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CETOACIDOSE DIABÉTICA -> A cetoacidose diabética (CAD) é uma complicação metabólica aguda do Diabetes mellitus (DM) caracterizada por hiperglicemia, cetose e acidose devido a grave ou absoluta deficiência de insulina. -> Considerada uma característica específica do DM1- pâncreas não produz insulina (também pode ocorrer em pacientes com DM2- resistência insulínica). É causada pela deficiência total/grave de insulina e excesso de hormônios diabetogênicos como cortisol, catecolaminas e glucagon que potencializam a atividade cetogênica, com a produção de corpos cetônicos que excedem a capacidade do organismo em transformá-los em energia. -> A deficiência insulínica favorece o catabolismo, como a glicogenólise, gliconeogênese e lipólise, e a diminuição da utilização periférica da glicose. Essas alterações levam à hiperglicemia com glicosúria e diurese osmótica com perda hidroeletrolítica, desidratação e diminuição da taxa de filtração glomerular. -> Na cetoacidose diabética, o diabético se encontra descompensado e leva a formação de corpos cetônicos (acetoacetato, ácido hidroxibutírico, acetona) pelo fígado mediante a metabolização de ácidos graxos livres (lipólise), pois a glicose a circulação não está sendo utilizada devido a falta de insulina. O acúmulo de corpos cetônicos reduz o pH, com sua concentração aumentada há o desenvolvimento de acidose metabólica. Podendo levar ao choque, com possibilidade de morte. Tais cetonas são filtradas pelos rins e parcialmente excretadas na urina, causando cetonúria e contribuindo para diurese osmótica. São EMERGÊNCIAS! DESIDRATAÇÃO - Grave. -> O aumento de glicose (soluto) na circulação pois a glicose excede o seu limiar tubular renal por não haver insulina suficiente na circulação, faz com que a água saia da célula, se direcione ao interstício e posteriormente para a circulação (a água sai dos tecidos e vai para o sangue- “uva passa”). Haverá aumento da perfusão renal (com perda de glicose, eletrólitos e água) e consequentemente, aumento da produção de urina e diurese osmótica, intensificando a desidratação. Isso acontece na diabetes. -> Na cetoacidose, o paciente diabético está descompensado e com o prosseguir da desidratação proporciona uma perfusão sanguínea inadequada (aumento da viscosidade), levando a hipóxia, anaerobiose, aumento da produção de lactato, intensificando o quadro de acidose. -> O paciente diabético, GERALMENTE, apresenta os 4 Ps, que são poliúria, polifagia, polidipsia e perda de peso. -> O DRC também apresenta poliúria e polidipsia. -> Ambos apresentam algum grau de desidratação, onde a urina é produzida em grande quantidade e com baixa concentração. O paciente pode beber muita água, mas sua eliminação também acontece. POLIÚRIA: Aumento de glicose na circulação -> água na circulação -> diurese osmótica. POLIFAGIA: Corpo pede energia- alimentação (glicose entra pela dieta e está na circulação, não na célula) POLIDIPSIA: Animal bebe água para compensar as perdas PERDA DE PESO: Organismo começa a quebrar gordura (não tem energia- glicose na circulação), depois proteína devido a inabilidade na utilização de glicose que induz o catabolismo de reservas corporais. PACIENTE EM ALCALOSE: pH básico, o indivíduo fica mais agitado PACIENTE EM ACIDOSE: pH ácido, neurônios ficam mais depressivos. Paciente prostrado, com perda de consciência em algum grau, estupor, como diabético (não há glicose nas células; glicose é a principal fonte de energia) A obesidade leva à resistência insulínica, a insulina não consegue se ligar ao seu receptor pois este se encontra alterado devido a inflamação. Ao emagrecer, haverá desinflamação do organismo e pode ser (maioria dos casos) que haja resolução do quadro. 4 ALTERAÇÕES QUE AUMENTAM A CETOGÊNESE E GLICONEOGÊNESE E pioram o quadro do paciente. 1. Deficiência de insulina A leptina (saciedade) é um hormônio liberado pelo tecido adiposo com capacidade de diminuir a sensibilidade insulínica, contribuindo para a resistência à insulina e desenvolvimento de DM em pacientes obesos. 