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Direito Constitucional

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Direito Constitucional
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Teoria Geral dos Direitos e Garantias Fundamentais
→ São um Gênero, cujas espécies são os cinco capítulos que são:
1) Direitos e Deveres Individuais e Coletivos
2) Direito Sociais
3) Nacionalidade
4) Direitos políticos
5) 5) Partidos políticos
● Distinção entre Direitos e Garantias Fundamentais
→ Direitos fundamentais – São os bens jurídicos tutelados pela CF, de cunho declaratório.
→ Garantias fundamentais – São instrumentos de proteção de um determinado direito também previstos na Constituição, de cunho assecuratório.
● Características dos Direitos e Garantias Fundamentais 
→ São características:
1) Historicidade: Significa que os direitos e garantias fundamentais foram criados ao longo da história e não num determinado momento histórico. Essa característica está ligada à evolução dos direitos fundamentais
2) Universalidade: Os direitos e garantias fundamentais destinam-se a todas as pessoas. A universalidade será aprofundada ao trabalharmos os destinatários dos direitos e garantias fundamentais;
3) Relatividade: Os direitos e garantias fundamentais não são absolutos, mas sim relativos. É bem verdade que parte da doutrina admite que certos direitos podem ser considerados de maneira absoluta, como a vedação à tortura e ao tratamento desumano ou degradante. 
Mas, de maneira geral, os direitos e garantias fundamentais devem ser enxergados como relativos
4) Irrenunciabilidade: Os direitos e garantias fundamentais não podem ser objeto de renúncia, o que pode ocorrer é o não uso.
5) Inalienabilidade: Os direitos e garantias fundamentais não podem ser negociados por não possuírem conteúdo patrimonial.
6) Imprescritibilidade: Os direitos e garantias fundamentais não desaparecem pelo decurso do tempo.
● Evolução dos Direitos e Garantias Fundamentais 
→ Leva em conta o momento em que tais direitos foram reconhecidos como fundamentais e incorporados aos textos constitucionais pelo mundo. Seguimos o critério cronológico.
→ Alguns doutrinadores preferem a utilização do termo “dimensão” em detrimento do termo “geração”, sob o argumento de que o termo geração poderia levar à ideia de que o advento de uma nova geração provocaria a superação da anterior, o que não corresponde à classificação proposta. Na verdade, as gerações são cumulativas.
→ Para a prova, podemos considerar como sinônimos os termos geração e dimensão para designar a evolução dos direitos e garantias fundamentais no tempo.
→ Direitos Fundamentais de 1ª Geração
→ Surgiram com as revoluções liberais do fim do século XVIII (Revolução Francesa e Independência do Estados Unidos da América), objetivando a restrição do poder absoluto do Estado, a partir do respeito às liberdades públicas, no contexto da criação de um novo modelo de Estado: o Estado Liberal.
→ São direitos negativos, pois exigem uma abstenção do Estado (um não fazer) em favor das liberdades públicas. Possuem como destinatários os súditos (o povo), como forma de proteção em face da ação opressora do Estado. São os direitos civis e políticos, ligados ao ideal de liberdade.
→ Direitos Fundamentais de 2ª Geração
→ Surgiram no início do século XX, no contexto do surgimento do Estado Social, durante a Revolução Industrial, em
oposição ao Estado Liberal. 
→ São direitos positivos, pois passaram a exigir uma atuação positiva do Estado (um fazer). Correspondem aos direitos sociais, culturais e econômicos, ligados ao ideal de igualdade.
Lembrar de Segundo em Inglês.
SECOND
Sociais Econômicos e Culturais
→ Direitos Fundamentais de 3ª Geração
→ Em meados do século XX, surgiram os direitos de terceira geração, denominados “direitos metaindividuais” (ou transindividuais), ligados ao ideal de fraternidade (ou solidariedade). 
→ São direitos positivos, no bojo do Estado Social, tais como direito à preservação do meio ambiente, da autodeterminação dos povos, da paz, do progresso da humanidade, do patrimônio histórico e cultural etc. 
