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Módulo Saúde da Mulher | Samille Donato Planejamento familiar e contracepção PLANEJAMENTO FAMILIAR: É definido pela Lei 9263 como “conjunto de ações de regulação da fecundidade que garanta direitos iguais de constituição, limitação ou ↑ da prole pela mulher, pelo homem ou pelo casal”, ou seja, um direito sexual e reprodutivo e assegura a livre decisão da pessoa sobre ter ou não ter filhos, no princípio da paternidade responsável e no direito de livre escolha dos indivíduos e/ou casais. Não pode haver imposição sobre o uso de métodos anticoncepcionais ou sobre o número de filhos. Público alvo são mulheres em idade fértil. Sobre à anticoncepção, os serviços de saúde devem fornecer todos os métodos anticoncepcionais recomendados pelo MS. Os profissionais de saúde devem informar aos usuários sobre todas as alternativas de anticoncepção e possam participar ativamente da escolha do método. É fundamental que se estimule a prática da dupla proteção (prevenir IST). Atividades educativas + aconselhamento + atividades clínicas. Cerca de 55% das gestações não são planejadas e em adolescentes aumenta para 90% 1° - ATIVIDADES EDUCATIVAS: Oferece à população conhecimento necessário para a escolha do melhor método contraceptivo, ajuda a questionar e refletir sobre temas relacionados à prática de contracepção, incluindo a sexualidade. As ações devem ser de preferência em grupo, anteceder a 1° consulta. Independente da metodologia da ação é importante que tenham um caráter participativo e permitam a troca de informações e experiências. O profissional de saúde deve se comunicar de forma simples e acessível. 2° - ACONSELHAMENTO: Consiste em um processo de escuta ativa individualizada e centrada no indivíduo. Estabelecer confiança entre profissional de saúde e paciente, visando que o sujeito se reconheça. Deve-se identificar e acolher o casal ou indivíduo, entender as necessidades, dúvidas, preocupações, medos, relacionada ao planejamento familiar e prevenção de IST. É importante avaliar risco de infecção de HIV e IST. Boa relação profissional – paciente. Promover diálogo. A ideia central do aconselhamento é a troca. 3° - ATIVIDADES CLÍNICAS: Usada para promoção, proteção e recuperação da saúde da mulher. A primeira consulta deve ser feita após as atividades educativas, incluindo anamnese, exame físico geral, exame ginecológico, orientar autoexame das mamas, investigar data da última colpocitologia oncótica. Faz-se escolha e análise do melhor método contraceptivo. As próximas consultas visam atendimento periódico para avaliar a adequação ao método, prevenir e tratar intercorrências. ESCOLHA DO MÉTODO ANTICONCEPCINAL: 1° - CARACTERÍSTICA DOS MÉTODOS: → Eficácia: Capacidade do método de evitar gestações em um período de tempo (durante 1 ano geralmente). O índice de Pearl divide o número de falhas em 12 meses em 100 mulheres pelo total de meses de exposição, o menor índice = mais efetividade. Efetividade → resultado do uso rotineiro, correto ou incorreto. Eficácia → resultado quando uso está correto. → Aceitabilidade e efeitos secundários: Módulo Saúde da Mulher | Samille Donato Ausência de quaisquer efeitos secundários seria o ideal. Varia de método e de organismo. A aceitação do método e o grau de confiança, favorece o uso correto e o sucesso do método. → Disponibilidade: O acesso gratuito é fundamental para que o método seja realizado sem restrições. A maioria são fornecidos pelo SUS e é importante avaliar se o método escolhido não estiver disponível, analisar a condição financeira da paciente fazer uso e se pode arcar com isso. → Facilidade do uso: Não adianta prescrever e indicar método se for complexo demais ou não seja entendido a forma