2. Excesso de hormônios diabetogênicos Potencializam a capacidade cetogênica (glucagon- participa da glicogênese; catecolaminas; cortisol; hormônio do crescimento- GH)- geralmente liberados por um fator estressante secundário; possuem efeito antagônico à insulina. 3. Jejum Estimula a quebra da gordura 4. Desidratação Com a perda constante de água (diurese osmótica de água), o paciente começa a entrar em quadro mais severo de desidratação. A baixa perfusão tecidual reduz a taxa de filtração glomerular levando ao desenvolvimento de Insuficiência Renal Aguda (IRA), os néfrons começam perder sua capacidade, em especial o glomérulo (filtrar) levando a anúria, e posteriormente, pode levar ao desenvolvimento de DRC, que ocasiona oligúria. Piorando o prognóstico. EXAME FÍSICO O animal estará apresentando letargia, depressão, desidratação, vômitos, atrofia muscular, hepatomegalia (lipidose hepática), dor abdominal, taquipnéia (compensar/reverter a acidose- aumento da FR para liberar CO2 que está elevado na circulação pois é ácido), halitose (odor cetônico). VIA DO SORBITOL A catarata em pacientes diabético é geralmente bilateral, no entanto, sua presença não é sinônimo de diabetes. Com a hiperglicemia, a glicose, frutose e sorbitol estarão aumentados também no cristalino, que atrairá mais água até lá, que avança gradativamente. Sorbitol- produto gerado a partir da glicose NEUROPATIA DIABÉTICA A “intoxicação” por glicose e desnutrição celular causa danos à bainha de mielina em nervos periféricos. POSIÇÃO PLANTÍGRADA Decorre da neuropatia diabética (a bainha de mielina dos nervos periféricos estão danificados devido a hiperglicemia e desnutrição celular). É a fraqueza dos membros pélvicos, que ficam com os calcanhares totalmente apoiados no chão, atrofia muscular, depressão dos reflexos e testes de reações posturais. Ao instituir o tratamento da diabetes ocorre melhora gradual desse sinal clínico. VENTROFLEXÃO CERVICAL (HIPOCALEMIA) A redução de potássio circulante causa fraqueza muscular generalizada. Em felinos, principalmente, há presença de ventroflexão cervical. Geralmente decorre de uma doença renal havendo perda de potássio pela urina, pois os néfrons não estão realizando suas funções (uma delas é a reabsorção de potássio). Hipocalemia ocorre devido a baixa ingestão de potássio ou aumento de sua excreção que leva a polimiopatia hipocalêmica, redução de contratilidade miocárdica e do débito cardíaco, nefropatia hipocalêmica- nefrite túbulo intersticial e função renal comprometida; íleo paralítico- tensão abdominal, vômitos, constipação e anorexia. DIAGNÓSTICO Glicemia elevada (180 a 900 mg/dL- média 450 mg/dL) ➔ Ocasiona depressão grave ➔ Síndrome (coma) hiperosmolar- glicose está na circulação em excesso e não está “alimentando” as células Hipercetonemia ➔ A dosagem de hidroxibutirato(ß-OH- ácido mais produzido) não é detectado pelas fitas de urinálise. Os ácidos cetônicos devem ser dosados em aparelhos portáteis para detecção de ß-OH. Glicosúria Devido a hiperglicemia, há perda de glicose pela urina. Rim tenta combater a hiperglicemia (diurese) Cetonúria (acetoacetato e acetona; fitas não tem sensibilidade para ß-OH) Devido a grande quantidade de corpos cetônicos, há perda desses ácidos pela urina. Rim tenta combater o nível de ácido (diurese) Densidade urinária baixa Néfrons danificados (hipovolemia-> hipoperfusão-> redução de TFG), não consegue conseguem concentrar a urina VG elevado (desidratação) Há pouco líquido circulante e concentração de células na circulação Colesterol elevado Devido a lipólise (uso de ácidos graxos livres), haverá grande quantidade de gordura circulante sendo utilizada como fonte de energia para as células. Resistência insulínica- A insulina não está funcionando adequadamente, seus receptores estão inadequados. Há insulina mas não há a realização de sua função(colocar glicose para dentro da célula). Isso promove a lipólise e aumento de gordura