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Neoplasias de Pâncreas Exócrino 1 Neoplasias de Pâncreas Exócrino Algum Resumo? Eu mesmo fiz!! Data da Aula Feito por: Rafael Calvano Impresso Matéria 🔪 Cirurgia II Introdução A maioria dos cálculos que migram são pequenos e precisam passar pelo ducto cístico, com isso há uma grande chance de ele cair no colédoco também. Por isso tem que ter muita certeza da localização do cálculo antes de realizar a retirada, essa certeza vem com a CPRE. Paciente ainda internado para tratamento de pancreatite aguda tende a melhorar devido ao repouso e ausência de estímulo de liberação de bile. Pancreas exócrino - responsável pelo processo digestório e enzimas responsáveis pelo processo de digestão, armazenadas nos granulos zigmogênios e liberadas ainda inativas. Quando chegam no duodeno elas se tornam ativas e exercem suas funções no intestino exclusivamente. É o que está envolvido no processo de pancreatite aguda, e também é o que está mais envolvido quando se fala de neoplasias de pâncreas. Pancreas endócrino - produz os hormônios (substancias produzidas com capacidade de alterar o metabolismo e que são liberadas diretamente na corrente sanguinea). A grande maioria das neoplasias pancreáticas são exócrinas e malignas. Além disso, a neoplasia de pâncreas é uma patologia muito comum e não tem distinção de sexo. Quanto mais velho é o paciente, maiores as chances de ele desenvolver uma neoplasia de pâncreas, sendo que 90-95% são de pâncreas exócrino, e nessa porcentagem sua grande parte é maligno e acomete pessoas acima de 60-65 anos de idade. Nos homens: cancer de pulmao, prostata, colon e pâncreas (nessa ordem, mais comum pro menos comum). De todas as neoplasias do trato gastrointestinal, a neoplasia de pâncreas é a mais agressiva de todas! É a que tem maior capacidade de agressividade comparado às outras. O pâncreas é praticamente 100% parênquima, não existe muito tecido mesenquimal e nem muita estrutura de tecido conjuntivo. No caso de uma degeneração neoplasia, o pâncreas é muito pequeno (no máximo 18cm, 150-180g) e assim o comprometimento é muito rápido. A tendência é que ele se comprometa de forma absoluta muito rapidamente. A cada 100 casos, 40% já teria invasão locoregional, e 50% já teriam metástase. Sobram 10 casos que ainda têm a doença restrita ao local. No geral, a neoplasia de pâncreas tem um prognóstico muito ruim pois é uma neoplasia muito comum e com uma agressividade muito grande. → 40 a 50 anos: incidência de 10 casos por 100mil habitantes; → 80 a 85 anos: incidência de 116 casos por 100mil habitantes; É o segundo tipo de câncer mais comum do TGI e o primeiro em questão de agressividade e gravidade. → Se fizermos diagnóstico em 100 pessoas, apenas três vão conseguir sobreviver com o passar de 5 anos. Ressecção Curativa: 10% dos casos; Sobrevida até 5 anos: 18 a 24% dos casos; Sobrevida após 5 anos: 1 a 3% dos casos; Neoplasia maligna de pâncreas tem tipo histológico: adenocarcinoma. Na maioria das vezes não existe componente familiar, hereditário ou genético nos casos de neoplasias de pâncreas. É uma neoplasia esporádica. Por mais que na maioria das vezes não haja componente familiar, existem sim alguns casos e eles têm relação com a mutação do Gene Supressor P16 (5% dos casos). @September 14, 2021 Neoplasias de Pâncreas Exócrino 2 Prováveis Fatores Etiológicos Tabagismo; Dieta rica em proteína animal e gordura (obesidade); Diabetes; Café; Pancreatite Crônica Esporádica; Síndrome de Peutz Jeghers (polipose intestinal difusa); CA de mama familiar (BRCA2); No geral, não existe algo que esteja intimamente relacionado com a neoplasia pancreática, apenas deduções e especulações de prováveis etiologias. Anatomia Pâncreas é dividido pelo ponto de vista cirúrgico em: cabeça, colo, corpo, cauda e processo uncinado. É um órgão retroperitoneal, localizado no abdome superior, posterior ao estômago e omento menor (ele está lá trás escondido). Além disso, ele é um órgão anterior à veia cava inferior, à aorta, veia esplênica, e à glândula adrenal esquerda. A cabeça do pâncreas tem relação íntima com o duodeno, compartilham da mesma vascularização. O corpo pancreático fica apoiado na aorta e tem relação direta com a artéria e veia mesentéricas. A artéria esplênica passa rente a parede superior do pâncreas. Onde quer que a neoplasia pancreática se desenvolva, tem estruturas muito significativas próximas da neoplasia, como: veia cava, aorta, veia esplênica, adrenal, artérias mesentéricas. A relação vascular do pâncreas é suficiente para justificar que 50% dos pacientes no momento do diagnóstico têm metástase à distância. É um