→ Perceba que há um paralelo entre os ideais da Revolução Francesa e as gerações dos direitos fundamentais, ou seja, “liberdade, igualdade e fraternidade” seriam a representação dos direitos fundamentais de primeira, segunda e terceira gerações, nessa ordem. Cuidado: fraternidade é sinônimo de solidariedade!
→ Direitos Fundamentais de 4ª Geração
→ O tema é bastante controverso, justamente por isso não tem caído muito em provas. Na maioria das vezes que foi lembrado, o examinador valeu-se da doutrina de Paulo Bonavides.
→ Os direitos fundamentais de quarta geração estão ligados à democracia, à informação e ao pluralismo.
A banca pode cobrar a 4ª Geração à luz do filósofo italiano Norberto Bobbio. Para ele, são direitos de quarta geração aqueles ligados aos avanços da engenharia genética.
→ Direitos Fundamentais de 5ª Geração
→ Paulo Bonavides defende, ainda, que o direito à paz (art. 4ª VI) representaria o direito fundamental de quinta geração.
→ O direito á paz de maneira geral, é de terceira geração, por ser um direito metaindividual..
→ A evolução dos direitos e garantias fundamentais no tempo está intimamente ligada a própria evolução do constitucionalismo. Sempre houve a ideia da existência de uma norma jurídica suprema (acima das demais normas) que apresentasse a estruturação do Estado. Trata-se do período denominado constitucionalismo antigo, que tem suas bases históricas lá no povo hebreu, com o estabelecimento, mesmo que de maneira incipiente, de limitações ao poder político no Estado teocrático (que adota uma religião oficial).
● Destinatários dos Direitos e Garantias Fundamentais
→ A interpretação literal do caput do art. 5º conduz a um equívoco crasso! Estabelece a norma que: “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes [...]”
→ A melhor interpretação da citada norma constitucional não leva à compreensão de que apenas os brasileiros e os estrangeiros residentes sejam destinatários dos direitos e garantias fundamentais. 
→ Na verdade, são destinatárias dos direitos e garantias fundamentais presentes na nossa Constituição Federal todas as pessoas físicas (nacionais, estrangeiras – residentes ou não – e, até mesmo, os apátridas – expressão que designa aqueles que não possuem nenhuma nacionalidade) e jurídicas (de direito público ou de direito privado), desde que o direito tratado seja compatível com a sua natureza.
● Características dos Direitos e Garantias Fundamentais 
→ Na origem (fim do século XVIII), os direitos e as garantias fundamentais visavam regular as relações entre o Estado e o particular foram concebidos para proteger os súditos (o povo) em face da ação opressora do Estado. Nessa fase, falava-se tão somente em eficácia vertical dos direitos e garantias fundamentais (vertical porque o Estado se situa acima do seu povo).
→ A evolução constitucional permitiu a aplicação de tais direitos também às relações privadas ou horizontais entre pessoas privadas (horizontal porque os envolvidos estão no mesmo nível). Ou seja, muito embora os direitos e garantias fundamentais tenham sido criados para regular as relações verticais entre o Estado e os seus súditos, passaram também, com o tempo, a ser empregados nas relações horizontais entre pessoas privadas (eficácia horizontal dos direitos e garantias fundamentais).
~~~~~~~~~~ PARA CLAREAR A MENTE ~~~~~~~~~~~~~~~
→ Pensemos no princípio fundamental da dignidade da pessoa humana. Quando este princípio foi positivado (ou seja, inserido na Constituição Federal pela primeira vez), a ideia era a de que o Estado não poderia tratar as pessoas de maneira desumana (trata-se da eficácia vertical, considerando que o Estado está acima das pessoas). Com a evolução da aplicação dos direitos fundamentais também nas relações privadas, o respeito à dignidade da pessoa humana passou a ser observado inclusive nas relações horizontais (a chamada eficácia horizontal – horizontal no sentidode que os partícipes estão no mesmo patamar).
