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IV - AVAL DA LETRA DE CÂMBIO 1. CONCEITO - O aval é o ato cambiário pelo qual uma pessoa (avalista) se compromete a pagar título de crédito, nas mesmas condições que um devedor desse título (avalizado). (Fábio Ulhoa Coelho) O TOMADOR que não conhece o SACADO ou tem dúvidas sobre a aceitação do título, pode exigir que o SACADOR, antes de lhe entregar a letra, encontre quem esteja disposto a garantir o seu pagamento, como avalista do DEVEDOR PRINCIPAL. - Garantia típica, ESPECÍFICA de um TC O aval é um instituto exclusivo dos títulos de crédito. Ou seja, não se avaliza contrato. O aval é dado em LC, NP, duplicata ou cheque. - A lei admite o AVAL PARCIAL (art. 30, LUG). O C.C. no art. 897 § único diz ao contrário portanto não é o correto. Tem que constar no TC o “aval na quantia X” Já caiu várias vezes na OAB 2. CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS DO AVAL AUTONOMIA - O avalista assume perante o credor do título uma OBRIGAÇÃO AUTÔNOMA Da autonomia do aval seguem-se importantes conseqüências: 1) A sua existência, validade e eficácia NÃO estão condicionadas à da obrigação avalizada 2) Eventuais direitos que beneficiam o avalizado não se estendem ao avalista >> Portanto, não pode o avalista, quando executado em virtude do título de crédito, valer-se das exceções pessoais do avalizado, mas apenas as suas próprias exceções (por exemplo, pagamento parcial da letra, falta de requisito essencial, etc), o que significa dizer que o aval subsiste, ainda que haja invalidade da obrigação jurídica avalizada, salvo se se tratar de invalidade do próprio título. - Exemplos: Se o devedor em favor de quem o AVAL é prestado era incapaz (não foi devidamente representado ou assistido no momento da assunção da obrigação cambial), ou se a assinatura dele no título foi falsificada, esses fatos não desconstituem nem alteram a extensão da obrigação do avalista. Eventuais direitos que beneficiam ao AVALIZADO não se estendem ao AVALISTA . Se uma empresa, devedora principal de um TC, impetra concordata preventiva, e obtém o direito de postergar o pagamento da LC, o seu avalista não pode se furtar ao cumprimento da obrigação, no vencimento constante do título. EQUIVALÊNCIA - O avalista assume perante o credor do título uma obrigação autônoma mas equivalente ao avalizado. - A equivalência do AVAL em relação à obrigação avalizada , significa que o avalista é devedor do título NA MESMA MANEIRA QUE A PESSOA POR ELE AFIANÇADA (art. 32 L.U). 2. PARTICIPANTES - Avalizado: recebe a garantia - Avalista: dá o aval - Art. 30: “O pagamento de uma letra pode ser no todo ou em parte garantido por aval. Esta garantia é dada por um terceiro ou mesmo por um signatário da letra” O próprio sacador pode ser avalista Evidentemente o tomador não pode ser pois ele é credor 3. FORMAS DO AVAL (art. 31) - O aval não pode ser dado em instrumento à parte. - O aval se pratica por uma das seguintes formas: a) Assinatura do avalista, lançada no anverso do título; b) Assinatura do avalista no verso ou anverso, sob a expressão “por aval”; c) Assinatura do avalista no versou ou anverso, sob a expressão “por aval de fulano” (1) Nos itens a) e b), como o avalizado não é identificado, reputa-se o aval em branco No caso da LC, o avalizado no aval em branco é o SACADOR. Vale salientar que, se o aval é dado ao aceitante, o avalista perderá o direito de ação contra endossadores ou sacador, pois o aceitante é obrigado direto, principal. (2) Já na c), o aval é considerado em preto, porque nele se encontra a identificação do avalizado. 4. AVAIS SIMULTÂNEOS E SUCESSIVOS - Avais simultâneos: Os avalistas têm responsabilidade solidária entre eles - Avais sucessivos: O anterior é avalista do avalista Sobre o tema esclarece a Súm. 189, STF que “consideram-se avais superpostos como sucessivos”, ou seja, os simultâneos devem ser expressos (não cabe a aplicação desta súmula no caso dos cheques, das LC´s e da nota promissória, casos em que leis especiais mais especializadas e posteriores determinam como avalizado aquele cuja assinatura se encontra em cima). 