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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - UNEB DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA VIDA – DCV CURSO DE MEDICINA DISCIPLINA: IMAGENOLOGIA ALUNO: ALYCE LIMA INTERPRETAÇÃO DA IMAGEM DO TÓRAX • RAIO X DE TÓRAX AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO RAIO X DE TÓRAX - No Raio X em PA, a identificação do paciente fica no canto superior esquerdo do filme, que indica o lado direito do paciente. Já no Raio X em AP, as informações vêm na parte inferior do filme. - Para saber se o Raio X foi feito em AP ou em PA, pode-se observar as escápulas do paciente. No Raio X em PA, que é feito com o paciente em pé, normalmente, pede-se que o paciente posicione os braços de forma que as escápulas saiam do campo pulmonar. No Raio X AP, que é feito com o paciente deitado, isso não é possível. Então, observar se as escápulas estão dentro do campo pulmonar é uma opção para verificar se o Raio X foi feito em PA ou em AP. Entretanto, devemos atentar para o fato de que, nem sempre, o paciente conseguirá posicionar os braços de modo a retirar as escápulas do campo pulmonar, mesmo em pé, então esse critério não é muito seguro. - Uma outra opção muito mais confiável é observar a bolha de ar gástrica. A bolha de ar gástrica consiste em um nível hidroaéreo que aparece no Raio X caso o paciente esteja em pé, pois o conteúdo gástrico se concentra na parte inferior do estômago, restando apenas ar acima desse conteúdo. Se o paciente estiver deitado, todo o conteúdo do estômago se espalha pelo órgão e, quando os raios X atravessam essa região, ela aparece no filme totalmente com densidade de partes moles, sem nível hidroaéreo. CONCLUSÃO: se houver bolha de ar gástrica, o exame foi feito em PA. - Na radiografia de tórax devem aparecer a região cervical inferior, a porção proximal dos úmeros e o abdome superior. - ROTAÇÃO: para que um Raio X seja considerado com uma rotação ideal, as extremidades mediais da clavícula devem estar equidistantes dos processos espinhosos da coluna vertebral. - PENETRAÇÃO (em PA): para que um raio X em PA tenha uma penetração adequada, as imagens das vértebras não devem ser identificadas através da sombra cardíaca; somente as quatro primeiras vértebras torácicas devem ser delimitadas. - ENCHIMENTO PULMONAR (em PA): para que o enchimento pulmonar seja considerado adequado, as cúpulas diafragmáticas devem estar posicionadas entre a 10ª e 11ª costelas. Obs: o diafragma em tenda indica que o pulmão está hiperinsuflado, o que pode ser um indicativo de DPOC. - A radiografia em perfil ajuda a desvendar as áreas mudas da radiografia em PA, sendo elas a área retroesternal, a área retrocardíaca, o parênquima retrocostal e as porções posteriores dos seis costofrênicos. A incidência é feita de direita para esquerda, para que o coração fique mais próximo do filme, reduzindo o fenômeno de magnificação cardíaca. - Na radiografia em perfil, devemos identificar a traqueia, os brônquios principais direito e esquerdo e as artérias pulmonares direita e esquerda. A pesar de o brônquio principal direito estar localizado mais superiormente que o esquerdo, o hilo pulmonar direito é mais inferior. - ROTEIRO DE AVALIAÇÃO DO RAIO X: POSIÇÃO -> LATERALIDADE -> ROTAÇÃO -> PENETRAÇÃO -> ENCHIMENTO PULMONAR Sequência de avaliação das estruturas: 1. Abdome superior 2. Partes moles 3. Esqueleto torácico 4. Cúpulas diafragmáticas e seios costofrênicos e cardiofrênicos 5. Mediastino e índice cardiotorácico 6. Hilos pulmonares 7. Pleura 8. Pulmões UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - UNEB DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA VIDA – DCV CURSO DE MEDICINA DISCIPLINA: IMAGENOLOGIA ALUNO: ALYCE LIMA REVISANDO UM POUCO DE ANATOMIA - O pulmão direito é trilobado e apresenta duas fissuras, uma oblíqua e uma horizontal, enquanto o pulmão esquerdo é bilobado, apresentando apenas uma fissura oblíqua. - O coração fica localizado ao lado do lobo médio do pulmão direito, enquanto a língula é a região do lobo superior esquerdo que está em contato com o coração. - O segmento superior do lobo inferior direito está localizado no meio do pulmão. Os brônquios que seguem para esse lobo curvam-se no sentido posterior. - A silhueta cardíaca apresenta dois arcos à direita e três arcos à esquerda. São eles: arco superior direito corresponde à veia cava superior e arco inferior direito corresponde ao átrio direito, o arco inferior esquerdo corresponde ao ventrículo esquerdo, arco médio direito corresponde à artéria pulmonar e o arco superior esquerdo corresponde arco da aorta. ACHADOS RADIOGRÁFICOS NO TÓRAX - Para interpretar os achados radiográficos no tórax, é preciso estar ciente de que cada segmento pulmonar é formado por um conjunto de lóbulos pulmonares secundários, que são estruturas poliédricas formadas por uma grande quantidade