de uso pela usuária. Portanto, a equipe de saúde deve conseguir explicar de maneira didática e entendível. → Reversibilidade: O ideal é que seja possível reverter de forma completa e imediata os efeitos e que uma vez interrompidos, haja recuperação total da fertilidade. → Proteção à IST e HIV: É necessário estimular a prática de dupla proteção (prevenir gravidez + IST), indicando uso de preservativo masculino e feminino ou associar ao uso de contracepção. É fundamental explicar os riscos de IST e AIDS para promover reflexão e adesão as formas de prevenção. CLASSIFICAÇÃO DOS MÉTODOS → Métodos de 1° linha: Mais efetivos, uso mais fácil, eficácia de 98%, proporciona maior duração do efeito contraceptivo e requer um menor número de consultas de retorno. Exemplo: DIU, implantes e métodos de esterilização. → Método de 2° linha: Contraceptivos hormonais sistêmicos de forma oral, injetável, intramuscular, adesivos transdérmicos ou anéis vaginais. Eficácia de 91 – 97% durante o 1° ano de uso. Se usar corretamente = taxa mais alta. → Métodos de 3° linha: Métodos de barreira, de consciência corporal (como tabelinha). Eficácia de 80 – 90% no primeiro ano de uso, porém se usar corretamente, aumenta a taxa. → Métodos de 4° linha: Formulações espermicidas, eficácia de 70 – 79% no 1° ano de uso. O coito interrompido é imprevisível e não é considerado método contraceptivo. 2° - FATORES INDIVIDUAIS RELACIONADOS AO USUÁRIO DO MÉTODO: → Critérios de elegibilidade: Orientam o usuário na escolha do método. Feito pela OMS, divididos em 4: Nas situações em que a usuária apresenta mais do que uma condição da categoria 3, o método não deve ser usado. Quando não é possível um acompanhamento rigoroso da usuária, recomenda-se que as condições listadas na categoria 3 sejam consideradas como método que não deve ser usado. Quando a/o usuária/o apresenta mais de uma condição da categoria 2, em geral o método deve ser considerado de última escolha e sob controle rigoroso. 3° - MÉTODOS COMPORTAMENTAIS: Se baseiam na identificação do período fértil por meio de sinais e sintomas, durante o qual as relações sexuais devem ser evitadas. Esses métodos possuem a vantagem de serem baratos, naturais, sem efeitos adversos e bem aceito no quesito religioso. Porém, tem altas taxas de falhas visto que requer longos períodos de abstinência sexual e estão susceptíveis as irregularidades menstruais e IST. O período fértil pode ser observado pela curva da temperatura basal da paciente, características do muco cervical e duração / fisiologia do ciclo menstrual. → Tabelinha ou método de Ogino-Knaus: A mulher deve registrar o número de dias de cada ciclo menstrual, por no mínimo 6 meses. O ciclo menstrual começa no 1° dia da menstruação e termina no último dia antes da menstruação seguinte. Caso a mulher tenha diferença de dias entre os ciclos > 10 dias, esse método NÃO pode ser usado! A duração da segunda fase do ciclo menstrual (pós-ovulatório) deve ser relativamente constante, com a ovulação ocorrendo entre 11 a 16 dias antes do início da próxima menstruação. Para determinar o tempo que se deve adotar abstinência sexual, subtrai 18 da duração do seu ciclo mais curto para saber o 1° dia do período fértil e subtrair 11 do ciclo mais longo que corresponde ao último dia do período. Para evitar gravidez se realização de coito desprotegido no período fértil, recorrer a anticoncepção de emergência. Benefício → Sem efeitos sistêmicos e favorece conhecimento da fisiologia menstrual. → Método da curva de temperatura basal: A mulher deve observar as variações de temperatura basal para identificar o dia da ovulação. Módulo Saúde da Mulher | Samille Donato O fato é que após a ovulação, o aumento da progesterona liberada pelo corpo