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Gerência de Riscos Roger Abdala 1ª Edição | Junho | 2014 Impressão em São Paulo / SP Coordenação Geral Nelson Boni Coordenação de Projetos Leandro Lousada Professor Responsável Roger Abdala Catalogação elaborada por Glaucy dos Santos Silva - CRB8/6353 Copyright © EaD KnowHow 2011 Nenhuma parte dessa publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição. Projeto Gráfico, Capa e Diagramação Marilia Lopes Revisão Ortográfica Vanessa Almeida 1a Edição: Junho de 2014 Impressão em São Paulo/SP Gerência de Riscos A135g Abdala, Roger. Gerência de riscos. / Roger Abdala. – São Paulo : Know How, 2014. 130 p. : 21 cm. Inclui bibliografia ISBN 1. Gerenciamento de risco. 2. Controle de riscos. 3. Gestão de riscos. I. Título. CDD 658.4 Sumário Unidade I 7 Introdução 1.1. Conceitos de Análise de Acidentes 1.2. Riscos 1.3. Fatores que determinam o risco 1.4. Controle das Exposições 1.5. Controle do comportamento 1.6. Análise de acidentes específicos 1.7. Tipos de Análises 1.8. Fases de uma análise Unidade II 27 Controle de Riscos 2.1. Teoria das Causas de Acidentes 2.1.1 Teoria do dominó 2.1.2 Teoria da causalidade múltipla 2.1.3 Teoria da casualidade pura 2.1.4 Teoria da probabilidade tendenciosa 2.1.5 Teoria Propensão de acidente 2.1.6 Teoria da transferência de energia Unidade III 35 Sistema De Gestão De Riscos 3.1. Fundamentos da Gestão de Riscos 3.2. Política de Controle e Gestão de Riscos 3.3. Diretrizes de Controle e Gestão de Riscos 3.4. Estratégias de Controle e Gestão de Risco 3.5. Sistema Organizacional e Operacional de Gestão de Riscos 3.6. Implementação e Operação 3.6.1. Recursos, funções, responsabilidades, prestações de contas e autoridades 3.6.2. Competência, treinamento e conscientização 3.6.3. Comunicação, participação e consulta 3.6.4. Documentação 3.6.5. Controle de documentos 3.7. Controle operacional 3.8. Metodologia de Controle e Gestão de Riscos 3.9. Programas de Controle e Gestão de Riscos 3.10 Monitoramento de riscos Unidade IV 85 Análise E Controle De Riscos 4.1. Identificação de Perigos 4.2. Avaliação de riscos 4.2.1.Preparação e resposta a emergências 4.3. Verificação 4.3.1. Monitoramento e medição do desempenho 4.3.2. Avaliação do atendimento a requisitos legais e outros 4.3.3. Investigação de incidente, não conformidade, ação corretiva e ação preventiva 4.4. Não conformidade, ação corretiva e ação preventiva 4.4.1. Controle de registros 4.4.2. Auditoria Interna 4.5. Análise Crítica Pela Direção 4.4. Melhoria Contínua do SGSST 4.5. Certificação Do SGSST Referências 7 Unidade I 1. Introdução Uma das principais responsabilidades dos pro- fissionais que atuam na área de segurança do traba- lho relaciona-se com o controle e o gerenciamento de riscos no ambiente de trabalho. A importância destes controles de riscos e os princípios de sua ges- tão, bem como os objetivos e a relação dos sistemas organizacionais com o controle e gerenciamento de riscos, farão parte do conteúdo desta obra. Dentre estes princípios de gerenciamento de riscos destacam-se os seguintes instrumentos: prin- cípios, política, diretrizes, objetivos, estratégias, me- todologia, programas, sistemas organizacionais e sis- temas operacionais. Na sequência, estes princípios serão discutidos e analisados sob a ótica da preven- ção, principalmente. Nos últimos anos, o conhecimento sobre a gê- nese de acidentes de trabalho evoluiu consideravel- mente. Era comum, no passado, acreditar no modelo simplista que dividia o comportamento e as condi- ções ambientais em duas categorias: seguros ou inse- guros. A crença de que toda a atividade poderia rece- ber uma dessas classificações gradualmente tem sido deixada de lado. No lugar disso, os profissionais da área têm dado ênfase em análises mais profundas e em outros modelos sistêmicos e melhor elaborados, 8 cuja eficiência na gestão da segurança do trabalho já está comprovada. É importante ressaltar que, às vezes, duas con- dições que notadamente são tidas como seguras quando separadas, podem tornar-se inseguras quan- do combinadas. O comportamento dos trabalhado- res varia de acordo