de tecido conjuntivo envolvendo sacos alveolares. Existe tecido conjuntivo tanto dentro dos lóbulos pulmonares secundários quanto entre eles, o que fornece sustentação ao tecido. No centro dos lóbulos pulmonares, encontra-se uma arteríola pulmonar e um bronquíolo centrilobular. O sangue que chega pelas arteríolas é drenado pelas veias interlobulares, que se localizam na periferia dos lóbulos pulmonares secundários. - A TC é capaz de mostrar apenas bronquíolos primários, secundários e terciários, porém, à medida que os bronquíolos vão se ramificando na periferia, a imagem de tomografia não é capaz de distinguir essas estruturas. Sendo assim, não é possível visualizar os bronquíolos centrilobulares, os lóbulos pulmonares, os septos interlobulares e o interstício pulmonar em uma tomografia realizada em condições fisiológicas. Essa visualização só é possível em pacientes que apresentam espessamento dos septos interlobulares, como no edema pulmonar. - PADRÕES PULMONARES Alveolar: consiste na ocupação do espaço aéreo de troca, caracterizado pela opacidade homogênea do parênquima pulmonar (consolidação). Pode ocorrer quando há exsudato nas pneumonias, transudato no edema pulmonar, hemorragia e intra-alveolar, células neoplásicas ou aspiração de algum material. Intersticial: consiste no acometimento do tecido conjuntivo de sustentação que envolve vasos sanguíneos, brônquios e vasos linfáticos. Nesse caso, ocorre borramento do contorno dos brônquios, indefinição das estruturas vasculares, formação de linhas B de Kerley e pode ocorrer ainda aparecimento de micronódulos que podem dificultar a distinção entre o padrão alveolar e intersticial. O padrão intersticial é mais difuso. As linhas B de Kerley traduzem o espessamento dos septos interlobulares e são melhores observadas na base dos pulmões pelo raio X de tórax. - ATELECTASIA A atelectasia consiste em um estado de expansão incompleta do parênquima pulmonar. Pode ser de causa obstrutiva, compressiva, restritiva, por deficiência de surfactante, cicatricial ou pendente. Ela pode acometer apenas uma parte de um segmento (subsegmentar), um segmento inteiro (segmentar), um lobo inteiro (lobar) ou um pulmão inteiro (colapso pulmonar). A área que sofreu atelectasia apresenta-se como uma opacidade com contornos bem definidos. Na imagem radiográfica, a diminuição do volume pulmonar decorrente da atelectasia pode levar a um deslocamento da cúpula diafragmática para superior e deslocamento das estruturas do hilo pulmonar. - ESCAVAÇÃO Consiste em uma área de necrose que se comunica com uma via aérea pérvia, o que permite a drenagem do conteúdo formando uma cavidade. Na imagem radiográfica, apresenta-se como uma massa escava com presença de nível hidroaéreo. UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - UNEB DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA VIDA – DCV CURSO DE MEDICINA DISCIPLINA: IMAGENOLOGIA ALUNO: ALYCE LIMA - DERRAME PLEURAL O derrame pleural pode ser do tipo exsudato ou transudato, entretanto não é possível fazer essa distinção apenas pelo raio X. Para que um derrame pleural seja identificado em um raio X de tórax em PA,ele precisa ter pelo menos 200 ml. Derrames pleurais de pequeno volume podem passar despercebidos em uma radiografia em AP. Aparece como uma região opaca com limite superior em forma de parábola. - HEMITÓRAX OPACO Com aumento de volume: pode ocorrer quando há um derrame pleural agudo ou um tumor. Com volume preservado: pode ocorrer quando há uma combinação de derrame pleural e atelectasia ou quando há uma pneumonia acometendo todo o pulmão. Com redução de volume: pode ocorrer quando há um colapso pulmonar devido à obstrução de um brônquio principal, pneumectomia, agenesia pulmonar ou pulmão destruído por processo inflamatório. SINAIS COMUNS NA RADIOLOGIA TORÁCICA - Sinal da silhueta: na radiologia convencional, a identificação das estruturas é feita por meio do contraste apresentado entre elas na imagem radiográfica. Quando estruturas que apresentam densidades semelhantes estão adjacentes entre si, a projeção dessas estruturas se superpõe e nós perdemos a referência, pois não há contraste. O sinal da silhueta consiste na perda de contraste entre estruturas devido a uma patologia em uma área onde, fisiologicamente, há diferença de densidade. - Sinal do broncograma aéreo: sinal onde o brônquio torna-se visível devido a uma consolidação do parênquima adjacente a ele. A visibilidade do brônquio ocorre porque há um contraste entre o espaço aéreo de troca preenchido por material não aéreo (hiperdenso) e o brônquio pérvio preenchido por ar (hipodenso). - Opacidade em asa de morcego ou de borboleta: consiste em um infiltrado interstício-alveolar ao redor do hilo pulmonar com as regiões periféricas preservadas. Muito comum no edema agudo de pulmão. Obs: quando as imagens formadas não são de origem pulmonar, mas sim de