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Infraestrutura de áreas verdes no Rita Vieira em conjunto ao planejamento

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Infraestrutura de áreas verdes no Rita Vieira em conjunto ao planejamento 
urbano da mobilidade sustentável 
 
 
Bianca Vilar de Oliveira¹; Rafaela Domingues Silva² 
¹ Discente da Matéria de Planejamento Urbano na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo 
do Centro Universitário Unigran Capital, MS, Brasil. 
122.158@alunos.unigrancapital.com.br ; ² Discente da Matéria de Planejamento Urbano na 
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Unigran Capital, MS, Brasil. 
122.174@alunos.unigrancapital.com.br . 
 
 
 
Resumo 
O presente trabalho analisou as características da Área 19, dado pelo 
Observatório UFMS. Foi estudado o bairro todo, através da metodologia de Kevin 
Lynch, sobre a abordagem de análise perceptiva e levantamento de dados 
socioeconômicos, a fim de evidenciar as problemáticas mais correntes e notórias, 
como a falta de área verde, mal planejamento de mobilidade urbana e alto índice de 
vazios urbanos. A partir disto, foram abordados meios de solucionar os problemas 
salientados e desta forma aumentar a qualidade de vida dos residentes. 
 
 
Palavras-chave: Infraestrutura; Áreas verdes; Mobilidade; Mobilidade sustentável; 
Bem-estar; Vazios Urbanos. 
 
mailto:122.174@alunos.unigrancapital.com.br
mailto:122.174@alunos.unigrancapital.com.br
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Introdução 
Áreas verdes são espaços onde existe vegetação arbórea inserida, tais como 
praças, parques e até mesmo terrenos baldios, considerados os vazios urbanos, 
uma grande problemática no planejamento urbano que desvaloriza o local. 
Geralmente as áreas verdes têm como finalidade proporcionar a melhora da 
qualidade de vida da população local, o aspecto estético, o passeio e o lazer, que 
assumiu esta função primordialmente na Grécia (LOBODA; ANGELIS, 2005). 
A importância de projetar estes espaços verdes está diretamente voltada à 
relação do homem com a natureza (SEGAWA,1996). O interesse pela criação 
destes no Brasil iniciou-se no final do século XVlll, pois os benefícios acarretados, 
tais como conservação dos ecossitemas, dispersão de semestes, absorção de CO2 
(ERNSTSON et al., 2010), começaram a ser reconhecidos. 
Em relação à mobilidade, tem-se um conceito amplo quando se afunila ao 
desenvolvimento sustentável, já que este aborda o equilíbrio entre as necessidades 
do homem com a proteção do ambiente natural, “que os bens e serviços têm de ter 
oferta disponível e compatível com as demandas da população, e essa oferta tem 
de apresentar estabilidade e regularidade ao longo do tempo.” (CARVALHO,2016, 
p.17). 
A área escolhida para o estudo está presente no bairro Rita Vieira, que se 
encontra na região do Bandeira, em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. A mesma 
remete não só ao bairro, mas também traz informações e dados sobre os 
residenciais Ilha Serena, sobrados, e o Bela Vista, blocos de apartamentos. Para 
realizar um estudo mais aprofundado em problemáticas que cercam todos os 
indivíduos locais, precisou-se estender ao seu entorno, portanto o bairro num todo. 
Desta forma, o estudo presente aponta a falta de infraestrutura na única 
praça existente no bairro, causando falta de interesse na população local pela 
mesma, além de ser monomodal o seu acesso, sem estabelecer o cuidado e 
preocupação com o ambiente natural e os demais meios de transporte. Assim, o 
2 
objetivo do mesmo, visa sugerir através da análise perceptiva e cognitiva soluções 
que trarão novos ambientes voltados ao lazer dos indivíduos, que trarão também a 
melhoria na mobilidade urbana. 
 
Objetivos 
Realizar um estudo a partir da análise feita sobre a área 19 e o bairro Rita 
Vieira. O qual apresentará uma problemática abordando a falta de infraestrutura das 
áreas verdes e da mobilidade urbana e o método para solucioná-la, a fim de 
priorizar as necessidades populacionais. 
 
