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CASOS CLÍNICOS - febre, inflamamação e infecção

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CASOS CLÍNICOS – MÓDULO I – FEBRE, INFLAMAÇÃO E INFECAÇÃO
CASO 1 - INFLAMAÇÃO
B.T.F., 26 anos, sexo feminino, procurou atendimento na UPA de Guanambi com relato de queda de bicicleta há 2 dias, referindo dor e inchaço em joelho esquerdo. Ao exame, o médico constatou edema na articulação do joelho esquerdo, hiperemia e calor local, além de escoriação no referido joelho. Realizou radiografia do joelho esquerdo que excluiu fratura. O médico, então, orientou a paciente quanto à higiene da ferida com água e sabão, repouso da articulação e prescreveu gelo local (3x/dia, 15 minutos por vez), Ibuprofeno 600mg VO de 8/8h por 5 dias. Orientou, ainda, que ela retornasse à Unidade se não houvesse regressão dos sintomas ou, em caso de piora clínica, após 10 dias. 
Nesse caso temos uma paciente que sofreu uma lesão celular, que é evidenciada pela escoriação no joelho. Ao se referir dor, inchaço, edema, hiperemia, calor, temos que há uma quadro de inflamação, que é um quadro em resposta a escoriação. Sendo assim, ao identificar essa irritação, os receptores reconheceram o processo e diversas citocinas pró-inflamatórias (IL-1, IL-2, IL-6, IL-8) foram para o local, a fim de promover aumento da permeabilidade vascular e vasodilatação, o que causa eritema, o calor, e o edema, porque além de vasodilatação, há uma maior passagem de proteínas, células e exsudato. A dor também é explicada por esse processo de vasodilatação. Ao orientar a paciente quanto a uma higiene adequada, o médico pretende prevenir uma possível infecção, porque iria agravar o processo inflamatório que já está ocorrendo. O repouso é indicado porque quanto menor a manipulação da área, menor é o agravo do processo inflamatório, e mais rápido será a recuperação, que é realizado pelas citocinas anti-inflamatórias (IL-4, IL-10). Já o uso do gelo está relacionada com a propriedade de vasoconstrição, que favorece a redução da diapedese, da quimiotaxia (redução das citocinas pró-inflamatórias para o local acometido) e da permeabilidade vascular (o que reduz drasticamente a dor, que ocorre devido também ao aumento da sensibilização dos nociceptores, edema e calor). E por último, a prescrição está de acordo com o processo, uma vez que o ibuprofeno é um AINE, que tem como função analgesia, anti-inflamatória e antipirético, inibindo assim a cox 2, que é uma coenzima que auxilia no processo de transformação do ácido aracdônico para prostaglandina e tromboxano, que são compostos que provocam as reações de dor, febre, inflamação, vasodilatação. Sendo assim, ao inibir esses compostos, cessa-se os sinais flogísticos já mencionados, o processo inflamatório fica mais brando, o que permite uma maior ação das citocinas anti-inflamatórias, e consequentemente, uma recuperação melhor e em menor tempo. O médico solicita que a paciente retorne caso não reduza os sintomas, justamente porque a paciente pode evoluir para uma inflamação crônica, que pode ter uma dano tecidual grande devido a ação dos macrófacos com a formação de granulomas, podendo chegar até a fibrose da área. Ademais, pode-se precisar de uma troca de medicamento, aumento de doses ou até mesmo o tempo duração do tratamento.
caso 2 – CRISE FEBRIL
Vai ter nova crise, doutor?!
D.C.A., 2 anos, sexo masculino, chega ao consultório médico com quadro de adinamia, febre e rinorreia, de início há 2 dias. A mãe relata que o filho já havia apresentado quadro semelhante de febre alta, há 1 mês, evoluindo com episódio súbito de movimento tônico-clônico generalizado, com duração de cerca de 1 minuto, sendo avaliado pelo médico que lhe explicou tratar-se de uma situação benigna. Ao exame, a criança se mostra chorosa, corada, hidratada, com temperatura auricular de 38,5ºC, sem alterações em orofaringe e aparelho cardiorrespiratório. O médico prescreve dipirona, de 6/6 horas, e solicita exames laboratoriais para investigação diagnóstica.