origem mediastianal, elas apresentam- se bem delimitadas, permitindo o acompanhamento do contorno. - Duplo contorno do segundo Arco à Direita: ocorre quando há um aumento átrio cardíaco esquerdo gerando um duplo contorno na silhueta cardíaca à direita. • TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DO TÓRAX - A principal diferença entre a radiografia de tórax e a tomografia é a maior capacidade da tomografia de oferecer maior número de informações e detalhes sobre o interstício pulmonar. - Interstícios avaliados na TC: interstício peribroncovascular, centrolobular, subpleural (contínuo com o interstício dos septos interlobulares) e intralobular (sustenta os sacos alveolares). - Para avaliar interstício pulmonar ou pequenas estruturas do parênquima deve ser realizada a técnica de TC em alta resolução. Nessa técnica, o exame é sequencial e não helicoidal, os cortes são bem finos para proporcionar um maior número de detalhamento do parênquima, há produção de gap de segmento não avaliado e só pode ser realizada em exame do tórax. A TC em alta resolução só é útil para estudar parênquima pulmonar, principalmente para diagnóstico diferencial de doença intersticial, não sendo capaz de avaliar mediastino. - Para avaliar nódulos ou massas em menor número, consolidações ou estruturas mediastinais deve ser realizada a técnica helicoidal. Nessa técnica, os cortes são contínuos, o que permite uma maior abrangência anatômica e evita a produção de gap. É excelente para avaliar mediastino. PADRÕES FUNDAMENTAIS DE DOENÇA PULMONAR NA TC - Consolidação: ocorre aumento da atenuação pulmonar (opacidade) com apagamento das estruturas vasculares, podendo ou não haver apagamento de brônquios. É indicativo de preenchimento do espaço aéreo de troca por material não aéreo. UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - UNEB DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA VIDA – DCV CURSO DE MEDICINA DISCIPLINA: IMAGENOLOGIA ALUNO: ALYCE LIMA - Opacidade em vidro fosco: ocorre aumento da atenuação pulmonar, porém ainda é possível observar vasos e brônquios. Geralmente, reflete preenchimento parcial de alvéolos, mas também pode ser decorrente de espessamento intersticial. - Padrão nodular: é caracterizado por múltiplos pequenos nódulos com menos de 1 cm de diâmetro. O diagnóstico diferencial é feito com base no padrão de distribuição, na densidade e nos contornos dos nódulos. A distribuição é muito bem determinada pela TC em alta resolução. O padrão de distribuição pode ser perilinfático, centrolobular ou randômico. - Padrão de árvore em brotamento: ocorre quando há um aumento da atenuação brônquica devido ao preenchimento dessas estruturas com material não aéreo combinado com a presença de múltiplos nódulos adjacentes a esses brônquios. Obs: a tuberculose de disseminação broncogênica apresenta um padrão de árvore em brotamento, enquanto a tuberculose miliar (disseminação hematogênica) apresenta um padrão nodular de distribuição randômica. - Padrão septal: representa o espessamento dos septos interlobulares. Pode ser classificado em liso, irregular ou nodular. Equivale às linhas B de Kerley do raio X com padrão intersticial. - Enfisema pulmonar: ocorre quando há uma diminuição da atenuação do parênquima pulmonar em algumas áreas sem paredes visíveis/definidas. - Bronquiectasias: é caracterizada pela dilatação irreversível de parte da árvore brônquica. Nesse caso, ocorre a perda da diminuição progressiva do calibre brônquico, espessamento das paredes dos brônquios e o Sinal do Anel de Sinete. Esse sinal consiste no corte transversal de um brônquio dilatado sendo acompanhado pela artéria pulmonar. - Nódulos pulmonares solitários: consiste em uma formação arredondada ou ovoide menor que 3 cm. A maioria é granuloma ou tumor benigno. Deve-se observar a forma, o tamanho, a densidade e se há escavação ou calcificação. Existem alguns critérios para a determinação da benignidade. São eles: tempo de duplicação muito lento ou muito rápido, presença de gordura e a distribuição das calcificações (difusa, central, laminar ou popcorn). - Rastreamento de CA de pulmão: deve ser realizada TC de baixa dose deve ser realizada em pessoas de 50 a 77 anos com história de tabagismo de pelo menos 20 maços/ano. Isso vale para fumantes atuais e para ex-fumantes com menos de 15 anos de abstinência. Entretanto, o rastreamento deve ser abortado caso o paciente complete 15 anos de abstinência ou caso ele desenvolva alguma patologia que limite a expectativa de vida ou impeça a realização de uma cirurgia oncológica curativa. - TEP: consiste em uma condição caracterizada pela oclusão das estruturas da árvore arterial pulmonar. No TEP, podemos observar em uma janela de mediastino, após injeção do contraste, a presença de fragmentos interrompendo o fluxo do sangue nas artérias pulmonares.
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