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É considerada uma doença crônica não transmissível. Conhecida como uma condição clínica multifatorial caracterizada por elevação persistente da pressão arterial (PA), ou seja, PA sistólica (PAS) maior ou igual a 140 mmHg e/ou PA diastólica (PAD) maior ou igual a 90 mmHg, medida com a técnica correta, em pelo menos duas ocasiões diferentes, na ausência de medicação anti-hipertensiva. Aconselha-se, quando possível, recorrer a uma validação de tais medidas por meio avaliação da PA fora do consultório através de Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial (MAPA). Frequentemente se associa a distúrbios metabólicos, alterações funcionais e/ou estruturas de órgãos-alvo, sendo agravada pela presença de outros fatores de risco, como diabetes mellitus, dislipidemia, intolerância à glicose, obesidade e dislipidemia. Normalmente assintomática, a HA costuma apresentar sintomas quando evoluir com alterações estruturas e/ou funcionais em órgãos-alvo, como coração, cérebro, rins e vasos. Sendo o principal fator de risco modificável com associação independente, linear e contínua, a HA pode desenvolver doenças cardiovasculares (DCV), doença renal crônica (DRC) e morte prematura. o Genética o Idade - Associado ao envelhecimento, resultado do enrijecimento progressivo e da perda de complacência das grandes artérias. o Sexo - Em indivíduos mais jovens, a PA é mais elevada no sexo masculino. Em indivíduos com idade mais elevada, apresenta maior incidência em mulheres. o Etnia o Sobrepeso/Obesidade o Ingestão de Sódio e Potássio o - O consumo excessivo de Na está associado a DCV e AVE. o – Já de maneira inversa, o aumenta da ingestão de K+ reduz os níveis pressóricos. o Sedentarismo o Etilismo o Tabagismo o Fatores Socioeconômicos Figura da Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial - 2020 Sua prevalência dente a variar, sendo a ultima pesquisa feita em 2013 pela Pesquisa Nacional de Saúde, 21,4% dos adultos brasileiros autorrelataram HÁ, enquanto, considerando as medidas de PA aferidas e uso de medicação anti-hipertensiva com PA maior ou igual que 140 por 90 mmHg chegou a 32,3%. Sendo detectado que a prevalência maior está associada ao sexo masculino, assim como, aumentar com a idade por todos os critérios. Os números que definem a hipertensão são arbitrários, mas se caracterizam como valores em que Hipertensão Arterial 10.08.2021 Aula 02 – Clínica Médica Efeito do Avental Branco: diferente de pressão entre as medidas obtidas no consultório e fora dele, desde que essa diferença seja igual ou superior a 20 mmHg na PAS e/ou 10 mmHg na PAD. Hipertensão do Avental Branco: valores anormais da PA no consultório, porém com valores considerados normais pela MAPA ou MRPA. Hipertensão Mascarada: valores normais da PA no consultório, porém com PA elevada pela MAPA ou medidas residências. Hipotensão Ortostática: redução da PAS>20 mmHg ou da PAD> 10 mmHg em relação à medida sentado após o paciente estar 3 minutos em posição ortostática. Hipertensão Arterial nas Doenças Cardiovasculares Fatores de Risco Prevalência da HA no Brasil os benefícios do tratamento (não medicamentoso e/ou medicamentoso) superam os riscos. Percentual de óbitos por HA, IAM, AVE e IRC- Figura da Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial - 2020 Ao avaliar um paciente com HA, deve-se confirmar o diagnostico corretamente, a suspeita e a identificação de causa secundária. Lesões de órgão - alvo e doenças associadas devem ser investigadas. Fazem parte da avaliação: o Medida da pressão arterial no consultório e/ou fora dele; o Utilização de adequada e equipamentos validos e calibrados; o Obtenção de história médica; o Realização do exame físico; o Investigação clínica e laboratorial. Anamnese Perguntas obrigatórias sobre o tempo de diagnóstico e tratamentos anti-hipertensivos instituídos previamente (medicamentos e doses). Importante avaliar os principais sintomas e que indiquem a evolução da doença hipertensiva, especialmente a presença de lesões de órgãos-alvo. A história familiar é muito importante podendo colaborar para o diagnostico de HA primária. Durante a consulta, deve-se fazer um questionamento minucioso, incluindo fatores de