No caso acima, temos uma criança com um diagnóstico crise febril, tendo em vista os fatores de risco: idade (normalmente ocorre de 03 meses a 5 anos, como pico aos 2 anos), e mais recorrente no sexo masculino. Os sinais apresentados pela criança, sugerem um quadro infeccioso ou inflamatório, o que desencadeia, consequentemente, uma febre alta, que quando associada à imaturidade do cérebro e o limiar baixo de resistência a hipertermia, causa uma excitabilidade neuronal bastante elevada, principalmente, pela IL-1. Essa excitabilidade neuronal faz o aparecimento dos movimentos tônico-clônico, que é a fase aguda e caracteriza essa crise febril, e por ser generalizada, ainda a classifica como crise simples. É um quadro benigno, e que possui relação com esse quadro infeccioso, por isso o médico solicitou exames laboratoriais. Não ter alterações orofaríngeas exclui o quadro de amigdalite e o do cardiorrespiratório, o de uma pneumonia, por exemplo. Apesar da febre provocar uma desidratação e do tempo de 2 dias, essa criança apresenta com uma normalidade, não sendo necessário uma reposição volêmica volumosa. O tratamento é limitado mesmo, porque isso o médico passou apenas uma dipirona, que é um antitérmico excelente para reduzir o mal estar associado a febre e inibir a COX, que é uma enzima conversora do ácido aracdônica. Assim, sem transformar esse ácido em prostaglandina E2, o set point é controlado e retorna para dentro da normalidade.
caso 3 SEPSE
L.S.A. sexo masculino, 69 anos, tabagista, deu entrada no pronto socorro do Hospital Geral de Guanambi com quadro de febre, prostração, confusão mental e queda do estado geral. Acompanhante relata que o paciente iniciou quadro de febre, dor intensa nas costas e tosse, há 6 dias, permanecendo em casa por achar que era apenas uma gripe. Ao exame: PA 80x40mmHg, FC 130bpm, FR 28 irpm, SPO2 93% (ar ambiente), T 39°C, perfusão tissular lentificada, Glasgow 10. Foi submetido à reposição volêmica, coletado vários exames laboratoriais e iniciado antibioticoterapia. Médico encaminha paciente para Unidade de Terapia Intensiva.
O paciente em questão é indivíduo que possui comorbidades para uma suscetibilidade maior ao desenvolvimento de uma sepse. O mesmo apresenta uma tríade para a suspeita de infecção grave, que é o rebaixamento do nível de consciência, que é evidenciado pela confusão mental e pelo Glasgow 10, pela FR 28 IRPM e pela PA sistólica que menor que 100 mmHg. O quadro de sepse é decorrente de uma resposta imune desregulada, ou seja, as citocinas pró-inflamatória atuam de forma mais ativa, principalmente, pelas IL-6 e TNF-alfa, o que se manifesta com uma disfunção orgânica, em que temos uma redução da oferta de O2 e lesão celular. Esses fatores, explicam as alterações circulatórias e celulares, uma vez que propiciam a coagulação sanguínea e a inativação da fibrinólise, ou seja, a formação de trombos sanguíneos, que se dissemina e impede a chegada do fluxo sanguíneo e da oxigenação por diversas partes do sistema circulatório – COAGULAÇÃO INTRAVENOSA DISSEMINADA. Tendo em vista o caso clínico, o paciente apresenta um quadro de febre, possivelmente por causa do processo inflamatório vigente, e a dor intensa nas costas e tosse, por um acometimento pulmonar, como pneumonia, ainda mais por ser um paciente tabagista, maior risco de proliferação bacteriana. Ao exame físico, notamos que o paciente apresenta taquicardia e taquipneia o que são fatores de compensação a hipotensão, a fim de aumentar a oferta de O2, além disso paciente séptico tende a hiperventilar, o que é uma manifestação precoce da sepse. Ao hiperventilar o paciente acaba fazendo uma alcalose respiratória, o que evidencia a SPO2 93%. Com a formação desses coágulos sanguíneos, temos uma microcirculação comprometida, o que lentifica o fluxo sanguíneo e a oxigenação, por isso têm-se uma perfusão tissular lentificada. A conduta está adequada, uma vez que é um pacote de primeira hora para se avaliar o paciente, para se buscar o agente agressor, aumentar a fluxo volêmico e assim manter a PA estável.