órgão extremamente vascularizado. Como já citado, existe uma íntima relação entre os ductos pancreáticos e o duodeno. Cirurgicamente, ao lidar com o pâncreas tem que necessariamente lidar com o duodeno também. A quarta porção do colédoco passa pelo pâncreas. O Da esquerda pra direita um tecido pancreático normal e as alterações que vai sofrendo ao longo do tempo até se tornarem células neoplásicas. Neoplasias de Pâncreas Exócrino 3 segmento distal do colédoco é intra pancreático, ele mergulha na cabeça do pâncreas e deságua no duodeno. Uma neoplasia nessa região não só tem contexto vascular para se disseminar como também tem a via biliar principal para ser comprometida. O tumor se dá por dois motivos: 1. Exuberante Vascularização; 2. Neoplasia biologicamente agressiva; 50% dos casos já possuem metástase à distância no momento do diagnóstico, e a relação de proximidade com vários órgãos e estruturas, inclusive com a via biliar, garante cerca de 40$ de invasão por contiguidade. Fisiopatologia A fisiopatologia determina dois comportamentos diferentes para o pâncreas: se esse tumor se desenvolve na cauda ou no corpo / se esse tumor se desenvolve na cabeça do pâncreas. O tumor corpo-caudal: → Manifestações compressivas discretas; → Sintomas mais exuberantes: tumorais (paciente com hipoproteinemia, anorexia, emagrecimento, anemia. Paciente sente dor). → Invasão e Metástases normalmente já presentes. → Se existir tumor no corpo e causa, tem maior probabilidade de crescer SEM INVASÃO, porém tem maior perspectiva de crescer com metástase hematogênica. Se o tumor for pequeno, a síndrome compressiva será mínima, se o tumor for maior a síndrome compressiva vascular irá se manifestar. Normalmente as alterações geradas por causa do tumor corpo-caudal são por compressão vascular, sem relação direta com duodeno e colédoco. ⚠ Neoplasia corpo caudal pequena: manifestações neoplásicas malignas, com a síndrome tumoral. Emagrecimento, desnutrição, perda muscular, anorexia, hipoproteinemia, anemia, DOR (pâncreas é altamente vascularizado e inervado). As manifestações compressivas são mais discretas em função da anatomia. A invasão tumoral é pequena pois não tem síndrome compressiva, mas a metástase está presente por conta da vascularização acentuada. O tumor cefálico / cabeça do pâncreas: → Compressão do colédoco; → Compressão do duodeno; → Icterícia por padrão obstrutivo; → Vesícula do paciente fica distendida; Neoplasias de Pâncreas Exócrino 4 ⚠ Paciente pode apresentar COLÚRIA + ACOLIA FECAL: A colúria é mais significativa e mais importante pq reflete uma icterícia por bilirrubina direta. A acolia fecal não garante nada, pois todo e qualquer problema no trajeto o paciente irá apresentar acolia fecal, e a colúria só vai ocorrer depois que a bilirrubina é conjugada. Se tem colúria, sabemos que a bilirrubina foi captada, transportada, conjugada, colocada pra ser excretada e não saiu, é sinal de obstrução da saída da bilirrubina. → Vesícula palpável + icterícia (por obstrução) = sinal de Corvousier Terrier. → O tumor cresce, comprime o duodeno e pode causar complicações como: isquemia, necrose, perfuração duodenal e hemorragia. Adenocarcinomas Ou a neoplasia se origina nos ácinos ou nos ductos tubulares. Adenocarcinoma Ductal (94%): → Os mais comuns; → Pouco diferenciados,com crescimento rápido, mitoses, potencial de metástases; → Agressivos e Infiltrantes; → Fibrose estromal (reação tumoral gera fibrose do estroma do pâncreas); → Invasão Perineural (tropismo por estruturas nervosas pancreáticas); Adenocarcinoma Acinar (1%) → Pouco diferenciado; → Também é agressivo e infiltrante; → Fibrose de estroma; → Invasão Perineural; → O que diferencia é a origem, pois os dois tipos têm o mesmo comportamento biológico e o mesmo quadro clínico. Tumores Císticos (os 5% restantes): → Mais raros; → Comprometem corpo e cauda normalmente; → Indolor e de crescimento lento; → Melhor prognóstico comparado aos adenocarcinomas, mas não quer dizer que seja um bom prognóstico; Neoplasias de Pâncreas Exócrino 5 Grau de Diferenciação Tumoral Tumor primário (Tu) To - Sem evidência de Tu primário Tx - Tu Primário não pode ser localizado . Enquanto tenho invasão duodenal e invasão biliar, consigo “arrancar” , retiro em pacote. Quando tem invasão gástrica, esplênica ou colônica (cólon) , já fica mais complicado , pois a vascularização dos órgãos são diferentes , a artéria e veia esplênica já comprometidas , tem outros ramos envolvidos , isso trás resultados diferentes. Classificação da UICC T 1 - Tu limitado ao pâncreas T1a - Tu < 2cm T1b - Tu > 2cm T2 - Tu Invasão Duodenal , Biliar , Extra pancreático T3 - Invasão