos: Fígado. Mucosa intestinal. Pulmões. Pele. Placenta. Plasma sanguíneo. É um processo bifásico, ou seja, ocorre em duas fases. Fármaco → reações de fase I (reação de funcionalização) → metabólito intermediário → reações de fase II (reação de conjunção) → metabólito final (conjugado hidrossolúvel) → excreção. I. Reações de fase I (funcionalização). - Reações como oxidação, hidrólise e redução. - Enzimas oxidases de função mista produzidas no fígado (enzimas Rafaela Lorena Boot – Odontologia UniCesumar microssomais hepáticas) metabolizam muitos fármacos, realizando a oxidação e gerando metabólitos intermediários. II. Reações de fase II (conjugação). - O fármaco se liga a um agente conjugado, como por exemplo o ácido hialurônico (glicuronil transferase), ácido acético (acetil transferase), sulfato (sulfotransferase) e glutationa (glutationa transferase). - O ácido glicurônico é o mais importante, pois é o mais abundante. - A glicotationa também é importante, pois inativa os metabólitos tóxicos. Microbiota do intestino: beta- glicorunidase → quebra do ácido glicurônico → reabsorção do fármaco (anticoncepcionais). Na odontologia os medicamentos empregados podem induzir ou inibir as enzimas CYP450: I. Aumentar a eliminação de outros fármacos → perda do efeito terapêutico. II. Diminuir a eliminação de outros fármacos → aumento da toxicidade. Hepatotoxicidade: Primeiros sintomas (24-72 horas): náuseas, vômitos, anorexia, dor abdominal, fraqueza e sonolência. Doses tóxicas: >7,5g ou 150mg/Kg → insuficiência hepática. Ingesta crônica: >4g/dia. Risco maior: consumo em excesso de álcool (que também gera composto hepatotóxico). Tratamento: carvão ativado (estimula glutationa). Tempo de meia vida Tempo gasto para que a concentração plasmática de um fármaco no organismo se reduz à metade. Auxilia na determinação do intervalo entre as doses de um medicamento. Dependente da função excretora do rim (depuração). *Insuficiência renal crônica a depuração está diminuída, assim a concentração do fármaco permanece elevada por mais tempo, e o tempo de meia vida é maior → toxicidade. Metabolismo de primeira passagem Medicamentos administrados por via oral. Diminui a biocompatibilidade do fármaco na circulação sistêmica. Rafaela Lorena Boot – Odontologia UniCesumar Cinética de metabolismo Cinética de primeira ordem – velocidade de biotransformação é exponencial seguindo uma fração constante (50%). Eliminação diretamente proporcional à concentração plasmática do fármaco. A vantagem é a eliminação rápida de dosagens elevadas. Cinética de ordem zero ou de saturação – eliminação no padrão linear, em que o fármaco é removido a uma quantidade fixa (saturação da capacidade das enzimas e moléculas). A velocidade de queda da concentração plasmática do fármaco não depende da dose. Ex: etanol, anticonvulsionantes (fenitoína), salicilatos. Excreção Eliminação ou passagem do fármaco da circulação sanguínea para o meio externo na sua forma hidrossolúvel (urina). Pode ocorrer a sua reabsorção. Órgãos envolvidos: Intestino → bile e fezes. Rim → urina. Pulmões. Líquidos corporais (suor, saliva, lágrima) → quantidade desprezível. Clearance (CL) ou depuração: quantidade de fármaco que é depurada do organismo por unidade de tempo. Depende de função excretora do rim (depuração) Insuficiência renal crônica diminui a depuração. Idosos. Concentração do fármaco permanece elevada por mais tempo → efeitos terapêuticos mais prolongados → tempo da meia vida é maior → toxicidade. Etapas da excreção de medicamentos: Rafaela Lorena Boot – Odontologia UniCesumar I. Filtração glomerular (peneira) – não depende do pH e Lipossolubilidade. Passagem apenas do fármaco livre e partículas pequenas. II. Secreção tubular proximal – fármacos grandes ou associados com proteínas plasmáticas. Baixa especificidade. Competição por transportadores → dificulta eliminação de algum fármaco. III. Reabsorção tubular distal – Reabsorção passiva de fármaco não ionizado, lipossolúvel. Alcalinização da urina com bicarbonatos ioniza o fenobarbital (ácido fraco) facilitando sua excreção renal. Acidificação da urina aumenta a eliminação renal de fármacos básicos. Síntese integradora Absorção: I. Via de