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Isabella Cristine 2° Período- FAMERV “A Toxicologia Social é uma área da toxicologia que estuda os efeitos nocivos decorrentes do uso não médico e nem terapêutico de fármacos ou drogas, causando danos não somente ao indivíduo, mas também à sociedade.” - Fármaco é uma substância que, quando em contato ou introduzida ao sistema biológico, modifica uma ou mais de suas funções; - Droga é a matéria-prima de origem mineral, vegetal ou animal, que contém um ou mais fármacos. - Os fármacos que causam dependência são classificados em: • Opiáceos: heroína, morfina, codeína; • Estimulantes: cocaína, anfetamina, cafeína: • Depressores do SNC: barbitúricos, benzodiazepínicos, etanol e inalantes: • Tabaco: nicotina: • Cannabis: Δ9-THC: • Psicodélicos (alucinógenos): LSD, psilocibina, mescalina. - Os termos psicotrópicos e substâncias psicoativas, etimologicamente significam que agem no SNC; - A característica em comum entre essas substâncias é o fato de todas apresentarem um potencial para induzir dependência. - A abstinência não deve ser confundida com o comportamento de dependência, pois são fenômenos independentes; - Os termos “dependência física” e “dependência psíquica” são inadequados para expressar o mecanismo envolvido; - É possível ser dependente sem haver síndrome de abstinência e vice-versa; - O cérebro e outros tecidos adaptam-se à presença continuada da droga ou fármaco, mobilizando progressivamente processos fisiológicos opostos às alterações causadas por elas, de forma a contrabalançar o efeito contra - adaptação às ações antagonistas de drogas ou fármacos; - Tolerância farmacodinâmica: alterações que tendem a compensar o efeito do fármaco e produzir um estado Farmacodependência Isabella Cristine 2° Período- FAMERV funcional aparentemente normal durante a presença do mesmo; - Quando um fármaco é retirado, essas alterações causam uma hiperexcitabilidade (de rebote), pois já não são mais equilibradas pelo efeito do fármaco; - A excitabilidade constitui uma síndrome de abstinência, que pode variar desde sonolência, tremores e irritabilidade até alucinações e convulsões tônico-clônicas; - As características particulares da síndrome de abstinência dependem das mudanças adaptativas induzidas pela droga ou fármaco; -A intensidade da reação de abstinência tem relação com o curso temporal da ação de droga ou fármaco; - A tolerância e a síndrome de abstinência são fenômenos resultantes de adaptações fisiológicas reversíveis, ocorrendo como uma consequência natural da exposição a um fármaco/ droga e que não implicam dependência; - O termo “dependência” é definido como uma síndrome comportamental, caracterizada pela perda de controle (compulsão) sobre o consumo do fármaco/ droga (fissura); Essa dependência produz alterações em sistemas neuronais específicos, porém, são mais persistentes e na maioria irreversíveis. - Nem todo usuário de fármaco se torna dependente; - Para um indivíduo ser diagnosticado como dependente, deve apresentar três ou mais dos critérios abaixo, ocorrendo a qualquer momento no período de 12 meses. - Estima-se que 40-60% da vulnerabilidade à dependência podem ser atribuídos a fatores genéticos; - Há um alto grau de correlação entre traços de personalidade conhecidos como de “busca de novidade” e “busca de sensação impulsiva”. Esses indivíduos buscam novidade, sensações intensas, e estão dispostos a correr riscos físicos, sociais, legais e financeiros por causa dessas experiências, combinando com a impulsividade; - Indivíduos que sofrem de diversos transtornos têm uma probabilidade maior de se exporem às drogas/ fármacos de abuso e desenvolverem dependência; - Usuários de fármacos/drogas de abuso e dependentes têm uma maior prevalência de doenças mentais do que as outras pessoas; Essas comorbidades refletem a interação entre fatores ambientais, genéticos e neurobiológicos que influenciam a exposição a fármacos ou drogas de abusos e doenças mentais. - Dentre os fatores ambientais que influenciam o desenvolvimento da Isabella Cristine 2° Período- FAMERV dependência, a disponibilidade do fármaco/droga de abuso é o mais evidente; Quanto maior a disponibilidade, maior o grau de dependência do indivíduo. - Indivíduos podem se auto- administrar estímulos elétricos a áreas específicas no cérebro relacionadas às sensações de prazer; - As recompensas naturais imprimem na memória cerebral como um acontecimento feliz, fonte de reforço para que o indivíduo repita determinada ação; Essas recompensas funcionam como reforçadores naturais. - O sistema mesolímbico dopaminérgico foi identificado como um componente chave para o circuito de recompensa; Essa via inclui neurônios dopaminérgicos na área tegmental ventral (ATV) com projeções especilamente no núcleo acubens (NAc), mas também