caso 4 - itu
P.M.S., 19 anos, sexo feminino, diabética tipo I, compareceu à UBS relatando que, há 3 dias,começou a apresentar polaciúria, disúria e urgência urinária. Como não apresentava febre, optou por não procurar auxílio médico e ingerir bastante líquido, porém quadro piorou nas últimas 12 horas. Negou dor lombar e informou início da vida sexual há 8 dias. Ao exame físico, apresentou: temperatura axilar de 36,5º C, FC 80 bpm, FR 20 irpm, sinal de Giordano negativo e dor à palpação em região suprapúbica. Apesar de convicção no diagnóstico da paciente, a médica optou por coleta de exames complementares antes de iniciar antibioticoterapia empírica.
A paciente em questão apresenta polaciúria, disúria e urgência urinária, que nos lembra a um quadro de ITU. A mesma disse que é diabética, e isso é uma fator de suma importância para o diagnóstico, pois essa doença crônica quando descontrolada provoca alterações no organismo de defesa, como defeito fagocitário, tornando-a mais suscetível, além de favorecer o crescimento bacteriano se houver presença de glicose na urina. Além disso, alega ter tido relação sexual a 8 dias, o que altera consequentemente a flora vaginal, porque a há um contato direto com a uretra masculina, ocorrendo o proliferamento bacteriano. Sendo assim, por ser mulher, o quadro mais comum de acontecer é a cistite, até mesmo por causa do menor tamanho da uretra, que se trata de uma inflamação baixa, há também manifestações que a comprovam como o binômio DISÚRIA (ocasionada por conta do processo inflamatório – dor ao urinar) e POLACIÚRIA (se explica por um mecanismo próprio de busca para eliminar o patógeno), a não febre, sinal de Giordano negativo, esses dois últimos são características da pielonefrite, e a dor na região suprapúbica, porque a infecção está ocorrendo na bexiga. O médico teve uma conduta adequada, uma vez que a urocultura e o antibiograma irão direcionar para uma melhor escolha do antibiótico.
caso 5 - dengue
F. H. D., masculino, 58 anos, borracheiro, deu entrada no Pronto Socorro do Hospital Geral de Guanambi, trazido por familiares, referindo um episódio de dor abdominal intensa, sensação de desmaio e aparecimento de manchas roxas pelo corpo. Refere que, há quatro dias, havia apresentado quadro de febre, cefaleia, mialgia, náuseas e vômitos. Negava viagens nos últimos dois meses. Ao exame, mau estado geral, desidratado ++/4, agitado, temperatura axilar de 37,5ºC, PA = 80x40 mmHg. Pulso = 120 bpm, pele com petéquias e sufusões hemorrágicas difusas em tronco e face, e gengivorragia. Abdome: doloroso à palpação profunda, sem visceromegalias. Prova do laço positiva. Os exames complementares apresentaram: Hb = 8,9 g/dL, Ht = 55%, Plaquetas: 11.000/ mm3, Leucócitos totais: 1.900 cels/mm3. O paciente foi então notificado à vigilância epidemiológica e internado para tratamento do caso.