Gástrica, Esplênica, Colônica. T4 - Invasão Tumor Celíaco , Mesentérica Superior MO - sem evidência de metástase M1 - Metástase a distância 🗣 Muitas estruturas estão diretamente relacionadas com o pâncreas e não é necessário ultrapassar a serosa para conseguirem realizar a invasão. Quadro Clínico da Neoplasia Pancreática Varia de acordo com a localização, extensão (se foi além do pâncreas ou não) e se há metástase. A grande parte dos tumores acomete a cabeça do pâncreas e são de origem ductal. Paciente chega ictérico, desnutrido, emagrecido, com a queixa de uma dor muito intensa localizada em abdome superior de tipo em barra, muito parecida com a dor da pancreatite aguda (paciente relata que parece ter um cinto apertar a barriga). Quadro clínico geral: icterícia, perda ponderal e dor abdominal. Colúria ocorre pois a icterícia é proveniente de bilirrubina direta, conjugada, que é hidrossolúvel e excretada pelos rins. Paciente passa a excretar muito mais bilirrubina do que o normal e causa a colúria. Esteatorréia ocorre por conta da deficiência de a bile chegar e emulsificar a gordura na papila. Não tem bile chegando no duodeno, e se não tem bile não vai haver quebra de grandes cadeias de gordura para que a lipase possa fazer sua função. Elimina gordura em forma de esteatorreia. Acolia fecal pode ser causada por diversos motivos, ela não nos releva nada! Pode ser tanto por bilirrubina indireta por deficiência de captação ou até mesmo de bilirrubina direta. Icterícia crescente e progressiva!!! A tendência é que ela seja crescente e progressiva por conta do avanço do tumor. Essa icterícia gera prurido. Colangite incomum (?). Maior chance de sucesso no tratamento quando não há metástase. Quando não há metástase linfonodal (IIA) é possível tentar alguma terpia. O ideal é o estágio IB pois tem T2 que é limitado a duodeno e via biliar, faz cirurgia. O estágio IV não tem chance de tratamento. Neoplasias de Pâncreas Exócrino 6 O perfil doloroso desse paciente é persistente, de intensidade moderada a intensa, também é progressiva e quando lombar reflete um mau prognóstico. Tem característica de ser iniciada por alimentos e álcool. Paciente tem tendência a desenvolver diabetes súbita (20%), além de apresentar perda ponderal e dispepsia importantes. Por fim, paciente pode apresentar náusea e vômitos. 🗣 O nervo vago tem um ramo que é especificamente para o pâncreas. Diagnóstico A confirmação diagnóstica passa obrigatoriamente por biópsia para o histopatológico! Outros fatores que podem auxiliar no diagnóstico: clínica, exames laboratoriais, exames de imagem. 🚨 Icterícia, dor em barra em andar superior que aumenta ao se alimentar, vômito, homem de 60 a 80 anos, provavelmente relacionado ao tabagismo ou etilismo. Diagnóstico laboratorial: bilirrubina aumentada às custas da fração direta; anemia; marcadores tumorais (CEA e CA19-9), mas único que pode fechar diagnóstico é biópsia para o histopatológico. Diagnóstico por imagem: USG, TC, RNM, CPRE, USG endoscópica; Diagnóstico por PAF: guiada por TC, usada para tumores sólidos de malignidade discutível ou tumores avançados sem indicação de tratamento cirúrgico, para diagnóstico histológico visando quimio. CA19,9: Quando negativo, junto c exame de imagem tb negativo, tem alto valor preditivo para afastar o diagnóstico de CA de pâncreas. Tratamento Tratamento clínico: compensar o estado geral, manter o bom estado nutricional com reposição hidro-calórica-eletrolítica, considerar a icterícia. 🚨 Faço diagnóstico mas paciente ainda está com sintomas clínicos. Se ictérico administrar vit K pois paciente para de absorver vitaminas lipossolúveis com a perda massiva de gordura. É preciso equilibrar o paciente, fazer reposição hidro-calórica-eletrolítica, infundir proteína fazendo albumina até estabilizar para assim então poder realizar a cirurgia. Tto cirúrgico: até no máximo IIB e o paciente deve apresentar um bom estado nutricional, além de considerar doenças de base e a idade. Paciente deve apresentar uma bilirrubina total > 10mg. Cirurgia de Whipple É a ressecção da cabeça do pâncreas, estômago distal, piloro, duodeno, jejuno proximal (15cm), vesícula biliar e colédoco. Deve-se ressecar todas as estruturas mencionadas acima, deslocar o pâncreas da cava e da aorta, entrar pelo duodeno e avaliar se o tumor invadiu cava e aorta. É preciso também estar o tempo inteiro monitorando o paciente, pois se a pressão despencar do nada é sinal que houve rompimento de algum vaso de grande calibre. Se o fígado não estiver comprometido, faz a dissecção da veia porta. Depois de descolar da veia porta, clampear e retirar parte dela, o pâncreas está seccionado.