pela quebra de ácidos graxos livres. TRATAMENTO Restabelecer a volemia Reidratar o paciente (cautela com a quantidade e velocidade fornecida; a inflamação leva ao aumento da permeabilidade vascular e, consequentemente, desenvolvimento de edema devido a extravasamento) Corrigir distúrbios eletrolíticos e ácido-base Redução da glicemia Inicialmente a glicose está elevada (além do distúrbio, também pela desidratação) ao reidratar, haverá diluição e começa diminuir (e aumenta diurese). No entanto, com sua redução, há extravasamento de fluido (pouco soluto na circulação). Dosar glicemia antes e após fluidoterapia - avaliar a necessidade de aplicação de insulina. Tomar cuidado com edema. ACOMPANHAR COM GLICOSÍMETRO! Para controle da efetividade da terapia, espera-se que a glicemia diminua, aproximadamente 100 mg/dL após uma hora da aplicação de uma dose de insulina R. Se a redução glicêmica for muito inferior ao esperado, é necessário certificar-se da via de administração, dose e se a insulina está viável. Quando a glicemia for reduzida a valores de 150-250 mg/DL, o regime de administração de insulina R, a cada 2h, é descontinuado, e uma solução de dextrose a 5% com 4 a 8 mEq/L de fosfato de potássio deve ser empregado, para evitar hipoglicemia e hipofosfatemia. EDEMA CEREBRAL: uma das principais causas de morte secundário a rápida redução de glicemia (sangue se torna menos concentrado em solutos fazendo com que o fluido migre para local mais concentrado). Insulina de rápida ação= insulina regular (R)- via IM ou IV (diluída em NaCl a 0,9%); utilizadas para casos emergenciais. Tem rápida ação e período curto de duração. - Cães < 10 kg, doses iniciais de 2UI e posteriores repetições de 1 UI a cada hora - Cães > 10 kg doses inciais de 0,25 UI/kg e sequenciais repetições de 0,1 UI/kg a cada hora. - ACOMPANHAR COM GLICOSÍMETRO. INSULINAS Rápida ★ Insulina regular ★ Insulina asparte ★ Insulina lispro Intermediária ★ NPH Lenta ★ PZI ★ Glargina A deficiência de insulina pode levar ao aumento da produção de glicose e diminuição de sua utilização (insulina não estará fazendo seu papel de conduzir a glicose para o interior celular; hormônios diabetogênicos- cortisol, catecolaminas que estimulam a cetogênese e glicogênese) levando a hiperglicemia e diurese osmótica, pois o soluto na circulação atrairá grande de quantidade de água levando a perda de água, glicose e eletrólitos pela urina que ocasiona desidratação e hipovolemia posteriormente. A hipovolemia e desidratação desenvolve outros quadros: o estresse metabólico, com liberação de cortisol, epinefrina que conduz a resistência insulínica, cetogênese, lipólise, aumento da produção de glicose; a diminuição do filtrado glomerular, que leva a IRA e anúria; a hiperviscosidade plasmática, pois há pouco líquido e muita célula, que proporciona a formação de trombos e desenvolvimento de tromboembolismo. A hipoinsulinemia grave ou absoluta também proporciona o aumento da lipólise, visto que o organismo precisa de energia e não há glicose para isso, que desencadeia a hiperlipidemia e lipidose hepática (mobilização de gordura hepática, o fígado não consegue fazer suas funções corretamente), mecanismo que causa dor, leva a quadros de náusea e vômito, e com isso, haverá desidratação, hiperviscosidade e provável tromboembolismo e/ou desenvolvimento de acidose metabólica. O aumento de lipólise também leva o ocasionamento de outra via, o aumento da beta-oxidação e cetogênese, com cetonia e aumento de íons de hidrogênio, reduzindo o pH e levando a grave acidose metabólica. A acidose cursa com vômito/náusea e desidratação. Como a insulina se encontra reduzida, os eletrólitos (sódio, potássio, fósforo e cloro) estarão sendo eliminados na urina pois os túbulos não estão os absorvendo. O néfron realiza a secreção de compostos tóxicos ao organismo como uréia e creatinina, como sua função está comprometida (hipovolemia->IRA) esses metabólitos ficarão retidos no organismo.
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