O paciente em questão possui fator de risco, que é o fato de ser borracheiro, ou seja, a possibilidade de água parada, ovoposição e ter um mal tratamento naquele local é mais comum. O paciente apresenta sinais e sintomas que são sinais de alarme da dengue, resultantes do aumento da permeabilidade vascular, a qual marca o início do deterioramente clínico do paciente e sua possível evolução um quadro mais grave. Há 4 dias apresentava outros sintomas, que são típicos da dengue, em que temos a febre, devido ao processo inflamatório que está sendo ocasionado IL-1 e IL-6, a mialgia está relacionada com a replicação do vírus do tecido muscular, a cefaleia está relacionada com o rompimento da barreira hematoencefálica, podendo ter confusão mental. Ao exame físico tem-se que o paciente se encontra em prostação, desidratado por conta da perda volêmica de plasma, além da febre ser um fator desencadeante da desidratação. A PA se encontra baixa devido a perda de plasma, vasodilatação, o que acarreta em hipovolemia. O pulso fino e rápido caracteriza o quadro como dengue hemorrágica, também há petéquias, sufusões hemorrágicas e genvivorragia, que evidencia ainda mais o quadro hemorrágico. Como esse período de extrasavamento é rápido, e evolução para o choque também, é necessário que haja uma assistência rápida. A prova do laço é positiva, ou seja, ao colocar o manguito com a insuflação adequada no braço do paciente, houve o aparecimento de petéquias, o que indica o extravasamento do plasma, levando a hemorrágia. Hemoglobina baixa, devido a vasodilatação. Hematócrito alto, por causa da baixa concentração de hemácias. Plaquetas baixas, o normal é entre 150.000 e 450.000, há um consumo de plaquetas por causa das hemorragias, para que haja uma coagulação – plaquetopenia. Leucopneia, porque há uma destruição dessas células de defesa, uma vez que o vírus utiliza dessas células de defesa para se multiplicar. O paciente ficará internado e em observação por no mínimo 48hrs para que seja monitorado, tendo em vista os sinais de alerta.
caso 6 zika e chikungunya
	Surto de verão?
A.B.T., 26 anos, sexo feminino, residente no bairro Paraíso, Guanambi-BA, procura atendimento na UPA com relato de febre (39ºC), mal estar e mialgia, há 4 dias. Posteriormente, evolui com poliartralgia intensa, simétrica, principalmente em mãos, punhos, tornozelos e joelhos, e rash eritematoso maculopapular. Informa ao médico que, desde o início dos sintomas, foi atendida na UBS de seu bairro, e o médico prescreveu medicamentos sintomáticos e solicitou sorologia para dengue, que se mostrou negativa. Refere, ainda, grande preocupação com o quadro, pois suspeita de estar grávida. Relata que sua vizinha apresentou quadro semelhante ao seu e que o bebê dela nasceu com microcefalia. Ao exame, corada, hidratada, anictérica e edema nos punhos e tornozelos. São prescritos, mais uma vez, medicamentos sintomáticos e solicitados dois exames para confirmação diagnóstica. 
A paciente apresenta febre (citocinas pirogênicas – replicação do vírus = liberação de IL1, IL6), mal estar (resposta a pró-inflamatória), mialgia (presença do vírus), há 4 dias, e que ouve uma evolução para poliartralgia, esses sinais e sintomas são de grande relevância durante a anamnese, mas pode ser confundido entre 3 virologias zika, chikungunya e até mesmo a dengue, por serem muito aparecidas. Entretanto, temos que essa poliartralgia é simétrica, parece ser bilateral, porque a paciente cita as partes do corpo em plural, e também tem a característica de terem início distal, o que é de extrema importância e caracteriza a chikungunya. O Rash eritematoso maculopapular também é um sinal comum, ele surge do 2° ao 5° dia após o início da febre, devido a vasodilatação e aumento da permeabilidade. Provavelmente, esse médico deve ter realizado o tratamento sintomática, apesar de que o tratamento da chikungunya, deva ser mais específico, por conta das dores crônicas pós-infecção, devido ao escape do vírus para os macrófagos sinoviais, os tecidos musculares, articulações, tornando uma artralgia e uma mialgia crônica, que devem ser tratadas com uso de corticoides. ABT está se preocupando com o problema na microcefalia, mas o problema da sua vizinha não foi chikungunya, e sim, Zika, em que o vírus é capaz de atravessar a barreira placentária, migrar para os neurônios, impedir a migração e a diferenciação dessas células, o que prejudica o desenvolvimento cerebral da criança. A chikungunya tem riscos de aborto. Isso desacelera o crescimento neuronal e as células já existentes, o que faz com que o crescimento ósseo também seja retardado. O edema apresentado no exame físico de ABT tem a ver com o processo inflamatório que esse vírus faz a partir do seu mecanismo de escape. Provavelmente, a nova conduta agora é sorologia para chikungunya e Zika.