→ EX: imagine uma residência que mantém uma empregada doméstica. O patrão tem o dever de tratá-la com dignidade, porque nesta relação privada deve ser observado o princípio da dignidade da pessoa humana. É a eficácia horizontal dos direitos fundamentais. Patrão e empregada estão no mesmo patamar e devem tratar-se com dignidade porque este princípio fundamental é de observância obrigatória na relação jurídicas privadas.
● Teoria dos Limites dos Limites dos Direitos Fundamentais
→ É possível limitar a extensão dos direitos fundamentais. Mas essa possibilidade encontra sua limitação na manutenção do “núcleo essencial” do direito fundamental. Essa teoria chama-se teoria dos limites dos limites dos direitos fundamentais (chamado pela doutrina alemã de Schranken-Schranken)
→ Segundo a teoria dos limites dos limites dos direitos fundamentais, a restrição ao direito fundamental, que decorre da própria Constituição, somente é válida se respeitado o seu núcleo essencial. Entende-se por núcleo essencial, o conteúdo mínimo e intangível do direito fundamental, que deve sempre ser protegido em quaisquer circunstâncias, sob pena de se criar grave situação inconstitucional.
→ Ex: Hoje é possível a qualquer pessoa que atenda aos requisitos do aplicativo, dirigir carro compartilhado e fazer disso a sua profissão. No entanto, o art. 5º, inc. XIII, diz que “ é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer”. Ou seja, pode o Congresso Nacional editar uma lei para restringir a profissão de motorista de aplicativo. Entretanto, esse poder de restrição encontra limites na manutenção do núcleo essencial da liberdade profissional. Assim, se o Congresso Nacional fere o núcleo essencial da liberdade profissional, essa restrição será inconstitucional, por desrespeitar a teoria dos limites dos limites dos direitos fundamentais. Imagine se a lei federal disser que só pode dirigir carro compartilhado aquele que possuir carteira de motorista a mais de 30 anos e nunca ter cometido infração de trânsito.
● Colisão entre Direitos Fundamentais – Aplicação do Princípio da Proporcionalidade
→ Para a solução de conflitos entre direitos fundamentais, utiliza-se o princípio da proporcionalidade, que determina que a relação entre o fim que se busca e o meio utilizado deva ser proporcional, ou seja, não excessiva. 
→ O princípio da proporcionalidade, na verdade, subdivide-se em três outros subprincípios: 
1) Adequação – Exige que qualquer medida restritiva de direitos fundamentais deve ser idônea à consecução da finalidade pretendida, ou seja, a medida a ser adotada deve ser adequada para se chegar ao resultado almejado.
2) Necessidade – Determina que a medida restritiva deve ser realmente indispensável e que não possa ser substituída por outra de igual eficácia e menos gravosa.
3) Proporcionalidade em sentido estrito – Impõe que o ônus determinado pela medida deve ser inferior ao benefício por ela buscando. Trata-se da verificação da relação custo-benefício da medida, da ponderação entre os danos causados e os resultados a serem obtidos.
→ Ex: Determinado Município há uma quantidade excessiva de crimes cometidos por adolescentes. O Juiz da Infância e da Juventude desta comarca baixa uma portaria impedindo que crianças e adolescentes saiam de suas casas após as 20 horas. Temos nessa medida dois direitos igualmente fundamentais em conflito: de um lado, temos a segurança pública e, de outro, a liberdade de locomoção. Para sabermos se a portaria do juiz é proporcional, temos que utilizar os três “filtros”: 1) adequação; 2) necessidade; e 3) proporcionalidade em sentido estrito. A portaria do juiz é adequada? Sim. Proibindo os jovens de estarem nas ruas após às 20 horas, isso diminuirá a delinquência juvenil. Ou seja, a portaria atinge o objetivo buscado. Por outro lado, a portaria do juiz é necessária? Em outros termos, haveria outro meio menos gravoso para atingir o mesmo objetivo? Entendo que a portaria é desnecessária, uma vez que há outros meios 
menos gravosos para atingir o mesmo fim, como aumentar o policiamento nas ruas. Por fim, a portaria do juiz passa pelo crivo da proporcionalidade em sentido estrito? Também entendo que não. Numa ponderação entre os prejuízos causados e os benefícios atingidos, creio que os males da portaria são maiores do que as vantagens por sua adoção. 
