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AULA 10: O PRINCÍPIO DA PRIORIDADE NO REGISTRO IMOBILIÁRIO
 Até aqui, aprendemos que cada imóvel possui uma matrícula perante o Registro de Imóveis e que a matrícula é o núcleo do registro imobiliário e sofre rigoroso controle e exatidão de seus assentamentos. 
Cada imóvel é individualizado de modo a não haver dúvidas quanto a suas confrontações e distinção dos demais. 
Cada matricula é única, e não se admite duplicidade, uma vez que, perante a matrícula do imóvel, serão anotados os incidentes que venham a modificar, transferir ou tornar indisponíveis direitos reais, atendendo ao princípio da prioridade. 
Lei 6.015/73  - Art. 227: Todo imóvel objeto de título a ser registrado deve estar matriculado no livro nº 2 – Registro Geral – obedecido o disposto no art. 176.
 Permite-se que PRÉDIOS, LOTES OU ÁREAS CONTÍGUOS fiquem registrados sob uma ÚNICA MATRÍCULA, desde que pertencentes ao mesmo imóvel. 
 A UNIFICAÇÃO DA MATRÍCULA poderá desenvolver o DESMEMBRAMENTO DO IMÓVEL, a requerimento, como no caso dos loteamentos e desmembramentos urbanos regidos pela Lei nº 6.766, de 19/12/1979, que detalha, clara e explicitamente, quais as providências necessárias à legalização. Trata-se de preceito de grande alcance social, preparado com minúcias mais abrangentes com relação ao Decreto-Lei nº. 58, de 10/12/1937, ainda em vigência. Tal preceito, no entanto, é orientado somente para loteamentos de áreas rurais. 
 Aplica-se em sentido inverso a possibilidade de FUSÃO DA MATRÍCULA, REMEMBRAMENTO, quando diversos lotes ou imóveis passam a compor uma única matrícula. 
 REMEMBRAMENTO: É o reagrupamento de unidades imobiliárias contíguas para a constituição de uma única unidade maior, o que implica a modificação das confrontações e limites das unidades originais. 
 Assim, o remembramento pressupõe a CONTIGÜIDADE FÍSICA DE VÁRIOS IMÓVEIS, cuja reunião poderá formar uma só unidade imobiliária, com autonomia para justificar a existência de uma única matrícula no Cartório de Registro de Imóveis competente. Entretanto, só podem ser remembradas as unidades imobiliárias pertencentes a uma MESMA REGIÃO ADMINISTRATIVA (RA). 
 A área da unidade maior, resultante de remembramento, deverá corresponder exatamente ao somatório das áreas das unidades imobiliárias remembradas, tendo em vista que, no DF, é proibida a subdivisão de unidade imobiliária urbana, segundo o que dispõe o art. 41 da Lei 5.861/72. 
Em certos casos, a matrícula ainda poderá ser UNIFICADA, como nos casos de remembramento de duas ou mais unidades autônomas em edifícios de apartamentos, salas e lojas comerciais, ou mesmo quando pertencentes a condomínios urbanísticos, independentemente de atuação administrativa do Instituto de Planejamento Territorial e Urbano do Distrito Federal (IPDF) ou das Regiões Administrativas (RA).
* Recapitulando, vejamos o que diz a Lei 6.015/73 : 
 Art. 234 - Quando dois ou mais imóveis contíguos, pertencentes ao mesmo proprietário, constarem de matrículas autônomas, pode ele requerer a fusão destas em uma só, de novo número, encerrando-se as primitivas. 
Art. 235 - Podem, ainda, ser unificados, com abertura de matrícula única: 
 I - dois ou mais imóveis constantes de transcrições anteriores a esta lei, à margem das quais será averbada a abertura da matrícula que os unificar (...) 
 
 Para a EFICÁCIA DO DIREITO a ser resguardado pelo Registro de Imóveis, o tempo é decisivo. Tudo depende da PRENOTAÇÃO, tanto para os fins de aquisição quanto para os de perda ou preferência aos direitos reais. Contudo, a palavra “tempo” não se refere à data do título, determinação ou equivalentes, e sim à data de sua prenotação. 
 Como vimos, o Direito brasileiro assemelha-se bastante ao Direito espanhol, no que tange ao PRINCÍPIO DA PRIORIDADE: é o NÚMERO DE ORDEM DO TÍTULO no LIVRO DO PROTOCOLO que determina a prioridade do título e a preferência do direito real (art.182, LRP), e não se permite o registro de direitos incompatíveis ou contraditórios. 
 Há, entretanto, algumas RESTRIÇÕES quanto ao princípio da prioridade, surgidas quando o Estado intervém. As normas de Direito Tributário concedem ao ESTADO posição privilegiada e assecuratória dos créditos fiscais e parafiscais, o que cria EXCEÇÃO À PRIORIDADE QUE EXISTE PARA OS DIREITOS REAIS DE GARANTIA. Assim especifica o art. 186, CTN: “O crédito tributário prefere a qualquer outro, seja qual for a sua natureza ou o tempo da constituição deste, ressalvados os critérios decorrentes da legislação do trabalho”.

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