caso 7 HANSENÍASE
P.T.B., 58 anos, sexo feminino, dona de casa, procurou UBS do bairro Brasília, após surgimento de lesão em face com, aproximadamente, 6 meses de evolução, acompanhada de dormência local. Ao exame físico, apresentava placa de aproximadamente 1,5 cm de diâmetro com bordas eritematosas e elevadas, pápula hipocrômica na borda inferior da placa, com centro levemente deprimido e halo hipocrômico, bem delimitado, localizada em região malar esquerda.A lesão mostrou-se anestésica aos testes de sensibilidade térmica e dolorosa. Apresentava, ainda, madarose e espessamento do nervo ulnar. Foi solicitado exame de baciloscopia, que evidenciou presença de raros bacilos álcool ácido resistentes. O médico, então, notificou o caso, iniciou o tratamento com esquema poliquimioterápico e informou à paciente sobre a necessidade de avaliação dos contatos próximos e acompanhamento psicológico. No entanto, durante o tratamento, ela apresentou algumas lesões eritematosas, dolorosas, mais palpáveis do que visíveis, em membros inferiores. O médico, então, encaminhou a paciente ao Dermatologista. 
A paciente em questão apresenta uma lesão de pele que possui relativamente uma evolução lenta e progressiva, acompanhada de uma dormência local, o que induz a pensar em hanseníase, porque a mesma é gradual, uma vez que o sua reprodução é por divisão binária simples, ocorrendo a cada 14 dias, e a dormência devido ao acometimento neural. Ao exame físico temos sinais que classifica essa hanseníase como tuberculoide, por ter: pápula hipocrômica com halo bem delimitado, bordas eritematosas. A anestesia termina e dolorosa tem a ver com o acometimento neural dos filetes nervos da derme e da epiderme, devido ao exacerbamento da resposta Th1, que será mediada por citocinas pró-inflamatórias, isso explica também o acometimento e espessamento do nervo ulnar. O resultado da baciloscopia evidencia a classificação de diforma-tuberculoide, ao apresentar raros bacilos. O médico iniciou o tratamento com o poliquimioterápico, que é feito com 3 medicamentos, que é a rifampicina, dapsona e a clofazimina, e tem como objetivo reduzir drasticamente as reações do bacilo e oferecer uma melhor qualidade de vida. O acompanhamento das pessoas mais próximas é necessário, uma vez que o via de transmissão é a via aérea superior e o contato prolongado com o indivíduo, além disso o atendimento psicológico, é de suma importância, devido aos estigmas e preconceitos que existem em relação a doença. É uma doença que existe a séculos e já foi considerada como uma castigo de Deus aos pecados que eram cometidos, assim as pessoas eram isoladas na sociedade, o que aumentava ainda mais as angústias vividas pelo paciente. Por último, temos que a paciente ao iniciar o tratamento, teve algumas recorrências que são características da hanseníase, entretanto, esses episódios reacionais são comuns e podem aparecer no antes, durante e depois do tratamento, ou podem está relacionados com a evolução do caso, ou seja, há uma hipersensibilidade do tipo 4, que é tardia e mediada por linfócitos e granulomas.
