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MATEMÁTICA FINANCEIRA PROF. ME. FÁBIO OLIVEIRA VAZ Reitor: Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira Pró-reitor: Prof. Me. Ney Stival Gestão Educacional: Prof.a Ma. Daniela Ferreira Correa PRODUÇÃO DE MATERIAIS Diagramação: Alan Michel Bariani Thiago Bruno Peraro Revisão Textual: Gabriela de Castro Pereira Letícia Toniete Izeppe Bisconcim Luana Ramos Rocha Produção Audiovisual: Heber Acuña Berger Leonardo Mateus Gusmão Lopes Márcio Alexandre Júnior Lara Pedro Paulo Liasch Gestão de Produção: Kamila Ayumi Costa Yoshimura Fotos: Shutterstock © Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo (a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá. Primeiramente, deixo uma frase de Sócrates para reflexão: “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida.” Cada um de nós tem uma grande responsabilidade sobre as escolhas que fazemos, e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica e profissional, refletindo diretamente em nossa vida pessoal e em nossas relações com a sociedade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente e busca por tecnologia, informação e conhecimento advindos de profissionais que possuam novas habilidades para liderança e sobrevivência no mercado de trabalho. De fato, a tecnologia e a comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e nos proporcionando momentos inesquecíveis. Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino a Distância, a proporcionar um ensino de qualidade, capaz de formar cidadãos integrantes de uma sociedade justa, preparados para o mercado de trabalho, como planejadores e líderes atuantes. Que esta nova caminhada lhes traga muita experiência, conhecimento e sucesso. Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira REITOR 33WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 01 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ..............................................................................................................................................................4 1 - CONJUNTURA ECONÔMICA BRASILEIRA ..........................................................................................................5 2 - MATEMÁTICA COMERCIAL .................................................................................................................................6 3. REGRA DE TRÊS .....................................................................................................................................................7 3.1. REGRA DE TRÊS SIMPLES ..................................................................................................................................7 3.1.1. DIRETAMENTE PROPORCIONAL ....................................................................................................................7 3.1.2. INVERSAMENTE PROPORCIONAL .................................................................................................................8 3.2. REGRA DE TRÊS COMPOSTA .............................................................................................................................9 4 - PORCENTAGEM ................................................................................................................................................... 12 5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................................... 13 A ECONOMIA NO BRASIL E CÁLCULOS BÁSICOS PROF. ME. FÁBIO OLIVEIRA VAZ ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: MATEMÁTICA FINANCEIRA 4WWW.UNINGA.BR M AT EM ÁT IC A FI NA NC EI RA | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), trabalhar com números e cálculos é sempre algo que causa certo espanto, porém não podemos trabalhar nossas ações estratégicas sem entender de mercado financeiro e sua importância em nossas ações. Neste material, pretendemos ampliar seus conhecimentos sobre esta área, com a compreensão de conceitos básicos, porém essenciais, para entender e aplicar conhecimentos financeiros à gestão dos negócios. O mercado possui variações constantes e precisam ser analisadas com muito critério para evitar surpresas ao adquirir bens ou serviços, pois reflete um grande investimento por parte de quem o adquire. Todos esses cálculos e teorias são essenciais para utilização no cotidiano, além de fornecer formas para facilitar suas análises e decisões com base em números e informações financeiras. Ao falarmos da situação econômica de nosso país precisamos entender que existe e sempre haverá uma variação constante, sendo positiva e negativa, e isso deve ser levado em conta no momento de uma tomada de decisão de investimento. Aqui começamos a compreender alguns termos pertinentes ao conteúdo de finanças, que devem fazer parte de sua realidade de trabalho, pois falar de imóveis é falar de vendas, juros, parcelamentos, comissões e outros assuntos em torno do tema financeiro. Começaremos esta Unidade falando da economia brasileira, na sequência entendendo um pouco sobre cálculos comerciais e conceitos da matemática básica. 5WWW.UNINGA.BR M AT EM ÁT IC A FI NA NC EI RA | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA 1 - CONJUNTURA ECONÔMICA BRASILEIRA A economia nos cerca, por isso precisamos entendê-la, pois nossas decisões do uso do dinheiro, como investimentos, influenciarão no futuro dos nossos negócios e na perpetuidade da empresa no mercado. Figura 01 – Crescimento Econômico. Fonte: o autor. Segundo Raymundo (2006), a alternância do dólar em frente à nossa moeda, o real, é algo comum e rotineiro no mercado financeiro, pois dependendo do risco que o país oferece para os investidores, menos dólares temos em nosso país, logo, o valor do dólar acaba subindo. Fato que o inverso também é verdade pois quanto menos risco o país oferece, mais dólares entram, fazendo a moeda americana diminuir de valor frente ao real. Uma outra questão que merece nossa atenção é que variações no dólar podem causar aumento ou diminuição da inflação, mudança na autonomia de compra das pessoas e variação dos custos envolvidos em insumos ou outros materiais importados. Por isso, busque conhecer ainda mais sobre o mercado de bolsas, dólar, sociedades anônimas, mercado de ações, que podem ser grandes fontes de investimento e mudança de realidade do mercado das finanças, e as empresas. Temos como exemplo o mercado da bolsa no Brasil, que se mantém firme mesmo passando por algumas crises na economia mundial e que demonstra claramente como o mercado é volátil e incerto, por isso, entender o que acontece e como tomar decisões é essencial. O site Fundamentus disponibiliza informações financeiras e fundamentalistas das empresas com ações listadas na Bovespa. Possui um completo banco de dados apresentado de forma acessível para auxiliar o investidor a encontrar as melhores opções de investimento. Fonte: Fundamentus (2017, on-line). 6WWW.UNINGA.BR M AT EM ÁT IC A FI NA NC EI RA | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Um grande alerta é que, no Brasil, temos uma carga tributária muito alta em relação a outros países, o que dificulta a sobrevivência das empresas. Para termos uma ideia, esses tributos em nosso país podem alcança 36% do Produto Interno Bruto (PIB), e isso pouco se reflete em benefícios ao país, as pessoas e aos negócios. Além disso, temos um elevado valor de juros, em que o Brasil detém a fama de ter os maiores juros do mercado, se comparado com o resto do mundo. Um bom planejamento passa por análise de cada detalhe do mercado, principalmente do financeiro, pois a empresa depende de decisões que envolvam dinheiro e que sejam lucrativas e se perpetuem no mercado. 2 - MATEMÁTICA COMERCIAL Todos nós, que queremos ter visão estratégica de negócios, precisamos conhecer os conceitos básicos dos cálculos voltados ao comércio, entendendo os cálculos básicos que são extremamente úteis nos negócios. Figura 02 – Matemáticae finanças. Fonte: o autor. Na visão de Francisco (1999), a atual economia, que é vista como globalizada, exige que os profissionais busquem conhecer os aspectos financeiros e comerciais dos cálculos, para melhor compreender questões de juros, taxas, impostos e outros assuntos que interferem em nosso dia a dia. Imagine quando você precisa comprar um bem e financiá-lo em 120 vezes, com determinado valor de juros, que resultará em um valor futuro maior, e que a vista poderia ser mais barato, isso pode interferir em nossas decisões. Francisco (1999) reforça que os cálculos financeiros oferecem ferramentas para que consigamos calcular e tomar decisões embasadas em informações corretas, isso nos dá mais segurança para avaliar como investir nosso precioso dinheiro. Por isso, acompanhe todo esse material para compreender as questões financeiras e, com isso, estar melhor preparado para tomadas de decisão em um mercado altamente complexo. Neste momento, iremos rememorar conceitos essenciais e básicos para, posteriormente, nos aprofundarmos nos cálculos financeiros. 7WWW.UNINGA.BR M AT EM ÁT IC A FI NA NC EI RA | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Quem nunca enfrentou dificuldades em cálculos ao menos uma vez na vida? Tenha foco para compreender e vencer esses desafios. 3. REGRA DE TRÊS Na visão de Gremaud (2003), esta regra ajuda a conhecer o valor desconhecido em uma proporção. Podendo ter duas razões, chamada de simples, ou com mais valores, sendo conhecida como composta. Podem, ainda, ter uma relação direta ou, até mesmo, podem ser inversas, como iremos compreender na sequência. 3.1. Regra de Três Simples Gremaud (2003) enfatiza que ela será simples no momento que avalia duas grandezas comparadas, em que são aplicadas de modo diretamente ou inversamente proporcional. 