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Dermatofitoses (= tinha) • São manifestações na pele e em seus anexos causadas por fungos dermatofitose, também conhecidos como tinhas. Etiologia • Os fungos causadores são o Epidermophytonflocosum, diversas espécies de Trichophyton e algumas espécies de Microsporum. Podem ser: • - Geofílicos: M.gypseum. • - Zoofílicos: M.canis, T. mentagrophytes, T. verrucosum. • - Antropofílicos: T. rubrum, T tonsurans, T. violaceum, T. scho- enleinii, E. flocosum, T. megninii, T. concentricum. Manifestações clínicas. • Pode acometer várias áreas do corpo: • Couro cabeludo - geralmente não acomete adultos. • Unhas - ocorre mais em homens que em mulheres. • Mãos - rara e em geral na mão não dominante. • Pés - surge sob várias formas clínicas. • Região crural - mais comum em regiões quentes. • Face - pode originar granulomas (tricofíticos). • Outras partes do corpo - mais comum em crianças, causado por • fungos zoofílicos. Figura 2 tinha do couro cabeludo Figura 1onicomicose: distrofia das unhas com hiperceratose subungueal Figura 3 tinha dos pés: vesículas, descamação e hiperceratose Exame físico • Couro cabeludo – lesões eritematosas, escamosas e tonsurantes. Quando causada pelo T. schoenleinii produz quadro de alopecia cicatricial com pequenas depressões (tinha favosa). Quando ocorre infecção com inflamação aguda na lesão recebe o nome de Kerium celsii. • Unhas – perda da cor e do brilho, aumento da espessura com hiperqueratose subungueal. Tornam-se quebradiças, podendo aparecer sulcos e depressões consequentes à inflamação das pregas periungueais. • Mãos – descamação fina e sem eritema, acompanhada geralmente de alterações específicas nas unhas. • Pés – pode ser intertriginosa interdigital, descamativa em forma de mocassim ou vesicopustulosa plantar. Pode provocar o surgimento de vesículas nas mãos, como fenômeno de hipersensibilidade aos fungos (mícides). • Região crural – placas eritematosas e descamativas, papulosas, bordas bem definidas, mostrando atividade periférica, onde podem ser encontradas vesículas ou vesicopústulas. • Face – caracterizam-se por lesões superficiais, semelhantes à tinha do corpo, e por infecções mais profundas por participação direta dos folículos, como a tinha granulomatosa. Corpus Outras partes do corpo - as lesões podem ser únicas e múltiplas, variando de tamanho, com eritema e descamac ̧ão e comumente coalescem, dando aspecto circinado. Exame diagnostico • Micológico direto. • Cultura para fungos em meio adequado. Figura 4 tinha crural: lesão circinada eritematosa com maior atividade na borda Figura 5 tinha da face: lesão circinadas eritematosas com maior atividade nas bordas Diagnostico diferencial • Couro cabeludo - alopecia areata, tricotilomania. • Unhas - psoríase, líquen plano. • Mãos - dermatite de contato, psoríase. • Pés - dermatite de contato, psoríase, dermatite atópica. • Região crural - dermatite de contato, psoríase invertida, pênfigo benigno familiar. • Face - dermatite de contato, sicose bacteriana. • Corpo em outras partes - eczema numular, psoríase gutata. Tratamento • Antifungicos tópicos. • Antifungicos sistêmicos (derivados azólicos e terbinafina). Candidose • Infecções oportunistas que geralmente ocorrem em dobras ou áreas quentes e úmidas Etiologia • Infecção causada pelo fungo Candida sp. Manifestações clínicas • Diabetes, umidade, antibioticoterapia e corticoterapia prolongada podem