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Propagação das infecções odontogênicas 1 Propagação das infecções odontogênicas Created Property Tags Unidade 3 Etiologia das infecções odontogênicas Os processos infecciosos dentais envolvem os dentes e seus tecidos circunvizinhos (de natureza odontogênica ou não) Variadas origens (etiologias) Periapical Cárie Necrose pulpar Infecção periapical Mais frequente → relação dos dentes com os tecidos Sequência: Em condições normais, a polpa mantém a vitalidade arcabouço formado pelos tecidos dentários rígidos Quando a polpa é exposta a microrganismos cariogênicos (própria evolução da cárie → inicialmente no esmalte, se propaga para tecido dentinário e então tecido pulpar) → reações inflamatórias irão ocorrer, mas devido à rigidez dos tecidos dentários, a polpa não consegue fazer sua expansão, uma vez que uma das características principais de uma inflamação é o edema (inchaço), precisa ocorrer a liberação de líquido para que tenha esse edema, porém não há espaço para isso no tecido pulpar March 28, 2021 1113 AM Propagação das infecções odontogênicas 2 A consequência disso é a necrose do tecido pulpar, sua morte Isso acontece até chegar na região do periápice dentário, onde ocorrerá uma infecção periapical Periodontal Gengivite Processo inflamatório na região gengival Bolsa periodontal Microrganismos se propagam para as regiões próximas Processo de sondagem: sonda é introduzida no sulco que separa tecido gengival e dentário, avaliando sua profundidade → num processo infeccioso, a consequência é a reabsorção do tecido ósseo, então a infecção também vai se disseminando na região dentária de suporte Vias de propagação das infecções odontogênicas Continuidade Mais comum Os tecidos atingidos estão em proximidade com o foco infeccioso inicial ⛑ Infecção num dente → tecido ósseo que envolve o elemento dentário → penetra nas corticais ósseas → tecido conjuntivo envolvendo tudo → invade regiões mais próximas Via linfática Capilares linfáticos, linfonodos e demais regiões do sistema linfático Linfonodos infeccionados → aspecto infartado (aumentado) Também propaga células cancerosas → associada com a metástase Via sanguínea Propagação das infecções odontogênicas 3 Via hematogênica Também transporta células cancerosas Microrganismos circulam principalmente pela drenagem venosa Bainhas nervosas Mais incomum Segue o trajeto das bainhas de nervos, podendo chegar até regiões mais distantes Fatores determinantes da localização inicial das infecções odontogênicas Num quadro de propagação de uma infecção microbiana, os microrganismos invasores sempre irão perfurar a cortical óssea e se disseminar para os locais que são anatomicamente previsíveis → porque é mais facial A infecção sempre vai para o local que é mais conveniente pra ela Quando mais resistente for uma região óssea, menor vai ser a chance da região ser infectada → é mais difícil de ser perfurada Dois fatores determinantes: Espessura das corticais (em torno dos ápices radiculares) Vestibular Lingual Apical Inserções musculares (relação com os ápices) Vestíbulo bucal Espaços fasciais Espessura das corticais em torno dos ápices radiculares Propagação das infecções odontogênicas 4 Comparação entre tábua óssea vestibular e tábua óssea lingual Exemplo 1 A vestibular é menos espessura, devido a isso é mais fácil de ser perfurada, sendo então a escolha do lugar de infecção Exemplo 2 Tábua lingual é mais fina que a vestibular, sendo assim é a escolhida para a infecção Relação dos ápices radiculares com as inserções musculares Exemplo 1 Ápice do dente está em uma posição inferior em relação à inserção do músculo (bucinador) → a infecção é propagada para o interior da cavidade oral (vestíbulo oral), uma vez que o músculo vai estar protegendo esse ápice dentário, então caso ocorra uma infecção ela irá para o interior da cavidade oral, já que ela não consegue ultrapassar esse músculo que está em posição superior ao ápice dentário Exemplo 2 Ápice do dente está em uma posição superior à inserção do músculo bucinador, então caso aconteça a disseminação de uma infecção, ela vai para a região superior ao ápice, não entrando na cavidade oral, mas sim no espaço fascial, pois o músculo estará vetando a entrada para a região oral Localização dos abscessos iniciais - maxila A maior das infecções envolvem dentes e estão relacionadas com as corticais vestibulares A maioria das infecções tem relação com o ápice dentário que está localizado abaixo do músculo relacionado Exceções: Propagação das infecções odontogênicas 5 Um grande números de incisivos laterais possui a sua raiz inclinada para a lingual (palatina) e ela vai então tornar essa parede mais fina e viável a receber o processo infeccioso Raiz lingual do primeiro molar superior e do primeiro pré-molar superior Em relação às inserções musculares Os incisivos possuem relação com o músculo orbicular da boca e seus ápices estão situados inferiormente à ele, ou seja, a infecção vai para o vestíbulo oral Exceção: incisivos laterais Os caninos vão fazer relação com o músculo levantador do ângulo da boca, estão