3.1.1. Diretamente proporcional Gremaud (2003, p. 35) afirma que essas grandezas serão diretamente proporcionais devido a sua ligação feita diretamente. Quando uma diminui, a outra faz a mesma diminuição ou, ainda, se uma aumenta a outra também aumenta. Vamos entender através de um exemplo: 1. Imaginemos que é necessário nos preparar para uma obra, em que 5 construtores fazem 550 metros de reboco por mês. Desta forma, quantos construtores são necessários para a produção de 1650 metros de reboco por mês? As grandezas têm relação direta, ou seja, quanto mais betoneiras, mais lajes produzidas, como a seguir: Essa relação acontece da seguinte maneira: X construtores estão para 1.650 metros de reboco, assim como 5 construtores estão para 550 metros de reboco. Precisamos encontrar o valor de X, em que as razões são proporcionais e utilizando a regra com multiplicação cruzada. Veja a resolução a seguir: 8WWW.UNINGA.BR M AT EM ÁT IC A FI NA NC EI RA | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Resposta: são necessários 15 construtores. 3.1.2. Inversamente proporcional Neste caso existe uma relação inversa, ou seja, quando uma grandeza diminui a outra aumenta, e o contrário também é verdadeiro. Vamos entender isso através de um exemplo: 1. A empresa Z contrata 24 operários para erguer um prédio em 48 meses. Quantos operários são necessários para erguer esta mesma obra em 36 meses? Como a relação é inversa: se aumentar o número de operários, diminui o tempo necessário para erguer o prédio. Para a resolução deste cálculo precisamos inverter uma das grandezas para utilizar a regra de 3, como apresentado a seguir: Perceba que agora fica fácil fazer o cálculo, como se apresenta na resolução a seguir: Resposta: são necessários 32 operários. 9WWW.UNINGA.BR M AT EM ÁT IC A FI NA NC EI RA | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA 2. Pensemos em um avião que, mantendo a velocidade de 256 km/h, faz um percurso em 6 horas. Qual deveria ser a velocidade para percorrer essa distância em 4 horas? Resposta: a velocidade será de 384 Km/h. 3.2. Regra de Três Composta Esta regra de 3 é assim chamada por existirem 3 ou mais grandezas para analisarmos e calcularmos, podendo ter as mesmas regras anteriormente vistas, sendo diretas ou inversamente proporcionais. Vamos fazer um exemplo para melhor compreender? 1. Uma organização contratada consegue construir, em 90 dias, uma residência com 200m², utilizando-se de 10 operários. Nesse sentido, quantos dias seriam necessários para construir 300m² com 30 operários? Aqui temos 3 grandezas relacionadas. Com base nas informações fornecidas, vamos montar uma tabela para facilitar a compreensão e o cálculo. Dias M2 Número de Operários X 300 30 90 200 10 Tabela 01 – Regra de 3. Fonte: o autor. A dúvida aqui é encontrar o número de dias, logo ele será nosso “X”. Lembrando que com mais operários, menos tempo de construção, porém quanto mais metros construídos, mais tempo de construção. Número de operários e dias são inversamente proporcionais, vamos a resolução: 10WWW.UNINGA.BR M AT EM ÁT IC A FI NA NC EI RA | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Dias M2 Número de Operários X 300 10 90 200 30 Tabela 02 – Regra de 3. Fonte: o autor. Resposta: seriam necessários 45 dias. 2. Com 9 operários, uma empresa executou um buraco de 9 metros de comprimento, 5 metros de profundidade e 4,5 metros de largura, em 8 dias de 7 horas de trabalho. Em quantos dias esta mesma empresa demoraria tendo 8 trabalhadores, com o dobro de poder de trabalho, para abrir um buraco de 6 metros de comprimento, em que a dificuldade é o triplo do primeiro buraco? DIAS OPERÁRIOS GRAU DE ATIVIDADE COMPRIMENTO GRAU DE DIFICULDADE X 8 2 6 3 8 9 1 9 1 Tabela 03 – Regra de 3. Fonte: o autor. Observação: como a atividade não fala a largura e profundidade do buraco levemos em consideração as mesmas medidas apresentadas anteriormente. Primeiro passo: verificar as grandezas que são inversamente proporcionais à “Dias”. Operários: é inversamente proporcional, pois quanto mais operários menos dias. Grau de atividade: é inversamente proporcional, pois quanto mais ativos, menos dias se leva para realizar o trabalho. Comprimento: é diretamente proporcional, pois quanto mais comprido, mais dias são necessários. Tempo é dinheiro. (Benjamim Franklin) 11WWW.UNINGA.BR M AT EM ÁT IC A FI NA NC EI RA | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Grau de dificuldade: é diretamente proporcional, pois quanto mais difícil mais dias são necessários. Segundo passo: vamos inverter as grandezas inversamente proporcionais. DIAS OPERÁRIOS GRAU DE ATIVIDADE COMPRIMENTO GRAU DE DIFICULDADE X 9 1 6 3 8 8 2 9 1 Tabela 04 – Regra de 3. Fonte: o autor. Resposta: seriam necessários 9 dias. A Regra de Três Simples ajuda a encontrar um Quarto valor que não conhecemos apenas usando outros três valores que temos. É uma ferramenta que pode te ajudar em vários cálculos e facilitar sua vida. 12WWW.UNINGA.BR M AT EM ÁT IC A FI NA NC EI RA | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA 4 - PORCENTAGEM Figura 03 – Porcentagem. Fonte: o autor. Conforme Raymundo (2006), dá-se o nome de percentagem ou porcentagem à parte calculada sobre uma quantidade de 100 unidades, ou seja, é uma parte de 100, ou 0,01 (1÷100). Toda razão a/b, na qual b = 100, é uma porcentagem e o símbolo que a representa é %. Para Puccini (2009), existem vários meios para se resolver um problema que necessite do uso de porcentagem como, por exemplo, regra de três simples e o cálculo direto por calculadoras. Vamos entender, por meio de um exemplo, sobre porcentagem de um número (%). 1. Se um bem é vendido por R$ 200.000,00 e o vendedor tem uma comissão de 5%, qual será o valor dessa comissão? 5% de 200.000,00 5 ÷ 100 x 200.000,00 0,05 x 200.000,00 R$ 10.000,00 2. Você acaba de receber R$ 30.000,00 de comissão por vender um imóvel. Sendo sua comissão de 6% sobre valor de venda. Mas qual é esse valor de venda? Aqui você precisa entender a aplicação da regra de 3, veja: 6 está para 100, assim como 30 mil está para X 6 30.000 100 X X = 500.000,00 Assim,o valor da venda é R$ 500.000,00 e 6% desse valor é R$ 30.000,00. 500.000,00 x 0,06 = 30.000,00. Então você poderia, simplesmente, dividir 30.000,00 por 0,06 e chegaria à resposta de R$ 500.000,00. 13WWW.UNINGA.BR M AT EM ÁT IC A FI NA NC EI RA | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA 5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS Percebemos até aqui que a matemática financeira não é um “bicho de sete cabeças”. É possível aplicar esses cálculos básicos de forma simples e rápida. Claro que não estamos aqui tentando esgotar tudo sobre esses assuntos, mas sim apresentando o que será útil para o seu cotidiano no trabalho como gestor. Para você, que recebe comissões, a porcentagem é algo essencial e usual para os cálculos do seu rendimento após uma venda comissionada. Além da Regra de Três que pode ajudar a encontrar valores que não estão explícitos ou que precisam ser encontrados a partir de outros dados. Segundo Fallet (2011), tudo isso não funciona sem inserirmos a realidade econômica brasileira no contexto de tomada de decisão financeira, pois essa realidade influenciará diretamente os juros e o valor de nossa moeda perante outros países. Esses cálculos que foram apresentados nesta Unidade precisam ser compreendidos para a evolução da compreensão da matemática financeira, principalmente a forma de lidar com a porcentagem em sua forma normal ou transformada em índice, que agiliza posteriores cálculos após encontrado. Para fixar os conteúdos, refaça os exemplos apresentados e faça a atividade de estudo proposta na sequência, isso o o levará ao desenvolvimento dos conhecimentos sobre matemática financeira. Não tenha medo de crescer, evolua constantemente, pois quem busca alcança e quem luta pode chegar à vitória. Quem fica parado começa a andar para trás. Hirschfeld (2000) enfatiza que aquele que domina as informações pode dominar o mercado, por isso é essencial entender esse conteúdo, para que sua análise crítica possa ser bem mais apurada e possa levá-lo a uma tomada de decisão bem mais assertiva. O sucesso é para aqueles que buscam e lutam. Por isso, é extremamente importante que você busque por ele incansavelmente. Nos vemos na próxima Unidade. Até lá! Como lidar com aumento do financiamento imobiliário Para quem acompanha nossos relatórios, isto não é novidade. Houve uma sequência de aumentos nas taxas dos financiamentos imobiliários em 2015, o que representou uma alta entre 12% e 17% em relação às taxas praticadas ao fim de 2014. Mas esse não foi o único aumento no componente dos custos. A correção monetária por meio da Taxa Referencial (TR) subiu bastante, passando de um patamar de 0,19% ao ano, em 2013, para 0,86%, em 2014, e 1,80%, em 2015. O efeito duplo é relevante no bolso do comprador. O custo total de juros e de correção monetária esperado subiu entre 32% e 42%, dependendo do tipo de financiamento (a exceção é o programa Minha Casa Minha Vida, que quase não teve aumento). 