predispor o aparecimento das lesões de candidose. • Na primeira infância, acomete principalmente a cavidade oral e a área das fraldas. • Pode acometer o genital feminino, sulco balanoprepucial e as dobras. • A maceração e a umidade constante podem facilitar a infecção dos interdígitos e periungueais das mãos, além de ser a causa de candidose intertriginosa. Exame físico • Nas dobras, lesões úmidas, eritematosas, secretantes com vesico- pústulas-satélite. • Nas cavidades oral, genital e no sulco balanoprepucial, secreção branca sobre base rósea. Exame diagnostico • Micológico direto. Tratamento Primeira linha • Reduzir fatores predisponentes: umidade, obesidade, diabetes. • Cetoconazol tópico. • Nistatina tópica. Segunda linha • Itraconazol siste ̂mico. • Fluconazol sistêmico. • Cetoconazol sistêmico. Em casos de tinhas do couro cabeludo o tratamento deve ser sistêmico com Terbinafina. Figura 6 lesão eritematosa, úmida esbranquiçada na região interdigital Balanite por Candida pode se beneficiar de postectomia Pitiríase versicolor • Micose superficial crônica, de distribuição universal, caracterizada pela presença de manchas hipocrômicas, eritematosas ou pardas, descamativas, e especialmente em tronco, pescoço e raiz dos membros. Etiologia • Causada pela Malassezia furfur. Manifestações clínicas • A infecção é assintomática, embora possa ocorrer leve prurido após o banho ou a exposição ao sol. • Hipocromias, mesmo após o tratamento, aparecem com frequência. • Os adultos jovens são acometidos com maior frequência. Embora seja infecção comum, é de contagiosidade baixa. Os mais suscetíveis são os doentes com corticoterapia prolongada, os desnutridos e os imunologicamente não apto Exame físico • As máculas formam placas descamativas e irregulares, circunscritas ou difusas, de limites nítidos. A hipocromia residual se mantém por vários meses, mesmo após a cura completa. Exame diagnostico • Micológico direto. • Fluoresce ̂ncia com a luz de Wood. Tratamento Primeira linha • Xampus à base de sulfato de selênio, cetoconazol ou outros antifúngicos . • Hipossulfito de sódio (20 a 40%) ou sulfeto de selênio em loções. • Antifúngico tópico. • Sabonetes com enxofre e ácido salicílico. Segunda linha • Itraconazol siste ̂mico. • Fluconazol sistêmico. • Cetoconazol sistêmico. Podem ocorrer muitas recidivas, devendo-se manter o tratamento tópico durante 30 dias e, eventualmente, repetir o tratamento siste ̂mico periodicamente. Tinha nigra • Infecção superficial rara, assintomática, apresentando-se como manchas pretas ou escuras nas regiões palmar e plantar ou nas bordas dos dedos e, ocasionalmente, em outras partes do corpo. Etiologia • Tem como agente o Hortaea werneckii. Manifestações clínicas • As mulheres são afetadas com maior frequência, desde 5 meses até 60 anos (95% com menos de 18 anos nos Estados Unidos). Exame físico • Lesões assintomáticas, lisas e planas, geralmente nas palmas, de tamanho variável, coalescentes, escuras, lembrando as alterações produzidas pelo nitrato de prata. • Não apresenta eritemas e reações inflamatórias. Diagnostico • Micológico direto. Diagnostico diferencial • Nevo pigmentar e melanoma Tratamento Primeira linha • Antifímgicos tópicos, com cura em poucos dias Segunda linha • Ceratolíticos Paracoccidioidomicose • A paracoccidioidomicose é doença infecciosa granulomatosa de evolução aguda, subaguda ou crônica. Etiologia • A doença é causada pelo Paracoccidioides