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Oncologia de pequenos animais LINFOMA Linfoma Definição: neoplasias caracterizadas pela proliferação clonal de linfócitos malignos. Outras denominações: linfoma maligno; linfossarcoma; São originados de órgãos linfoides (primários: medula óssea e timo; secundários: linfonodos e baço), mas também podem se desenvolver em qualquer órgão, pela contínua migração dos linfócitos em diferentes tecidos do organismo (linfócitos são encontrados no sangue). O tipo de linfoma relatado em animais domésticos é do tipo não Hodgkin (LNH) que são aqueles que se espalham de maneira não ordenada. Esse tipo de linfoma (LNH) é responsável por constituir cerca de 90% das neoplasias hematopoéticas nos cães e gatos, sendo os adultos e idosos os mais acometidos. Raças com maior incidência: boxer, rottweiler, poodle, chow-chow, bealge, basset houd, pastor alemão, são bernardo, scottish terrier, airedale terrier e bulldog. Já o bull mastiff e golden retrivier pode ter algum presisposição familiar. Já nos gatos, a maior prevalência é em gatos siameses e de raças orientais. Herbicidas (ácido fenoxiacético, clorofenóis, dioxinas, benzeno, e outros agentes orgãnicos); Fármacos imunosupressores - ciclosporina; Aberrações cromossômicas; Trombocitopenia imunomediada; Alterações genéticas (ativação de BCL-2; inativação de p53). ETIOLOGIA CÃES: A sua etiologia é desconhecida, mas pode ter associação com: 25% dos gatos com FeLV desenvolvem linfoma; FIV - mantém os animais imunossuprimidos, comprometendo o desempenho do sistema imune em destruir células maliganas; Animais apresentam FOCMA (feline oncovírus-associated cell-membrane antigen) - indica a exposição a FeLV dos animais positivos ou negativos em testes prévios. ETIOLOGIA GATOS: Classificações do linfoma: Multicêntrico: é a forma mais comum e mais fácil de ser encontrado. É caracterizado por linfadenomegalia regional ou generalizada e por hepatoesplenomegalia. A depender do estádio clínico, alguns animais podem apresentar dor, apatia, hiporexia, emagrecimento e febre, porém a maioria permanece assintomática. Também é possível observar edema em um ou mais membros ou edema generalizado. Nos gatos é raro ser observado linfadenopatia periférica, sendo mais comum o envolvimento dos linfonodos mesentéricos, fígado, baço ou até o rim. IMPORTANTE! - Linfonodo + febre + hepatomegalia + esplenomegalia + perda de apetite (diferencial = linfoma), muitos confundem com erlíquia, pois até mesmo o hemograma pode ser igual. Para isso, é importante lançar mão de uma citologia do linfonodo! Mediastinal: envolve os linfonodos mediastinais e/ou timo. Na maioria das vezes, o prognóstico para essa classificação é desfavorável, principalmente para aqueles pacientes que desenvolveram linfomas de células T ou quando apresentarem hipercalcemia, que é comum em cães e raro em gatos, segundos estudos. Mas, é possível afirmar que essa classificação acometa gatos machos, siameses e com média de 3 anos de idade. Linfoma multicêntrico IMPORTANTE! - Muitas vezes o linfoma cutâneo pode ser confundido com fungo porém, dermatofitose é sempre uma doença secundária, pois a imunidade do animal está baixa. Por isso, deve-se ter atenção, pelo fato de que no esfregaço pode realmente dar fungo. Efusão (tórax e abdome); Síndrome da veia cava cranial Hipercalcemia: SINAIS CLÍNICOS COMUNS: Linfonodo aumentado comprime a veia cava, fazendo com que fique congesto e causando edema. Com isso animal chega no consultório com o rosto inchado e é confundido com picada de abelha. Há pacientes que o diagnóstico é só com tomografia. Cutâneo: forma mais complexa do ponto de vista terapêutico, pois pouco animais respondem ao tratamento. Pode envolver mucosa oral, linfonodos, baço, fígado e medula óssea. Pode ser classificado como epiteliotrópico - também conhecido como micose fungoide - (na qual haverá presença de linfócitos neoplásicos na epiderme normalmente de origem T) e não epiteliotrópico (presença de linfócitos neoplásicos da derme normalmente de origem B). Cães com micose fungoide geralmente são acometidos por volta dos 10 anos e sobrevivem por um tempo de 5 meses em média. Apenas 23% dos casos são identificados no exame histopatológico. Na espécie felina, ocorre em animais mais velhos e negativos para FeLV. Linfoma cutâneo Outras localizações (extranodal) comuns de linfoma incluem sistema nervoso, coração, olhos, nasofaringe, ossos, testículos, vesícula urinária e pênis. Dermatofitose recorrente (lembrar da queda da imunidade); Convulsões, quando o linfoma encontra-se no sistema nervoso central; Uveítes, glaucoma, hipópio, hifema, quando o linfoma encontra-se na região ocular. A uveíte pode ser secundária ao linfoma multicêntrico; Insuficiência renal, quando associado ao linfoma renal. Em gatos, 40% desenvolve sinais neurológicos concomitantemente; Dispneia e tosse (caso tenha efusão torácica e formação neoplásica no mediastino - isso no linfoma mediastinal). Engasgos, regurgitação e disfagia, devido a compressão do esôfago, comprometendo a inervação simpática. Isso causado pelo aumento do linfonodo. Poliúria e polidpsia decorrentes da hipercalcemia; No linfoma cutâneo é possível observar eritema, descamação, despigmentação, alopecia, formação de placas e nódulos, além de ulcerações locais. Prurido variável. LEMBRAR QUE OS SINAIS CLÍNICOS SURGEM DE ACORDO COM A SUA LOCALIZAÇÃO! E multicêntricos na fase