com o ambiente e o meio físico nos quais se encontram. Por exemplo, máquinas de serrar provocam numerosos acidentes quando co- meçaram a serem utilizadas a partir de 1960, devido a um movimento perigoso conhecido como “retro- cesso”, o qual ocorria de surpresa quando os dentes da ferramenta encontravam um ramo, um nó ou um ponto de maior dureza na madeira. O “retrocesso” foi responsável por centenas de mortes e ferimentos antes da invenção de um meca- nismo de proteção. Este mecanismo de proteção foi adotado e resultou em um enorme avanço na preven- ção de acidentes causados pelo uso de serras de corte. Qualquer pessoa que já usou uma máquina ruidosa, instável e afiada sabe por experiência que elas são muito perigosas. Daí a cautela extrema que os novatos possuem ao usá-las. No entanto, depois de muitas horas de trabalho, os trabalha- dores acabam perdendo consciência do perigo e começam a usar a serra com menos cuidado. Algo semelhante acontece com o dispositivo de prote- ção. O trabalhador, ao saber da existência de um 9 mecanismo de proteção, pode se tornar menos cauteloso ao executar suas atividades. Classificar os comportamentos e as condições de trabalho em seguros ou inseguros resulta em atrasos na prevenção e em análises de controle e gerência de riscos. Espera-se que os profissionais focalizem-se na gestão dos sistemas que podem resultar na prevenção de acidentes de trabalho. Se houver uma compreensão sobre as características das pessoas, do ambiente físi- co de trabalho, da tecnologia e da organização, haverá avanço considerável na prevenção de acidentes. Estes exemplos destacam a natureza dinâmica das pessoas e do trabalho. Se um componente for alterado, o outro não permanece inalterado e o efeito final sobre segu- rança pode ser difícil de prever. A divisão simples dos comportamentos e das condições entre seguros e não seguros não contribui no avanço de ações na área de prevenção e seguran- ça do trabalho. Se nós compreendermos que as pessoas, suas ta- refas, os equipamentos utilizados e o ambiente de tra- balho compõem um sistema dinâmico, aí sim teremos como avançar de maneira considerável na prevenção de acidente e outras não conformidades de trabalho. Os seguintes exemplos expõem a natureza di- nâmica do trabalho. Se um componente ou outro for modificado, há mudanças definitivas na segurança, dificultando a antecipação de ações de segurança. 10 Na aviação e em outros sistemas nos quais a fa- bricação automatizada é elevada, foi observado que um aumento ainda maior na automatização dos pro- cessos de trabalho não necessariamente gerou uma melhoria da segurança. Por outro lado, trabalhadores com pouco tempo de experiência ou novatos comumente não compreen- dem todas as funções das máquinas tão bem quanto àqueles mais experientes. Desconhecimentos dos pro- cessos por parte dos trabalhadores, em geral, podem aumentar o nível de acidentes. Isso também ocorre quando o trabalhador é muito autoconfiante e, por ve- zes, ignora procedimentos básicos de segurança. Tradicionalmente, a prevenção tem sido ba- seada na aprendizagem de acidentes e quase aci- dentes para investigar separadamente suas causas e podermos tomar medidas para reduzir ou elimi- nar os acidentes de trabalho. O problema é que, na ausência de teorias apropriadas, não somos capazes de desenvolver métodos de pesquisa que permitam gerir todos os fatores importantes para a prevenção. A aplicação de métodos e técnicas de pesquisa pode fornecer um diagnóstico bastante preciso das causas deacidentes, mas sempre se li- mitando ao caso específico analisado. É possível que existam condições e fatores envolvidos nas causas de acidentes aos quais os pesquisadores não compreendam ou identifiquem e a generali- 11 zação dos resultados de um acidente para outras situações por si só é um risco de análise. De maneira positiva, é notável que, atualmen- te, há progressos significativos na área de gestão de segurança com base na previsão e antecipação de riscos. Desenvolveram-se várias técnicas e análise as quais fazem parte da rotina de análises de ris- co na área de segurança do trabalho. A partir deste fato outros estudos sistemáticos são usados para identificar os riscos potenciais e tomar medidas apropriadas preventivas. Um dos mais recentes avanços na gerência de riscos é o conceito de cultura de segurança. A cultura não é uma entidade tangível. Ela é um conceito abstrato, mas é presente em todas as or- ganizações e na sociedade. É crucial estudarmos sobre cultura de segurança para compreender as possibilidades de prevenção. 