● Os quatro status de Jellinek
→ Georg Jellinek desenvolveu, no final do século XIX, a doutrina dos quatros status em que o indivíduo pode-se encontrar diante do Estado: o status passivo, o status negativo, o status positivo e o status ativo.
1) Status Passivo ou subjectionis: quando o indivíduo se encontra em posição de subordinação aos poderes públicos, caracterizando-se como detentor de deveres para com o Estado.
2) Status Negativo ou Status libertatis: caracterizado por um espaço de liberdade de atuação dos indivíduos sem ingerências dos poderes públicos.
3) Status Positivo ou Status Civitatis: posição que coloca o individuo em situação de exigir do estado que atue positivamente em seu favor
4) Status Ativo: situação em que o indivíduo pode influir na formação da vontade estatal, correspondendo ao exercício dos direitos políticos manifestados principalmente por meio do voto.
DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
● Direito a Vida
→ Está previsto no caput do art. 5º e pode ser observado por dois prismas que são:
1) O direito de permanecer vivo - Abrange a vida extrauterina a criança que nasceu com vida e também a vida intrauterina, dentro do útero.
2) O direito a uma vida digna – É para garantir as necessidades vitais básicas, proibindo qualquer tratamento desumano ou degradante, como tortura e as penas de caráter perpétuo de trabalhos forçados, de banimento e cruéis etc. (art. 5º, III e XLVII).
→ Merece destaque o julgamento da ADPF n. 54, em que o STF reconheceu o direito da gestante de submeter-se ao aborto na hipótese de gravidez de feto anencéfalo, previamente diagnosticada por profissional habilitado. Cuidado: trata-se apenas de uma possibilidade de aborto não prevista em lei (e não uma obrigação). Na verdade, a decisão final cabe à mãe. Caso decida pelo aborto de um feto anencéfalo, tal fato não caracterizará crime.
● Direito à Igualdade
→ Trata-se de um gênero, que pode assumir duas espécies diferentes: a igualdade formal e a igualdade material.
1) Igualdade Formal – é prescrita no início do caput do art. 5º e seu inciso I, em que se identifica uma identidade de direitos e deveres concedidos a todos os membros de uma dada sociedade, sem distinções Abrange as seguintes igualdades:
1.1 Igualdade na Lei: dirigida ao legislador, significa que as normas jurídicas não podem prever distinções que não sejam autorizadas pela Constituição Federal. Não pode uma lei recém criada trazer privilégios para apenas uma parcela da sociedade.
1.2 Igualdade perante a lei: dirigida ao aplicador da lei, exige que as normas jurídicas sejam aplicadas de maneira igual a todos, impedindo tratamento seletivo ou discriminatório. Não pode, por exemplo, o juiz deixar de aplicar a pena a um criminoso por questões de afinidade pessoal.
↪ Alexandre de Moraes denomina essa igualdade perante a lei de igualdade de possibilidades virtuais. Segundo o autor, “A Constituição Federal de 1988 adotou o princípio da igualdade de direitos, prevendo a igualdade de aptidão, uma igualdade de possibilidades virtuais, ou seja, todos os cidadãos têm direito de tratamento idêntico pela lei, em consonância com os critérios albergados pelo ordenamento jurídico. Dessa forma, 
o que se veda são as diferenças arbitrárias, as discriminações absurdas, pois, o tratamento desigual dos casos desiguais, na medida em que se desigualam, é exigência tradicional do próprio direito de Justiça, pois o que realmente protege são certas finalidades, somente se tendo por lesado o princípio constitucional quando o elemento discriminador não se encontra a serviço de uma finalidade acolhidapelo direito”.