14WWW.UNINGA.BR M AT EM ÁT IC A FI NA NC EI RA | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Um comprador que financiar R$ 100 mil em 30 anos pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH), modalidade de crédito da Caixa Econômica Federal (CEF) voltado para a aquisição de imóveis de até R$ 750 mil, pagará R$ 41 mil A MAIS de juros e de correção monetária. Para os financiamentos fora do SFH, a situação é pior. Um financiamento de R$ 100 mil terá um adicional de juros e de correção monetária de R$ 58 mil. E, nesse contexto, uma pergunta frequente que recebo é: vale a pena esperar os financiamentos abaixarem para fazer um negócio melhor? O mais importante é reparar que há uma correlação direta entre os custos de financiamento e os preços dos imóveis. Um aumento dos custos de financiamento aumenta a prestação do empréstimo, diminui o poder de compra e, dependendo da situação geral da economia, força uma queda nos preços dos imóveis. Essa redução do valor dos imóveis pode vir disfarçada por um longo período de corrosão dos preços em comparação com a inflação, ou seja, preços parados em um ambiente de inflação, o que significa uma perda real. Ao mesmo tempo, há liquidações pontuais de empresas e pessoas com a corda no pescoço, o que os índices não capturam. Este é o ambiente de negócios no momento. Preços pressionados para baixo por conta de financiamentos mais caros e de renda per capita decrescente. O maior perigo de esperar que as taxas de juros caiam para fazer um financiamento é que, na mesma hora em que o financiamento cair e apresentar preços convidativos, deve-se esperar um movimento de aumento dos preços dos imóveis. O cenário mais provável é aquele em que se economiza de um lado – financiamento – para gastar no outro – imóvel mais caro. Outro ponto importante é que não há nenhum fator indicando que possa haver uma queda na taxa de juros de financiamento. Os imensos saques da poupança – principal fonte de financiamento do setor imobiliário – só aumentam os custos dos bancos, que são devidamente repassados ao consumidor. Além disso, a persistente inflação não abre espaço para uma redução da taxa de juros. As oportunidades de descontos em imóveis no momento e a ausência de algum sinal de que as taxas vão cair formam um cenário em que não faz sentido segurar o financiamento de uma compra de imóvel. Se, no futuro, os juros forem reduzidos, você sempre terá a opção de realizar a portabilidade de seu financiamento para conseguir juros menores. Essa é uma alternativa grátis que o sistema possibilita – de trocar seu financiamento facilmente, então, é seu dever aproveitá-la de forma inteligente. Ficar esperando taxas menores de financiamento não faz sentido se o sistema permite que você se aproveite de taxas menores por meio da portabilidade. Entretanto, mais inteligente do que usar a portabilidade é minimizar ao máximo o uso de financiamento na sua vida financeira. Se você só comprar imóveis que caibam em seu bolso, começando com um muito pequeno, se necessário, e aos poucos fazendo upgrades, sem usar financiamento, a diferença final será assustadora. 15WWW.UNINGA.BR M AT EM ÁT IC A FI NA NC EI RA | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Se o imóvel dos seus sonhos custa R$ 500 mil e você deu a sorte de achar uma taxa amiga de TR + 8% (geralmente reservada para o servidor público), você vai pagar R$ 940 mil em 30 anos, incluindo juros e correção monetária. Ao adquirir um imóvel menor e aplicar o dinheiro que seria usado nas prestações, você pode comprar o mesmo imóvel desembolsando um total de R$ 529 mil em cerca de 11 anos. É uma diferença de R$ 411 mil entre as opções. Fonte: Fenelon (2016, on-line). Título: A Magia Da Matemática Autor: Ilydio Pereira de Sá Editora: Ciência Moderna Ano: 2007 Sinopse: o livro pretende mostrar – por meio de atividades lúdicas, histórias sobre a Matemática e os matemáticos, desafios diversos e estudo de importantes conteúdos matemáticos – que a Matemática não é uma ciência difícil, árida, pesada, pronta, sem utilidade ou destinada apenas a um seleto grupo de ‘iniciados’. A Matemática é para todos e pode ser estudada (e entendida!) de forma agradável e contextualizada. O autor, com mais de 30 anos de experiência em classes da Educação Básica e do Ensino Superior, é mestre em Educação Matemática e tem se dedicado, entre outras atividades, à formação de profissionais na área. O vídeo mostra uma aula de matemática de Marcos Aba, na qual ele ensina a calcular porcentagem, dando também ênfase na conta de “divisão”. Para saber mais detalhes, acesse o conteúdo disponível em: <https://www. youtube.com/watch?v=ZZXcTQpbdaE>. Acesso em: 12 jul. 2017. 1616WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 02 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................ 18 1 - JURO SIMPLES ....................................................................................................................................................19 1.1. ENTENDENDO JUROS E TAXA DE JUROS ......................................................................................................... 19 1.2. FÓRMULA PARA CALCULAR O JURO SIMPLES ............................................................................................. 20 2 - MÉTODO HAMBURGUÊS ................................................................................................................................... 23 3 - DESCONTO SIMPLES ......................................................................................................................................... 25 3.1. O DESCONTO COMERCIAL SIMPLES .............................................................................................................. 25 3.2. DESCONTO RACIONAL SIMPLES .................................................................................................................... 26 4 - JUROS COMPOSTOS .......................................................................................................................................... 27 4.1. COMPARANDO OS REGIMES DE CAPITALIZAÇÃO ........................................................................................ 27 JUROS E DESCONTOS PROF. ME. FÁBIO OLIVEIRA VAZ ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: MATEMÁTICA FINANCEIRA 17WWW.UNINGA.BR 4.2. A UTILIZAÇÃO DA CALCULADORA FINANCEIRA HP-12C ............................................................................. 28 4.3. CÁLCULO DO MONTANTE ................................................................................................................................ 30 5 - EQUIVALÊNCIA ENTRE TAXAS DE JUROS ....................................................................................................... 32 5.1. CAPITALIZAÇÃO ................................................................................................................................................. 32 5.2. DESCAPITALIZAÇÃO ......................................................................................................................................... 33 5.3. CÁLCULO DO PERÍODO .................................................................................................................................... 34 6 - DESCONTO COMPOSTO .................................................................................................................................... 34 6.1. DESCONTO COMPOSTO COMERCIAL ............................................................................................................. 35 6.1.1. CÁLCULO DO DESCONTO ................................................................................................................................ 36 6.1.2. CÁLCULO DO VALOR NOMINAL .................................................................................................................... 36 6.1.3. CÁLCULO DA TAXA ......................................................................................................................................... 37 6.1.4. CÁLCULO DO PERÍODO ................................................................................................................................. 37 6.2. DESCONTO COMPOSTO RACIONAL ............................................................................................................... 38 6.2.1. CÁLCULO DO VALOR ATUAL ................................................................................................................... 38 6.2.2. CÁLCULO DO DESCONTO .............................................................................................................................. 39 6.2.3. CÁLCULO DO VALOR NOMINAL ...................................................................................................................40 6.2.4. CÁLCULO DA TAXA .........................................................................................................................................40 6.2.5. CÁLCULO DO PERÍODO ................................................................................................................................. 41 7 - CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................................................. 41 18WWW.UNINGA.BR M AT EM ÁT IC A FI NA NC EI RA | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO A partir daqui iremos nos aprofundar em cálculos financeiros, compreendendo sobre os juros e suas influências sobre o capital, além de entender sobre os conhecidos descontos. Fique atento, pois esses são os cálculos que você mais irá utilizar no seu cotidiano de trabalho na gestão de empresas, pois envolvem os cálculos sobre juros, descontos e valor futuro de dinheiro investido. O dinheiro passa por valorização durante o tempo que é investido e precisamos entender com clareza para que consigamos tomar decisões estratégicas envolvendo investimentos. Claro que não queremos torná-lo um matemático, mas sim alguém capaz de olhar as informações e compreender os contextos que estão inseridos e, com isso, facilitar uma decisão coerente. Além disso, nesta Unidade ficará mais fácil entender e usar a HP12C como ferramenta essencial para cálculos financeiros, pois ela facilita sua vida para que não precise utilizar fórmulas complexas em uma calculadora científica. Aliás, o que menos queremos é perder tempo com cálculos maçantes e complexos, o que acaba transformando a matemática financeira em algo ruim de estudar, pelo contrário, aqui veremos que é muito simples aplicar os conhecimentos utilizando a calculadora HP12C como sua parceira. Neste momento, abra sua mente e busque compreender cada cálculo e sua importância dentro da sua profissão ou, até mesmo, para melhor controlar suas finanças pessoais. Vamos começar essa Unidade falando sobre os juros conhecidos como “simples”, passando pelos “compostos” e uma breve explanação sobre a utilização da HP12C. 19WWW.UNINGA.BR M AT EM ÁT IC A FI NA NC EI RA | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA 1 - JURO SIMPLES Figura 01 – Juros simples. Fonte: Freepik (2018). Ao pensar em Juros, entendemos que é a valorização de um capital, ou seja, dinheiro remunerado. Desta forma, o juro é o retorno sobre um empréstimo durante seu tempo de uso, quase como um aluguel. 