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@vanessaguedesc Falência, Recuperação Judicial e Extrajudicial da Empresa BREVE HISTÓRICO O termo “falência” vem do latim “fallere”, que pode ser traduzido como “faltar”, “enganar”, não cumprir uma obrigação prometida. Usou-se também em nosso direito a expressão “quebra”, oriunda do direito português. No início, o corpo do devedor era responsável pelo pagamento de suas dívidas, podendo tê-lo marcado, mutilado e até mesmo vendido como escravo. Em casos extremos, o devedor poderia ser morto e o credor ficava na posse do cadáver, como forma de pressionar a família a pagar a dívida. Por volta de 428 A.C., determinou-se que não seria mais o corpo do devedor responsável por suas dívidas e sim seu patrimônio. Com o desenvolvimento do comércio e o advento do Renascimento, o judiciário passou a controlar a atuação dos credores com relação ao devedor. Popularmente, conhecemos a falência como a quebra de uma empresa, noção esta herdada dos portugueses que empregavam a palavra quebra para definir a falência. Neste particular quando falamos que uma determinada empresa “quebrou”, estamos nos referindo a falência sob o prisma econômico. Assim, falência, sob o ponto de vista econômico, “é a condição daquele que, havendo recebido uma prestação a crédito, não tenha à disposição, para a execução da contraprestação, um valor suficiente, realizável no momento da contraprestação”. (J. C. Sampaio de Lacerda) Na noção jurídica, falência é um processo de execução coletiva contra o devedor comerciante (a partir do Código Civil tido como empresário). O direito concursal brasileiro experimentou incisivas modificações com a vigência da Lei de Recuperação de Empresas (LRE), Lei 11.101, de 9 de fevereiro de 2005, que substituiu o Decreto-lei nº7661/1945 (LFC), cuja vigência ficou restrita aos processos de falência e concordata já em curso. A nova orientação dada por este diploma legal prioriza a recuperação e preservação das empresas viáveis, como patrimônio social, mesmo que em detrimento de algum sacrifício dos credores. A decretação da falência passa a ser a exceção e não a regra, somente adotada depois de esgotados todos os recursos para salvar a empresa. PRINCÍPIOS E FUNDAMENTOS DA L.R.E 1 1. Preservação da empresa; 2. Separação dos conceitos de empresa e de empresário; 3. Recuperação das sociedades e empresários recuperáveis; 4. Retirada do mercado de sociedades ou empresários não recuperáveis; 5. Proteção dos trabalhadores; 6. Redução do custo do crédito no Brasil; 7. Celeridade e eficiência dos processos judiciais; 8. Segurança jurídica; 9. Participação ativa dos credores; @vanessaguedesc 10.Maximização do valor dos ativos do falido; 11.Desburocratização da recuperação de microempresas e empresas de pequeno porte; 12.Rigor na punição de crimes relacionados à falência e à recuperação judicial. PRINCÍPIOS E INOVAÇÕES DA L.R.E 2 1. Extensão da falência ao empresário civil ou mercantil, com as exceções expressamente definidas; 2. Abrangência das sociedades empresárias, reguladas nos arts. 1.039 a 1.92 do Código Civil; 3. Extinção da concordata preventiva e suspensiva; 4. Criação da recuperação extrajudicial e judicial de empresa, inclusive da microempresa e da empresa de pequeno porte, em substituição à concordata preventiva e suspensiva; 5. Alteração da denominação de síndico para administrador judicial; 6. Criação do comitê de credores; 7. Criação da assembléia geral de credores; 8. Ampliação das formas de realização do ativo, com a seguinte ordem de preferência: ➢ Alienação da empresa, com a venda de seus estabelecimentos em bloco; ➢ Alienação da empresa, com a venda de suas filiais em unidades produtivas isoladamente; c. Alienação em bloco dos bens que integram cada um dos estabelecimentos do devedor; d. Alienação de bens individualmente considerados. 9. Inexistência de sucessão tributária, trabalhista ou obrigações decorrentes de acidentes do trabalho, nas arrematações; 10.Possibilidade de adoção de outras modalidades de realização do ativo, inclusive a constituição de sociedade de credores ou dos empregados, com a utilização, por estes últimos, dos seus créditos trabalhistas; 11.Extensão da falência da sociedade aos sócios solidários (de responsabilidade ilimitada); 12.Limitação da preferência do crédito trabalhista a cento e cinqüenta salários mínimos por credor; 13.Eliminação da possibilidade de renda ou retirada de bens por credores garantidos com penhor (alienação fiduciária ou arrendamento mercantil), no período de cento e oitenta dias (tempo hábil para a formulação e aprovação do plano de recuperação judicial); 14.Extinção do inquérito judicial; 15.Competência do juízo criminal da jurisdição onde tenha sido decretada a falência, ou concedida a recuperação judicial, ou homologado o plano de recuperação extrajudicial, para conhecer da ação penal. DISPOSIÇÕES PRELIMINARES A LRE disciplina, conforme seu art.1º, a recuperação judicial, a recuperação extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária, por ela tratados apenas como devedores. O seu art.2º exclui do seu espectro de aplicabilidade: I. As empresas públicas e sociedades de economia mista. II. II. As instituições financeiras públicas ou privadas, cooperativas de crédito, @vanessaguedesc consórcios, entidades de previdência complementar, sociedades operadoras de planos de assistência à saúde, sociedades seguradoras, sociedades de capitalização e outras entidades legalmente equiparadas às anteriores. COMPETÊNCIA Consta ainda das disposições preliminares da lei 11.101/2005, a forma como se define a competência para homologar o plano de recuperação extrajudicial, deferir a recuperação judicial ou decretar a falência. O juízo competente para estes atos será o do local do principal estabelecimento do devedor ou da filial da empresa que tenha sua sede fora do Brasil.
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