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SUPERESTRUTURA FERROVIÁRIA: SUBLASTRO E LASTRO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ENGENHARIA – DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E TRANSPORTES Disciplina: Infra-estrutura Ferro-hidro-aero-dutoviária (ENG 09030) Prof. Daniela Facchini • Tal como nas rodovias, as estradas de ferro obedecem, tanto na fase de projeto como na de construção de sua infra-estrutura e superestrutura, a determinações baseadas em normas técnicas; • Tais normas são estabelecidas pela ABNT, DNIT mas também podem incorporar procedimentos adotados em outros países, especialmente aqueles de grande progresso ferroviário como EUA, França, Alemanha e Japão; • Nas ferrovias a fixação de parâmetros dimensionais para a superestrutura afeta diretamente a infra-estrutura. 1. NORMAS E PROCEDIMENTOS • a superfície final da infra-estrutura constitui a chamada plataforma, a qual é formada por solos naturais ou tratados, no caso dos cortes e aterros, ou então por estruturas quaisquer no caso de obras de arte especiais; • na ferrovia a plataforma é o suporte da estrutura da via e que recebe, através do lastro, as pressões devidas à circulação dos trens; • a plataforma fornece também espaço para as demais instalações necessárias a operação ferroviária como postes de rede aérea de comunicação, alimentação ou ainda para instalação superficial ou subterrânea de cabos condutores. 2. PLATAFORMA DE TERRAPLENAGEM 2. PLATAFORMA DE TERRAPLENAGEM • a plataforma tem como função básica proporcionar apoio a superestrutura da via de modo que não sofra deformações que impeçam ou influam negativamente na operação, sob as condições de tráfego que determina o traçado da linha; • para que o apoio não sofra deformações ou não influa negativamente na operação da ferrovia, é necessário que a plataforma tenha certas características de resistência; • assim como no caso das rodovias, as características físicas dos solos nas ferrovias são determinados a partir de métodos tais como: identificação visual, granulômetria, sedimentação, limites de Attenberg (limite de liquidez, limite de plasticidade, índice de plasticidade), CBR, etc. 2. PLATAFORMA DE TERRAPLENAGEM Em solo natural: • pode ser usada quando o valor de resistência é atendido; • os serviços preliminares consistem na roçada, remoção da camada de solo orgânico, regularização; • se necessário substituição dos materiais das camadas inferiores. Em cortes: • se após a escavação as características geomecânicas atenderem as exigências de resistência e capacidade de deformação, esta será incorporada a plataforma; • se necessário realizar a substituição dos materiais; • rocha não é considerada bom material para camadas de lastro inferiores a 30cm; • plataformas muito rígidas podem conduzir a destruição do lastro, especialmente se o tráfego for predominantemente de vagões pesados. 2. PLATAFORMA DE TERRAPLENAGEM 3. SUBLASTRO Funções • aumentar a capacidade de suporte da plataforma, permitindo elevar a taxa de trabalho no terreno →→→→ menor altura da camada de lastro; • evitar a penetração do lastro na plataforma; • aumentar a resistência do leito à erosão e a penetração da água, auxiliando no processo de drenagem da via; • permitir relativa elasticidade ao apoio do lastro, para que a via permanente não seja rígida. Características do material do sublastro • IG (Índice de Grupo ou capacidade de suporte) – igual a zero; • LL (Limite de Liquidez ou menor teor de umidade) – máximo 35%; • IP (Índice de Plasticidade) – máximo 6%; • expansão máxima – 1%; • quando executado, o sublastro deverá ser compactado de modo a obter-se peso específico aparente correspondente a 100% do obtido no Ensaio de Proctor. 3. SUBLASTRO • material que se enquadre, de preferência, no grupo A1 de classificação de solos HRB (Highway Research Board); 3. SUBLASTRO Materiais empregados • brita • cascalho • escória • escória metálica • solos • saibro 3. SUBLASTRO Espessura do sublastro • a espessura do sublastro deverá ser tal que a distribuição de pressões através do mesmo acarrete, na sua base (plataforma), uma taxa de trabalho compatível com a capacidade de suporte da mesma; • geralmente, um sublastro com espessura de 20 cm é suficiente. 