lúteo atinge o centro termorregulador do hipotálamo, levando ao aumento da temperatura corporal em 0,2 a 0,5 graus. Para utilizar este método, a mulher precisa verificar sua temperatura diariamente, de preferência com o mesmo termômetro, no mesmo local do corpo e no mesmo horário, preferencialmente pela manhã antes de sair da cama. O período de abstinência deveser desde o 1° dia do ciclo menstrual até três dias após a elevação da temperatura basal. Registrar a temperatura observada a cada dia do ciclo menstrual em papel quadriculado comum (0,5 cm = 0,1°C). Ligar os pontos referentes a cada dia, formando uma linha que vai do 1° ao 2° ao 3° etc. Cada ciclo menstrual terá seu gráfico próprio de temperatura basal corporal. O período fértil termina na manhã do 4° dia em que for observada a temperatura elevada. Desvantagens → Nem todas as pacientes possuem esse efeito termorregulador com a liberação da progesterona, não formando um gráfico bifásico. Elevado período de abstinência sexual, necessita de muita disciplina. Fatores que podem alterar a temperatura → Álcool, alterações no sono, gripes, infecções, mudanças de ambiente, alterações de humor, refeições antes de dormir, relações sexuais na madrugada, etc. → Método do muco cervical ou de Billings: Durante o ciclo menstrual, o colo cervical sofre influência hormonal. O objetivo é observar as características do muco cervical sob ação estrogênica, durante período ovulatório. Nessa fase, o muco cervical torna-se filante, como clara de ovo, permitindo ao espermatozoide a sobrevivência e locomoção. Após a ovulação, sob ação progestágena o muco fica espesso e escasso. A mulher precisa observar as características do muco, examinando diariamente sua secreção. O período de abstinência vai do 1° dia de percepção do muco até o quarto dia de percepção máxima da umidade. Na 4ª noite após o dia Ápice, começa o período infértil. Deve registrar dados sobre a menstruação, as características do muco e os dias de relações sexuais, utilizando um gráfico ou marcação com sinais convencionais ou selos coloridos. Vale lembrar que o sêmen e produtos vaginais como lubrificantes e pomadas prejudicam a observação. → Método sinto-térmico: O método sinto-térmico combina o método da temperatura basal com o método do muco cervical, associado a sinais e sintomas que podem ocorrer durante a ovulação, como sensibi- lidade mamária, dor pélvica e mudanças de humor. Nesse caso, o período de abstinência sexual vai desde o 1° dia do ciclo até o 4° dia após o pico das secreções cervicais ou o 3° dia após a elevação da temperatura. Sendo que na ocorrência do 1° fator, deve-se o 2° para ter relação sexual. → Método do colar: Utiliza-se um colar de contas para identificar os dias férteis e inférteis de cada ciclo. O colar começa com uma conta de cor vermelha, que sinaliza o 1° dia da menstruação. Segue-se por 7 contas de cor marrom, que indicam o período infértil do início do ciclo. As contas de 9 a 19 são de cor branca, para sinalizar o período fértil. A partir da 20ª até a 30ª, as contas são novamente de cor marrom, indicando o período infértil da 2° metade do ciclo menstrual. Após a 30ª conta chega-se novamente à conta vermelha, que indica o 1° dia da menstruação. → Coito interrompido: Se baseia na retirada do pênis da vagina antes da ejaculação. Requer grande atenção do homem durante o sexo. Além disso, mesmo incomum, o fluido seminal que precede a ejaculação, pode conter espermatozoides, levando a uma possível gestação indesejada; possui altas taxas de falha. → Lactação: Durante o aleitamento materno ocorre alterações hormonais no eixo HHO, levando à anovulação. Esse método não tem custos e promove benefícios para a mãe e p/ o bebê. Não tem contraindicações, desde que a amamentação seja exclusiva. Porém, sabe-se que parte das mulheres ovulam em torno do 3° mês de pós-parto, mesmo amamentando podendo gerar risco de gravidez não planejada. 