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Maíra Coêlho | 2021.2 UNINOVAFAPI – SOI III APG 10 ENDOCARDITE INFECCIOSA Problema: É couve-flor Objetivos: ESTUDAR A FISIOPATOLOGIA E ETIOLOGIA DA ENDOCARDITE INFECCIOSA; COMPREENDER AS MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS E COMPLICAÇÕES DA ENDOCARDITE; PONTUAR OS EXAMES PARA DIAGNÓSTICO; ENTENDER A DIFICULDADE DE ACEDSO A SAÚDE NO MEIO RURAL; DEFINIÇÃO/ETIOLOGIA A endocardite infecciosa (EI) é uma infecção microbiana do endotélio cardíaco na qual a invasão microbiana das valvas e/ou endocárdio produz um aspecto de vegetação (composta por fragmentos necrosados, trombos e microorganismos). É uma doença relativamente infrequente, apresentando cerca de 3-10 casos por 100.000 pacientes/ano, porém apresenta uma taxa de mortalidade alta, com um terço dos pacientes falecendo no primeiro ano após o diagnóstico. A EI pode ser classificada em aguda e subaguda dependendo da evolução clínica. PATOGENIA O coração normal é relativamente resistente à infecção, assim as bactérias e os fungos não aderem facilmente à superfície do endocárdio e o constante fluxo sanguíneo dificulta a colonização. Desse modo, são necessários distúrbios que afetem o funcionamento correto do coração para, então o desenvolvimento dessa patologia, dentre esses fatores têm-se: • Anormalidades que predispõem o endocárdio a colonização bacteriana • Microorganismos circulantes na corrente sanguínea (bacteremia). Raramente um microrganismo provoca endocardite em uma valva normal. Dessa forma, valvas doentes são mais predispostas à infecção (cardiopatia reumática, prolapso, estenoses e calcificações) • Próteses valvares cardíacas são responsáveis por 10-20% de todos os casos de endocardite infecciosa. • Fatores como: neutropenia, imunodeficiência, tumor maligno, diabetes melito e abuso de álcool ou de drogas intravenosas, também aumentam o risco de endocardite infecciosa . Cerca de 50-60% dos casos de endocardite são causados pelo Streptococcus viridan. A porta de entrada do microorganismo na corrente sanguínea pode ser por: • Uma infecção manifesta em qualquer local. • Procedimento dentário ou cirúrgico que causa bacteremia transitória, principalmente em pacientes com gengivite. Maíra Coêlho | 2021.2 UNINOVAFAPI – SOI III • Injeção de material contaminado diretamente na corrente sanguínea por usuários de drogas intravenosas. Portanto para o desenvolvimento de uma quadro de endocardite infecciosa deve ocorrer: • Bacteremia: microorganismos presentes no sangue • Adesão dos microrganismos no endotélio anormal ou danificado • Colonização dos microrganismos levando a inflamação e formação de uma vegetação no local da infecção. FATORES DE RISCO: • Valvopatias (doença reumática, prolapso mitral com insuficiência valvar e calcificação das valvas) • Protese valvar • Passado de endocardite • Uso de drogas intravenosas • Dispositivos implantados (marca- passo, cardiodesfibrilador e cateter venoso central) CLASSIFICAÇÃO A endocardite pode ter evolução aguda e subaguda. Nas formas aguda e subaguda da doença, as valvas cardíacas exibem vegetações friáveis, volumosas e potencialmente destrutivas que contêm fibrina, células inflamatórias e microrganismos. A valva da aorta e a valva atrioventricular esquerda são os locais mais comuns de infecção. Endocardite bacteriana subaguda (EBS): É causada mais comumente por estreptococos, em especial o viridans. Geralmente se desenvolve em valvas anormais após bacteremia assintomática, decorrente de infecções periodontais, gastrointestinais ou geniturinárias. Endocardite bacteriana aguda (EBA): tem início abrupto e progride rapidamente (em dias). A porta de entrada do microorganismo é comumente encontrada. Pode comprometer valvas normais, geralmente é causada por Staphylococcus aureus, e estreptococos beta hemolíticos do grupo A. Fig. Principais formas de endocardite vegetante. A fase aguda da febre reumática da cardiopatia reumática (CR) é caracterizada por pequenas vegetações inflamatórias verrucosas ao longo das linhas de fechamento das valvas; à medida que a inflamação desaparece, pode restar cicatrização considerável. A endocardite infecciosa (EI) é caracterizada por grandes massas irregulares, frequentemente