3. SUBLASTRO 4. LASTRO Funções • distribuir sobre a plataforma ou sobre o sublastro os esforços resultantes das cargas dos veículos, produzindo uma pressão adequada a sua capacidade; • formar um colchão até certo ponto elástico, atenuando as trepidações resultantes da passagem dos veículos; • formar uma superfície uniforme e contínua para os dormentes e trilhos, suprimindo as pequenas irregularidades na superfície da plataforma ou do sublastro; • impedir o deslocamento dos dormentes, quer no sentido longitudinal, quer no sentido transversal; • promover a drenagem da superestrutura e, no caso dos dormentes de madeira a sua aeração. 4. LASTRO Camada de lastro plataforma • resistência suficiente aos esforços transmitidos pelos dormentes; • possuir uma elasticidade suficiente para abrandar os choques; • ter dimensões que possibilitem a sua interposição entre e sob os dormentes, preenchendo as depressões da plataforma ou sublastro e permitindo o perfeito nivelamento dos trilhos; • possuir resistência aos agentes atmosféricos; • possuir permeabilidade para realizar a drenagem das águas das chuvas; • não estar sujeito a desgaste produtor de pó; • permitir uma soca eficiente por meios mecânicos (socadores, vibradores). Qualidades do lastro 4. LASTRO • escória granulada; • escória metálica; • cascalho de pedreira, cascalho de rio, seixos; • escória britada; • rocha britada. Materiais empregados 4. LASTRO Granulômetria Graduação 63,5mm 50mm 38mm 25mm 19mm 12,7mm 50mm a 25mm 0 0-5 35-65 85-100 90-100 95-100 Percentagens acumuladas nas peneiras A pedra utilizada na camada de lastro deve apresentar ainda as seguintes características: • desgaste verificado pelo MB-170 da ABNT, inferior a 50%; • percentagem de fragmentos macios e friáveis inferior a 5%; • teor de argila, em torrões, determinado conforme o MB-8 no máximo igual a 0,5%; • teor de materiais pulverulentos, conforme o MB-9, máximo de 1%. 4. LASTRO Dimensionamento P →→→→ carga em uma roda do veículo tipo (mais carregado) P = peso total / número de rodas (kg) Número de rodas: 2 truques, 2 eixos cada truque, 2 rodas por eixo = 8 rodas n →→→→ relação entre as distâncias dos eixos de duas rodas consecutivas do veículo (d) e o afastamento entre os eixos dos dormentes (e) e d n = 4. LASTRO (m) (m) Dimensionamento Carga distribuída em um grupo de dormentes (Pg) n P Pg = ⇒⇒⇒⇒ d eP Pg × = 4. LASTRO Dimensionamento Carga de cálculo (Pv) gvv PkP ×= onde kv →→→→ coeficiente dinâmico (valor mínimo = 1,4) 30000 1 2 v kv += +× × = 30000 1 2 v d eP Pv 4. LASTRO (velocidade em km/h) Dimensionamento Pressão na face inferior do dormente (Pm) sa P P vm × = onde: a →→→→ largura do dormente (cm) s →→→→ largura da soca (cm) 4. LASTRO Dimensionamento Pressão a uma altura h sob a face inferior do dormente →→→→ Fórmula de Talbot 25,1 87,53 i mhi h PP ×= 4. LASTRO • pressão admissível na plataforma (sublastro) (Pap) Dimensionamento s r ap n P P = onde: Pr →→→→ pressão de ruptura do solo ns →→→→ coeficiente de segurança 100 70 CBR Pr × = 4. LASTRO CBR em % Dimensionamento Determinação da camada de lastro Phi ≤ Pap 8,0 87,53 ≥ apP Pmh 4. LASTRO Metodologia para dimensionamento da camada de lastro 1. Definir os parâmetros básicos da EF: • bitola; • espaçamento entre dormentes; • carga total máxima por veículo; • afastamento entre duas rodas consecutivas; • velocidade operacional; 2. Determinar a carga dinâmica (Pv); 3. Determinar a pressão sob a face inferior do dormente (Pm); 4. Determinar pressão admissível (Pap) para o material a ser utilizadono sublastro ou plataforma; 5. Determinar a altura da camada de lastro. 4. LASTRO • o lastro não deverá cobrir os dormentes, sendo coroado a 5cm da face superior. No caso de dormente de concreto com blocos ligados por tirante metálico, o lastro deve ficar 2cm abaixo do tirante, observando o coroamento de 5cm; • a soca deve abranger para cada lado do eixo dos trilhos sob os dormentes, no mínimo 40cm para as bitolas larga e normal e 30cm para bitola estreita; • a faixa central não atingida pela soca terá, pelo menos, 30 a 40cm de largura. Limites para dimensionamento da seção 4. LASTRO • a capacidade de suporte da plataforma não deverá ser excedida pela pressão transmitida pelo lastro, o qual terá espessura suficiente para uniformizá-la; • a ombreira terá largura adequada a estabilidade da via, recomendando-se 30cm para as vias com trilhos longos soldados (TLS), 20cm para as vias com alta densidade de tráfego sem TLS e 15cm para as demais. Limites para dimensionamento