1.1. Entendendo Juros e Taxa de Juros Pensando em Juro, ele sempre é visto em forma de valor monetário, podemos usar como exemplo um juro de R$ 50,00 ao mês ou R$ 4.000,00 gerados no final de um período de empréstimo. Já na visão de Fallet (2011), a taxa de juro é representada no formato de percentual e, dentro das fórmulas, você irá ver essa taxa com a letra “i”, inclusive na HP-12C. Podemos ver a taxa através do exemplo a seguir: • Forma percentual: 12% ao mês, 28% ao ano, 0,7% ao dia. • Forma unitária: 0,12 ao mês; 0,28 ao ano; 0,007 ao dia. Para transformar uma taxa percentual em unitária basta dividir por 100. Desta forma, 25% é igual a 25 ÷ 100, ou 0,25. Observação: cuidado com as fórmulas, sempre que for aplicar um cálculo utilizando fórmulas, trabalhe no formato unitário. Desta forma, quando a taxa, for de 8%, o “i” na fórmula será substituído por 0,08 (8÷100). Apenas na HP12C é que utilizamos o valor na forma percentual. 20WWW.UNINGA.BR M AT EM ÁT IC A FI NA NC EI RA | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA 1.2. Fórmula para Calcular o Juro Simples Quando trabalhamos com juros simples entendemos que não existe a capitalização dos juros, ou seja, não é o chamado juros sobre juros, isso será visto nos juros compostos. Desta forma, temos uma fórmula para calcular os juros simples, da seguinte forma: Na tabela a seguir percebemos como funciona o cálculo dos juros simples, em que trabalhamos com uma taxa de 10% ao período. N C J Juros Acumulados Montante (M) 0 100,00 - - 100,00 1 100,00 10,00 10,00 110,00 2 100,00 10,00 20,00 120,00 3 100,00 10,00 30,00 130,00 Tabela 01 – Juros simples com taxa de 10%ao período. Fonte: o autor. Na tabela temos o cálculo dos juros que representam, no final do período, um acréscimo de R$ 30,00: J = C x i x n J = 100,00 x 0,10 x 3 J = 30,00 A partir daqui, iremos entender que diversos cálculos podem ser feitos através da calculadora HP12C. Pense nela como um facilitador de processos e iremos entender um pouco mais sobre ela na sequência de nossos estudos. Figura 02 - Calculadora HP12C. Fonte: Epx (2017). 21WWW.UNINGA.BR M AT EM ÁT IC A FI NA NC EI RA | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Com base no exemplo anterior, podemos calcular utilizando a HP12C, iniciando com o zerar de sua memória, teclando em sequência f CLx para zerar todas as suas memórias. Em seguida digite, da seguinte forma, na HP12C para obter o resultado: 100 CHS PV 120 i 90 n f int R x<>y Tabela 02 – Exemplo na HP-12C. Fonte: o autor. Observação: é importante que para utilização da HP12C em juros simples, a taxa deve ser anual e o período sempre em dias, como a seguir: Portanto: 10% ao mês = 120% ao ano e 3 meses = 90 dias. A Calculadora Financeira HP12C foi desenvolvida para facilitar os cálculos financeiros, juros, depreciação, valor do dinheiro no tempo, entre outros cálculos. Por ser preparada para isso, se torna muito mais eficiente e rápido utilizá-la. Podemos definir juros como o rendimento de uma aplicação financeira, valor referente ao atraso no pagamento de uma prestação ou a quantia paga pelo empréstimo de um capital. Atualmente, o sistema financeiro utiliza o regime de juros compostos, por ser mais lucrativo. Os juros simples eram utilizados nas situações de curto prazo. Hoje não utilizamos a capitalização baseada no regime simples, mas, de qualquer forma, vamos entender como ele funciona. Os juros simples são calculados com base no capital inicial (C), período a período. Por isso o valor dos juros simples é constante em cada período de tempo. Exemplo 1 Fernando aplicou R$ 1.200,00 em uma instituição bancária que paga juros simples de 2,5% ao mês. Qual será o montante no final de 10 meses? O montante do juro simples e dado pela expressão: M = C + J Fórmula para o cálculo de juros simples: J = C * i * n , em que: J = juros C = capital i = taxa n = tempo (período de aplicação) M = montante 22WWW.UNINGA.BR M AT EM ÁT IC A FI NA NC EI RA | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Dados do exercício: J = ? C = 1.200 i = 2,5% = 2,5/ 100 = 0,025 (taxa unitária) n = 10 meses Desenvolvendo J = 1200 * 0,025 * 10 J = 300 M = 1200 + 300 M = 1500 O montante ao final de 10 meses será de R$1.500,00. Exemplo 2 Um capital de R$ 2.000,00, aplicado no sistema de juros simples, produziu um montante de R$ 2.720,00 após 12 meses de aplicação. Qual foi a taxa de juros? Dados: C = 2.000 M = 2.720 J = M – C = 2720 – 2000 = 720 n = 12 meses i = ? J = C * i * n 720 = 2000 * 12 * i 720 = 24000 * i i = 720/24000 i = 0,03 ou 3% A taxa de juros usada foi de 3%. Exemplo 3 Um capital de R$ 1.000,00, aplicado a juros simples com uma taxa de 2% ao mês, resultou no montante de R$ 1.300,00 após certo tempo. Qual o tempo da aplicação? C = 1.000 M = 1.300 J = 1300 – 1000 = 300 i = 2% = 2/100 = 0,02 n = ? J = C * i * n 300 = 1000 * 0,02 * t 300 = 20 * t n = 300/20 n = 15 meses 23WWW.UNINGA.BR M AT EM ÁT IC A FI NA NC EI RA | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA O tempo de aplicação foi de 15 meses. Fonte: Mundo Educação (2018). 2 - MÉTODO HAMBURGUÊS Figura 03 – Método Hamburguês. Fonte: Freepik (2018). Neste método percebemos a utilização da cobrança de juros através do regime de juros simples para créditos rotativos bancários, segundo Gremaud (2003). Isso é aplicado em limites de contas bancárias e cheques especiais que tem cálculos de juros diários e apresentados ao final de cada mês, gerando um montante. Desta forma, precisamos avaliar quantos dias determinado valor ficou sendo utilizado no limite e, assim, encontrar, ao final do mês, o saldo médio que, multiplicado pela taxa de juros diária, resulta no saldo devedor diário, como o exemplo a seguir: 24WWW.UNINGA.BR M AT EM ÁT IC A FI NA NC EI RA | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA 1) Através do Método Hamburguês, encontre e calcule o juro que o banco irá cobrar no mês, com uma taxa de 6% ao mês sobre a utilização do limite da conta. DATA Depósitos Cheques Saldo Saldo(D) x nº de dias 01/11 0,00 02/11 2.000,00(D) 2.000,00(D) x 10 20.000,00 12/11 4.000,00(C) 1.800,00(D) 200,00(C) - - 15/11 1.200,00(C) 4.500,00(D) 3.100,00(D) x 11 34.100,00 26/11 200,00(C) 2.600,00(D) 5.500,00(D) x 4 22.000,00 = ∑ 76.100,00 ∑/30 2.536,67 Tabela 03 - Cálculo do saldo médio devedor pela Método Hamburguês. Fonte: o autor. Observação: perceba que as letras D = Débito (ou saldo negativo) e C = Crédito (ou saldo positivo). Cálculo: J = C . i . n Na qual: J: é o juro do período C: é a somatória sempre dividida por 30, porque o mês comercial tem 30 dias (76.100,00/30 = 2.536,67), ou seja, é a média diária do saldo devedor. i: 6% a.m. n: como é um só período (um mês) = 1 J = 2.536,67 × 0,06 × 1 j = 152,20 Através do cálculo, descobrimos que o juro que será cobrado no mês pela utilização do limite da conta, conforme a Tabela 3 é de R$ 152,20 com taxa de 6% ao mês. 25WWW.UNINGA.BR M AT EM ÁT IC A FI NA NC EI RA | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA 3 - DESCONTO SIMPLES Figura 04 – Desconto Simples. Fonte: Freepik (2018). Segundo Hirschfeld (2000), desconto é visto como o abatimento sobre um valor que será pago de forma antecipada, ou seja, retirando o juro pelo adiantamento do pagamento. A fórmula do desconto simples é similar a dos juros simples, apenas com alterações de nomenclatura, ou seja: • Valor Nominal (VN) é o valor referente ao vencimento do pagamento. • Valor atual (VA) é o valor pela antecipação, sem os juros. Com isso temos a seguinte fórmula para o cálculo: D = VN - VA Existem dois tipos de descontos simples, o Desconto Comercial Simples e o Desconto Racional Simples. Veremos cada um a seguir. 3.1. O Desconto Comercial Simples É conhecido como Bancário ou “por fora”, é o desconto mais usado pelos bancos ou pelo comércio. Para Hirschifeld (2000), esse desconto deve ser aplicado com o seguinte cálculo: VAcs = VN [1 – (i x n )] Onde: VAcs = Valor Atual com desconto comercial simples. 26WWW.UNINGA.BR M AT EM ÁT IC A FI NA NC EI RA | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Vamos aplicar em um exemplo: Temos uma duplicata no valor de R$ 100,00 que teve uma quitação antecipada em 3 meses antes do seu vencimento. Se a taxa de juros cobrada é de 10% ao mês, qual será o desconto pela antecipação? VAcs = VN [1 – (i . n)] VAcs = 100 [1 – (0,10 . 3)] VAcs = 100 (1 – 0,30) VAcs = 100 (0,70) = 70,00 Ela foi quitada por R$ 70,00. Seu desconto foi de R$ 30,00 (100,00 – 70,00). Perceba que o valor do desconto é o valor nominal menos o valor atual. D = VN – VA D = 100 – 70 = 30,00 3.2. Desconto Racional simples É mais conhecido como desconto real ou “por dentro”: Seu cálculo se dá com base no Valor Atual (VA): Onde: VArs é o Valor Atual com desconto racional simples. Vejamos sua aplicação: Em um desconto racional simples, de uma duplicata de R$ 100,00, a taxa de 10% ao mês, antecipado 3 meses, qual o novo valor a ser pago? VAr s = 76,92 As empresas que querem fazer boas negociações precisam estar prontas para conceder descontos ou parcelamentos diferenciados? 