destrutivas, que podem se estender das válvulas das valvas até o interior das estruturas adjacentes (p. ex., cordas ou miocárdio). A endocardite trombótica não bacteriana (ETNB) normalmente se manifesta como pequenas vegetações lisas de tamanho médio e não destrutivas localizadas na linha de fechamento das valvas. A endocardite de Libman-Sacks (ELS) é caracterizada por vegetações inflamatórias de tamanho pequeno ou médio presas nos dois lados das válvulas das valvas; essas vegetações desaparecem deixando cicatrizes. Fig. Endocardite infecciosa. A, Endocardite subaguda causada por Streptococcus viridans que afetou uma valva atrioventricular esquerda previamente mixomatosa. As vegetações grandes e friáveis estão indicadas por setas. B, Endocardite aguda causada por Staphylococcus aureus que afetou uma valva da aorta congenitamente bicúspide; há extensa destruição valvular e um abscesso anular (seta). SINAIS E SINTOMAS Febre é o sinal mais constante, contudo nos idosos no quadro subagudo pode estar ausente. Os sinais e sintomas tanto da endocardite aguda quanto da subaguda são os mesmos o que muda é o curso clínico que no caso da aguda é mais rápido. Endocardite aguda/subaguda: • Febre de início violento • Calafrios, fraqueza • Os sopros estão presentes em 90% dos pacientes com lesões no lado esquerdo do coração • Presença de petéquias pela formação de microêmbolos Maíra Coêlho | 2021.2 UNINOVAFAPI – SOI III • Hemorragias no leito ungueal • Fig. Hemorragia do leito ungueal. • Hemorragias retinianas na forma arredondada causa por êmbolos (manchas de Roth) • Lesões de Janeway:lesões eritematosas indolores na palma das mãos ou na sola dos pés. • Nódulos de Osler: nódulos doloridos nas pontas dos dedos Maíra Coêlho | 2021.2 UNINOVAFAPI – SOI III Fig. Lesões de Janeway. Consequências sistêmicas As consequências sistêmicas da endocardite ocorrem primariamente por • Embolização do material infectado da valva cardíaca • Fenômenos imunomediados (principalmente na infecção crônica) As lesões do lado direito tipicamente produzem êmbolos sépticos pulmonares, que podem levar a infarto pulmonar, pneumonia ou empiema. As lesões do lado esquerdo podem embolizar para qualquer órgão, especialmente rins, baço e sistema nervoso central. Aneurismas micóticos podem se formar em qualquer artéria de grosso calibre. São comuns as embolias cutânea e retiniana. A glomerulonefrite difusa pode ser decorrente da deposição de imunocomplexo. DIAGNÓSTICO Deve se suspeitar de endocardite em pacientes com febre e sem sinais de infecção, especialmente em pacientes que apresentam sopro no exame físico. A suspeita de endocardite é elevada nos casos de pacintes com hemocultura positiva e história de valvopatias e que foram submetidos a procedimentos invasivos ou pacientes usuários de drogas injetáveis. O diagnóstico de endocardite infecciosa leva em conta: • Hemoculturas: deve-se ser coletada 3 amostras de sangue para hemocultura. • Ecocardiografia • Critérios clínicos (critérios de Duke) O diagnóstico é confirmado por culturas de sangue positivas e pelos achados ecocardiográficos. Critérios de Duke: São baseados em achados clínicos, ecocardiográficos e biológicos, e também em resultados de hemoculturas e sorologias. Para ter o diagnóstico de EI definido, é necessário, dentre os critérios de Duke, • Dois critérios maiores • Ou um maior e três menores • Ou cinco menores. TRATAMENTO DA ENDOCARDITE INFECCIOSA O tratamento da EI é baseada na antibioticoterapia, que deve começaro quanto antes, de forma empírica de acordo com a suspeita do microrganismo assim que for colhido as hemoculturas. Os antibióticos devem ser administrados via intravenosa, com agentes bactericidas e utilizando combinações sinérgicas. Maíra Coêlho | 2021.2 UNINOVAFAPI – SOI III Fatores determinantes • Tipo de valva acometida (nativa ou protética). • Agente etiológico envolvido. • Evolução (aguda ou subaguda). O tratamento consiste em um período prolongado de terapia antimicrobiana e a cirurgia pode ser necessária em virtude de complicações. Duração A duração do tratamento vai variar de acordo com o tipo de valva, com duração de 4 semanas se valva nativa e de 6 a 8 semanas se prótese valvar.
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