da seção 4. LASTRO • o talude do lastro não terá inclinação superior a 1:1,5 (altura:base); • a altura da camada de lastro sob os dormentes deve variar entre 40cm e 20cm nas linhas de bitola larga e normal e entre 30cm e 15cm nas linhas de bitola estreita; • em linhas de grande solicitação, seja pela carga ou pela velocidade, a espessura poderá ser aumentada até atingir o valor do afastamento face a face dos dormentes, usando então uma camada de brita graduada (lastro) e uma de sub lastro com material de menor granulômetria; • quando a altura da camada lastro calculada ultrapassar a altura recomendada para a classe da linha, pode ser utilizado, por medida econômica, material de categoria inferior como sublastro, desde que ofereça boa condição de drenagem e tenha capacidade de suporte para a pressão que deve ser transmitida. Limites para dimensionamento da seção 4. LASTRO Aspectos construtivos • a escolha do material para lastro deve obedecer ao critério econômico, observados os dispositivos das normas técnicas; • o lastro ou sub lastro somente deve ser lançado sobre a plataforma devidamente regularizada, nivelada, compactada, abaulada e que apresente adequada condição de drenagem; • a soca do lastro deve ser executada preferencialmente por processo mecânico e ser feita, em qualquer caso em camadas de aproximadamente 15cm, sendo recomendado até reduzir este valor para 10cm em linhas de grande responsabilidade. 4. LASTRO exemplo Uma estrada de ferro com extensão de 200km será construída em bitola larga para escoar a produção de minério de ferro. Determine a altura da camada de lastro necessária sob os dormentes. Faça também a representação da seção tipo e determine o volume de material necessário para a execução da obra. Carga total por vagão= 119000kg Velocidade operacional= 70km/h Número de eixos por veículo = 4 Distância entre eixos = 2m CBR plataforma = 18,5% Coeficiente NS = 5,5 Soca = 40cm para cada lado do eixo dos trilhos Ombreira 30cm Espaçamento entre dormentes = 55cm = 1820 dorm/km Dimensões do dormente 2,8 x 0,24 x 0,17m Inclinação talude = 1:1,5 Fator majoração sobre a compactação = 10% • P = peso total/ numero de rodas • Pg = P*e/d • kv = 1+v²/30000 • Pv = Pg*Kv • Pm = Pv/a*s • Pr = (70*CBR)/100 • Pap= Pr/ns • h>= (Pm(53,87/Pap))^0,8 • P = peso total/ numero de rodas = 119000/8 = 14875kg • Pg = P*e/d = 14875*0,55/2 = 4090,62kg • kv = 1+v²/30000 = 1+70²/30000 = 1,16 ->1,4 (min) • Pv = Pg*Kv = 4090,62*1,4 = 5726,87kg • Pm = Pv/a*s = 5726,87/(24*(2*40))= 2,98kg/cm² • Pr = 70*CBR/100 = 70*18,5/100 = 12,95kg/cm² • Pap= Pr/ns =12,96/5,5 = 2,35kg/cm² • h>= (Pm(53,87/Pap))^0,8 >= (2,98(53,87/2,35))^0,8 = 29,35cm = 30cm (arredonda) – a partir da face inferior do dormente • Dormente de bitola larga = 2,80m • Dormente com altura 17cm = 12cm enterrados e 5cm descobertos • Ombreira de 30cm cada lado 1:1,542 X = 63 Total do subleito = 2,8+0,30*2+0,63*2 = 4,66m Aseçao = (4,66+3,40)*0,42/2 = 1,69m² *200.000m = 338000m³ (Vtotal) Vdormente = 2,8*0,24*0,12= 0,08m³ Vdormentes = 0,08*1820*200 = 29120m³ Vlastro = 338000-29120 = 308880m³ *1,1 = 339768m³ Determine a altura da camada de lastro para um EF de bitola estreita e 350km de extensão destinada ao transporte de produtos agrícolas e carga geral. Represente a seção tipo e determine o volume de material necessário. Carga total por vagão= 90.000kg Velocidade operacional= 70km/h Número de eixos por veículo = 4 Distância entre eixos = 1,574m CBR sublastro = 30% Coeficiente NS = 5,5 Soca = 30cm para cada lado do eixo dos trilhos Ombreira 30cm Espaçamento entre dormentes = 55cm – 1820 dorm/km Dimensões do dormente 2 x 0,22 x 0,16m Inclinação talude = 1:1,5 Fator majoração sobre a compactação = 10% Determine a altura da camada de lastro para uma EF de bitola larga destinada ao tráfego de trens urbanos de passageiros. O trecho tem extensão de 50km. Também representar a seção tipo e determinar a quantidade de material para o lastro. Carga total por vagão= 90.000kg Velocidade operacional= 85km/h Número de eixos por veículo = 4 Distância entre eixos = 2m CBR plataforma = 17% Coeficiente NS = 5,5 Soca = 40cm para cada lado do eixo dos trilhos Ombreira 30cm Espaçamento dormentes = 60cm 1667 dorm/km Dimensões do dormente 2,8 x 0,24 x 0,17m Inclinação talude = 1:1,5 Fator majoração sobre a compactação = 10%
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