4° - MÉTODOS DE BARREIRA: Formam barreira química ou mecânica entre espermatozoide e cavidade uterina, dificultando a fecundação. A eficiência varia de 2-6% e varia de acordo com o uso correto, reduz transmissão de IST. → Preservativo masculino: Envoltório de látex que recobre o pênis durante o ato sexual e retém o esperma por ocasião da ejaculação impedindo o contato com a vagina, assim como impede que os microrganismos da vagina entrem em contato com o pênis ou vice-versa. Evita gravidez e IST. Taxa de falha está relacionada com uso incorreto. Deve ser colocado antes da penetração, após obtida a ereção peniana. O receptáculo existente na extremidade do preservativo deve ser apertado durante a colocação, retirando todo o ar do seu interior. Retirar o preservativo segurando-o pela base para que não haja vazamento de esperma e não deve ser reutilizado. No caso da ruptura durante o sexo, substituir imediatamente. Não usar lubrificantes a base de óleo e não fazer uso do preservativo caso apresente perda de ereção durante o intercurso sexual. Categoria 3. → Preservativo feminino: O preservativo feminino é um tubo de poliuretano com uma extremidade fechada e a outra aberta, acoplado a dois anéis flexíveis também de poliuretano. O primeiro, que fica solto dentro do tubo, serve para ajudar na inserção e na fixação de preservativo no interior da vagina. O segundo anel constitui o reforço externo do preservativo que, quando corretamente colocado, cobre parte da vulva. O produto já vem lubrificado e deve ser usado uma única vez. Forma uma Módulo Saúde da Mulher | Samille Donato barreira física entre o pênis e a vagina, servindo de receptáculo ao esperma, impedindo seu contato com a vagina, assim como impede que os microrganismos da vagina entrem em contato com o pênis ou vice-versa. Pode ser colocado em qualquer momento, desde que seja antes da penetração, e retirado com tranquilidade após o término da relação. Pode associar ao uso de lubrificantes. Pode ser inserido até 8h antes e não necessita de retirada imediata. → Diafragma: O diafragma é um disco de borracha ou látex, colocado na vagina, recobrindo colo do útero para impedir a entrada de espermatozoides. Possui vários tamanhos, por isso, é necessária uma consulta com o ginecologista para ser indicado o tamanho mais adequado. Geralmente é usado em associação aos espermicidas, adquirindo um bom índice de efetividade. O espermicida é colocado no centro do dispositivo e mantido em contato com o colo do útero. Caso o ato sexual seja > 2 horas, o espermicida deve ser aplicado na parte superior da vagina, p/ garantir maior proteção. O diafragma é colocado na vagina até no máximo 1 hora antes da relação sexual, deve ser retirado no mínimo 6 horas depois e nunca deve ultrapassar 24 horas. Colocação inadequada pode resultar em falhas. Não deve ser usado em pacientes com infecções geniturinárias em curso, histórico de Síndrome do choque tóxico ou doença valvar complicada. Urinar e lavar as mãos antes de colocar o diafragma. A detecção de DST é motivo para suspender o uso do método. → Espermicida: São substâncias em forma de tabletes de espuma, geleia ou creme que provocam a ruptura da membrana das células dos espermatozoides, matando-os ou retardando sua passagem pelo canal cervical. É recomendado o seu uso apenas em associação com outros métodos contraceptivos, como o diafragma. não deve ser usada com preservativos masculinos, pois pode aumentar o risco de contaminação pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV). O uso frequente de espermaticida