27WWW.UNINGA.BR M AT EM ÁT IC A FI NA NC EI RA | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Para calcular de forma direta, também é possível utilizar a seguinte fórmula: Com base nos dados do exemplo: Drs = 23,08 4 - JUROS COMPOSTOS Nos juros compostos, ou capitalização composta, todos os juros são capitalizados a cada período. Desta forma, temos a formação do conhecido “juros sobre juros”, na visão de Raymundo (2006). Figura 05 – Juros compostos. Fonte: Freepik (2018).4.1. Comparando os regimes de capitalização Para entendermos as diferenças entre juros simples e juros compostos, vamos aplicar um exemplo e simular suas diferenças. 28WWW.UNINGA.BR M AT EM ÁT IC A FI NA NC EI RA | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Se temos um capital de R$ 1.000,00, que será aplicado com juros de 10% ao mês, durante 3 meses, teremos os seguintes resultados em comparação: Capitalização simples ou linear Capitalização Composta Período Juros Montante Período Juros Montante 1º mês 100,00 1.100,00 1º mês 100,00 1.100,00 2º mês 100,00 1.200,00 2º mês 110,00 1.210,00 3º mês 100,00 1.300,00 3º mês 121,00 1.331,00 Tabela 04 - Comparação entre juros simples e composto. Fonte: o autor. Com base neste exemplo percebemos que, ao fim do período, temos uma diferença de R$ 31,00 a mais na capitalização composta, o que reflete a formação dos juros através dos juros sobre juros. 4.2. A Utilização da Calculadora Financeira Hp-12c Figura 06 – Juros compostos. Fonte: o autor. A calculadora HP-12C é possivelmente a máquina financeira mais popular no mundo das finanças. Ela possui até três funções por tecla: brancas, laranjas e azuis. As funções brancas são automáticas, ou seja, apertando-se a tecla esta função será ativada e as amarelas e azuis aparecem acima e abaixo das teclas. Para ativar estas outras é necessário que se pressione, antes, a tecla (f) para ativar as funções laranjas e (g) para as funções azuis. Algumas operações básicas na HP-12C: • Ligar e desligar a calculadora: on. • Apagar o que tem no visor: CLX. • Apagar o conteúdo de todos os registros: (f) REG. 29WWW.UNINGA.BR M AT EM ÁT IC A FI NA NC EI RA | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA • Apagar o conteúdo das memórias financeiras: (f) FIN. • Introduzir um número: número + ENTER. • Operações básicas: (número) ENTER (número) operação; Ex.: 12 ENTER 43 + = 55. • Potenciação: (número) ENTER (potência) (yx); Exemplo: 5 elevado a 3, 5 ENTER 3 yx 125. • Raiz – qualquer raiz pode ser transformada em uma potência de índice fracionário: (número) ENTER (número) (1/x) (yx); Ex.: raiz sétima de 2.187 > 2187 ENTER 7 (1/X) (YX) 3. • Armazenar um número na memória: (número) ENTER (número da memória onde quer armazenar de 0 a 9 ou ainda de .0 a .9). • Buscar um número na memória: (RCL) (número da memória onde foi armazenado). • Fixar quantidade de casas decimais: (f) (número de casas decimais desejados). Figura 07 - Funções e teclas da HP12C. Fonte: Google Store (2018). 30WWW.UNINGA.BR M AT EM ÁT IC A FI NA NC EI RA | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA 4.3. Cálculo do Montante Nos juros compostos teremos uma forma diferente de calcular o montante, que veremos a seguir: Exemplo: Calcule o montante de uma aplicação de R$ 100,00, a uma taxa de 10% ao mês, durante um período de 4 meses. Número de perí- odos (n) Capital (C) Juros (J) Juros acumulados Montante (M) 0 R$ 100,00 - - R$ 100,00 1 R$ 100,00 R$ 10,00 R$ 10,00 R$ 110,00 2 R$ 110,00 R$ 11,00 R$ 21,00 R$ 121,00 3 R$ 121,00 R$ 12,10 R$ 33,10 R$ 133,10 Tabela 05 – Cálculo do montante. Fonte: o autor. Com isso, percebemos que a taxa de 10% gera juros a cada período, formando um montante de R$ 133,10. Para esse cálculo não podemos esquecer, porém, que a taxa e o período precisam estar em uma mesma medida de tempo, em que se a taxa estiver ao mês o período também deve ser ao mês. O valor futuro ou montante deve ser calculado através da seguinte fórmula: M = C . (1+ i)n ou FV = PV . (1+ i)n Onde: M = montante ou valor futuro. C = capital ou valor presente. i = taxa. n = período. Exemplo: calcule o montante ou valor futuro de um valor de R$ 100,00 aplicados durante 3 meses com uma taxa de 10% ao mês. M = C . (1+ i)n M = 100,00 . (1+ 0,10)3 M = 133,10 31WWW.UNINGA.BR M AT EM ÁT IC A FI NA NC EI RA | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA A HP 12c calcula juros simples com base em um período de 360 ou 365 dias. Além disso, com o juro acumulado no visor, a quantia total pode ser calculada (principal somado ao juro acumulado) pressionando . Para calcular os juros em um período de 360 ou 365 dias: 1. Digite ou calcule o número de dias e pressione . 2. Digite a taxa de juros anual e pressione . 3. Digite a quantia do principal e pressione . 4. Pressione: • para calcular e exibir o juro acumulado em um período de 360 dias. • para calcular e exibir o juro acumulado em um período de 365 dias. 1. Pressione para calcular o total do principal e o juro acumulado agora no visor. Os valores de n, i e PV podem ser inseridos em qualquer ordem. Fonte: HP (2018). 32WWW.UNINGA.BR M AT EM ÁT IC A FI NA NC EI RA | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA 5 - EQUIVALÊNCIA ENTRE TAXAS DE JUROS Em juros compostos existem as questões relacionadas às taxas equivalentes, em que um capital que é aplicado em certo tempo gerará montantes equivalentes, mesmo com variação de tempo. 5.1. Capitalização Figura 8 – Capitalização. Fonte: o autor. Nos juros compostos à equivalência de taxas dependerá do período de capitalização. Desta forma, quando temos uma taxa de capitalização em um período menor e buscamos a equivalência no período maior, ou seja, temos ao mês e queremos encontrar ao ano, utilizamos a seguinte fórmula: ip> = (1+ip<) n – 1 Na qual: i p> , é a taxa do período maior e ip<, é a taxa do período menor Vejamos o exemplo: uma taxa de 1% ao mês equivale a qual taxa em um ano? i p> = (1+ip<) n – 1 i p> = (1+0,01) 12 – 1 = 12,68% ao ano. Com a hp 12c 1 ENTER 0,01 + 12 yx 1 - 100 x 33WWW.UNINGA.BR M AT EM ÁT IC A FI NA NC EI RA | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA 5.2. Descapitalização Figura 9 – Descapitalização. Fonte: Freepik (2018). Neste caso, temos uma taxa que foi capitalização em um período maior e queremos encontrar o período menor. Aqui, a fórmula tem uma pequena mudança: ip< = (1+ip>) (1/n) – 1 Veja o exemplo: Temos uma taxa de 12% ao ano, encontre a taxa equivalente ao mês. ip< = (1+ip>) (1/n) – 1 ip< = (1+0,12) (1/12) – 1 ip< = 0,95% ao mês. Na HP12C, utilizamos as seguintes funções: 1 ENTER 0,12 + 1 ENTER 12 ÷ yx 1 - 100 x 34WWW.UNINGA.BR M AT EM ÁT IC A FI NA NC EI RA | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA 5.3. Cálculo do período A letra “n” representa o período de aplicação de um capital, esse período pode ser encontrado tendo o capital, o montante gerado e a taxa, desta forma podemos utilizar a seguinte fórmula: n = ou n = Vamos entender essa aplicação através do exemplo: para obter um montante de R$ 133,10, a uma taxa de 10% ao mês e um capital de R$ 100,00, quanto tempo esse capital deve ser aplicado? n = n = n = n = 3 Resposta: 3 meses, pois a taxa está expressa em meses. Na HP12C esse cálculo se torna mais simples, sendo da seguinte forma: 100 CHS PV 133,10 FV 10 i n (Resposta, 3) Importante: o exemplo gerou um resultado 3, um número inteiro, quando acontecer de gerar um número fracionado a HP arredonda automaticamente para o número superior. 6 - DESCONTO COMPOSTO Como vimos no estudo dos juros simples, o desconto é visto como a redução do valor dos juros devido a um pagamento antecipado, o que muda é a forma de calcular isso nos juros compostos, pois os juros são capitalizados período a período. Com isso encontramos dois tipos de descontos compostos, a saber: a) o comercial, também chamado de bancário ou “por fora”. 35WWW.UNINGA.BR M AT EM ÁT IC A FI NA NC EI RA | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA b) o racional, também chamado de real ou “por dentro”. 6.1. Desconto Composto Comercial Esse desconto é calculado sobre o valor nominal, também conhecido como desconto bancário. Para encontrar o valor atual vamos aplicar um exemplo: uma duplicata no valor de R$ 100,00 foi paga 3 meses antesda data de vencimento, tendo como taxa de desconto 10% ao mês. Calcule o valor a ser pago. VN = 100,00 0 1 2 3 72,90 VA Este valor pode ser calculado com a aplicação da fórmula a seguir: VAcc = VN . (1 – i) n Onde: VAcc = valor atual com o desconto comercial composto, é o valor do pagamento com abatimento devido à antecipação. VN = valor nominal, valor escrito no título. É o valor no seu vencimento. VAcc = 100,00(1- 0,10) 3 VAcc = 100,00 (0,90) 3 VAcc = 100,00 . 0,729 = 72,90 Lembre-se que na HP12C esse cálculo se torna mais fácil e rápido, apenas informando a taxa de forma negativa para que o desconto seja aplicado ao valor do montante e gere o novo valor. Para isso basta seguir os passos a seguir: f REG f 2 100,00 CHS PV (VN negativo = - 100,00) 10 CHS i ( taxa negativa = - 10%) 3 n FV (VA ou valor atual = 72,90) Perceba que as fórmulas não são diferentes das dos juros compostos, o que muda é apena os nomes, porém a lógica é a mesma. 36WWW.UNINGA.BR M AT EM ÁT IC A FI NA NC EI RA | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA 6.1.1. Cálculo do desconto O valor do desconto é a diferença entre o valor nominal e o valor atual. D = VN – VA D = 100,00 – 72,90 = 27,10 Pode ser calculado com a fórmula: Usando o mesmo exemplo: Dcc = 100,00[1-(1-0,10) 3] Dcc = 100,00[1-(0,90) 3] Dcc = 100,00 (1-0,729) Dcc = 100,00 . 