brasiliensis. Manifestações Clínica A classificação clínica subdivide a enfermidade em: ■ Paracoccidioidomicose (infecção) - ausência de lesões clínicas e paracoccidioidina positiva. ■ Paracoccidioidomicose doença que se subdivide em: - Forma clínica aguda-subaguda (tipojuvenil), com adenomega- lia ou visceromegalia. - Forma clínica crônica (tipo adulto), que pode ser: - Tipo unifocal, pulmonar, do sistema nervoso central (SNC), adrenal ou da pele isoladamente. - Tipo multifocal (ou misto) com lesões tegumentopulmonares Figura 7 lesão única, maculosa, hipercrômica com ligeira descamação A tinha negra pode simular melanoma Figura 8lesoes nodulouceradas da doenca cutânea Exame físico • Comprometimento cutâneo: úlceras com pontilhado hemorrágico, placas infiltradas papulosas, fístulas e nódulos inflamatórios correspondentes a gânglios. • Comprometimento da mucosa oral: úlcera rasa com pontilhado hemorrágico fino, classicamente “estomatite moriforme”. Exame diagnostico • Micológico direto. • Cultura de fungos. • Anatomopatológico. • Intradermorreação de paracoccidioidina. • Sorologia (contra imunoeletroforese, imunodifúsão dupla em gel • ágar). • Radiografia do pulmão. Tratamento 1. Linha • Anfotericina B endovenosa. 2. Linha • Sulfas 3. Linha • Itraconazol sistêmico. Histoplasmose Doença infecciosa fúngica de evolução aguda a crônica que acomete com frequência imunossuprimidos. Etiologia • Histoplasma capsulatum Manifestações clínicas • Infecção pulmonar em 95% dos casos. • Podem ocorrer hepatoesplenomegalia, lesões ósseas, lesões cutâneas e em outros órgãos, incluindo meningoencefalite. Exame físico • Lesões papulosas, papuloacneiformes, ulceradas ou ulcerovegetantes. Por ser doenca fúngica multissistemica devem-se procurar lesões nos pulmões, adrenais, SNC, ossos. Existe uma forma associada à síndrome da imunodeficiencias adquirida (AIDS) Figura 9 lesoes papulosas e acneiformes da face • As lesões lembram molusco contagioso. Exames diagnostico • Micológico direto. • Cultura para fungos. • Anatomopatológico. • Sorologia. • Radiológico e anatomopatológico do pulmão. Tratamento 1. Linha • Anfotericina B endovenosa. 2. Linha • Itraconazol e fluconazol sistêmicos 3. Linha • Sulfas Esporotricose Micose subcutânea, subaguda ou crónica que compromete a pele e raramente se dissemina. Etiologia • Causada pelo Sporothrix schenkii. • Geralmente penetra na pele por trauma. Manifestações clínicas • Ocorre no meio rural e urbano. Qualquer faixa etária e gênero podem ser acometidos pela doença, dependendo da exposição ao fungo. Exame físico • Forma cutânea: localizada e disseminada, em geral verrucosa, ulcerosa, ulcerovegetantes. • Forma cutaneolinfática: no ponto de inoculação, lesão nodular eritematovinhosa, com tende ̂ncia à necrose central (goma) e à ulceração (cancro esporotricótico). Seguem-se lesões no trajeto linfangítico. • Forma extracutânea. Exames diagnostico • Cultura para fungos. • Anatomopatológico. • Intradermorreação de esporotriquina. Diagnostico diferencial • Leishmaniose. • Cromoblastomicose. • Paracoccidioidomicose. • Tuberculose cutânea. • Micobacteriose atípica Tratamento 1. Linha • Iodeto de potássio em solução saturada, na dose de 1 a 6 g/dia. 2. Linha • Cetoconazol: 200 mg/dia. • Fluconazol ou itraconazol 100 a 200 mg/dia, via siste ̂mica. 3. Anfotericina B, EV, dose total 1,5 a 2 g. A Histoplasmose é atualmente relacionada à AIDS. Nestes casos, apresenta quadro clínico pulmonar e