risco específicos, comorbidades e aspectos biopsicossociais, culturais e socioeconômicos. Sendo fundamental questionar o uso de medicamentos, drogas ilícitas, hábitos de vida e afins. Exame Físico Inicia-se com medição correta e repetida da PA e da FC, procurando sinais de lesões de órgãos-alvo e achados que sugerem uma HA secundária. Já nos dados antropométricos que incluem o peso e altura, IMC e circunferência abdominal. A palpação e ausculta cardíaca e de carótida, é fundamental para a verificação dos pulsos. Figura da Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial - 2020 Exames Laboratoriais Avaliação complementar tem como objetivo detectar lesões clínicas em órgãos-alvo, no sentido de melhor estratificar o risco cardiovascular. Nessa investigação, destacam-se alterações na glicemia ou da hemoglobina glicada. Alterações da velocidade de onda de pulso quando disponíveis é um exame indicativo de lesão em órgãos-alvo, podendo reclassificar os pacientes de risco doenças cardiovasculares de intermediarias para alto risco. Avaliação laboratorial básica deve fazer parte da rotina de um hipertenso, visando acompanhar a progressão e regressão das doenças, principalmente, se o individuo faz uso de algum anti-hipertensivo. São recomendadas as seguintes dosagens: o Dosagem sérica de Potássio; o Ácido Úrico; o Cretainina; o Glicemia o Perfil Lipídico. Não podendo deixar passar o exame sumário de urina e um eletrocardiograma para descartar ou detectar uma hipertrofia ventricular esquerda. Para uma avaliação da função renal, o principal objetivo é obter o ritmo de filtração glomerular, que leva em consideração a categoria de albuminúria. As cores no exame são fundamentais para expressar um prognóstico renal e a conduta. O verde indica bom prognóstico e baixo risco; o amarelo, risco intermediário, devendo-se monitorizar o paciente; o laranja, alto risco, mau prognóstico, com obrigatoriedade de referenciar para o especialista; e o vermelho, risco muito alto, mau prognóstico e obrigatoriedade de referenciar para o especialista. Diagnóstico Avaliação Clínica Figura da Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial - 2020 Definimos a PA como a pressão que o sangue exerce sobre os vasos sanguíneos, ao qual podendo levar a complicações em órgãos-alvo durante a sístole e diástole. Determinamos a PA como o produto do débito cardíaco (DC) e da resistência vascular periférica e assim expressando boas condições relacionadas ao sistema cardiovascular. Englobando os principais fatores de risco, dentre os mecanismos envolvidos, ressalta-se a função da insulina, que, apesar de ser um vasodilador, possui papel indireto nos mecanismos pressóricos, onde se destaca sua contribuição na retenção hidrossalina nos túbulos renais, por meio do aumento da produção de aldosterona, pela sensibilização das adrenais á angiotensina II, via de ativação de ATP e ativação do sistema nervoso simpático central. A resistência à insulina na musculatura lisa vascular, pode levar a prejuízos nos processos de troca iônica (Ca+ ATPase e Na+ ATPase) mediados pela insulina, onde pode levar ao acúmulo de cálcio e sódio na parede vascular, facilitando a ação de vasoconstritores como a angiotensina II e a noradrenalina. O hiperinsulinismo causa um aumento da reabsorção de sódio, da contratilidade e hipertrofia do tecido muscular, aumento da atividade simpática, da resistência vascular periférica através da vasoconstrição e aumento do volume sanguíneo. A proteção cardiovascular consiste no objetivo primordial do tratamento anti-hipertensivo. A primeira metaé reduzir a PA visando diminuir os desfechos de doenças cardiovasculares. Tratamento Não Medicamentoso PA elevada, obesidade, tabagismo, etilismo dieta não saudável e sedentarismo são os principais fatores de risco, a principal conduto reduzir ou eliminar tais fatores, estimulando o paciente a adotar hábitos de vida mais saudáveis visando uma melhor qualidade de vida e um bom prognostico para a HA. O uso do tabaco eleva a PA cerca de 5-10 mmHg, em média, deve-se enfatizar ao paciente que cesse o seu uso devido aos riscos de doenças cardiovasculares, lesões em órgãos-alvo e neoplasia. A perda ponderal de peso reduz a PA, mesmo sem alcançar o peso