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EVENTOS VASCULARES INTRACRANIANOS

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - UNEB 
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA VIDA – DCV 
CURSO DE MEDICINA 
DISCIPLINA: IMAGENOLOGIA 
ALUNO: ALYCE LIMA 
 
EVENTOS VASCULARES INTRACRANIANOS 
 
• ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL 
- O AVC pode ser isquêmico ou hemorrágico. 
- A TC é suficiente para diagnosticar os dois tipos de AVC. 
 
ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL ISQUÊMICO 
- Enquanto no AVCi o principal achado na TC é o edema, no AVCh o principal achado na TC é o hematoma. 
- A isquemia intracraniana na TC aparece como uma área de hipodensidade, acompanhada por apagamento de 
sulcos e cisternas e efeito de massa, marcado pelo deslocamento das estruturas da linha média. 
- Existem dois tipos de edema: o edema citotóxico e o edema vasogênico. 
- O EDEMA CITOTÓXICO é caracterizado por uma barreira hematoencefálica íntegra, portanto o SNC ainda está 
protegido. Sua ocorrência está associada à falência da Bomba de sódio e potássio que se dá em eventos isquêmicos 
e leva a um acúmulo de sódio e água no interior das células do parênquima cerebral (menor mobilidade). O edema 
citotóxico atinge substância branca e cinzenta sem distinção. 
- O EDEMA VASOGÊNICO é caracterizado pelo rompimento da barreira hematoencefálica, estando associado a 
eventos hemorrágicos, infecções e neoplasias. Esse tipo de edema fica mais restrito à substância branca, adquirindo 
aspecto digitiforme. 
- ESTÁGIOS DE EVOLUÇÃO DO AVCi 
Estágio hiperagudo (até 12 horas): na TC, deve-se observar a presença de trombo arterial na artéria cerebral média 
(hiperdensidade). A presença do trombo em região proximal indica um prognóstico desfavorável. Deve-se procurar 
pela presença de trombo arterial (hiperdensidade) na porção da artéria cerebral média que corre no interior da 
fissura Sylviana (Sinal do ponto). Pode-se ver, ainda, apagamento da distinção entre substância branca e cinzenta, 
do córtex da insula, do núcleo lentiforme e de alguns sulcos corticais. 
Na RM, pode-se encontrar a perda de flow void na artéria cerebral média, indicando a presença de trombo. 
Na difusão e na ADC, o edema citotóxico já começa a ser visto 30 minutos após o início da isquemia e perdura por 
até duas semanas. A difusão e a ADC só devem ser feitas se a TC não for suficiente para diagnosticar o AVCi. A área 
de isquemia irá brilhar na difusão, porém não brilha na ADC. 
 A penumbra consiste na área de hipoperfusão ao redor de uma área de isquemia que ainda não evoluiu 
para uma morte celular e, por isso, ainda apresenta tecido viável. A área de penumbra é o motivo pelo qual os 
médicos se empenham em diagnosticar o AVCi o mais precocemente possível, na tentativa de realizar 
procedimentos (trombólise ou trombectomia) que possam salvar essa área. 
 Para avaliar a área de penumbra, pode-se fazer uma TC ou uma RM utilizando a técnica de perfusão. Três 
variáveis são avaliadas na perfusão: MTT (tempo médio de fluxo sanguíneo no tecido cerebral), CBF (fluxo 
sanguíneo cerebral) e CBV (volume de sangue no tecido cerebral). Enquanto na área de isquemia o MTT está 
elevado e o CBF e CBV estão diminuídos, na área de penumbra o MTT está elevado, o CBF está diminuído, porém o 
CBV pode estar normal ou elevado. Sendo assim, o CBV permite a diferenciação entre o núcleo do infarto (zona 
inviável) e a área de penumbra (zona viável). 
Estágio agudo (12 a 24 horas): na TC, há um aumento do edema citotóxico devido ao aumento da água tecidual. 
Nesse período, ocorre rompimento de membrana celular, com consequente morte celular. Além disso, há um 
apagamento dos sulcos corticais e discreto edema dos giros corticais sem muito efeito de massa. 
 Na RM, o edema citotóxico aparece com hipossinal em T1 e hipersinal em T2. 
Estágio subagudo (2 dias a 2 semanas): nesse estágio, ocorre aumento do edema extracelular, com rompimento da 
barreira hematoencefálica e evolução para edema vasogênico. Há surgimento do efeito de massa, com 
deslocamento das estruturas medianas e possibilidade de herniação. Nesse período, às vezes é difícil determinar 
pela TC se o que veio primeiro foi a isquemia ou a hemorragia. Na RM, continua havendo restrição à difusão. 
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DISCIPLINA: IMAGENOLOGIA 
ALUNO: ALYCE LIMA 
 