causa irritação, fissuras e microfissuras na mucosa vaginal e cervical (efeito dose-tempo dependente), aumentando o risco de infecção pelo HIV e outras DST. O produto espermaticida a base de nonoxinol-9 (N-9) a 2% é o mais utilizado, porém este composto pode aumentar o risco de transmissão sexual do HIV e outras DST. 5° - DISPOSITIVOS INTRAUTERINOS: Os DIUs, junto com o implante de etonogestrel, faz parte dos contraceptivos de longa duração. Consistem em um objeto de formato variável que é inserido no útero. Eles são difundidos como métodos contraceptivos reversíveis, possuem baixas taxas de falha e descontinuidade, poucas contraindicações e tem um ótimo custo-benefício. Melhor momento de colocação é durante amenstruação pois a vagina está mais pérvia. Contracepção imediata. → DIU de cobre: O DIU-Cu é o dispositivo mais utilizado, sendo o único fornecido pelo SUS no Brasil. Formato de T, é feito de um fio de prata corado com cobre e pode ser eficaz de 10 - 12 anos. Mecanismo de ação → O DIU-Cu age por meio da indução de uma reação de corpo estranho, levando a inflamação, pois o cobre induz a liberação de interleucinas e citocinas que tem ação espermicida. Leva a mudanças bioquímicas e morfológicas no endométrio, produz modificações no muco cervical e altera a espermomigração e transporte do óvulo. Caso tenha fecundação, essa atividade inflamatória se estende ao blastocisto, deixando endométrio hostil para implantação. Novo estudos indicam que os DIU de cobre têm efeito protetor para a DIP, porque deixa o útero do colo hostil aos germes que habitam essa região. Esse método também está relacionado a alguns efeitos adversos como aumento da dismenorreia e do sangramento uterino. Além disso, apesar de raro, existe o risco de perfuração uterina e expulsão do DIU. Melhor momento para colocação é pós- Módulo Saúde da Mulher | Samille Donato Além disso, apesar de raro, existe o risco de perfuração uterina e expulsão do DIU. Melhor momento para colocação é pós-parto e pós-aborto. Doença de Wilson (degeneração hepatolenticular e DIU → E uma doença hereditária que provoca acumulo excessivo de cobre nos órgãos, sendo muito rara. Tem como sintomas edema, fadiga, dor abdominal, coreia, sendo também comum o anel de Kayser-Fleishcer. O acúmulo de cobre do DIU + acúmulo de cobre da doença de Wilson, resulta em uma intoxicação do organismo. Efeitos colaterais do DIU → 10% das pacientes podem apresentar algum tipo de infecção por DIU, aquelas com risco para ITU devem ser rastreadas, a maioria das infecções é ocasionadas pela própria flora vaginal. Nulíparas podem ter mais sangramentos e dor. 5% das pacientes podem expelir o DIU no primeiro ano de uso. → SIU de levonogestrel ou Mirena: É um dispositivo de poliuretrano em forma de T que libera 20mcg levonorgestrel por dia. Tem validade de cerca de 5 anos. Mecanismos de ação → Devido a liberação de progesterona, funciona levando a ao efeito a atrofia do endométrio, tornando o muco cervical espesso e dificultando a espermomigração e motilidade tubária. Além disso, provoca a reação inflamatória de corpo estranho, como o DIU de cobre. Possui o benefício de reduzir a dismenorreia e causar amenorreia em alguns casos. Efeitos adversos e Complicações → Algumas pacientes podem ter a cefaleia, mastalgia, acne, depressão, cisto ovarianos funcionais e spotting (sangramento uterino irregular). Gravidez ectópica, perfuração uterina, expulsão, sangramento e infecções. Contraindicações → As mesmas do DIU de cobre e também em mulheres com CA de mama atual ou prévio, tumor hepático, trombose venosa profunda ou tromboembolismo pulmonar atual, LES com anticorpo antifosfolipídeo positivo ou desconhecido. Além disso, não é indicado a continuidade do uso em pacientes que iniciaram quadro de enxaqueca com aura. Complicações → Gravidez ectópica, perfuração uterina, expulsão, sangramento e infecções. 