2) Igualde material – Tem a finalidade de buscar a equiparação dos cidadãos sob todos os aspectos, inclusive jurídico. Identificam-se diferenças nas pessoas que compõem o grupo social, e busca-se tratar os diferentes de forma diferente para garantir, ao fim e ao cabo, as mesmas oportunidades a todos. É a consagração do ideal de Aristóteles, para quem a igualdade consiste em “tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais na medida em que eles se desigualam”
→ Tendo como norte a igualdade material, o Estado deve buscar a igualdade de oportunidades a todas as pessoas por meio de políticas públicas e de leis que, atentas às características dos grupos menos favorecidos, compensem as desigualdades decorrentes do processo histórico da formação social. 
Muito embora a Constituição Federal afirme que homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, ela própria (a Constituição) faz distinções, como, por exemplo, o regime previdenciário mais brando para as mulheres, a isenção para as mulheres de prestar o serviço militar obrigatório em tempo de paz. Até mesmo uma lei infraconstitucional pode estabelecer distinções entre homens e mulheres, desde que se respeite a razoabilidade, como o faz, por exemplo, a Lei Maria da Penha que protege a mulher vítima de violência doméstica (e não o homem). Tudo isso, por conta da igualdade material.
→ Ações afirmativas – Está dentro do âmbito da Igualdade Material, consistem em políticas públicas transitórias desenvolvidas com a finalidade de reduzir as desigualdades decorrentes de discriminações históricas, por meio da concessão de algum tipo de vantagem compensatória
Exemplos: cotas sociais nas universidades públicas, é sabido que as escolas públicas não possuem o mesmo padrão das escolas particulares. Considerando essa distorção, é admissível que haja essa ação afirmativa que resguarde um percentual das vagas nas universidades públicas para aqueles oriundos de escola pública
Porém trata-se de uma política pública temporária, devem corrigir a causa e não atuar apenas na consequência. Ou seja, durante a implementação das cotas sociais, deve-se buscar elevar o nível das escolas públicas ao patamar das escolas privadas. Quando isso acontecer, cancela-se essa ação afirmativa.
O STF, no julgamento da ADPF 186, concluiu pela constitucionalidade das políticas de ação afirmativa; da utilização dessas políticas na seleção para o ingresso no ensino superior, especialmente nas escolas públicas; do uso do critério étnico racial por essas políticas; da autoidentificação como método de seleção; e da modalidade de reserva de vagas ou de estabelecimento de cotas.
● Princípio da Legalidade e da Reserva Legal
→ O princípio da legalidade trata da possibilidade de o Estado instituir obrigações por meio de lei em sentido amplo. Lei em sentido amplo abrange lei em sentido estrito (uma lei ordinária, por exemplo) e atos administrativos de caráter normativo.
→ É a expressão do inciso II do art. 5º, em que a Constituição estabelece que ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei. Nesse caso, lei quer dizer lei em sentido amplo, isto é, normas constitucionais, leis em sentido estrito e atos administrativos normativos (decretos, portarias, instruções normativas etc.)
→ O princípio da reserva legal exige que a regulamentação de determinada matéria constitucional seja feita obrigatoriamente por lei em sentido estrito, como, por exemplo, o caso previsto no inc. XXXIX do art. 5º, que exige lei em sentido estrito (lei ordinária) para a instituição de crimes e penas. Aqui, lei significa lei em sentido estrito.. Pode ser:
1) Absoluta – Quando a CF exigir a regulamentação integral de sua norma por lei em sentido estrito, estamos diante da reserva legal absoluta..
2) Relativa – Embora a constituição exija edição de lei em sentido estrito para regulamentação de determinado tema, permitir que a lei regulamentadora fixe apenas parâmetros gerais de atuação a serem complementados por atos administrativos normativos, teremos a reserva legal relativa. É obrigatória a existência de uma lei em sentido estrito (lei ordinária por ex) que trará as “ideias gerais” sobre algum assunto, porém as premissas menores (detalhamento) poderão ser feitas por um ato administrativo normativo (decreto presidencial por ex).
Art. 37., XIX – somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação.
→ Neste artigo, tratamos de um caso de reserva legal absoluta, uma vez que a matéria exige lei em sentido estrito para regulamentação integral da norma constitucional, isto é, a lei em sentido estrito (uma lei ordinária) irá regulamentar todos os assuntos diretamente ligados à criação das autarquias (e das fundações públicas de direito público). 