1.1. Conceitos de Análise de Acidentes Os acidentes de trabalho podem ser estimados de diferentes maneiras, dependendo se o foco é ava- liar a magnitude ou o resultado do problema ou os resultados em potencial. Um acidente pode ser definido como o resulta- do de uma cadeia de eventos em que algo deu erra- do. Tem sido demonstrado que a intervenção huma- 12 na pode evitar que lesões ocorram ou que esta cadeia de eventos resulte em algo errado. A intervenção humana deve ser levada em con- sideração ao avaliar a extensão total dos riscos no local de trabalho. A suposição de que eventos que acabam produzindo lesões são exclusivos de alguns locais de trabalho deve ser reavaliada. Além disso, a magnitude do problema deve ser determinada de- pendendo da existência de riscos e a frequência e resultados de acidentes e de quase acidentes. Em caso de acidente, a magnitude do proble- ma pode ser estimada comparando o número de acidentes (taxa de incidência) com a sua gravidade (dias de trabalho perdidos). No entanto, se há pre- tensão de realizar um cálculo estimado, os estudio- sos e os profissionais da área de segurança do tra- balho deverão avaliar a presença de fatores de risco no ambiente de trabalho, ou seja, daqueles fatores que podem provocar acidentes. Um panorama completo pode ser obtido apli- cando-se um sistema global de análise e registros. A aplicação de um sistema de gerenciamento de riscos pode facilitar a compreensão das relações básicas e essenciais para compreender as causas dos acidentes. A determinação de fatores de risco é essen- cial para estimar com precisão a magnitude das não conformidades de trabalho ou dos riscos ocu- pacionais que são a gênese de acidentes. É possí- 13 vel conhecer os fatores de risco mais importantes analisados quando se tem informações detalhadas sobre cada parte da situação dos trabalhadores e os trabalhadores no momento do acidente, o que estavam fazendo e manipulando. Isso significa estabelecer parâmetros de compreensão sobre o que eles usaram, o que causou danos e lesões e outras questões relacionadas. 1.2. Riscos A medição de riscos deve ser feita com base em informações sobre o número e severidade das lesões que se tem registrado na organização, dando uma estimativa com base estatística. Dois tipos de dados são utilizados para definir o risco de lesões: • Mensuração do risco: fornece uma estimativa da frequência e uma medida da gravidade da lesão. Pode ser definido como o número de dias de trabalho perdidos (ou mortes) por número de empregados. • A avaliação do elemento de risco ou perigo: indica não só as fontes de exposição e outros fatores nocivos que podem causar um acidente, mas tam- bém as circunstâncias que resultam em ferimentos ou danos. Por exemplo, o trabalho feito em um lugar alto envolve um risco de queda que pode causar fe- rimentos graves; o mesmo é verdade ao se trabalhar em contato com peças afiadas ou o trabalho com 14 máquinas ruidosas durante períodos prolongados, o que pode causar danos na capacidade de audição. 1.3. Fatores que determinam o risco Os fatores mais importantes na determinação do risco são: • Determinar a presença (ou possibilidade) de qualquer tipo de risco; • Que aumentam ou reduzem a probabilida- de de tais riscos e que podem levar a ferimentos ou acidentes; • Que afetam a gravidade das lesões associadas a esses riscos. Para a compreensão destes pontos é necessário estabelecer as causas do acidente, ou seja, as fontes de exposição e outros fatores prejudiciais. O conceito de lesão a partir de fontes de expo- sição é normalmente relacionado às doenças, como na exposição a um ou mais agentes durante um cur- to período de tempo (exposição aguda) ou exposi- ção