0,271 Dcc = 27,10 Com a hp 12c: 100,00 CHS PV 10 CHS i (taxa negativa = - 10%) 3 n FV RCL PV + 6.1.2. Cálculo do valor nominal O valor nominal (VN) é o valor expresso no título. Se forem informadas as outras variáveis, é possível calculá-lo com a seguinte fórmula: Exemplo: encontre o valor nominal de uma duplicata que foi antecipada em 3 meses, sendo pago R$ 72,90, e a taxa de desconto comercial composto é de 10% ao mês. Com a hp 12c: 72,90 CHS FV 10 CHS i (taxa negativa = - 10%) 3 n PV 37WWW.UNINGA.BR M AT EM ÁT IC A FI NA NC EI RA | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA 6.1.3. Cálculo da taxa Para encontrar a taxa, siga a seguinte fórmula: Exemplo: qual é a taxa de desconto de um título de R$ 100,00 que, na antecipação, ficou por R$ 72,90, sendo essa antecipação de 3 meses? i = 1- (72,90/100,00)1/3 i = 1- (0,7290)0,3333 i = 1 – 0,90 = 0,10 ou 10% ao mês. Com a hp 12c f REG f 2 100,00 CHS PV 72,90 FV 3 n i Resposta: –10 ou 10% ao mês negativo, porque esse é o percentual retirado do valor nominal. 6.1.4. Cálculo do período Para encontrar o período do desconto basta utilizar a fórmula a seguir: Exemplo: qual foi o período de antecipação de um título de R$ 100,00, com taxa de 10% ao mês que gerou um valor com desconto de R$ 72,90? Resposta: 3 meses, pois a taxa está expressa em mês. Com a hp 12c f REG f 2 100,00 CHS PV 72,90 FV 10 CHS i 38WWW.UNINGA.BR M AT EM ÁT IC A FI NA NC EI RA | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA 6.2. Desconto Composto Racional Figura 10 – Desconto Racional. Fonte: Freepik (2018). Esse tipo de desconto é conhecido como “real” e é baseado no valor atual. Nele temos a equivalência com a capitalização composta, em que temos apenas mudanças de nomes dos itens na fórmula, porém mantendo a forma de cálculo. 6.2.1. Cálculo do valor atual Exemplo: uma duplicata com valor de R$ 100,00, tendo sido paga 3 meses antes de vencer, em um desconto racional, com taxa de 10% ao mês, gera qual valor para pagamento? VN = 100,00 0 1 2 3 VArc=75,13 Neste caso, utilizamos a fórmula a seguir para seu cálculo: Onde: VArc = valor atual com desconto racional composto, é o valor do pagamento com desconto pela antecipação. Pode ser considerado como o Capital. 39WWW.UNINGA.BR M AT EM ÁT IC A FI NA NC EI RA | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA VN = valor nominal, valor que está escrito no título. É o valor no seu vencimento. Nesse caso, também pode ser entendido como o montante. Com a hp 12 c f REG f 2 100,00 CHS FV 10 i 3 n PV 6.2.2. Cálculo do desconto O desconto nada mais é do que o valor nominal menos o valor atual. D = VN – VA D = 100,00 – 75,13 = 24,87 Neste caso podemos utilizar a seguinte fórmula: Usando o exemplo anterior: Drc = 100,00 ( 1 - 0,7513 ) Drc = 100,00 . 0,2487 Drc = 24,87 Com a hp 12 c 100,00 FV 3 n 10 i PV RCL FV + (Resposta = 24,87) 40WWW.UNINGA.BR M AT EM ÁT IC A FI NA NC EI RA | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA 6.2.3. Cálculo do valor nominal O valor nominal nada mais é do que o valor que se encontra em uma duplicata, a partir desse dado, e com a fórmula a seguir, podemos encontrar esse valor nominal, tendo as outras informações para aplicação do cálculo: VN rc = VA (1+i) n Exemplo: calcule o valor nominal de uma duplicata paga 3 meses antes de seu vencimento pelo valor de R$ 75,13, tendo uma taxa de desconto racional de 10% ao mês. VN rc = 75,13 (1,1) 3 VN rc = 100,00 Com a hp 12 c: f REG f 2 75,13 CHS PV 10 i 3 n FV (Resposta 100,00) 6.2.4. Cálculo da taxa A taxa no desconto racional utiliza a mesma fórmula dos juros compostos, apenas com alguns nomes diferentes, veja: Exemplo: encontre a taxa de desconto racional de um título de R$ 100,00, pago com desconto por R$ 75,13, com 3 meses de antecipação. i = 0,10 ou 10% ao mês Com a hp 12 c f REG f 2 75,13 CHS PV 100,00 FV 3 n i (resposta 10% ao mês) 41WWW.UNINGA.BR M AT EM ÁT IC A FI NA NC EI RA | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA 6.2.5. Cálculo do período O cálculo do período do desconto racional composto também é feito com a mesma fórmula do período dos juros compostos: Exemplo: calcule o tempo que foi antecipado um título com valor nominal de R$ 100,00, com pagamento de antecipação de 10% ao mês, gerando um valor de R$ 75,13. n = 3 (três meses, pois a taxa está expressa em meses) Com a hp 12c f REG f 2 75,13 CHS PV 100,00 FV 10 i n (resposta 3) Lembre-se da dica: a HP12C é uma ferramenta importantíssima para facilitar todos esses cálculos, como já foi demonstrado. Por isso, indico a aquisição de uma, como forma de melhorar a sua visão faz finanças. 7 - CONSIDERAÇÕES FINAIS Não se limite apenas a esses estudos, a internet possui vários exemplos para que você possa praticar e desenvolver, ainda mais, seus conhecimentos em matemática financeira. Além disso, com a aplicação do método hamburguês você poderá ter uma prévia de quanto pagará se precisar usar o limite de sua conta ou o cheque especial. Tomara que nunca precise, mas isso o ajudará a se preparar e evitar surpresas. Perceba que cada teoria até aqui apresentada busca o levar a entender o uso do dinheiro e sua variação através do tempo. Isso é algo que todos nós deveríamos compreender, pois, nos ajudaria muito a controlar nosso dinheiro e não permitir que paguemos juros desnecessários por falta de controle. Apenas um lembrete: fuja das fórmulas, use a HP como sua aliada, é bem mais fácil e simples após compreender como ela funciona. 42WWW.UNINGA.BR M AT EM ÁT IC A FI NA NC EI RA | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA A matemática financeira não é do mal, apenas incompreendida pela cultura de não valorizar as questões que envolvem valores e cálculos. A questão é que sem esse conhecimento não teremos uma vida financeira controlada, chegando até a gerar endividamentos por desconhecer essa realidade. Faça e refaça as atividades para fixar o conhecimento, não há uma maneira de aprender sobre juros e descontos mais efetiva do que usar a prática a seu favor. Esperamos que tenha gostado do conteúdo. Nos vemos na próxima Unidade! Desconto Comercial ou Racional? Qual a diferença e como calcular Saber o que são o desconto racional e o desconto comercial é importante para quem precisasaber matemática financeira e também muito útil na prática, no dia a dia de quem faz negócios – quem não faz? Aparentemente difícil de entender, a diferença entre desconto racional e desconto comercial na verdade é bastante simples – pode ser compreendida para “nunca mais” ser esquecida. Para quem ainda não conhece ou nunca ouviu falar, desconto racional e desconto comercial são simplesmente duas formas usuais – bem diferentes entre si – de calcular um desconto, um abatimento, sobre um valor a ser liquidado antecipadamente. Mais importante que saber seus nomes ou definições (ver no fim do artigo) é ter toda a atenção e cuidado ao usá-los, ao fazer cálculos de “desconto” para pagamentos ou recebimentos antecipados – a diferença entre os critérios pode ser a diferença entre o lucro e o prejuízo. Muito bem. Vamos ver e entender como calcular os dois tipos e avaliar a diferença entre eles. De uma só vez, com um só exemplo: Você tem uma conta de R$ 100,00 para pagar daqui a 60 dias. Sabendo que ela foi calculada com juros de 10% a.m. Qual o valor “certo” para pagá-la já? - Não responda ainda. Seu credor informa que calcula usando o “desconto racional” e propõe R$ 83,33. Você está de acordo? Aceita? Você pede um tempo para analisar: Raciocínio 1: 10% de 100 é 10. Dois meses seriam 20. Eu deveria pagar 80,00. Porque não? Raciocínio 2: qual o valor que tomado hoje a 10% a.m. daria 100 daqui a 60 dias? Fácil, é só calcular qual o valor que com 20% de juros dá 100. Você faz a conta ( 100 / 1,20 ) e encontra exatamente os 83,33. 43WWW.UNINGA.BR M AT EM ÁT IC A FI NA NC EI RA | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Raciocínio 3: você pensa um pouco mais e verifica que 83,33 daqui a um mês já seria 91,67. (83,33 x 1,10) e com mais um mês 100,83. Confere as contas dividindo 100,83 por 1,10 duas vezes e bate com o 83,33. Verifica de outra forma, agora dividindo 100 por 1,10 também duas vezes, e encontra 82,64. 80,00 ou 83,33 ou 82,64? Qual o “certo”? Na prática, os 3 modos de calcular são usados. O “certo” será o “negociado” e aceito pelas partes. Só falta saber o nome de cada um: Desconto Comercial: é o “raciocínio” 1. Desconto Racional: é o “raciocínio” 2. Desconto Racional Composto: “raciocínio” 3. Diferença entre o Comercial e o Racional Desconto Comercial é calculado sobre o valor nominal e Desconto Racional é calculado sobre o valor atual. Qual usar? Você escolhe, negocia – decide. Para quem precisa ou quer saber, seguem as definições: Definições e Fórmulas: Desconto: é a diferença entre o valor nominal (Vn = valor indicado no título ou valor no vencimento) e o valor atual (Va = valor do título calculado para antes do vencimento). D = Vn – Va Desconto Racional: é o equivalente ao juro simples produzido pelo valor atual no período correspondente. Também chamado de “desconto por dentro”. Dr = Vn – Va = Vn - Vn / ( 1 + i . n ) = Vn . i . n / ( 1 + i . n ) Desconto Comercial: é o equivalente ao juro simples produzido pelo valor nominal no período correspondente. Também chamado de “desconto por fora”. Alguns o chamam de “desconto irracional”. Dc = Vn . i . n Desconto Racional Composto: é o Desconto Racional calculado com juro composto. Drc = Vn - Vn / ( 1 + i ) ^ n Sendo “i” a taxa de desconto (ou taxa de juro), “n” o número de períodos antes do vencimento e “^” o símbolo de potência). Fonte: Charbel Atalla Antonio ([2017], on-line). 44WWW.UNINGA.BR M AT EM ÁT IC A FI NA NC EI RA | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Título: Juros Bancários. Limites e Possibilidades Autor: Alcio Manoel de Sousa Figueiredo Editora: Juruá Ano: 2007 Sinopse: Juros Bancários: Limites e Possibilidades é obra de grande valor. Não só pela forma didática, como é exposta a matéria, mas também pelo seu conteúdo, profundo, meticuloso, com suporte na mais abalizada doutrina e jurisprudência. Normalmente, temas desse jaez, num primeiro momento, não aguçam muito a curiosidade dos operadores jurídicos não envolvidos diretamente no tema, pois “juros”, “capitalização”, “spread” etc., são assuntos costumeiramente mais relacionados às Ciências da Administração, Economia ou da Matemática Financeira. Aqui, você verá dicas importantes sobre o cálculo dos juros simples e do juro com- posto. Ótima para prática a aplicação dos conceitos e das fórmulas. Acesse o conteúdo disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=fBqfut- C1MmY>. Acesso em: 14 jul. 2017. 