Por outro lado, determina que a instituição de empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações públicas de direito privado necessitam de autorização legal. Nesse caso, a lei irá trazer apenas os parâmetros gerais (a autorização legislativa), sendo a lei em sentido estrito complementada por um ato infralegal de caráter normativo (o decreto do Presidente da República) que trará a efetiva criação da empresa estatal (seja a empresa pública ou a sociedade de economia mista) e da fundação pública de direito privado. Temos aqui um caso de reserva legal relativa.
● Vedação à Tortura e ao Tratamento Desumano ou DegradanteArt. 5º, III – ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;
→ É uma decorrência do direito à vida, sob a ótica do direito à existência digna.. A vedação a vedação à tortura e ao tratamento desumano ou degradante seriam direitos absolutos, insuscetíveis de relativização, sob pena de se ferir de morte o próprio Estado Democrático de Direito.Súmula Vinculante 11 - “só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado”.
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● Liberdade de Expressão e Direito de Resposta
Art. 5º, IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
→ Por ser uma democracia, a CF protege a liberdade de pensamento, ao mesmo tempo em que proíbe o anonimato, pois quem faz uso da sua liberdade de manifestação do pensamento assume a responsabilidade pelos eventuais danos causados.
→ A proibição do anonimato existe pois ocorre a possibilidade do prejudicado fazer valer seu direito a resposta, proporcional ao agravo, além de indenizações., conforme Art. 5° V.
Art. 5º, V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem.
→ O “ou” tem caráter aditivo, ou seja, caso haja um dano material, um dano moral e um dano à imagem provenientes de um mesmo fato, caberá indenização pelos três danos cumulativamente.Art. 5º, IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença.
→ No Brasil não se fala de censura prévia, prática que era comum na época da ditadura militar. O STF julgou procedente o ADI 4815 e declarou inexigível a autorização prévia para publicação de biografias.
● Liberdade de Consciência, de Crença e de Convicção Filosófica ou Política
Art. 5º, VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; 
Art. 5º, VII – é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva; 
Art. 5º, VIII – ninguémserá privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
→ A citação de “livre exercício dos cultos religiosos” e de “assistência religiosa” não retira a laicidade do Estado brasileiro. Não se tem dúvida de que a República Federativa do Brasil é um Estado laico, que não adota religião oficial.
→ O inciso VIII, é conhecido pela doutrina como escusa de consciência, ou objeção de consciência, ou, ainda, imperativo de consciência. 
Segundo prevê este inc. VIII do art. 5º, é possível que a pessoa se recuse a cumprir determinadas obrigações que conflitem com suas convicções religiosas, filosóficas ou políticas. Porém, se alguém se vale da sua escusa de consciência (estas questões religiosas, políticas ou filosóficas) para não cumprir a obrigação legal imposta a todos e também não cumprir a prestação alternativa fixada na lei, poderá sim ser privado de direitos. A consequência é a privação dos direitos políticos.
● Inviolabilidade da Intimidade, da Privacidade, da Honra e da Imagem 
→ Art. 5°, inc. X, são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação. Mais uma vez o “ou” aqui também é aditivo.
● Direito à Inviolabilidade DomiciliarArtigo 5º, inciso XI, “a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial”.
→ Ninguém especialmente a autoridade pública, pode entrar na casa alheia sem consentimento do morador, exceto:
1) Flagrante delito (a qualquer hora)
2) Desastre (a qualquer hora)
3) Socorro (a qualquer hora)
4) Por determinação judicial (durante o dia)
→ O conceito de “casa” para os fins da proteção jurídico-constitucional, reveste-se de caráter mais amplo do que a ideia geral de mera residência, pois, compreende:
1) qualquer compartimento habitado unifamiliar (a casa propriamente dita, o apartamento);
2) qualquer aposento ocupado de habitação coletiva (o quarto do hotel quando ocupado pelo hóspede)
3) qualquer compartimento privado onde alguém exerce profissão ou atividade (o escritório do advogado, por exemplo).