6° - CONTRACEPÇÃO HORMONAL: Os contraceptivos hormonais são métodos difundidos e eficazes. No entanto, seu índice de sucesso depende da paciente. CONTRACEPTIVOS HORMONAIS COMBINADOS (CHC) Possuem a combinação de um estrogênio e um progestogênio no mesmo método. Desse grupo fazem parte as pílulas contraceptivas de uso oral, o injetável mensal, o adesivo transdérmico e o anel intravaginal. Apresentam bons níveis de efetividade e continuidade. Mecanismo de ação → Inibição da ovulação. No ciclo menstrual o FSH é responsável pelo recrutamento e desenvolvimento folicular. Já o LH é o responsável pela ovulação. O componente de estrogênio dos CHC’s inibe o FSH e o progestogênio inibe o LH. Com ambos inibidos, não pode ocorrer recrutamento folicular, amadurecimento do folículo dominante e ovulação. Além disso, a progesterona presente nesses contraceptivos torna o muco cervical espesso, dificulta a espermomigração, reduz a motilidade tubária e tem efeito antiproliferativo no endométrio. Já o estrogênio estabiliza o endométrio, reduz os sangramentos e aumenta a produção hepática da globulina carreadora de hormônios sexuais (SHBG), reduzindo a fração livre de testosterona. Módulo Saúde da Mulher | Samille Donato → Contraceptivos orais combinados (COC): O principal estrogênio utilizado é o etinilestradiol. Os COCs que possuem etinilestradiol em sua composição podem ser classificados pela dose estrogênica, em pílulas de alta ou baixa dose. As pílulas que contêm doses < 50 mcg de etinilestradiol são as de baixa dose, aquelas com > 50mcg são as de alta dose. De acordo com o tipo de progestagênios contido, os COCs podem ser classificados em 1°, 2° ou 3° geração. 1° geração → são os que possuem levonorgestrel (progestágeno) associado a 50 mcg de etinilestradiol. 2° geração → contém o etinilestradiol em doses menores, associado ao levonorgestrel. 3° geração → Se a pílula tiver desogestrel ou gestodeno associado ao progestágeno. Pode ser utilizado de maneira contínua ou estendida. No uso contínuo, não há interrupção das pílulas e no uso estendido, as pausas acontecem 3 a 4 vezes por ano, dependendo do produto. As pílulas devem ser iniciadas no primeiro dia do ciclo menstrual. As cartelas a depender do tipo esquema utilizado, indicam pausas mensais que podem variar de 4 – 7 dias. Nestes casos, após a primeira cartela inicia-se a segunda no 5° ou 8° dia, respectivamente. Alguns anticon- cepcionais de 28 dias podem ser utilizados sem pausa. No caso de esquecimento, deve se fazer o uso da pílula esquecida mais a pílula do dia para evitar sangramento por colapso endometrial. Em caso de mais de um dia esquecido, deve-se utilizar um contraceptivo de barreira por pelo menos 7 dias para evitar gestação. → Injetável mensal: Os mais utilizados são o de valerato de estradiol com enantato de noretisterona, e o cipionato de estradiol com acetato de medroxiprogesterona. É indicado para pacientes que possuem dificuldade de aderir pílula anticoncepcional. O mecanismo de ação é o mesmo que os demais contraceptivos combinados. O sangramento menstrual ocorre a cada três semanas após o 22° dia da injeção. A aplicação ocorre via intramuscular no músculo deltoide a cada 30 dias. → Anel vaginal: Possui o formato de um anel transparente e flexível e contém 2,7 mg de etinilestradiol e 11,7 mg de etonogestrel. Libera cerca de 15 μg de etinilestradiol/dia e 120 μg de etonogestrel/dia. Deve ser colocado em forma de “8” no fundo vaginal entre o 1° – 5° dia do ciclo menstrual. O dispositivo permanece por 3 semanas consecutivas, faz-se uma pausa de 7 dias, quando ocorre o sangramento e