corporal desejável. Para indivíduos com sobrepeso ou obesidade, a perda de peso é uma recomendação essencial no tratamento da HA. Tratamento Medicamentoso Principais classes de fármacos anti- hipertensivos: o Diuréticos (DIU) Está relacionado com a diminuição do volume circulante e do volume extracelular. O DIU reduzem a PA e Fisiopatologia Conduta Terapêutica diminuem a mortalidade de doenças cardiovasculares. Deve-se dar preferência aos DIU tiazídicos (hidroclorotiazida) ou similares (clortalidona e indapamida) em doses baixas, pois são mais suaves e com maior tempo de ação, reservando-se os DIU de alça (furosemida e bumetanida) às condições clínicas com retenção de sódio e água, como a insuficiência renal (creatinina > 2,0 mg/dL ou o ritmo de filtração glomerular estimado ≤ 30 mL/min/1,73m2) e situações de edema (IC, síndrome nefrítica). Os DIU poupadores de potássio (espironolactona e amilorida) costumam ser utilizados em associação aos tiazídicos ou DIU de alça. A espironolactona tem sido habitualmente utilizada como o quarto medicamento a ser associado aos pacientes com HA resistente e refratária. o Agentes Poupadores de Potássio Agem como antagonistas competitivos dos receptores alfa-1 pós-simpaticos, reduzindo a RVP sem mudanças no DC. Promovem maior redução pressórica quando na posição ortostática e na taquicardia reflexa. Por isso, é comum a hipotensão postural, comumente descrita na primeira dose. O efeito hipotensor mostra-se discreto como monoterapia, sendo a preferência pelo uso associado. Apresentam contribuição favorável e discreta no metabolismo lipídico e glicídico. Os representantes dessa classe utilizados como medicamentos anti-hipertensivos são a doxazosina e a prazosina. Uma ação coadjuvante benéfica dos bloqueadores alfa1 é o relaxamento da musculatura do assoalho prostático, a qual favorece o esvaziamento da bexiga nos pacientes com hiperplasia prostática benigna (HPB). Por isso, alguns alfabloqueadores são também utilizados em homens com HPB, em particular a doxazosina, a tansulosina, a alfuzosina e a silodosina. o Agentes Alfa Bloqueadores - Carvedilol o Bloqueadores dos Canais de Cálcio (BCC) Bloqueiam os canais na membrana das células musculares lisas das artérias reduzindo a disponibilidade de cálcio no interior das células dificultando a contração muscular e, consequentemente, diminui a RVP por vasodilatação. Os BCC são classificados em dois tipos básicos: os di- hidropiridínicos e os não di- hidropiridínicos. Os dihidropiridínicos (anlodipino, nifedipino, felodipino, manidipino, levanlodipino, lercanidipino, lacidipino) exercem efeito vasodilatador predominante, com mínima interferência na FC e na função sistólica, sendo, por isso, mais frequentemente usados como medicamentos anti- hipertensivos. Os BCC não di- hidropiridínicos, como as difenilalquilaminas (verapamila) e as benzotiazepinas (diltiazem), têm menor efeito vasodilatador e agem na musculatura e no sistema de condução cardíacos. Por isso, reduzem a FC, exercem efeitos antiarrítmicos e podem deprimir a função sistólica, principalmente nos pacientes que já tenham disfunção miocárdica, devendo ser evitados nessa condição. o Inibidores da Enzima Conversora de Angiotensina (IECA) - Ao inibirem a enzima conversora de angiotensina, interrompem a conversão de Ang I em Ang II (vasoconstritora) e pela redução da degradação da bradicinina (vasodilatadora). Mostram-se medicações comprovadamente úteis em muitas outras afecções CV, como em ICFEr e antirremodelamento cardíaco pós-IAM, além de possíveis propriedades antiateroscleróticas. Também retardam o declínio da função renal em pacientes com doença renal do diabetes ou de outras etiologias, especialmente na presença de albuminúria - Captopril - Enalapril o Bloqueadores dos Receptores da Angiotensina II (BRA) Antagonizam a ação da Ang II pelo bloqueio especifico dos receptores AT1 (vasoconstrição, estímulo da proliferação celular e da liberação de aldosterona). - Losartana o Betabloqueadores Promovem a diminuição inicial do débito cardíaco e da secreção de renina, com a readaptação dos barorreceptores e diminuição das catecolaminas nas sinapses nervosas. Eles podem ser diferenciados em três categorias, de acordo com a seletividade