→ Essa ideia retiramos do Art. 150, §4° do CP. 
→ Reitera-se que o princípio da inviolabilidade domiciliar estende-se ao espaço em que alguém exerce, com exclusão de terceiros, qualquer atividade de índole profissional, ex o escritório de advocacia.
→ A definição de “Dia” apresenta duas correntes pela doutrina:
1) Critério físico-astronômico – afirma que “dia” é o lapso temporal existente entre a aurora e o crepúsculo, ou seja, enquanto houver sol
2) Critério Cronológico – afirma que “dia” é o intervalo entre as 6 horas da manhã até as 18 horas.
A doutrina reconhece que se uma diligência começou dentro do horário adequado (durante o dia), porém, em face da complexidade do fato, estendeu-se para além das 18 horas, não se fala em violação da proteção constitucional ao domicílio, ou seja, não se pode arguir a ilicitude da prova colhida nessa diligência..
 		DE OLHO NA JURISPRUDÊNCIA
O STF admitiu a entrada de policiais em escritório de advocacia durante a noite para colocação de escutas ambientais, em cumprimento a ordem judicial. Entendeu a Corte que a garantia constitucional da inviolabilidade do domicílio – como é o caso dos escritórios de advocacia – é relativa. Asseverou, ademais, que a garantia da inviolabilidade não serve nos casos em que o próprio advogado é acusado do crime, ou seja, a inviolabilidade (garantida pela Constituição) não pode transformar o escritório em reduto do crime.
● Sigilo da Correspondência e das Comunicações
→ Art. 5º, XII, é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal.
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Direito Constitucional
 
Teoria Geral dos Direitos e Garantias Fundamentais
 
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São um Gênero, cujas espécies são os cinco capítulos que são:
 
1)
 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos
 
2)
 
Direito Sociais
 
3)
 
Nacionalidade
 
4)
 
Direitos políticos
 
5)
 
5) 
Partidos políticos
 
 
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Distinção entre Direitos e Garantias Fundamentais
 
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Direitos fundamentais 
–
 
São os bens jurídicos tutelados pela CF, 
de cunho declaratório.
 
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Garantias fundamentais 
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São instrumentos de proteção de um 
determinado direito também previstos na Constituição, de cunho 
assecuratório.
 
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Características dos Direitos e Garantias Fundame
ntais 
 
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São características:
 
1)
 
Historicidade
:
 
S
ignifica que os direitos e garantias fundamentais 
foram criados ao longo da história e não num determinado 
momento histórico. Essa característica está ligada à evolução 
dos direitos fundamentais
 
2)
 
Universalidade
:
 
O
s direitos e garantias fundamentais destinam
-
se 
a todas as pessoas. A universalidade será aprofundada ao 
trabalharmos os destinatários dos direitos e garantias 
fundamentais;
 
3)
 
Relatividade:
 
O
s direitos e garantias fundamentais não são 
absolu
tos, mas sim relativos. É bem verdade que parte da 
doutrina admite que certos direitos podem ser considerados de 
maneira absoluta, como a vedação à tortura e ao tratamento 
desumano ou degradante.
 
 
Mas, de maneira geral, os direitos e garantias fundamentais
 
devem 
ser enxergados como relativos
 
4)
 
Irrenunciabilidade:
 
 
Os direitos e garantias fundamentais não podem 
ser objeto de renúncia, o que pode ocorrer é o não uso.
 
5)
 
Inalienabilidade:
 
Os direitos e garantias fundamentais não podem ser 
negociados por não possuír
em conteúdo patrimonial.
 
6)
 
Imprescritibilidade:
 
Os direitos e garantias fundamentais não 
desaparecem pelo decurso do tempo.
 
 
 
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Evolução dos Direitos e Garantias Fundamentais
 
 
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Leva em conta o momento em que tais direitos foram 
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Direitos Fundamentais de 1ª Geração
 
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Surgiram com as revoluções liberais do fim do século XVIII 
(Revolução Francesa e Independência do Estados Unidos da 
América), objetivando a restrição do
 
poder absoluto do Estado, a 
partir do respeito às liberdades públicas, no contexto da criação de 
um novo modelo de Estado: o Estado Liberal.