alto percentual de lesões cutaneomucosas. Figura 10 forma nodular ascendente da doença A a Cromoblastomicose É infecção crônica localizada essencialmente na pele e no tecido subcutâneo, ocasionada por fungos demáceos. Etiologia Fungos demáceos (pigmentados): - Fonsecaea pedrosoi. - Cladophialophora carrioni. - Cladophialophora verrucosa. - Rhinocladiella acquaspersa. Manifestações clínicas • Ocorre nas zonas rurais, principalmente de regiões tropicais. Tem caráter crônico. • Mais comum em homens, por estarem mais expostos ao contato com o fungo, da quarta à sexta década de vida. Geralmente ocorre em um dos membros, unilateralmente. Exame físico • Placa infiltrada, eritematovinhosa, superfície escamocrostosa, podendo ocorrer cicatrização central, ou por meio de linfáticos regionais, evoluir para lesões vegetantes verrucosas-satélite. Lesões ulceradas e úmidas são frequentes. Exames diagnostico • Micológico direto. • Cultura para fungos. Diagnostico diferencial • Esporotricose. • Leishmaniose. • Tuberculose cutânea. Tratamento 1. Linha • Exérese cirúrgica. • Crioterapia. 2. Linha • Itraconazol 200 a 400 mg/ dia. • Itraconazol 200 mg/dia + 5 fluorocitosina, 150 mg/kg/dia. • Anfotericina B 50 mg/dia + 5 fluorocitosina, 150 mg/kg/dia. 3. Linha • Terbinafina, 250 mg/dia. Micetomas São quadros infecciosos fúngicos e bacterianos crônicos que acometem por contiguidade o plano cutâneo, muscular e ósseo, caracterizando-se pela presença de fístulas e eliminação de grãos parasitários. A forma de Esporotricose cutaneolinfática é característica e ocorre quase sempre no membro superior. Pode ocorrer linfedema no membro afetado, levando a incapacitacões. Etiologia • Causados por fungos (eumicetomas) ou por bactérias (actinomicetomas). Fungos Bactérias Acremonium sp Actinomyces israelii (endógena) Pseudallescheria sp Nocardia brasiliensis Madurella sp Streptomyces sp Leptosphaeria sp Actinomadura sp Exophiala sp Manifestação clínica • Actinomicose endógena cervicofacial, torácica e abdominal. • Actinomicose exógena e eumicetomas de localização podálica Exame físico • Actinomicose endógena: abscedação, fistulização e reparação sucessiva, com tumefação. • Actinomicose exógena e eumicetomas: entumescimento regional, lenhoso com lesões gomosas, papulonodulares, fístulas sécrétantes e retrações cicatriciais. Evolução crônica e comprometimento habitual da mucosa. . Exame diagnostico • Pesquisa direta de grãos. • Anatomopatológico. • Sorologia (pouco usada). Tratamento 1. Linha • Actinomicose endógena: penicilina cristalina 10 a 20 milhões de UI/dia, EV, por 60 a 90 dias. • Actinomicose exógena: diaminodifenilsulfona, 100 mg/dia a 200 mg/dia ou sulfametoxazol + trimetoprima (800 mg/dia +160 mg/ dia) por tempo prolongado. • Eumicetoma: sulfametoxazol + trimetoprima (1.600 mg/dia + 320 mg/ dia). 2. Linha • Actinomicose endógena: tetraciclina 2 g/dia, VO, por tempo prolongado. • Actinomicose exógena: cetoconazol, 400 mg/dia, ou terbinafina, 500 mg/dia, por tempo prolongado. • Eumicetoma: anfotericina B, cetoconazol, 400 mg/dia, ou terbinafina, 500 mg/dia, por tempo prolongado. Figura 11intumescimento regional, lenhoso, com lesões gomosas, papulpnodulares , fistulas secretantes e retrações cicatriciais A botriomicose, clinicamente semelhante aos micetomas, é causa- da por bactérias: Staphylococcus aureus, Pseudomonas aeruginosa, Proteus sp e Escherichia coli.
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