Metodologia 
Este trabalho foi realizado através de uma análise da área 19 - Residencial 
Ilha Serena/ Bela Vista/ Rita Vieira, dado pelo Observatório da UFMS. O estudo 
baseia-se na metodologia de Kevin Lynch em “A imagem da cidade” (1960) que 
visa o aspecto cognitivo e a análise tanto da dinâmica urbana quanto morfológica do 
bairro, além de discorrer sobre o desenvolvimento de planejamento e apresentar 
uma suposta intervenção para implementar no mesmo. O trabalho foi elaborado 
com levantamento de dados, tais como: 
 
● Características da área construída; 
● Intensidade de arborização local; 
● Mobilidade urbana; e 
● Infraestrutura. 
 
Discussão 
Área de estudo 19 
3 
Pertencente a região Bandeiras, localizado zona urbana e ambiental Z4, o 
bairro Rita Vieira com seus 13.693 habitantes e aproximadamente 9,53km² de 
extensão, de acordo com Sistema Municipal de Geoprocessamento (SIMGEO), é 
uma das áreas mais promissoras da cidade de Campo grande, já que possui água 
encanada, bastante áreas verdes (contudo nem todas são benéficas, por exemplo 
várias são vazios urbanos), tranquilidade, escolas, segurança e tendo como um 
atrativo a mais o fato de estar a 6km do Centro. Essa região, como a maioria dos 
bairros de Campo Grande, se originou de fazendas, através do fazendeiro Zacarias 
Vieira de Andrade que em 1985 viu o potencial da sua área tanto em localização 
quanto por ser uma área plana e transformou sua fazenda de criação de vacas em 
um loteamento residencial. O bairro por possuir todos esses fatores positivos, 
cresceu aceleradamente, mas com esse crescimento foi observado alguns 
problemas como a falta de meios diversos voltado à mobilidade urbana e suas 
poucas áreas verdes remetidas ao lazer da população. 
Figura 1 - Mapa Rita Vieira sem ruas pavimentadas 
 
Fonte: Google Maps, 2015 
 
O desenvolvimento da área 19 foi rápido em relação às edificações, 
densidade urbana e infraestrutura, contudo não há o acompanhamento por parte do 
Governo, trazendo um dos maiores problemas e mais visível do bairro que é o 
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déficit na mobilidade por ausência de pavimentação viária. Por muito tempo apenas 
as vias principais e de ônibus eram asfaltadas e esse descaso revolta os moradores 
da região que pedem por essa melhoria. A mobilidade urbana é de extremaimportância para a sociedade tanto para cumprir o Artigo Xlll, da Declaração 
Universal dos Direitos Humanos de ir e vir que todo cidadão possui, quanto para o 
desenvolvimento da cidade na questão socioeconômica. A falta de planejamento 
urbano relacionado a esta mobilidade é agravante para o bem-estar dos moradores 
e até do meio ambiente. 
Ao fazer a análise, constatou-se que o bairro estudado é marcado pela 
tipologia residencial, no entanto em constante desenvolvimento comercial. Seu perfil 
socioeconômico é representado pela população jovem-adulta de classe média alta, 
devido a isto observa-se um grande fluxo de automóveis, tanto individual quanto 
coletivo. Este fluxo intenso é agravado nos períodos de pico, o que ocasiona 
congestionamento nas principais vias do bairro, tal como apresentado nas figuras 
abaixo. Além de ser geradora de tráfego, esta rotatória tem a característica de 
agente limitante entre os bairros Rita Vieira e Vilas Boas. 
 
Figura 2 - Rotatória Av. Rita Vieira com saída para demais bairros 
 
Fonte: Google Earth 
5 
Figura 3 - Cruzamento Av. Rita Vieira de Andrade e R. Mariza Andrade Ribeiro 
 
Fonte: Google Earth 
 
Outros problemas percebidos através do estudo foram os poucos espaços 
verdes destinados ao lazer e a grande quantidade de vazios urbanos, que afetam 
diretamente os moradores daquele bairro. Os vazios são áreas particulares ou 
públicas sem construções e muitas vezes abandonadas, que podem a vir se tornar 
lugares perigosos para as pessoas tanto na questão de segurança quanto na 
ambiental, esses terrenos quando não cuidados acabam se tornando um matagal e 
um depósito lixo que consequentemente vira criadouro de bichos e insetos como o 
Aedes aegypti , causador da dengue. Esse assunto não é novo para a cidade de 
Campo Grande tendo em vista que no ano de 1995 estava sendo decretado no 
Plano Diretor o combate desses ambientes através de políticas de habitação e 
urbanização. 
 
