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SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO: CONSIDERAÇÕES INICIAIS: “A constituição do crédito tributário tem como principal efeito tornar líquida, certa e exigível a obrigação já existente.” “A exigibilidade impõe ao sujeito passivo o dever de adimplir a obrigação” Art. 151 do CTN: Suspendem a exigibilidade do crédito tributário: I - moratória; II - o depósito do seu montante integral; III - as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo; IV - a concessão de medida liminar em mandado de segurança. V - a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial; (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) VI – o parcelamento. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) Rol taxativo conforme artigos 111, I e 144 do próprio CTN; A legislação aduaneira (Decreto-lei 37, de 18 de novembro de 1966) dispõe sobre possibilidades de suspensão da exigibilidade do crédito tributário (falta de harmonia com o CTN, em teoria somente o CTN dispõe sobre essa suspensão, mas na prática tem essa exceção da legislação aduaneira); Também pode ser suspenso por medida judicial (liminar em mandado de segurança suspende a exigibilidade do crédito, mas não a sua constituição); Essa exigibilidade pode ser prévia (como no caso de suspensão por medida judicial → impede a exigibilidade) ou posterior (algumas medidas do CTN) → suspende a exigibilidade); → ambas impedem a Administração Tributária de propor a execução fiscal. DEPÓSITO DO MONTANTE INTEGRAL: O lançamento já realizado pode ser impugnado pela via judicial ou administrativa; → no caso de impugnação judicial, o sujeito deve tomar providências que evitem o ajuizamento da execução por parte da Administração Fazendária: como o depósito integral do montante → direito subjetivo do devedor, segundo STJ (REsp 196.235/RJ); http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp104.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp104.htm →no caso de impugnação pela via administrativa a própria instauração do processo já suspende a exigibilidade do crédito, mas o sujeito também pode depositar o montante integral do crédito; Caso o depositante vença o processo, poderá, ao final deste, levantar o valor depositado integral ou parcialmente, mesmo na hipótese de possuir outras dívidas perante o mesmo sujeito ativo: O depósito inibitório de ação fiscal (CTN, art. 151) deve ser devolvido ao contribuinte em caso de este ser vitorioso na ação a ele relativa. Não é lícito ao Fisco apropriar-se de tal depósito a pretexto de que existem outras dívidas do contribuinte, oriundas de outros tributos. Semelhante apropriação atenta contra a coisa julgada (CPC, arts. 467 e 468)" (STJ, 1.a T., REsp 297.115/SP, Rei. Min. Humberto Gomes de Barros, j.03.04.2001, DJ 04.06.2001, p. 72). Essa a única hipótese de levantamento do montante depositado. No caso de o lançamento ser procedente (total ou parcial), o montante é convertido em renda (destinado aos cofres públicos), hipótese extintiva do crédito, previsto no artigo 156 do CTN e, nos casos de o processo ser extinto sem julgamento do mérito, o depósito também é convertido em renda. O valor depositado deve corresponder exata e integralmente ao exigido pela Fazenda Pública e deve ser feito em dinheiro → Súmula 112 do Superior Tribunal de Justiça: "O depósito somente suspende a exigibilidade do crédito tributário se for integral e em dinheiro. Inclusive, o STJ não admite a substituição do depósito pela prestação de fiança bancária (REsp 304.843/PR). É possível o depósito do montante antes do lançamento da dívida (lançamento por homologação), hipótese em que a Administração fica impedida de promover atos de cobrança de tributo, ou seja, fica suspenso a exigibilidade. RECLAMAÇÕES E RECURSOS NO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL: O direito ao contraditório e ampla defesa (art. 5º, LV da CF/88) também é assegurado na via administrativa: quando o contribuinte não concorda com o lançamento ele pode impugnar o valor na via judicial. Essa impugnação dá início a um litígio denominado de Reclamação, que correrá em um órgão de primeira instancia e, da decisão desse órgão, caberá recurso para um órgão de segundo grau (federal, estadual ou municipal). Em qualquer instancia, a exigibilidade dos créditos ficará suspensa. O efeito suspensivo dessas reclamações e recursos não pode ser modificado por lei, visto que previsto em norma geral de caráter nacional. Também fica proibido, até a decisão final, a inscrição do contribuinte e cadastros como o CADIM. Não incide sobre esses processos o ''solve et repete" (pague e depois