na amígdala, hipocampo, córtex frontal e pallidum ventral; As estruturas que se projeam ao NAc formam o núcleo central do sistema recompensa. - Estimulação elétrica e recompenas naturais convergem para um circuito comum no sistema límbico cerebral, produzindo a liberação de dopamina (DA) no NAc; - Devido à recompensa, os efeitos de drogas/fármacos podem funcionar como reforçadores, ou seja, motivar por si mesmo um comportamento de auto- administração desses produtos; - As propriedades gratificantes de fármacos/drogas facilitam a instalação da dependência por duas razões: • A recompensa obtida pelo uso de fármacos/drogas promove a auto- administração, uma condição necessária para uma exposição repetida dos mesmos; • As propriedades gratificantes são necessárias para aumentar o valor motivacional dos fármacos/drogas e os estímulos associados com estas. - As drogas ou fármacos de abuso diferem dos reforçadores convencionais; Seus efeitos estimulantes sobre a liberação de DA no NAc são significativamente maiores do que os reforçadores naturais. - O sistema mesolímbico dopaminérgico reforça o comportamento e sinais associados com os estímuos cruciais para a sobrevivência (ex: alimentação e reprodução); O comportamento de consurmir fármacos/drogas e o estímulos associados, ficam registrados no cérebro como importância crucial. - A estimulação repetida e profunda da transmissão de dopamina induzida por drogas/fármacos de abuso reforçam anormalmente as associações estímulo- droga/fármaco; Isabella Cristine 2° Período- FAMERV - Esimulantes aumentam diretamente a transmissão dopaminérgica no NAc; - A cocaína inibe a recaptura de DA, o que prolonga os efeitos da DA liberada e anfetamina, e aumenta sua liberação no terminal sináptico; - Opiáceos inibem os interneurônios GABérgicos na ATV, que expressam receptores opióides µ que, por sua vez, desinibem os neurônios dopaminérgicos na ATV; Dessa forma, aumentam indiretamente a liberação de DA no NAc. Opiáceos também estimulam diremente os receptores opióides expressos pelo NAc, produzindo recompensa de uma maneira independente de dopamina. - A nicotina ativa diretamente os recpetores colérgicos nitcotínicos na ATV, causando a liberação de dopamina e; - O etanol, estimulando a função do receptor GABAA, pode inibir os terminais GABAérgicos na ATV e, assim, desinibir os neurônios dopaminérgicos na ATV; - Os mecanismos para os canabióides envolvem a ativação dos receptores CBI nas terminações GABAérgicas e glutamatérgicas no NAc e nos próprios neurônios do NAc; Isabella Cristine 2° Período- FAMERV - É a capacidade de um fármaco gerar a auto-administração repetida sem a necessidade de outros mecanismos externosde indução; - Os fármacos que produzem efeitos gratificantes de maneira mais rápida e intensa são maiores reforçadores, pois estimulam uma auto-administração repetida; Quanto maior a capacidade de reforço de um fármaco, maior a probabilidade dele ser auto- administrativo e induzir a dependência. - A heroína, cocaína, morfina e nicotina são os fármacos com maior potencial de reforço, seguido pela anfetamina, etanol, solventes e barbitúricos; - Quanto mais rapidamente um fármaco produzir os seus efeitos reforçadores, maiores são as chances de originar um comportamento de consumo repetido comparado a um outro fármaco que apresente um início lento de ação; - Potencial de ação secundário: Fatores independentes da ação farmacológica que são observados exclusivamente na auto-administração por seres humanos; - No reforço positivo, o organismo age para obter diretamente uma recompensa, ou seja, uma busca por sensações prazerosas. Já no reforço negativo, o organismo age para evitar um mal-estar ou estados desagradáveis. O comportamento de dependência é mantido pelo desejo de evitar a síndrome de abstinência. - Um fármaco administrado por via intravenosa, atinge o cérebro com mais rapidez; Pois é injetado diretamente na circulação. - Fármacos administrados por via pulmonar são inalados diretamente para os pulmões, alcançando facilmente a circulação e o cérebro; - O efeito do fármaco quando administrado por via intranasal é menos intenso que as outras vias; Devido à etapa de absorção nas mucosas nasais antes de atingir a circulação. - A via oral é a mais lenta de todas, pois o fármaco começa a ser biotransformado pelas enzimas no estômago, intestino e fígado antes de ser absorvido. - Diminuição no efeito do fármaco/droga a despeito da doser ser mantida ou torna- se necessário um aumento de dose para alcançar-se o mesmo grau de efeito; 1- Tolerância inata ou natural: sensibilidade determinada geneticamente a um fármaco/droga que é observada a primeira vez que o mesmo é administrado; 2- Tolerância farmacodinâmica: é a necessidade de doses maiores de fármacos/drogas no sítio de ação para obtenção de efeitos