administração. II. Lipossolubilidade. III. Ph do meio e ionização do fármaco. IV. Superfície de absorção. V. Glicoproteína P. Distribuição I. Vascularização do tecido. II. Ligação a proteínas plasmáticas. III. Conteúdo lipídico do tecido. IV. Volume de distribuição. V. Compartimentos especiais. Metabolismo I. Fase I: oxidação, redução, hidrólise. II. Enzimas CYP450. III. Fase II: conjugação. IV. Tomar o fármaco hidrofílico. Rafaela Lorena Boot – Odontologia UniCesumar V. Metabolismo de primeira passagem. VI. Fármacos podem alterar a CYP450. Excreção I. Filtração glomerular. II. Secreção tubular proximal. III. Reabsorção tubular distal. Análise do perfil farmacocinético Administra-se o fármaco uma vez, colhe-se o sangue periodicamente e analisa-se a curva. CMT → concentração máxima tolerada (é o máximo que pode seradministrado para não ser tóxico). NPE → nível plasmático efetivo (concentração mínima para que ocorra o efeito). Janela terapêutica → está entre o CMT e NPE. Todos os processos acontecem simultaneamente, quando a curva aumenta, algum processo farmacocinético acontece devido a absorção. Em relação entre a absorção e outros processos, a quantidade de absorção é próxima da quantidade que está saindo e, após isso, o predomínio é da excreção. O ideal é que a concentração doas fármacos esteja entre o CMT e NPE, ou seja, na janela terapêutica. Quanto maior é a janela terapêutica, maior é a margem de segurança. FARMACODINÂMICA Mecanismos de atuação dos fármacos no organismo, o qual ocorre geralmente pelo bloqueio ou estímulo de uma via promovendo um efeito celular e clínico benéfico. Interação dos medicamentos com seu “alvo”. → Uso racional e seguro de medicamentos. Integração do fármaco com o organismo Alvo dos fármacos: ligação em receptores Obd: nem todos os fármacos atuam em receptores. Rafaela Lorena Boot – Odontologia UniCesumar Potência e eficácia dos fármacos Potência – relação da dose necessária para ter o efeito esperado. Quanto menos fármaco for necessário para produzir efeito mais potente ele é. Eficácia – Tamanho da resposta quando o fármaco interage com o receptor. Depende da quantidade de receptores ligados ou ocupados. Eficácia máxima: quando todos os receptores estão ocupados pelo fármaco. Não adianta aumentar a concentração do fármaco. Tipos de efeitos dos fármacos Efeitos decorrentes da dose e seletividade dos fármacos Efeitos terapêuticos: efeito desejado com o uso do fármaco para diagnosticas, prevenis ou tratar uma condição ou doença. Efeitos colaterais: efeitos simultâneos aos efeitos principais, podendo ser benéficos ou limitar o uso dos fármaco. Ex: sonolência com anti-histamínico, amnésia anterógrada com benzodiazepínicos. Efeitos adversos: efeito prejudicial ou indesejável após o uso do fármaco. Podem ser graves levando à óbito, prolongamento de hospitalização. Efeitos teratogênicos: reações adversa grave sobre o feto promovendo alterações morfológicas, funcionais quando administrado durante a organogênese (entre a 2º e a 10º semana de gestação). Superdosagem: administração de doses anormalmente elevadas de um fármaco (superdosagem absoluta) ou uma dose adequada porém administrada em grande velocidade por via endovenosa (superdosagem relativa). Ex: aplicação intravascular de anestésicos locais. Efeitos dependentes do organismo Hipersensibilidade: reações imunológicas conhecidas como alergia. Sinais e sintomas: Urticária, coriza, erupções cutâneas, vermelhidão, edema e reação anafilática. I. Primeiro contato: sensibilização. II. Segundo contato: reação alérgica ou anafilática (histamina, leucotrienos). Idiossincrasia: efeitos diferentes do esperado por motivos desconhecidos, Rafaela Lorena Boot – Odontologia UniCesumar podendo estar relacionado a fatores genéticos. Efeito paradoxal: efeito contrário do esperado após a administração de um fármaco. Ex: intensa agitação após uso de benzodiazepínicos (dizepam) em crianças e idosos. Segurança no uso de fármacos Dose terapêutica ou dose eficaz: é a dose necessária para causar um determinado efeito terapêutico na maioria dos indivíduos. Índice terapêutico: distância entre a dose terapêutica/eficaz e a dose que produz efeitos adversos. Medida indireta da toxicidade e segurança