reclame). Deve se ater unicamente a impugnar o lançamento e não matérias correlatas. Não é pacífico o entendimento quando o contribuinte insurge contra o lançamento por meio de um recurso intempestivo ou incabível. A exigência do depósito recursal e do arrolamento de bens foram consideradas inconstitucionais pelo STF. STF - Súmula Vinculante 21 - "É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo". STJ - Súmula 373 - "É ilegítima a exigência de depósito prévio para admissibilidade de recurso administrativo". LIMINAR EM MANDADO DE SEGURANÇA: Lei 12.016/09 que disciplina os Mandados de Segurança: art. 7º: Ao despachar a inicial, o juiz ordenará: III - que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido, quando houver fundamento relevante e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso seja finalmente deferida, sendo facultado exigir do impetrante caução, fiança ou depósito, com o objetivo de assegurar o ressarcimento à pessoa jurídica. Medida cautelar deferida quando presentes o periculum in mora e o fumus boni iuris; Comum quando o contribuinte não paga o tributo e quer demonstrar alguma ilegalidade, inconstitucionalidade ou irregularidade na cobrança. É dispensável a constituição do crédito tributário ou sequer o fato gerador da cobrança em decorrência do princípio constitucional de que não se excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça de lesão de direito. Lembrando que a liminar suspende apenas a exigibilidade e não o lançamento do crédito, pois, de outra forma, impedindo a autoridade fiscal de lançar o crédito poderia ocorrer de decair o direito de lançamento, gerando prejuízos ao Poder Público. Importante destacar que o deferimento da liminar não está condicionado ao depósito do montante ou qualquer outra medida, tendo em vista que todas as causas de suspensão são individualmente independentes: "Tributário. Suspensão da exigibilidade do crédito tributário. Distinção entre medida liminar e depósito do tributo controvertido. A medida liminar em mandado de segurança suspende a exigibilidade do crédito tributário, independentemente do depósito do tributo controvertido; se o juiz condiciona a concessão da medida liminar à realização do depósito, está, na verdade, indeferindo a medida liminar. Recurso ordinário provido em parte" (STJ, 2." T., RMS 3.881/SP, Rei. Min. Ari Pargendler, j. 01.09.1997, OJ 22.09.1997, p. 46.395) LIMINAR OU TUTELA ANTECIPADA EM OUTRAS ESPÉCIES DE AÇÃO JUDICIAL: Reconhecido o efeito suspensivo a partir da LC 104/2001; São aplicáveis aqui a maioria dos apontamentos feitos sobre o mandado de segurança; A medida cautelar tem natureza conservativa e visa assegurar a eficácia do provimento judicial final; já a antecipação de tutela tem natureza satisfativa e visa antecipar o gozo do direito que só seria concedido na sentença. MORATÓRIA: Dilação de prazo para pagamento do tributo; concedida por: ✓ Direta e genericamente pela lei → art. 152, I do CTN → requisitos objetivos, a lei concede a uma generalidade de sujeitos independente de comprovação de características pessoais especiais; ✓ Ato administrativodeclaratório do cumprimento de requisitos previstos em lei → art. 152, II do CTN → requisitos subjetivos, o contribuinte que quer ser beneficiado deve requerer a Administração Tributária comprovando, no ato, preencher determinados requisitos; atenção: também decorre de lei, todavia deve ser declarado num ato administrativo; Segundo o artigo 152 pode ser concedida em caráter geral: ✓ Moratória autônoma: art. 152, I → concedida pela pessoa jurídica de direito público competente para instituir o tributo a que se refira; ✓ Moratória heterônoma: União concede moratória de tributo de competência alheia, sendo seu uso admitido somente em situações extremas que a justifiquem sob pena de estar suprimindo competência de outro ente (não há notícia ou jurisprudência sobre já ter sido usada; presume-se que a medida é constitucional). Em ambos os casos gera direito adquirido e dispensa o oferecimento de garantias por parte do beneficiário. Diferença entre moratória parcelada e parcelamento: O artigo 153 do CTN determina os requisitos que deverão estar previstos na lei que conceder a moratória e, se for o caso, “o número de prestações e seus vencimentos, dentro do prazo a que se refere o inciso I, podendo atribuir a fixação de uns e de outros à autoridade administrativa, para cada caso de concessão em caráter individual;” A moratória sempre esteve no inciso III do art. 151 do CTN e a moratória parcelada prevista no artigo 153, já o parcelamento foi incluído pela LC 104/2001, logo presumir-se-á, tratar-se de institutos diferentes. A moratória é