de mesma intensidade e duração que os obtidos originalmente devido Isabella Cristine 2° Período- FAMERV às alterações adaptativas dos sistemas afetados por esses agentes; 3- Tolerância farmacodinâmica aguda ou taquifilaxia: é a que se desenvolve rapidamente com doses repetidas em uma única ocasião; 4- Tolerância metabólica, farmacocinética ou disposicional: resulta de alterações nas propriedades farmacocinéticas do agente, no organismo, após administração repetida, de forma que apenas concentrações reduzidas estão presentes no sangue e, subsequentemente, nos sítios de ação; Como consequência, torna-se necessário administrar uma dose maior para mantes a concentração eficaz de droga no sangue e cérebro pelo mesmo período de tempo. 5- Tolerância reversa ou sensibilização: é o aumento da resposta ao efeito de um fármaco/droga após administração repetida ao mesmo; A administração intermitente e repetida de substâncias estimulantes psicomotoras produz um incremento progressivo em seus efeitos ativadores psicomotores; 6- Tolerância cruzada: fenômeno em que um indivíduo tolerante a um determinado fármaco/droga exibe tolerância a outro; Pode ser farmacodinâmica ou metabólica: a) Se dois fármacos causam efeitos farmacológicos devido a mecanismos similares, as possíveis alterações adaptativas que surgem do uso de um deles, também irá conferir tolerância ao outro. b) Já a metabólica, a indução por um fármaco aumenta a velocidade de biotransformação de uma série de substâncias que nunca haviam sido administradas. 7- Tolerância condicionada ou ambiente-específica: mecanismo que se desenvolve se o fármaco/droga é sempre administrado na presença de um estímulo ambiental específico. Esses estímulos sinalizam a presença do fármaco/droga e as adaptações fisiológicas no organismo do usuário começam a ocorrer mesmo antes da substância alcaçar o seu sítio de ação; Princípio de Pavlov: uma tolerância ao fármaco/droga nas circunstâncias onde a substância é “esperada”. Quando a mesma é recebida em uma situação “inesperada”, a tolerância é reduzida e os efeitos aumentados. Isabella Cristine 2° Período- FAMERV - As anormalidades caracterizadas pela dependência desenvolvem-se gradual e progressivamente durante o decurso de exposições repetidas a uma droga/fármaco de abuso, e podem persistir por meses ou anos após a descontinuação do uso; - A exposição repetida de droga/fármaco de abuso altera a quantidade e mesmos tipos de genes expressos em determinadas regiões do cérebro, com consequentes mudanças nas proteínas sintetizadas; Quando essas proteínas afetam a função dos neurônios, essas modificações se manifestam em alterações de comportamento de um indivíduo. - A transcrição e expressão de genes nos neurônios são regulados por muitos fatores de transcrição, que são proteínas nucleares que se ligam a regiões de certos genes para aumentar ou diminuir sua expressão; - Os genes CREB e ΔFosB estão particularmente implicados na dependência. - É um fator de transcrição que se liga a uma região CRE (elemento de resposta ao AMPc) no DNA, promovendo aumento ou diminuição na velocidade de algumas transcrições gênicas; - Eventos: • Chega um sinal à superfície da célula; • Ativa o correspondente receptor; • Produção de um segundo menssageiro (AMPc ou Ca+); • Esse menssageiro ativa a proteína quinase; • A quinase se mobiliza até o núcleo da célula, onde ativa a proteína CREB por fosforilação; • CREB fosforilada se liga nos sítios CRE e interage com a proteína CBP; • CBP estimula o complexo de transcrição basal. - A administração de fármacos/drogas de abuso estimua a via do AMPc, que ativa a CREB no NAc; Os efeitos dessa estimulação são mediados parcialmente pelo peptídeo opióde dinorfina, que é expresso no NAc. - A dinorfina diminui a liberação de dopamina no NAc, causando disforia; A ativação da CREB induzida pelo fármaco/droga no NAc representa uma adaptação homeostática negativa, onde há uma diminuição da sensibilidade individual a uma subsequente exposição à substância. - A regulação da via do AMPc, CREB e dinorfina são relativamente de curta duração e revertem ao normal dentro de dias ou uma semana após a interrupção de uso do fármaco/droga; Essas alterações contribuem com o estado emocional negativo durante a primeira fase de abstinência. Δ - A administração aguda de alguns tipos de fármacos/drogas de abuso causam uma rápida indução de vários membros da família Fos no NAc; Essa indução é temporária (4 a 12h) após a administração da Isabella Cristine 2° Período- FAMERV droga/fármaco, devido à instabilidade dessas proteínas e seus RNAsm. - As isoformas de ΔFosB começam a se acumular com repetidas exposições à droga/fármaco devido à sua alta estabilidade; A ΔFosB persiste no cérebro por longo período de tempo.
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