5. AVAL E FIANÇA , ao passo que a fiança é obrigação acessória, portanto, totalmente dependente do contrato principal; se for nulo o principal, nula será a fiança, não havendo ligações ou vínculos com aquela. Desse modo, se a obrigação do avalizado, por qualquer razão, não puder ser exigida pelo credor, isto não prejudicará os seus direitos em relação ao avalista. Já, se a obrigação afiançada é inexigível, a causa da inexigibilidade macula igualmente a fiança, que, sendo acessória, tem a sorte da principal. AVAL FIANÇA - Aval e fiança são institutos gerados com o FIM DE GARANTIR O CUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO DE OUTREM. - É instituto específico do Direito Cambiário - É instituto do Direito Civil - Decorre de um ato unilateral de vontade - Decorre de um contrato - O aval é autônomo em relação à obrigação avalizada, mas estará sempre vinculado a um título de crédito - É obrigação acessória de uma obrigação principal, portanto, totalmente dependente do contrato principal. duas obrigações autônomas com dois devedores obrigação de dois devedores - Para ao avalista não existe “benefício de ordem”. - Pode ser invocada o “benefício de ordem” - Só incide em obrigação líquida - Dívidas ilíquidas podem ser seu objeto Responsabilidade do avalista O avalista ocupará A MESMA POSIÇÃO daquele a quem avalizou. “Não toma o avalista o lugar do avalizado, pois, na verdade, pagando, poderá receber do mesmo a importância paga. Mas, apesar disso, a sua obrigação é semelhante à do avalizado, donde o credor poder agir contra um ou contra outro, indiferentemente.” (Fran Martins) Efeitos da Fiança: O credor tem o direito de exigir do fiador o pagamento da dívida na hipótese de inadimplemento do devedor. Mas, como a obrigação do fiador, além de acessória, é subsidiária, uma vez demandado, tem o direito de exigir que antes dos seus sejam executados os bens do devedor. Para assegurar-se desse direito, é indispensável que o fiador nomeie bens do devedor. É o chamado benefício de ordem. - Se um dos fiadores paga a dívida por completo, opera-se, de pleno direito, o regresso contra cada um dos co-fiadores, lembrando-se que referidos co-fiadores só podem ser demandados pela cota respectiva, ou seja, pela parte que tiver garantido. - Não precisa de outorga, basta a assinatura do cônjuge - Tem que ter outorga do cônjuge “Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta: (...) III – prestar fiança ou aval.” - BENEFÍCIO DE ORDEM: É a exoneração da responsabilidade do prestador da garantia suplementar em razão da prova da solvência do devedor garantido. * Observações sobre a FIANÇA: 1) A fiança é um contrato unilateral, pois cria, quanto ao efeito, obrigação para somente uma parte. É um contrato acessório porque pressupõe a existência de um contrato principal cujo cumprimento, em caso de inadimplemento do devedor, será feito pelo fiador que aceitar encargo. É consensual porque resulta apenas do consentimento das partes, afastando qualquer condicionamento exigido por lei. 2) A fiança desenvolve 2 tipos de relação: uma entre o fiador e o credor e outra entre 1 fiador e o devedor. 3) Na fiança, o benefício de ordem não poderá ser invocado pelo fiador se: A ele renunciou expressamente; Se obrigou como principal pagador ou devedor solidário; O devedor for insolvente ou falido. 4) Quando a fiança é prestada a um só débito por diversas pessoas em conjunto, importa o compromisso de solidariedade entre elas, se declaradamente não se reservaram ao benefício da divisão. 5) Havendo pagamento de perdas e danos pelo fiador ao credor, o primeiro terá o direito do reembolso delas. 6) Os “juros de desembolso” mencionados no art. 833, CC são aqueles decorrentes de tudo quanto o fiador houver desembolsado no cumprimento da obrigação assumida com a fiança, contadosa partir do pagamento efetuado. E esses juros o fiador também terá o direito de cobrá-los. 7) Com a demora, causada pelo credor, na execução contra o devedor para o pagamento da dívida, mais alta pode esta ficar e maior será a responsabilidade do fiador caso tenha que responder pelo pagamento. Com isso, pode o fiador promover o andamento da execução. 8) No caso de prestação de fiança sem limitação de tempo, tem o fiador o direito de exonerar-se a qualquer tempo. Porém, ficará obrigado por todos os efeitos da fiança no prazo de 60 dias após o credor ser notificado. 9) Caso ocorra o falecimento do fiador, ocorrerá a extinção da fiança. Porém, a responsabilidade desta até o evento da morte transmite-se aos herdeiros, que só respondem pela obrigação já vencida e pelos encargos até às forças da herança. * Observação: AVAL E GARANTIAS EXTRACARTULARES Observamos que AVAL é ato exclusivo de títulos de crédito e não pode ser firmado senão nos documentos dessa natureza . E no que diz respeito ao exemplo de que o sócio que possui maior número de quotas numa Sociedade Empresária geralmente deve ser avalista , na verdade deveria ser fiador pois é um Contrato . “Os avalistas do título de crédito vinculado a Contrato de Mútuo também responde pela obrigações pactuadas , quando no Contrato figurar como devedor solidário” (Súm. 26 STJ).
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