4545WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 03 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................ 47 1 - RENDAS OU ANUIDADES ................................................................................................................................... 48 1.1. CALCULANDO A RENDA: VALOR ATUAL ..........................................................................................................50 2 - RENDA PERPÉTUA ............................................................................................................................................. 52 2.1. VALOR ATUAL DA RENDA PERPÉTUA .............................................................................................................. 52 2.2. CÁLCULO DA TAXA DE UMA RENDA PERPÉTUA ........................................................................................... 52 3 - INFLAÇÃO, DEFLAÇÃO E ÍNDICES DE PREÇO ................................................................................................. 54 3.1. ÍNDICE DE PREÇOS – IGP - M .......................................................................................................................... 55 4 - EMPRÉSTIMOS E SISTEMAS DE AMORTIZAÇÃO ........................................................................................... 57 RENDAS E EMPRÉSTIMOS PROF. ME. FÁBIO OLIVEIRA VAZ ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: MATEMÁTICA FINANCEIRA 46WWW.UNINGA.BR 5 - SAC (SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO CONSTANTE) ........................................................................................... 58 5.1. SISTEMA PRICE OU SISTEMA FRANCÊS DE AMORTIZAÇÃO .......................................................................60 6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................................................. 63 47WWW.UNINGA.BR M AT EM ÁT IC A FI NA NC EI RA | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Nesta Unidade, veremos a importância de compreender o tema renda e como ele é utilizado para gerar montantes para retirada futura, como é o caso das aposentadorias, aluguéis etc. Além disso, passaremos pelo tema mais receado e que impacta nossas finanças, a INFLAÇÃO. Compreender seu funcionamento é essencial para perceber seu impacto em nosso dinheiro. Aliás, veremos como ela é calculada e com base em que é gerada. Outro assunto que abordaremos são as taxas de juros, parcelas e empréstimos, tema que é comum no meio empresarial, principalmente para os financiamentos que envolvem valores altos e parcelas por um longo período de tempo. Por isso, quando dizemos que iremos parcelar algo com juros, por um longo período, precisamos compreender que para a dívida ser liquidada é necessário amortizar o débito após o pagamento de cada parcela, isso nos leva a buscar entender os tipos de amortizações existentes e onde são aplicadas. Termos complexos? Por isso, iremos compreendê-los nesta Unidade e veremos como aplicar cada teoria na prática. Mais uma vez, veremos que a complexidade está mais no medo da disciplina e iremos perceber que esse medo é mais lenda do que realidade. Falaremos de renda, juros, amortização, empréstimos e inflação de maneira simples e didática. 48WWW.UNINGA.BR M AT EM ÁT IC A FI NA NC EI RA | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA 1 - RENDAS OU ANUIDADES Figura 1 – Rendas. Fonte: Freepik (2018). Ao pensar em rendas temosque entender que elas servem para duas coisas: a) o pagamento de uma dívida parcelada ou a compra de um bem em prestações. b) a constituição de um montante em dinheiro no futuro como, por exemplo, uma série de depósitos em caderneta de poupança que é capitalizada. Figura 2 - Classificação das rendas. Fonte: adaptado de Francisco (1999). Se em algum momento da sua vida você realizou uma compra parcelada ou guardou dinheiro em poupança, você está diante de uma anuidade ou renda certa. Quando nosso objetivo é constituir um capital em uma data futura, temos um processo de capitalização. Se, por outro lado, nosso objetivo é pagar uma dívida temos um processo de amortização. Veja que a discussão gira em torno de entradas e saídas de recursos de forma sucessiva que é a característica principal desse assunto, o processo de repetição de um pagamento ou recebimento. Veremos adiante os principais tópicos do tema e suas aplicações. 49WWW.UNINGA.BR M AT EM ÁT IC A FI NA NC EI RA | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA O tópico a ser abordado agora tratará das rendas certas ou anuidades, que representam uma importante aplicação da Matemática Financeira e que percebemos facilmente no nosso cotidiano, desde o pagamento dos aluguéis até as compras parceladas. Renda, também conhecida como anuidade, é todo valor utilizado sucessivamente para compor um capital ou pagar uma dívida. As rendas são um dos principais conceitos que baseiam os financiamentos ou empréstimos. Nessas rendas são realizadas uma série de pagamentos (parcelas ou termos) para arrecadar um fundo de poupança, pagar dívidas, financiar imóveis etc. No caso da poupança, para acumularmos determinado valor, realizamos vários pagamentos que geram um montante ao final, chamado de montante equivalente da renda. Já no pagamento de uma dívida, os débitos são feitos posteriormente, ou seja, as prestações são pagas ao credor com períodos e parcelas determinadas. Um exemplo, é o pagamento de um aluguel. Esse pagamento de dívidas é chamado de amortização. Existem diversos tipos de sistemas de amortização, são eles: Sistema de Amortização Francês, Sistema de Amortização Constante (SAC), Sistema de Amortização Alemão etc., sendo que cada um têm sua particularidade. Dentro da renda, são trabalhados os seguintes conceitos: • Número de prestações ou termos de renda: quantidade de pagamentos ou recebimentos feitos; • Valores dos termos de renda: valor de cada termo da renda; • Período de Vencimento: data de vencimento ou pagamento dos termos da renda. As rendas, de acordo com as formas de pagamento, podem ser divididas em: Rendas Certas As rendas certas, também chamadas de séries periódicas uniformes, são aquelas em que todos os elementos já estão pré-determinados e podem ser classificados de acordo com o tempo, a variação dos elementos, o valor, o período do vencimento etc., que por sua vez podem ser divididas em: • Rendas Postecipadas: Rendas em que o pagamento é feito apenas ao final de cada período. Ex.: faturas de cartão de crédito, empréstimos e financiamentos, etc. • Rendas Antecipadas: Rendas em que há a exigência do pagamento ser feito no início de cada período. Ex.: financiamentos pagos à vista. • Rendas Diferidas: O período de pagamento está num prazo entre o início da compra do período de pagamento da primeira parcela. Ex.: Essas séries são utilizadas em promoções de “Compre hoje e comece a pagar em tal dia”. 50WWW.UNINGA.BR M AT EM ÁT IC A FI NA NC EI RA | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA 1.1. Calculando a Renda: Valor Atual A atualidade do valor de uma renda pode ser encontrada através da aplicação de algumas fórmulas, como veremos a seguir: a) Quando as parcelas ou pagamentos são feitos sem entrada, também chamados de postecipados: Nesta fórmula temos: Ap: que é o valor nas parcelas postecipadas, visto como Capital. PMT: é o valor de cada parcela ou prestação. Rendas Aleatórias As rendas aleatórias são utilizadas quando alguns de seus elementos não podem ser previamente determinados. Ex.: o seguro de vida, com relação ao valor do seguro (de acordo com a causa da morte) e a data do recebimento (data da morte) que não podem ser determinados durante o fechamento do contrato. Classificação das rendas Como foi dito, as rendas são uma sucessão de pagamentos ou depósitos em determinado período e tempo. Mas, ainda de acordo com cada tipo de elemento que estiver determinado no contrato, elas podem ser classificadas de formas diferentes. Veja: • Rendas Temporárias: quando os pagamentos possuem um prazo para acabar. • Rendas Perpétuas: quando os pagamentos são infinitos. • Rendas Fixas ou Uniformes: quando os pagamentos são iguais. • Rendas Variáveis: quando os pagamentos mudam. • Rendas Constantes: quando os termos são constantes. Ex.: Prestações. • Rendas Variáveis: quando as rendas são variáveis. Ex.: Depósitos crescentes na poupança. • Rendas Imediatas: quando o primeiro pagamento é feito no primeiro período (mês) da série. Fonte: Ok Concursos (2018). 51WWW.UNINGA.BR M AT EM ÁT IC A FI NA NC EI RA | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA Vejamos um exemplo de aplicação: Para achar o valor na atualidade de uma dívida, que foi adquirida em 7 pagamentos mensais, postecipados, a um valor de R$ 500,00, e a taxa sendo de 4,5% ao mês, faremos da seguinte forma: Ap= 5,89267 . 500 = 2.946,34 b) Quando as parcelas ou pagamentos são feitos com uma entrada, também conhecidos como antecipados. Neste caso o Aa são as parcelas que serão quitadas de forma antecipada. Vejamos o exemplo: Encontre o valor atualizado de uma pendência financeira, paga em 7 meses, de forma antecipada, com o valor de R$ 500,00 a uma taxa de 4,5% ao mês. Aa= 6,15784 . 500 = 3.078,92 52WWW.UNINGA.BR M AT EM ÁT IC A FI NA NC EI RA | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA 2 - RENDA PERPÉTUA Esta renda leva esse nome pois não existe uma previsão para seu término, é considerado um número de parcelas ou pagamentos infinitos. Temos como exemplo os aluguéis, condomínio, Netflix, internet etc. As parcelas ou prestações utilizam a função PMT (Periodic Payment Amount). 