do fármaco. Define a margem de segurança do medicamento. Índice terapêutico = DL50/DE5 Tipos de receptores Receptores ionotrópicos – canais iônicos dependentes de ligantes. Regulam os poros por onde fluem os íons. Alteração no potencial de membrana. Efeito rápido por milissegundos (S. N. Parassimpático). Receptores metabotrópicos I. Receptores acoplados à proteína G – ligante ativa moléculas efetoras que gera, 2ºs mensageiros para modificar as atividades da células. A ação dura de vários segundos a minutos. II. Receptores ligados a enzimas – o ligante promove alteração metabólica da célula. Ação dura de minutos a horas. Ex: receptor de insulina. Rafaela Lorena Boot – Odontologia UniCesumar Receptores intracelulares – presente no citoplasma e no núcleo da célula alvo. Ligante precisa difundir-se para dentro da célula. O fármaco deve ser lipossolúvel. Possui tempo de ativação de horas ou dias. Ex: hormônios esteroidais. Formas de interação com o receptor Estimula a transdução de sinal. Fármaco + receptor = transdução de sinal → resposta celular. Fármacos agonistas → sinais para a célula. Receptores → detectores de sinais. ↓ Segundos mensageiros ou moléculas efetores. ↓ Cascata de eventos que ativa uma resposta celular. Fármacos agonistas – ativam o receptor → R*. I. Agonistas totais: resposta biológica máxima. Estabiliza o receptor em R*. II. Agonistas parciais: resposta menos intensa (menor eficácia) mesmo ocupando todos os receptores. Podem atuar como antagonistas do agonista total. III. Agonistas inversos: estabiliza o receptor na forma R (inativa). Receptores inativos em maior número que os receptores ativos. Fármacos antagonistas. I. Antagonistas competitivos: competem e impedem a ligação do agonista no receptor. Agonista e antagonista se ligam de forma reversível ao receptor. Diminui a potência do agonista. Necessita de uma concentração maior de fármaco agonista para ter um mesmo efeito. Na ausência do agonista, o antagonista competitivo não tem efeito algum. Rafaela Lorena Boot – Odontologia UniCesumar II. Antagonistas não- competitivos: ligam-se fortemente ao local ativo do receptor, impedindo sua ativação. Menos receptores disponíveis para o agonista. Diminui a eficácia do agonista. O efeito não pode ser superado aumentando a concentração do agonista. III. Antagonistas alostéricos: ligam-se a outro local do mesmo receptor, não impede a ligação do agonista, mas impede sua ativação. Efeito contrário e diminui a eficácia do agonista. IV. Antagonistas funcionais: ligam-se a outro receptor, mas não impede a ligação do agonista no receptor. Promovem efeito antagônico. Rafaela Lorena Boot – Odontologia UniCesumar Alterações no número de receptores Upregulation Exposição repetida aos antagonistas. Gera sensibilização (aumento do número de receptores). A célula se torna mais sensível aos agonista e mais resistente aos antagonistas. Ex: resistência a medicamentos ansiolíticos (benzodiazepínicos). Downregulation Os receptores são dessensibilizados (internalizados). É causado devido ao uso excessivo de agonistas. Diminui o número de receptores (diminui o efeito do agonista). Há a recuperação dos receptores refratários. NORMAS DE PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS Medicamentos → tratamento, controle ou cura da condição. Uso de medicamentos por períodos prolongados → efeitos adversos. A maioria dos casos de manejo farmacológico é complementar ao manejo clínico. Analgésicos De ação central (opioides) e de ação periférica. São indicados para controle da dor leve à severa. Os opioides são mais eficazes. Anti-inflamatórios Esteroidais (corticoides) e não- esteroidais. São indicados para controle dos sinais clínicos da inflamação, incluindo dor. Antimicrobianos Antibióticos, antifúngicos, desinfetantes e antissépticos. Os desinfetantes diminuem a quantidade de microrganismos sobre uma superfície não viva. Já os antissépticos, diminuem a quantidade de microrganismos sobre uma superfície viva. Os antimicrobianos são indicados para a inativação, controle da proliferação ou eliminação de microrganismos. Ansiolíticos Benzodiazepínicos (mais utilizadosna odontologia) ou barbitúricos. São indicados para o controle de problemas