para ligação aos receptores adrenérgicos: 1) não seletivos – bloqueiam tanto os receptores adrenérgicos beta-1, encontrados principalmente no miocárdio, quanto os beta-2, encontrados no músculo liso, nos pulmões, nos vasos sanguíneos e em outros órgãos (propranolol, nadolol e pindolol, este último apresentando atividade simpatomimética intrínseca, agindo como um agonista adrenérgico parcial e produzindo menos bradicardia); 2) cardiosseletivos – bloqueiam preferencialmente os receptores beta-1 adrenérgicos (atenolol, metoprolol, bisoprolol e nebivolol, que é o mais cardiosseletivo); e 3) com ação vasodilatadora – manifesta-se por antagonismo ao receptor alfa-1 periférico (carvedilol) e por produção de óxido nítrico (nebivolol). O propranolol mostra-se também útil em pacientes com tremor essencial, prolapso de válvula mitral, síndromes hipercinéticas (hipertireoidismo e síndrome do pânico), cefaleia de origem vascular e hipertensão portal. Uma metanálise que incluiu mais de 130 mil pacientes com hipertensão primária comparou os BB a outras classes de medicamentos anti- hipertensivos, a placebo ou a sem tratamento. Observou-se que, comparativamente com os demais agentes anti-hipertensivos (DIU, BCC, IECA, BRA), os BB aumentam em 16% o risco de AVE. Quando comparados com placebo ou pacientes sem tratamento, os BB reduzem o AVE, mas apenas metade do que seria esperado para a redução pressórica observada. A metanálise também identificou que o atenolol, comparado com os demais anti-hipertensivos, aumenta o risco de AVE em 26% e a mortalidade geral em 8%, ambos estatisticamente significantes. Essa é a principal razão para tal diretriz recomendar os BB como medicação anti-hipertensiva inicial apenas nos casos em que têm indicação específica. Muito uteis em condições clínicas especificas como: pós-IAM e angina do peito, IC com fração de ejeção reduzida, para controle de FC e em mulheres com potencial de gravidez. Esquema preferível de associações de medicamentos, de acordo com mecanismos de ação e sinergia - Figura da Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial – 2020 - Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial – 2020 - Manual de Clínica Médica do Diagnostico ao Tratamento - Sanar A medida do índice tornozelo braquial (ITB) também é incentivada no exame físico. Realiza-se o cálculo por meio da razão entre a PAS do braço e do tornozelo, tanto esquerdo quanto direito. A relação PAS braço/PAS tornozelo normal é acima de 0.90. A obstrução leve caracteriza-se por ITB entre 0,71-0,90;. Tal ferramenta é muito importante para o diagnóstico de doença arterial obstrutiva periférica quando para o prognostico de eventos cardiovasculares. Classificação Referencias MAPA (Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial) Permite o registro indireto e intermitente da PA durante24 horas ou mais, enquanto o paciente realiza suas atividades habituais durante os períodos de vigília e sono. Capacidade de identificar suas atividades habituais da PA, com implicações prognosticas consideráveis. Tem como indicações especificas a discordância importante entre a PA no consultório e domiciliar, avaliação do descenso durante e sono, suspeita de HAS ou falta de queda da PA durante o sono habitual em pessoas com apneia do sono, DRC ou diabetes e avaliação da variabilidade da PA. O procedimento deve seguir técnicas padronizadas e utilizar monitores validados para uso pediátrico e dados normativos pediátricos. MRPA (Monitorização Residencial da Pressão Arterial) Medição realizada com protocolo especifico, consistindo na obtenção de três medições pela manhã, antes do desjejum e da tomada da medicação, e três à noite, antes do jantar, durante cinco dias. Outras opção é realizar duas medições em cada uma dessas duas sessões, durante sete dias. A MRPA fornece valores de PA mais reprodutíveis e está mais fortemente relacionada com a LOA, particularmente à hipertrofia ventricular esquerda, e a predição de morbimortalidade CV do que a PA do consultório. Há também evidências de que a MRPA pode ter um efeito benéfico na adesão à medicação e no controle da PA, especialmente quando combinada com orientação e aconselhamento.
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