caso 8 lUPUS
A.L.F., sexo feminino, 19 anos, estudante, procurou atendimento médico por apresentar, nos últimos quatro meses, artralgia em mãos e punhos, simétrica e migratória, acompanhada de rigidez matinal com duração menor que 1 hora, mal-estar geral, astenia, queda de cabelo, e lesões eritematosas fotossensíveis em regiões malares. Relatou que, há 3 dias, iniciou quadro de oligúria, edema de membros inferiores, cefaléia intensa, confusão mental e dor ventilatório dependente em hemitórax esquerdo. Após exame clínico, o médico esclareceu sobre a suspeita diagnóstica e solicitou, com urgência, os seguintes exames laboratoriais: Hemograma, VHS, PCR, EAS, fator anti-nuclear (FAN), complemento( C3, C4 e CH50), Rx tórax.
A paciente em questão apresenta lesões eritematosas fotossensíveis em regiões malares, que são características do Lupus Eritematoso Sistemico. Além disso, há dois fatores que ajudam nessa hipótese diagnóstica, que é o sexo feminino, em que a presença do estrógeno aumenta a meia do linfócito B autorreativo, que induz a resposta imunológica contra o próprio organismo e a idade, porque a incidência é maior na faixa etária entre 15 e 45 anos, devido a fase fértil, o que há uma forte relação com o estrógeno. O LES é resultado de uma ação de diversos autoanticorpos que são produzidos pelo desequilíbrio do sistema imunológico. Quando os autoanticorpos se ligam aos antígenos, há a formação de imunocomplexos que ativam o sistema complemento, o que induz a quimiotaxia e inflamação tecidual. Sendo assim, esses imunocomplexos se tornam circulantes e, posteriormente, se depositam, ocasionando as sintomas de artralgia em mãos e punhos, de forma assimétrica, importante ressaltar aqui, que os sintomas são distas, e migratória, justamente por ser circulante. Essa rigidez matinal menor que 1 hora, caracteriza a lúpus e a diferencia do quadro de artrite reumatoide. O mal estado geral a astenia são decorrente do processo inflamatório. Quanto as manifestações de oligúria, tem-se que são decorrentes também do depósito de imunocomplexos, em que causam lesão tecidual no local fixado, podendo levar a uma disfunção tecidual, estimula a quimiotaxia, ou seja, há um maior recrutamento celular para a área acometida, o que contribui diretamente para a formação do edema. Já a cefaleia intensa e a confusão mental, estão relacionadas a possibilidade do patógeno conseguir atravessar a barreira hematoencefálica, favorecendo a sintomas neurológicos, por causa de uma inflamação cerebral local. O paciente apresenta dor em hemitorax esquerdo, possivelmente, é decorrente de uma inflamação, pleurite, por conta da inflamação pleural, é comum em mais de 50% dos pacientes, devido ao envolvimento muscular de tecidos moles . Os exames solicitados são necessários para a investigação de sinais que são específicos do processo, como o FAN, que é o mais encontrado em casos de LES, doenças reumáticas. EAS para avaliação da urina. A investigação do completo é importante para que seja avaliada a capacidade de opsonização e depuração das células apoptóticas.
caso 9 – FEBRE REUMÁTICA AGUDA
L.F.M., sexo feminino, 09 anos, é atendida pelo pediatra com relato de que, há 10 dias, iniciou quadro de dor e edema no joelho direito e cotovelo esquerdo, associado à febre. Sua mãe diz que quadro semelhante ocorreu, anteriormente, no tornozelo esquerdo. O pediatra questiona sobre doenças pregressas e é informado de que a paciente apresenta, desde 5 anos idade, vários episódios de dor e inflamação das amígdalas com presença de pus, usando recorrentemente antibióticos. Ao exame apresenta: edema no joelho direito e cotovelo esquerdo com dor à movimentação, eritema marginado no tronco, além de ausculta cardíaca, evidenciando sopro cardíaco sugestivo de regurgitação de valva mitral. O médico, preocupado, opta por iniciar tratamento sintomático da artrite, solicita exames complementares no intuito de fechar critérios para a doença e avaliar o comprometimento cardíaco, além de orientar à mãe sobre necessidade do uso de medicamento profilático, se confirmado o diagnóstico.