2.1. Valor atual da renda perpétua Utilizamos a seguinte fórmula para seu cálculo: Na qual: VARP = valor atual de uma renda perpétua PMT = Valor das parcelas Exemplo: Se temos uma taxa de 1,2% ao mês e uma renda perpétua de R$ 100,00, qual será o valor atual dessa renda perpétua? Seria a mesma coisa de perguntar qual o valor que preciso para sacar R$ 100,00 por mês com uma taxa de 1,2% ao mês. VArp = 8.333,33 2.2. Cálculo da taxa de uma renda perpétua A taxa pode ser encontrada da seguinte forma: 1) Um bem que tem seu valor estimado em R$ 60.000,00 e tem um aluguel no valor de R$ 900,00, tem qual taxa correspondente? i = 0,015 ou 1,5% (taxa ao mês considerando que o aluguel seja mensal) 53WWW.UNINGA.BR M AT EM ÁT IC A FI NA NC EI RA | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA 2) Veja esse exemplo: se você quer se aposentar daqui 25 anos e ter uma renda perpétua de R$ 1.500,00, qual deve ser o valor dos depósitos e qual o montante necessário (postecipado), sabendo que a taxa de juro é de 1,5% ao mês? a) Primeiro Passo: é preciso encontrar quanto você precisa daqui a 25 anos para conseguir uma renda perpétua de R$ 1.500,00? Ela precisará de R$ 100.000,00. b) Segundo Passo: qual o valor dos depósitos mensais nos próximos 25 anos (n = 300 meses) para juntar os R$ 100.000,00? Com os depósitos postecipados (sem entrada) 100.000,00 = 5.737,25 . PMT PMT = 100.000 PMT = 17,43 5.737,25 Com a hp 12c G 8 (Para cálculo dos pagamentos sem entrada ou postecipados) f CLX f 2 100.000 CHS FV 1,5 i 300 n PMT (Resposta 17,43) Veja que as rendas ou anuidades são formas de pensar no futuro, como o dinheiro pode gerar benefícios ao longo do tempo, e isso o ajudaa planejar seu futuro de sua aposentadoria dentro de um mercado financeiro. 54WWW.UNINGA.BR M AT EM ÁT IC A FI NA NC EI RA | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA 3 - INFLAÇÃO, DEFLAÇÃO E ÍNDICES DE PREÇO Na visão de Gremaud (2003), a inflação é vista como o aumento dos preços de diversos itens dentro de um determinado tempo. Porém, não podemos dizer que se um único produto sofre aumento, temos uma inflação. Figura 3 – Inflação. Fonte: Freepik (2018). Já a deflação acontece quando os preços reduzem de forma generalizada, ou seja, os juros não ocorrem. Isso pode acontecer devido ao excesso de produtos no mercado ou falta de consumidores. Na visão de Gremaud (2003, p. 54) temos os seguintes tipos clássicos e inflação: • a inflação de demanda, devido ao excesso de procura em relação à produção. • a inflação de custos, resultante do aumento dos custos de produção, como salários e matéria-prima, que podem ter sido elevados por pressões de sindicatos ou de grupos econômicos ou, ainda, pela inflação de demanda preexistente. • a inflação inercial, causada pela indexação ou correção monetária, regida pela ideia de que simplesmente porque houve inflação no período atual, no período seguinte também haverá. • a inflação estruturalista, sobretudo nos países em desenvolvimento, nos quais as condições econômicas são deficientes e há conflitos distributivos de renda. • a inflação causada pela desvalorização cambial, que eleva o custo das importações que deve ser repassado ao produto final. 55WWW.UNINGA.BR M AT EM ÁT IC A FI NA NC EI RA | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA 3.1. Índice de Preços – IGP - M Segundo Hazzan e Pompeo (2010), o Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M) é um dos mais populares indicadores de inflação utilizado no Brasil, calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e publicado mensalmente na revista Conjuntura Econômica. O IGP-M é calculado da seguinte maneira: • IPA (Índice de preços por atacado, isto é, um indicador que mede as variações de preços de produtos em transações feitas no atacado) com peso 0,6. • IPC (Índice de preço ao consumidor, que mede as variações dos preços dos produtos de consumo e famílias) do Rio de Janeiro (local onde fica a FGV) com peso 0,3. • INCC (Índice Nacional do Custo da Construção) com peso 0,1. O IGP-M foi concebido no final de 1940 para ser uma medida abrangente do movimento de preços. Entendia-se por abrangente um índice que englobasse não apenas diferentes atividades, como também etapas distintas do processo produtivo. Índices de preço Como a inflação deve ser medida de forma contínua e generalizada, necessária se faz a elaboração de índices desses aumentos. No Brasil, são vários esses medidores, os quais serão citados o INPC e o IGP-M. O INPC – Índice nacional de preços ao consumidor – é elaborado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e considera a variação do custo de vida dos assalariados que recebem de 1 a 8 salários mínimos por mês, nas seguintes regiões metropolitanas: Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Curitiba, Salvador, Fortaleza, Belém, São Paulo, Recife, Brasília e Goiânia. O período é o mês calendário. O IGP-M – Índice Geral de Preços de Mercado – é medido pela Fundação Getúlio Vargas e considera a média ponderada de outros três índices: o Índice de Preços por Atacado – Disponibilidade Interna, o Índice de Preços ao Consumidor e o Índice Nacional do Custo da Construção. O período da pesquisa compreende do dia 21 do mês anterior ao dia 20 do referido mês. O INCC – Índice Nacional do Custo da Construção – também é elaborado pela Fundação Getúlio Vargas e mede a evolução dos custos de construções habitacionais. Ele é mensal e envolve 18 capitais: Aracaju, Belém, Belo Horizonte, Brasília, Campo Grande, Curitiba, Florianópolis, Fortaleza, Goiânia, João Pessoa, Maceió, Manaus, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo e Vitória. Fonte: Instituto Brasileiro de Economia (2018). 56WWW.UNINGA.BR M AT EM ÁT IC A FI NA NC EI RA | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA Construído dessa forma, o IGP poderia ser usado como deflator do índice de evolução dos negócios, daí resultando um indicador mensal do nível de atividade econômica. Veja sua utilização através da Tabela 1: Mês IGP-M janeiro 1.092,1834 fevereiro 1.103,1052 março 1.109,9445 abril 1.114,9392 maio 1.119,7334 Tabela 1 - Simulação de IGP-M. Fonte: o autor. Vamos usar os dados da tabela para calcularmos a inflação do mês de fevereiro, março e abril. Inflação = (Mês atual ÷ Mês anterior) –1 fevereiro = inflação = (1.103,1052 ÷ 1.092,1834) -1 = 0,009999 = 0,9999% março = inflação = (1.109,9445 ÷ 1.103,1052) -1 = - 0,006200 = 0,6200% abril = inflação = (1.114,9392 ÷ 1.109,9445) -1 = - 0,004494 = 0,4494% Se quisermos calcular a taxa acumulada trimestral de fevereiro, março e abril teremos que fazer a soma das inflações: Inflação acumulada = 0,9999 + 0,6200 + 0,4494 = 2,069% ao período. O Índice de Preços no Consumidor (IPC) é um índice que quantifica o custo de um determinado cabaz fixo de bens de consumo em diferentes momentos. Este cabaz é constituído por diversos tipos de bens, sendo atribuído aos respectivos preços uma determinada ponderação de acordo com os hábitos de consumo da população. A utilidade do IPC reside no facto de ser através dele que é calculada a taxa de inflação: algebricamente, a taxa de inflação é calculada como a taxa de variação do IPC entre dois períodos. Fonte: Knoow ([2017], on-line). 57WWW.UNINGA.BR M AT EM ÁT IC A FI NA NC EI RA | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA 4 - EMPRÉSTIMOS E SISTEMAS DE AMORTIZAÇÃO Figura 4 – Empréstimos. Fonte: Freepik (2018). Provavelmente que, em algum momento de sua vida, você já tenha realizado alguma operação de empréstimo. Senão, vejamos o seguinte: você tem cartão de crédito? Caso tenha, é provável que você já tenha emprestado dinheiro à operadora do seu cartão de crédito objetivando devolvê-lo na data do pagamento da fatura. Então estas operações nos acompanham muito mais do que podemos imaginar. Neste tópico, veremos as modalidades e os conceitos sobre a temática. O empréstimo é uma modalidade de dívida e surge quando uma determinada quantia é emprestada por um período de tempo determinado. Quem contraiu a dívida é obrigado a devolver (restituir) o valor tomado (principal) acrescidos dos juros devidos. Os empréstimos podem ser de curto, médio ou longo prazo. As formas de cálculo são, na maioria das vezes, semelhantes, mas, nas operações de longo prazo, temos algumas características específicas que os diferenciam das características de curto e médio prazo. O principal tópico de diferença entre os prazos dos empréstimos reside na forma de reembolso adotado e a forma de determinação dos juros efetivamente cobrados nos empréstimos de longo prazo. Vale ressaltar que tratamos aqui de juros compostos e os juros sempre serão calculados sobre o saldo devedor. 58WWW.UNINGA.BR M AT EM ÁT IC A FI NA NC EI RA | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA Por fim, é importante ressaltar que os juros sempre serão calculados sobre o saldo devedor. Vejamos alguns termos importantes que precisamos conhecer: • Credor: pessoa ou instituição que fornece o empréstimo. • Devedor: pessoa ou instituição que recebe o empréstimo. • Encargos Financeiros: custo da operação (juros) para o devedor que retorna para o credor. • Amortização: pagamento do principal (capital emprestado), geralmente por meio de parcelas periódicas. • IOF: imposto sobre Operações Financeiras. • Saldo Devedor: valor da dívida em um determinado momento, depois de deduzido o valor já pago ao credor a título de amortização. • Prestação: é composta pela soma do valor da amortização mais os encargos financeiros devidos em determinado período. • Carência: é o período concedido ao credor para início do pagamento do principal. Pode também ser utilizada para postergar o início do pagamento
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