recoloca um novo dispositivo ao final da pausa. → Adesivo transdérmico: Contém uma camada interna hormonal e uma externa resistente à água. Libera diariamente 30 μg de EE e 150 μg de norelgestromina, que após metabolismo hepático, se transforma em levonorgestrel. Deve ser aplicado na pele limpa, podendo ser nas nádegas, parte externa do braço, abdome inferior ou região superior do dorso, evitando as mamas. O primeiro adesivo é aplicado no 1°dia do ciclo. Depois disso, o adesivo é trocado uma vez por semana, após a 3° semana é feito uma pausa, quando ocorrerá o sangramento e ao final da pausa um novo adesivo é colocado. Além disso, o contínuo, ou seja, sem pausas também pode ser utilizado. Ele fornece proteção contraceptiva mesmo após 2 dias de atraso na substituição do adesivo. CONTRACEPTIVOS APENAS DE PROGESTOGÊNIO Dentro desse grupo está a pílula de progesterona isolada, o injetável trimestral, o implante subdérmico e o SIU de levonogestrel. → Pílula de progesterona isolada: Podem sercompostos por desogestrel, acetato de noretindrona e levonorgestrel. Minipílula → Os contraceptivos compostos por acetato de noretindrona e levonorgestrel são também conhecidos como minipílulas e podem ser utilizados em pacientes em aleitamento e na perimenopausa. Essas medicações promovem efeito contraceptivo através do espessamento do muco cervical e inibição da implantação do embrião no endométrio. Não possuindo efeitos anovulatórios. Nesse caso, o uso de minipílulas é contínuo e devem ser prescritas no puerpério de mulheres que amamentam seis semanas após o parto. O seu uso deve ser rigoroso, pois após 27 horas da injesta do último comprimido já pode perder o seu efeito. Risco de tromboembolismo: Maior nos adesivos, junto com complicações vasculares, pois induz aumento da síntese hepática de pró-coaguladores sensíveis ao estrogênio. Módulo Saúde da Mulher | Samille Donato OBS: Uma contraindicação relativa ao uso de anticoncepcionais com progestágeno isolado é o diabetes mellitus gestacional prévio, pois está relacionado ao desenvolvimento de diabetes mellitus tipo 2 nos primeiros dois anos após o parto. → Desogestrel: Composto por 75 μg de desogestrel e tem a capacidade de inibir a ovulação, por isso, é mais eficaz que as minipílulas. Além disso, torna o muco cervical espesso, dificultando a ascensão dos espermatozoides. Também pode ser indicado durante a amamentação e tem a vantagem de poder ser tomado com atraso de até 12 horas, sem comprometer a sua eficácia. → Injetável trimestral: Utilizado em pacientes que possuem contraindicação ao uso de estrogênios. Ele bloqueia a ovulação através da inibição do LH, levando a alteração nas características do muco e atrofia endometrial. Além disso, ter amenorreia e redução da dismenorreia, TPM e CA endometrial. Como efeitos adversos: sangramento intermenstrual, edema, ganho de peso, acne, náuseas, mastalgia, cefaleia, alterações do humor e redução da densidade mineral óssea. É aplicado via intramuscular na nádega ou músculo deltoide a cada três meses. → Implante subdérmico: Composto contendo progestágenos como o etonogestrel (Implanon) e o levonorgestrel (Norplant). O 1° tem duração de 3 anos, enquanto que o 2° dura até 5 anos. É implantado na parte subdérmica do antebraço, entre os bíceps e tríceps. Para ser retirado, faz pequena incisão sob anestesia local. O implante de levonorgestrel atua inibindo a ação do LH, impedindo a ovulação, leva a atrofia endometrial e alteração do muco cervical. Por não apresentar um com- ponente estrogênico que estabiliza o endométrio, pode ocorrer como efeito adverso o spotting. Já o implante de levonogestrel previne a gestação por meio da ação sobre o muco cervical que se torna impenetrável aos espermatozoides. Está associado a cefaleia, mastalgia, acne e ganho de peso. Após a remoção do implante, o retorno à fertilidade é rápido, podendo variar em média de 1 a 18 semanas. O implante de etonogestrel tem uso seguro durante a amamentação. 