 
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São direitos negativos, pois exigem uma abstenção do Estado 
(um não fazer) em favor das liberdades públicas. Pos
suem como 
destinatários os súditos (o povo), como forma de proteção em face 
da ação opressora do Estado. São os direitos civis e políticos, ligados 
ao ideal de liberdade.
 
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Direitos Fundamentais de 
2ª
 
Geração
 
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Surgiram no início do século XX, no 
contexto do surgimento do 
Estado Social, durante a Revolução Industrial, em
 
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Direito Constitucional 
Teoria Geral dos Direitos e Garantias Fundamentais 
? São um Gênero, cujas espécies são os cinco capítulos que são: 
1) Direitos e Deveres Individuais e Coletivos 
2) Direito Sociais 
3) Nacionalidade 
4) Direitos políticos5) 5) Partidos políticos 
 
? Distinção entre Direitos e Garantias Fundamentais 
? Direitos fundamentais – São os bens jurídicos tutelados pela CF, 
de cunho declaratório. 
? Garantias fundamentais – São instrumentos de proteção de um 
determinado direito também previstos na Constituição, de cunho 
assecuratório.
 
? Características dos Direitos e Garantias Fundamentais 
? São características: 
1) Historicidade: Significa que os direitos e garantias fundamentais 
foram criados ao longo da história e não num determinado 
momento histórico. Essa característica está ligada à evolução 
dos direitos fundamentais 
2) Universalidade: Os direitos e garantias fundamentais destinam-se 
a todas as pessoas. A universalidade será aprofundada ao 
trabalharmos os destinatários dos direitos e garantias 
fundamentais; 
3) Relatividade: Os direitos e garantias fundamentais não são 
absolutos, mas sim relativos. É bem verdade que parte da 
doutrina admite que certos direitos podem ser considerados de 
maneira absoluta, como a vedação à tortura e ao tratamento 
desumano ou degradante. 
Mas, de maneira geral, os direitos e garantias fundamentais devem 
ser enxergados como relativos 
4) Irrenunciabilidade: Os direitos e garantias fundamentais não podem 
ser objeto de renúncia, o que pode ocorrer é o não uso. 
5) Inalienabilidade: Os direitos e garantias fundamentais não podem ser 
negociados por não possuírem conteúdo patrimonial. 
6) Imprescritibilidade: Os direitos e garantias fundamentais não 
desaparecem pelo decurso do tempo. 
 
 
? Evolução dos Direitos e Garantias Fundamentais 
? Leva em conta o momento em que tais direitos foram 
reconhecidos como fundamentais e incorporados aos textos 
constitucionais pelo mundo. Seguimos o critério cronológico. 
? Alguns doutrinadores preferem a utilização do termo “dimensão” 
em detrimento do termo “geração”, sob o argumento de que o 
termo geração poderia levar à ideia de que o advento de uma nova 
geração provocaria a superação da anterior, o que não corresponde 
à classificação proposta. Na verdade, as gerações são cumulativas. 
? Para a prova, podemos considerar como sinônimos os termos 
geração e dimensão para designar a evolução dos direitos e 
garantias fundamentais no tempo. 
? Direitos Fundamentais de 1ª Geração 
? Surgiram com as revoluções liberais do fim do século XVIII 
(Revolução Francesa e Independência do Estados Unidos da 
América), objetivando a restrição do poder absoluto do Estado, a 
partir do respeito às liberdades públicas, no contexto da criação de 
um novo modelo de Estado: o Estado Liberal. 
? São direitos negativos, pois exigem uma abstenção do Estado 
(um não fazer) em favor das liberdades públicas. Possuem como 
destinatários os súditos (o povo), como forma de proteção em face 
da ação opressora do Estado. São os direitos civis e políticos, ligados 
ao ideal de liberdade. 
? Direitos Fundamentais de 2ª Geração 
? Surgiram no início do século XX, no contexto do surgimento do 
Estado Social, durante a Revolução Industrial, em

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