inicial pode ser assintomático. Vale relembrar os sinais clínicos do início: aumento dos linfonodos, inicialmente submandibulares, pré- escapulares e axilares, progredindo para linfadenomegalia generalizada. Esse quadro pode levar a edema. Também é comum hepatoesplenomegalia, dor, apatia, febre e hiporexia. Linfoma cutâneo na mucosa gengival Linfoma multicêntrico com uveíte bilateral Diagnóstico O plano diagnóstico tem ênfase nos exames citológicos ou histopatológicos do tecido comprometido. Mas, exames complementares são de extrema importância também, entre eles: exames de imagem US/Rx, imunofenotípico (para saber se é T ou B); perfil hematológico e bioquímico (verificar cálcio ionizado), FIV e FeLV, miolograma (lembrar que a medula óssea pode ser comprometida pelo linfoma, o que leva a redução da hematopoese, normalmente o achado é de anemia normocítica normocrômica e não regenerativa); A citologia pode ser feita por PAAF (punção aspirativa por agulha fina) ou CAAF (citologia aspirativa por agulha fina) e pode ser feita a partir de um nódulo que tem na pele, ou do próprio linfonodo ou de efusões. A pergunta é: oferece diagnóstico definitivo? SIM. Permite tratamento? SIM. Ajuda no prognóstico? SIM. Para linfoma, a citologia é decisiva. Importante: eu direciono meu exame de acordo com a minha suspeita (se é no sistema nervoso, se é ocular, se é no tórax, etc). Tratamento Primeira coisa é ter um diagnóstico definitivo, saber se realmente é um linfoma (lembrando que definimos através da citologia) se possível fazer a imunofenotipagem, pois de for T o prognóstico é pior e se for B o prognóstico é um pouco melhor. Importante fazer um tratamento de suporte caso o animal apresente síndrome paraneoplásica, pois se é um animal em estado mais crítico a quimioterapia logo no início é um perigo muito grande. O paciente primeiro precisa ter condições. Também é necessário saber como o animal está como um todo, por isso a importância dos exames complementares. Por último, é necessário definir o estadiamento clínico, que serve o estágio em que o tumor se encontra e assim ter uma noção de prognóstico. ESTADIAMENTO PARA O LINFOMA EM CÃES ESTÁDIO I: envolvimento limitado a um linfonodo ou tecido linfóide, exceto medula óssea. ESTÁDIO II: envolvimento de linfonodos regionais. ESTÁDIO III: aumento generalizado dos linfonodos. ESTÁDIO IV: envolvimento do fígado e/ ou baço, com ou sem os estádios anteriores. ESTÁDIO V: envolvimento do sangue, da medula óssea, com ou sem o envolvimento dos estádios anteriores. a: sem sinais sistêmicos. b: com sinaissistêmicos. Para o tratamento, 2 medicamentos muito utilizados são prednisolona e prednisona, pois causam lise de linfócito neoplásico. Porém, deve-se ter muito cuidado se esse medicamento for prescrito sozinho. Na imagem a seguir temos uma membrana e uma transmembrana, que permite que algo entre ou saia da célula. O problema é que aí se encontra a glicoproteína P, que impede que medicamentos entrem dentro da célula, mas com esses corticoides é diferente, pois essa proteína "ama" prednisona e prednisolona fazendo com que a mesma seja mais estimulada. Por isso esses corticóides não podem ser dados sozinhos, pois irá deixar a glicoproteína mais estimulada e não terá quimioterápico para combater, e ainda dificulta o tratamento posteriormente. Até resolve em um primeiro momento, pois como dito anteriormente, causa lise de linfócito neoplásico, mas depois volta e o corticoide já não irá mais resolver. Um inibidor interessante para a glincoproteína P é a ivermectina (importante ressaltar, apesar de que para linfoma não resolve muito, para TVT é ótimo), em cães que a ivermectina é proibida, pode lançar mão da verapamil, que é um anti-hipertensivo. O que tem dado certo na rotina para cães: - PROTOCOLO CHOP (5) Linfoma alimentar no paciente felino Tem como principal diagnóstico diferencial é a doença inflamatória intestinal, oq eu define diagnóstico é a citologia e biópsia. No intestino normal é possível visualizar todas as camadas na ultrassonografia, quando ele tem o linfoma alimentar ou doença inflamatória ele perde a estratificação intestinal. Na citologia linfoma vem linfócitos e doença inflamatória vem como cronicidade, e a célula que indica cronicidade é o linfócito também, por isso a importância de uma biópsia. SINAIS CLÍNICOS: gatos magros e com vômitos/ diarreia crônicos. (em ambos, linfoma e doença intestinal inflamatória) DIAGNÓSTICO: testar FIV e FeLV; achados ultrassonograficos; hitopatologia. TRATAMENTO: clorambucil (manipulado) + prednisolona de quimioterapia. E SE O PACIENTE TEM EFEITO COLATERAL? - Imunossupressão (animal começou a ter queda de leucócitos: leucogen NÃO, se animal está com uns 2.000 leucócitos é preocupante e por isso poderia lançar mão do viscum album e suspende a quimio); pode ser necessário um antibiótico também; também pode dar granulokine (estimula produção de granulócitos na medula óssea, faz até o valor máximo, entre 15 -16, porque provavelmente caia de novo quando parar a medicação). - Sintomas gastrintestinais: maropitant e ondasetrona - Vitamina E ou cardioxane (que é muito caro) quando animal tiver cardiotoxicidade (devido a doxorrubicina) isso apenas em gato; - Mesna (inibe a formação de acroleína que é um produto que a ciclofosfamida deposita e causa a cistite hemorrágica); administrada em 20% em 0,9% NaCL por 2-5horas
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