IMPORTANTE! Enquanto a barreira hematoencefálica está íntegra, a injeção de contraste não provoca o realce do 
parênquima cerebral. Entretanto, após o rompimento da barreira hematoencefálica, a injeção de contraste leva ao 
realce do parênquima. 
Estágio crônico (2 semanas a 2 meses): nesse estágio, ocorre resolução do edema, com atrofia cerebral e formação 
de cavidade líquida (área de encefalomalácia). Pode haver repuxamento das estruturas medianas em direção à 
cavidade líquida. No paciente com AVC crônico, há um apagamento dos sulcos corticais do lado oposto ao que 
ocorreu o AVC. 
Obs: Não é somente AVCi que brilha na difusão. Abcesso, linfoma e esclerose múltipla também brilham na difusão, 
uma vez que são áreas em que há tecido cerebral morto. 
 
EVENTOS HEMORRÁGICOS 
- A hemorragia intracraniana (hematoma) aparece na TC como uma área de hiperdensidade, com edema 
perilesional do tipo vasogênico e efeito de massa. 
- O edema vasogênico, como já foi dito, fica mais restrito à substância branca e tem aspecto digitiforme. 
- Na RM, o hematoma apresenta diferentes padrões de sinal a depender do estágio do AVC. Basicamente, em T1, 
há um hiperssinal na área do hematoma e, em T2, há um hiperssinal na área do hematoma circundado por uma 
área de hipossinal. No gradiente ECO, haverá um hipossinal no local do hematoma. 
- AVCh atingindo núcleos da base, ponte e cerebelo está associado ao rompimento de artérias perfurantes, muito 
frequente na hipertensão. Já o AVCh lobar está associado a presença de angiopatia amiloide, aneurisma e 
hemorragia de trombose venosa craniana. 
- Trombose venosa craniana: é um distúrbio de veias intracranianas que pode cursar com infarto ou com 
hemorragia intraparenquimatosa. Pode ter origem hormonal, como em gestantes e mulheres que fazem uso de 
anticoncepcional, hematológica, associada a formações expansivas intracranianas, condições sistêmicas ou pode 
ser idiopática. É uma causa frequente de AVC em crianças e jovens. 
 Os pacientes podem cursar com cefaleia, distúrbios visuais, rebaixamento do nível de consciência, 
papiledema, convulsões e coma. 
 A realização de AngioTC ou AngioRM podem auxiliar no diagnóstico. Na AngioTC sem contraste, pode ser 
visto uma hiperdensidade no interior do sistema venoso intracraniano (trombo). Entretanto, após a injeção do 
contraste, todo o sistema venoso irá realçar, exceto o trombo que não será impregnado pelo contraste (sinal do 
Delta Vazio). 
- Aneurismas Intracranianos: podem ser saculares ou fusiformes, porém a grande maioria é sacular. São 
responsáveis por 80% dos casos de hemorragia subaracnóidea (HSA) e 90% dos casos ocorre na porção anterior do 
polígono arterial do cérebro. 
 O tratamento pode ser cirúrgico, realizando a clipagem do aneurisma, ou pode ser feito um cateterismo 
para inserção de coil ou stent. A inserção do coil ou do stent pode ser feita utilizando uma angiografia. 
 A grande preocupação com os aneurismas é a possibilidade de ruptura dos mesmos, provocando uma 
hemorragia subaracnóidea (HSA). 
IMPORTANTE! O espaço epidural é aquele compreendido entre os ossos do crânio e a dura-máter; o espaço 
subdural é aquele compreendido entre a dura-máter e a aracnoide; e o espaço subaracnóideo é aquele 
compreendido entre a aracnoide e a pia-máter. 
 Sendo assim, o hematoma subaracnóideo acompanha os giros cerebrais, o que pode ser visto com 
hiperssinal no Flair da RM. Esse hematoma é extraxial, ou seja, ocorre fora do parênquima cerebral. 
 Uma complicação decorrente de ruptura de aneurisma com hemorragia subaracnóidea é o vasoespasmo, 
que se dá pelas alterações bioquímicas devido ao extravasamento de sangue.A depender da intensidade do 
vasoespasmo, é possível que ocorra uma isquemia do território inervado pela artéria afetada. 
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- Hematoma Subdural: tem origem traumática e é decorrente da ruptura de veias corticais que atravessam o espaço 
subdural. Esse tipo de hematoma aparece como uma região de hiperdensidade em forma de meia-lua na TC e como 
uma região de hiperssinal em forma de meia-lua na RM. 
Como não invade os giros corticais, o hematoma subdural comprime o parênquima cerebral e provoca 
deslocamento das estruturas da linha média. Esse tipo de hematoma não cruza a linha média, porém pode 
ultrapassar as suturas. 
- Hematoma epidural: está associado ao rompimento de artérias meníngeas decorrente de trauma com fratura 
óssea. Apresenta um formato biconvexo e atravessa a linha média, porém pode ou não atravessar as suturas.

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