A paciente em questão tem uma história patológica pregressiva importante, que nos ajuda a compreender o caso, que é a recorrência de quadros de faringoamigdalite e o uso de antibióticos. Tendo em vista o histórico de faringoamigdalite, o fato de ter um predisposição por conta da idade entre 05 e 15 anos, ser menina, e o quadro atual, temos que essa paciente pode está com um quadro de febre reumática aguda. A FRA é uma manifestação autoimune decorrente de uma infecção bacteriana pelo streptococcus do grupo A, em que a resposta imune responde de maneira adequeada, mas que haverá uma reação cruzada, ou seja, o anticorpo criado, irá reconhecer compostos do próprio indivíduo acometido como antígena, devido ao mimetismo, que é a semelhança química e estrutural da bactéria com o tecido acometido. Sendo assim, temos que a resposta imune é exacerbada, além do mais é mediada por citocinas pró-inflamatórias. Os sintomas apresentados tem a ver com a manifestação da doença: febre irá se manifestar por causa do quadro inflamatório e pelas IL-1 e IL-6, já o quadro de dor as articulações, tem a ver com o fato que o ácido hialurônico da cápsula bacteriana possuir reação cruzada com a cartilagem articular, e a dor ao movimento, e induz também ao processo de edema, devido a quimiotaxia. As dores articulares também são causadas pelaprecipitação em forma de imunocomplexos dos anticorpos e possuem caráter migratório e assimétrico. O eritema marginalizada é uma das características marcantes da FRA. O comprometimento cardíaco tem a ver com baixa quantidade de IL-4, que tem função anti-inflamatória, permitindo que o processo inflamatório fique exacerbado e haja um comprometimento nos 3 folhetos cardíacos, principalmente, do endocárdio, devido a resposta valvar. Essa paciente, possui a tríade do quadro clássico de FR, que é a febre, poliartralgia migratória e o sopro cardíaco. O tratamento iniciado, provavelmente, foi a partir de antibiótico para conter o quadro infeccioso, os AINES para a poliartralgia e glicocorticoides para o comprometimento cardíaco. Nesse caso, devido a recorrência do quadro infecioso e comprometimento cardíaco grave, é necessário além da profilaxia primária, a profilaxia secundária, ambos são realizados com a penicilina g benzatina e o tempo vai variar de acordo com o comprometimento e o quadro clínico das manifestações.
CASO 10 – HIV
A.H.V., 22 anos, solteiro, técnico de enfermagem, tabagista, foi admitido no HRG com quadro de febre (38,9ºC), dor torácica, tosse, calafrios e dispneia. Informa que apresenta diarreia e perda ponderal importante há 2 meses. Ao exame físico, apresentava-se emagrecido, hipocorado (2+/4), acianótico, FC = 102 bpm, FR = 24 irpm, PA de 120 x 80 mmHg. Presença de candidíase oral e dermatite seborreica acentuada. Ausculta respiratória com presença de estertores finos em bases pulmonares. Ausência de visceromegalias. A tomografia computadorizada de tórax revelou atelectasia parcial do segmento seis, por obliteração brônquica, com infiltrado em vidro fosco e broncograma aéreo. Foram realizados exames complementares que mostraram: Hb = 11,0 mg/dl, Leucócitos = 2.000 cl/mm3, plaquetas 200.000/mm3 e PCR = 10 mg/dl. Foi solicitada pesquisa de bacilos álcool-ácido resistentes (BAAR) em escarro, que se mostrou positiva, assim como cultura para Mycobacterium tuberculosis, também positiva. O médico concluiu tratar-se de doença oportunista, iniciou esquema RIPE e transferiu o paciente para o isolamento. Orientou, ainda, sobre a necessidade de orientar seus parceiros a procurar o CTA.

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