prolongada (crônica). Seguem alguns exemplos de fontes de exposição que podem causar lesões ou danos relacionados às doenças: • Exposição a produtos químicos (solventes, produtos de limpeza ou desengordurantes); • Exposições físicas (ruído, radiação, calor, frio, privação de oxigênio); 15 • Exposições fisiológicas (cargas pesadas, pos- turas inadequadas ou trabalho repetitivo); • Exposições biológicas (vírus, bactérias, fun- gos, sangue ou animais); • Exposições psicológicas (trabalho em iso- lamento, ameaça de violência, assédio, horários de trabalho variáveis, requisitos de trabalho incomum). O conceito de fator nocivo está relacionado ao acidente de trabalho, uma vez que é neste ambiente que ocorre o dano aos trabalhadores. Além disso, o fator nocivo corresponde aos locais nos quais eles estão expostos ao tipo de ações que provocam le- sões agudas. O dano ou prejuízo é reconhecido ime- diatamente no momento em que estas lesões ocor- rem, porque são fáceis de identificar. A dificuldade inerente a este tipo de dano encontra-se no contato inesperado da vítima com o agente de lesão. Seguem exemplos de alguns dos fatores sus- ceptíveis a causar interferência prejudicial, aciden- tes com lesões e que são muitas vezes relacionadas com várias formas de fontes de energia ou ativida- des ocupacionais: • Ligados às operações de corte de energia, ci- são ou raspagem, normalmente relacionadas com objetos pontiagudos, como facas, serras e ferramen- tas de última geração; • Ligados às operações de prensagem e com- pressão de energia, normalmente aplicado a vários 16 tipos de máquinas de moldagem, como prensas e ferramentas de fixação; • Conversão de energia cinética em energia po- tencial: por exemplo, quando alguma coisa atinge ou cai em um trabalhador; • Conversão da energia potencial para uma energia individual cinética, como quando um traba- lhador cai de um lugar alto para um inferior; • Aquecimento e refrigeração, eletricidade, som, luz, radiação e vibração; • Tóxicos ou corrosivos; • Energia pelo qual o corpo é submetido a es- tresse excessivo, e movimentação de cargas pesadas ou torção do corpo; • Fatores mentais e estresse psicológico, como a ameaça de violência. 1.4. Controle das Exposições Fontes de exposição e outros fatores prejudi- ciais são regidos em grande parte quanto à natureza do processo, a tecnologia, a produtos e equipamen- tos existentes no local de trabalho, mas também de- pendem da organização do próprio trabalho. A partir de um ponto de vista no qual podemos medir o risco, controlar a probabilidade de exposi- ções e a gravidade dos ferimentos ao trabalhador, três fatores são importantes para análise: 17 • Medidas de segurança de eliminação e substi- tuição: os perigos do lugar de trabalho em forma de fontes de exposição ou outros fatores nocivos po- dem ser eliminados ou mitigados mediante a substi- tuição (por exemplo, de um produto químico menos danoso pode ser utilizado no lugar de outro mais prejudicial). Deve-se levar em conta que esta medida não é possível em todos os casos, e que as ditas fon- tes e fatores sempre estarão presentes no ambiente (principalmenteno ambiente de trabalho). • Medidas técnicas de segurança: Muitas vezes cha- madas de controles técnicos, consistem em colocar pes- soas separadas dos fatores prejudiciais, pelo isolamento dos elementos danosos ou a instalação de elementos de barreiras entre os trabalhadores e os fatores que podem causar ferimentos. A automação, o controle remoto, o uso de equipamentos de proteção e auxiliares e a prote- ção de máquinas são exemplos deste tipo de medidas. • Medidas de segurança relacionadas com a or- ganização: Eles também são conhecidos como ad- ministrativos e consistem em isolar as pessoas de fa- tores prejudiciais, seja através da adoção de métodos de trabalho especiais ou da separação no tempo ou no espaço. Alguns exemplos dessas medidas incluem a redução do tempo de exposição, os programas de manutenção preventiva, o isolamento de trabalha- dores com equipamentos de proteção individual e a organização eficaz do trabalho.
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