medida excepcional, que somente deve ter lugar em casos de situações naturais, econômicas ou sociais que dificultem o normal adimplemento das obrigações tributárias. Já o parcelamento é corriqueira medida de política fiscal, que visa a recuperar créditos e a permitir que contribuintes inadimplentes voltem à situação de regularidade. Créditos abrangidos pela moratória: Dispõe o artigo 154 do CTN: “Salvo disposição de lei em contrário, a moratória somente abrange os créditos definitivamente constituídos à data da lei ou do despacho que a conceder, ou cujo lançamento já tenha sido iniciado àquela data por ato regularmente notificado ao sujeito passivo.” Em regra, o benefício é estendido a créditos lançados ou em fase de lançamento. Por fim, tem-se que o benefício somente é aproveitado em casos de dificuldades financeiras decorrentes de eventos imprevisíveis, conforme parágrafo único do mesmo artigo: “A moratória não aproveita aos casos de dolo, fraude ou simulação do sujeito passivo ou do terceiro em benefício daquele.” Moratória individual e direito adquirido: O benefício da moratória pode vir a ser “revogado” nos termos do artigo 155 do CTN: A concessão da moratória em caráter individual não gera direito adquirido e será revogado de ofício, sempre que se apure que o beneficiado não satisfazia ou deixou de satisfazer as condições ou não cumprira ou deixou de cumprir os requisitos para a concessão do favor, cobrando-se o crédito acrescido de juros de mora: As condições e requisitos são pressupostos objetivos e subjetivos, respectivamente que devem ser comprovados no requerimento do benefício, como já acurado. Estes pressupostos podem ser instantâneos: reconhecidos no momento de reconhecimento do direito; ou continuados: permanentes enquanto durar os efeitos. Se o sujeito não satisfazia os pressupostos quando o benefício foi concedido ou deixa de satisfazer, este deve ser extinto. Neste ponto, insta salientar que na lição de Ricardo Alexandre (2018), o termo revogação é equivocado já que, sendo ato administrativo vinculado, é irrevogável, sendo mais preciso e coerente o uso a anulação do benefício, visto que ilegal. Neste interim, a “revogação” do benefício impõe do beneficiário o pagamento do crédito acrescido de juros de mora, conforme regra do caput do artigo 155 transcrita acima, entretanto, conforme os incisos I e II, há outras consequências que podem sem impostas a depender da presença de dolo na conduta do beneficiário: “I - com imposição da penalidade cabível, nos casos de dolo ou simulação do beneficiado, ou de terceiro em benefício daquele; II - sem imposição de penalidade, nos demais casos.”. A “punição” do inciso I, trata-se de aplicação de multa. Por fim, o tempo decorrido entre a concessão da moratória e sua “revogação” não é levado em conta nos casos de dolo, ao passo em que é contado quando não se agiu com dolo, ou seja, uma vez prescrito não pode ser revogado. PARCELAMENTO: Disciplina o artigo 155-A, caput do CTN que o parcelamento será concedido na forma e condição estabelecidas em lei específica. Esta lei específica é de competência do ente Federativo responsável pela instituição do tributo, desta forma, cada um tem autonomia para criar leis quanto ao parcelamento de seus tributos, desde que respeitadas as normas gerais do CTN. A LC 104/2021 inseriu o §1º ao artigo 155-A determinando que: “Salvo disposição de lei em contrário, o parcelamento do crédito tributário não exclui a incidência de juros e multas.” Também incluso pela mencionada LC, o §2º delimita a aplicação subsidiária das regras pertinentes a moratória já elencadas no tópico anterior. Com a edição da Lei Complementar 118/2005, mais dois parágrafos foram acrescentados ao artigo 155- A da norma: § 3º Lei específica disporá sobre as condições de parcelamento dos créditos tributários do devedor em recuperação judicial. §4º A inexistência da lei específica a que se refere o § 3o deste artigo importa na aplicação das leis gerais de parcelamento do ente da Federação ao devedor em recuperação judicial, não podendo, neste caso, ser o prazo de parcelamento inferior ao concedido pela lei federal específica. O §3º autoriza que cada ente federado edite duas leis específicas sobre a matéria: uma impondo o regramento dos parcelamentos em geral e outra sobre o parcelamento do devedor em recuperação judicial. Por sua vez, o §4º autoriza que, na ausência da lei específica sobre parcelamento nos casos de devedor em recuperação judicial, sejam aplicadas as regras do parcelamento geral editadas por aquele ente, todavia respeitando-se o prazo concedido pela lei federal.
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