7° - CONTRACEPÇÃO CIRÚRGICA: Método considerado irreversível ou definitivo, podendo ser masculina com a vasectomia ou feminina com a ligadura tubária (LT). A Lei do planejamento familiar, regulamenta o seu uso no Brasil, sendo indicado somente nas seguintes situações: OBS: A progesterona reduz níveis séricos de testosterona e limita 5ª-redutase, isso faz com que a paciente tenha menos acne. Módulo Saúde da Mulher | Samille Donato 1. Homens e mulheres com capacidade civil plena e maiores de 25 anos de idade OU, pelo menos, com dois filhos, desde que observado o prazo mínimo de 60 dias entre a manifestação da vontade e o ato cirúrgico. 2. Risco à vida ou à saúde da mulher ou do futuro concepto, desde que tenha relatório escrito e assinado por dois médicos. É vedado a esterilização cirúrgica durante o parto, aborto ou até 42 dias após o parto (ou aborto), exceto nos casos de comprovada necessidade, como: 1. Cesárias sucessivas anteriores (no mínimo 2); 2. Doença de base com risco à saúde. Na vasectomia se faz a ligadura do ducto deferente, podendo ser realizado apenas com anestesia local. Na ligadura tubária realiza-se a obstrução do lúmen tubário, principalmente o istmo, seja com fio cirúrgico e/ou secção da trompa, eletrocoagulação ou obstrução mecânica com clips ou anéis. Com isso, se impede o transporte do óvulo e o encontro dos gametas femininos e masculinos. 8° - CONTRACEPÇÃO DE EMERGÊNCIA: Método que visa prevenir uma gestação inoportuna após relação sexual. Pode ser indicada no ato sexual desprotegido, falha ou uso inadequado do método contraceptivo em uso ou violência sexual. são efetivos e seguros, apresentando poucos efeitos adversos. Com isso, reduz a quantidade de abortamentos inseguros e garante o planejamento familiar. O mecanismo de ação desses métodos varia de acordo com o período do ciclo menstrual no qual é utilizado. Se o uso ocorre na 1° fase do ciclo, antes do pico do LH (hormônio luteinizante), ele altera o desenvolvimento folicular, impedindo ou retardando a ovulação. Já quando é usado na 2° fase do ciclo menstrual, ou seja, após a ovulação, ele modifica as características do muco cervical, deixando-o mais viscoso e com isso alteração o transporte dos espermatozoides. Os mais utilizados são o método Yuzpe e o contraceptivo de levonogestrel isolado, ambos são igualmente eficazes, podendo ser utilizado até 5 dias após o ato sexual desprotegido. Entretanto, sua eficácia é inversamente proporcional ao tempo decorrido desde a atividade sexual, sendo recomendado o uso até 72 horas após o ato. Pela comodidade posológica e menos efeitos colaterais, o método de levonogestrel é o mais indicado. Única contraindicação do uso é a gravidez documentada. → Método Yuzpe: Uso de duas doses de 100 mcg de etinilestradiol e 500 mcg de levonorgestrel, com intervalo de 12 horas; sendo que a primeira deve tomada o mais próximo possível da atividade sexual desprotegida e até 72 horas depois. → Contraceptivo de levonogestrel isolado: Ingerir o levonorgestrel na dose de 1,5 mg em dose única ou fracionada em duas tomadas, com intervalo de 12 horas. Sendo ambas as formas de uso igualmente eficaz. REFERÊNCIAS: - Assistência em planejamento familiar, manual técnico – MS – 4° ed – 2002 – DF. - Rotinas em ginecologia – Fernando Freitas – 6° ed et al. – 2011. - Ética e ginecologia – FEBRASGO. - Métodos anticoncepcionais reversíveis de longa duração – FEBRASGO. - Anticoncepcional hormonal combinado – FEBRASGO.
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