de sono, ansiedade e até crises convulsivas. Necessidade de uso de medicações na odontologia Antes do atendimento Analgesia preventiva: prevenção de dor e de edema. É indicado o uso de corticoides. Sedação: controle da ansiedade. É indicado o uso de benzodiazepínicos e óxido nitroso. Evitam que o Rafaela Lorena Boot – Odontologia UniCesumar paciente fique ansiosa durante o atendimento. Profilaxia antibiótica: prevenção de bacteremia → endocardite bacteriana. Durante o atendimento Controle da dor: com anestésicos locais. Controle precoce da dor: com analgésicos/anti-inflamatórios e corticoides. Após o atendimento Controle da dor: com analgésicos. Controle de edema: com anti- inflamatórios. Tratamento de infecção: bacterianas e fúngicas. Locais x sistêmicas. Notificação de receita tipo A – Amarela Lista de medicamentos A1, A2 e A3: entorpecentes. O cirurgião dentista pode prescrever: Lista de medicamentos A2: tramadol, codeína (analgésicos opioides). Indicações: dores moderadas a intensas no pós-operatório de cirurgias e para dor oncológica ou neuropática. Cuidado: causam dependência física e psíquica. Apenas 1 prescrição por receita! Analgésicos opioides: pode-se prescrever na receita de controle especial branca, duas vias, quando a dosagem desses medicamentos não ultrapassar 100mg por dose posológica. Se ultrapassar, a receita utilizada é a de notificação A, de cor amarela. Notificação de receita tipo B – Azul Lista de medicamentos B1 e B2: psicotrópicos. O cirurgião dentista pode prescrever: Lista de medicamentos B1: benzodiazepínicos (diazepam, alprazolam, midazolam). Indicações: sedação consciente, controle de ansiedade, miorelaxante. Apenas 1 prescrição por receita! Deve: Acompanhar o receituário comum duas vias, uma para o paciente e outra de retenção. Deve ter registro na prefeitura → alvará de funcionamento. Uso em dose única na odontologia → manter o medicamento no consultório. Controle especial em duas vias (receituário comum). Lista de medicamentos C1: controle especial. Problemas de DTM. O cirurgião dentista pode prescrever: Carbamazepina: I. Anticonvulsionante. II. Indicação: dor neuropática (neuralgia do trigêmeo), Rafaela Lorena Boot – Odontologia UniCesumar disfunção da articulação temporomandibular. Amitriptilina, imipramina, paroxetina e fluoxetina: I. Antidepressivo. II. Indicações: sedação consciente, controle de ansiedade, mio-relaxante. Antimicrobianos: I. Antibióticos e antifúngicos. II. Uso terapêutico: infecções bacterianas e fúngicas locais e disseminadas sistemicamente. III. Uso profilático: prevenção de bacteremia, infecções e endocardite bacteriana. IV. Perfil de microrganismos: infecções mistas por microrganismos gram- positivos e gram-negativos, aeróbios e anaeróbios. V. Uso a curto prazo: de 5 a 7 dias. Uso indiscriminado → resistência bacteriana → retenção de receita. Registro no momento da dispensão: - Quantidade, data e número do lote. - RG, CPF, data de nascimento, endereço e assinatura do comprador. Validade das receitas Prescrições gerais e de controle especial (portaria federal 344/98): 30 dias. Antibióticos: 10 dias (RDC nº 20/2011). Normas de prescrição Nome do profissional. Número do registro no conselho de classe. Endereço do profissional. Local e data. Assinatura do profissional. Itens obrigatórios no receituário de instituição de ensino Nome do responsável técnico. Número do registro no conselho de classe. Nome e endereço da instituição. Nome da disciplina e do professor. Local e data. Rafaela Lorena Boot – Odontologia UniCesumar Assinatura do professor. Cabeçalho Nome completo do paciente. Endereço (não obrigatório). Forma de uso do medicamento: uso interno/uso externo. Itens da prescrição Princípio ativo ou especialidade farmacêutica. - Denominação comum brasileira (DCB). - Aprovação da anvisa. - No SUS é indicado prescrever o princípio ativo. Concentração. Quantidade a ser dispensada e forma farmacêutica. - Comprimidos, solução, orobase. Posologia: como o paciente irá tomar. - Dose, intervalo entre doses e período. Data. Pode ter orientações gerais de cuidados. - Ingerir em jejum. - Realizar o bochecho 30 min após escovar os dentes.
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