 
 
 
6 
Figura 4 - Mapa com destaque em vazios urbanos 
 
Fonte: SISGRAN 
 
Figura 5 - Exemplo de vazio urbano 
 
Fonte: Google Imagens 
 
Em contrapartida há poucas áreas verdes devidamente urbanizadas, o bairro 
Rita Vieira apresenta apenas uma praça, a Praça Jovelina Ferreira Gonçalves com 
infraestrutura. A discussão sobre áreas verdes nas regiões urbanas não é novidade, 
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mas apenas no século XX existiu o interesse político na adição e criação de parques 
públicos (MACEDO; SAKATA 2002). 
Figura 6 - Praça Jovelina Ferreira Gonçalves ( área aproximadamente 6.782,40 m²) 
 
Fonte: Google Maps; 2019 
 
Um bom ambiente urbano está ligado a vários aspectos sendo um deles a 
importância do verde nas cidades. Pois vão além da questão visual, estão 
relacionadas ao microclima local, fauna da cidade, arborização, geradora de fluxo, 
de lazer e até políticos e culturais. A partir disso, entende-se que o bem estar social 
está diretamente relacionado ao quantitativo e qualitativo das áreas citadas (LIMA; 
AMORIM 2006). 
 
Considerações finais 
 
A partir do estudo realizado por meio de uma análise cognitiva baseada no 
método do Kevin Lynch, compreende-se que a importância do bem-estar social está 
diretamente ligada à aspectos que visem a qualidade de vida, tais como os 
principais apresentados, áreas verdes direcionadas ao lazer da população local, 
mobilidade urbana que atenda de maneira eficaz e planejamento de vazios urbanos. 
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Visando estes dados é possível criar novas áreas verdes de lazer em vazios 
urbanos, os quais são postergados no planejamento urbano. Ao receber 
infraestrutura adequada, como iluminação, mobiliários urbanos, segurança e 
equipamentos aos indivíduos (academia ao ar livre, quadras esportivas e 
parquinhos), o local passará a ser de interesse social, trazendo ademais a sensação 
de pertencimento entre os moradores e o bairro. Estas novas áreas devem ser 
planejadas de maneira estrategicamente, ao pretender melhorias para todo o bairro 
e não apenas sua centralidade. 
Em seguimento, ao projetar novos ambientes atrativos para os residentes e 
transeuntes, gera-se um outro fluxo e por consequência, há a necessidade de 
implementar melhorias na questão da mobilidade urbana. Fatores como 
pavimentação, deve ser primordial a ser realizada, além de trazer meios 
sustentáveis, como a execução de ciclovias, tendo em vista que a maior parte das 
ruas do bairro são largas, o que não afetaria negativamente a mobilidade dos 
automóveis. 
 
 
 
Referências 
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(Art. 5° [XV] A). Paris. 
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UFMS 2016. Campo Grande, MS, Fevereiro, 2016. 
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< http://labeee.ufsc.br/sites/default/files/projetos/normalizacao/Termica_parte3_SET2 
004.pdf >. Acesso em: 30 de Mai. 2020. 
CARVALHO, Carlos Henrique Ribeiro de. Mobilidade urbana sustentável: 
conceitos, tendências e reflexões . 2016. 
http://labeee.ufsc.br/sites/default/files/projetos/normalizacao/Termica_parte3_SET2004.pdf
http://labeee.ufsc.br/sites/default/files/projetos/normalizacao/Termica_parte3_SET2004.pdf
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Conceitos, Usos e Funções . Ambiência - Revista do Centro de Ciências Agrárias e 
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LYNCH, Kevin; AFONSO, Maria Cristina Tavares. A imagem da cidade . 1997. 
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em: 2 de Mai. 2021. 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.campogrande.ms.gov.br/simgeo/
https://sisgran.campogrande.ms.gov.br/mapas/#14/-20.5064/-54.5800

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