abaixo do músculo, com região de propagação no vestíbulo oral Caso a raiz seja mais alongada, o seu ápice poderá estar acima do músculo, então a infecção irá para o espaço fascial canino Pré-molares e molares têm relação com o músculo bucinador e seus ápices estão abaixo deles na maioria das pessoas, então a infecção iria para o vestíbulo bucal No caso dos molares, seus ápices também podem estar localizados acima do músculo bucinador, sendo assim a infecção iria para o espaço fascial, o espaço bucal Os pré-molares tem maior dificuldade de propagar infecções por parede palatina Infecção na parede vestibular Propagação das infecções odontogênicas 6 Pus associado → cor mais amarela Infecção por parede palatina Aumento de volume considerável Foco inicial: infiltração na restauração Localização de abscessos iniciais - mandíbula Parede de preferência a ser perfurada é a vestibular Relação dos ápices dentários é oposta à dos dentes maxilares Acima da inserção muscular: vai para a região do vestíbulo oral Abaixo da inserção muscular: vai para a região do espaço fascial Incisivos: em caso de processo infeccioso (tanto em centrais quanto em laterais), os seus ápices em geral estarão acima do músculo mentual, então a infecção irá para o vestíbulo oral Propagação das infecções odontogênicas 7 Exceção: ápice abaixo do músculo mentual, então o abcesso será drenado para o espaço submentual Caninos: ápice acima do músculo abaixador do ângulo da boca, então a região de propagação de processos infecciosos, será o vestíbulo oral Quando o dente tem uma raiz mais alongada, a região do ápice vai estar abaixo músculo abaixador do ângulo da boca, então a área que vai receber a infecção será o espaço submentual Pré-molares: parede vestibular sendo a preferência para a propagação das infecções; na maioria das pessoas o ápice dentário está acima do músculo bucinador e nesses casos a infecção vai também para o vestíbulo oral Os pré-molares também podem drenar abcessos para o espaço bucal, o que acontece quando seus ápices estão abaixo do músculo bucinador Molares: preferência pela parede vestibular → 2ºs molares tem chance de propagar pra região lingual que é maior do que os primeiros e os 3ºs molares terão mais chances do que os 2ºs 1º e 2º molares: drenam uma infecção para o vestíbulo oral quando os seus ápices estão acima do músculo bucinador e podem drenar para o espaço bucal, quando seus ápices estiverem abaixo desse mesmo músculo → perfuração da parede vestibular Perfuração da parede lingual → ápices estão acima do músculo milo- hioideo; infecção vai para o espaço sublingual 2º e 2º molares: o ápice dentário pode estar também abaixo desse mesmo músculo, então a região que vai receber a infecção será o espaço submandibular Propagação das infecçõesodontogênicas 8 Formação de fístula: trajeto para que aconteça uma drenagem do processo infeccioso Nem sempre consegue se detectar qual foi o foco inicial Introdução de um cone na fístula e radiografa, então o dente associado poderá ser visto Formação de fístula extraoral → remoção cirúrgica Acúmulo do pus com a área da pele protegendo a sua saída → aspecto mais eritematoso da pele Infecções odontogênicas complexas A maior parte das infecções odontogênicas são de pequeno porte, com drenagem em região de vestíbulo oral ou em regiões anatomicamente previsíveis Quando não são tratadas, podem chegar em áreas de maior complexidade Espaços fasciais Propagação das infecções odontogênicas 9 Seio maxilar Trombose do seio cavernoso Celulite periorbital Espaços fasciais Características comuns Delimitados por fáscias e músculos Virtuais em indivíduos sadios → não representam espaço verdadeiro; são preenchidos por tecido conjuntivo frouxo, tecido adiposo ou estruturas neurovasculares Quando infeccionadas, as fáscias que os delimitam podem ser perfurados Pouco vascularizados → capacidade de defesa masi restrita Fácil propagação → não possui resistência no tecido Complexidade de tratamento → difícil acesso e pouca vascularização Categorias Primários → infecções odontogênicas Maxila Mandíbula Secundários → recebem a infecção dos primários; localização posterior Massetérico Pterigomandibular Temporal profundo Temporal superficial Cervicais → acometidos quando a infecção chega nos espaços do pescoço Espaços fascias primários MAXILA Propagação das infecções odontogênicas 10 Canino Limites Anterior: pele Posterior: parede anterior da maxila Superior: músculo levantador do lábio superior Inferior: músculo levantador do ângulo da boca Conteúdo Feixe vásculo-nervoso (artéria, veia e nervo) infraorbital Causa Infecção do canino superior Acontece quando seu ápice está acima do m. levantador do ângulo da boca ⛑ Sinais clínicos: quando infectado, observa-se um edema na área correspondente ao espaço canino, podendo causar até a obliteração do sulco nasolabial, podendo também chegar ao ângulo medial do olho, provocando um quadro semelhante a uma inflamação do saco lacrimal Bucal Limites: Lateral: pele / tecido subcutâneo (anterior) e masseter (posterior) Medial: músculo bucinador Conteúdo: Corpo adiposo da bochecha Causa: Infecções em molares superiores (mais frequentes) → ápice acima do músculo bucinador Propagação das infecções odontogênicas 11 Infecções em pré-molares e molares inferiores ⛑ Sinais clínicos: edema abaixo do arco zigomático e acima da margem inferior da mandíbula Infratemporal Mais difícil de ser envolvido e geralmente está associado com infecções mais graves Limites: Anterior: maxila Superior: base do crânio e superfície infratemporal da asa maior do esfenoide Medial: lâmina lateral do processo pterigoideo Lateral: contínuo com espaço temporal profundo Conteúdo: Músculos pterigoideos lateral e medial Causa: Terceiro molar superior ⛑ Sinais clínicos: podres sinais clínicos, no geral ocorrerá um trismo, que é uma limitação de abertura bucal MANDÍBULA Submentual Limites: Ântero-lateral: ventres anteriores do m. digástrico Superior: músculo milo-hioideo Inferior: músculo platisma e pele Propagação das infecções odontogênicas 12 Posterior: osso hioide Causa: Associada com incisivos e caninos inferiores com raízes alongadas Ápices dentários localizados abaixo do músculo mentual ⛑ Sinais clínicos: pouco frequentes, um discreto edema da pele que recobre a região, em relação à linha média Bucal Sublingual Limites: Lateral: corpo da mandíbula Superior: mucosa do assoalho bucal Inferior: músculo milo-hioideo Posterior: contínuo com espaço submandibular e espaços secundários Causa: Molares e pré-molares inferiores Vai ser atingido em caso de drenagem lingual e acima do músculo milo-hioideo ⛑ Sinais clínicos: edema intrabucal de grande proporção, que eleva o assoalho oral e pode atravessar o plano sagital mediano, tornando- se bilateral Submandibular Limites: Lateral: corpo da mandíbula Superior: músculo milo-hioideo Propagação das infecções odontogênicas 13 Inferior: lâmina de revestimento da fáscia cervical, m. platisma e pele Posterior: contínuo com espaços secundários Causa: Terceiro e segundo molares inferiores Infecção drena por lingual abaixo do músculo milo-hioideo ⛑ Sinais clínicos: edema extraoral que se propaga da margem inferior mandibular até o músculo digástrico e posteriormente ao osso hioide Angina de Ludwig Envolvimento bilateral e simultâneo dos espaços Tem complexidade e gravidade consideráveis Espaços fasciais envolvidos: Submandibular Sublingual Submentual Características clínicas: Língua lenhosa (elevação e protrusão da língua) Pescoço de touro (edema em região cervical) Trismo Condição de elevada gravidade e letalidade - Edema cervical → dificuldade respiratória → em alguns casos há necessidade de traqueostomia Pode chegar até espaços fasciais secundários e cervicais Espaços fasciais secundários Propagação das infecções odontogênicas 14 Recebem a infecção dos espaços fasciais primários → acontece quando o tratamento não é feito da forma correta Mais grave Se localizam posteriormente tanto na maxila quanto na mandíbula ESPAÇO MASTIGADOR Estão interligados por músculos e fáscias mastigatórias e vão se comunicar livremente e são ocupados por tecido conjuntivo frouxo e pelo corpo adiposo mastigador Massetérico Limites: Medial: ramo da mandíbula Lateral: músculo masseter Causa: Infecções do espaço bucal Terceiros molares inferiores Pericoronarite: infecção associada com os tecidos que envolvem terceiros molares inferiores ⛑ Sinais clínicos: discreto edema na região do ângulo mandibular e também trismo, devido a sua associação com o músculo masseter Pterigomandibular Limites: Medial: músculo pterigoideo medial Lateral: ramo da mandíbula Superior: músculo pterigoideo lateral Causa: Propagação das infecções odontogênicas 15 Infecções dos espaços sublingual e submandibular Agulhas anestésicas contaminadas (anestesias dos nervos alveolar inferior e lingual → maior frequência) ⛑ Sinais clínicos: pouco inchaço, ocorre trismo (envolvimento dos músculos pterigoideos) Temporal profundo e superficial Limites: Medial: assoalho da fossa temporal e espaço infratemporal Lateral: fáscia temporal e espaço massetérico Divisão feita pelo músculo temporal: Espaço temporal profundo (medial) Espaço temporal superficial (lateral) Causa: O acometimento desses espaços é mais raro e ocorre apenas em infecções muito graves As infecções vem dos espaços massetérico e pterigomandibular ⛑ Sinais clínicos: edema na região temporal, que se estende acima do arco zigomático e posterior à margem lateral da órbita, podendo também ocorrer trismo Espaços cervicais Fáscia cervical: envolve as mais variadas estruturas cervicais, promovendo a criação de diversos compartimentos permitindo que eles deslizem uns sobre os outros durante a movimentação da cabeça, deglutição e outros procedimentos Fáscia cervical superficial Propagação das infecções odontogênicas 16 Lâmina fina de tecido conjuntivo situada abaixo da derme, que vai envolver o músculo platisma → adota forma bilaminada quando chega no músculo platisma Fáscia cervical profunda Lâmina superficial (de revestimento) Mais externa Reveste todas as estruturas da região cervical e adota forma bilaminar quando se relaciona com os músculos esternocleidomastoideo e trapézio (envolve os dois) Lâmina pré-traqueal Tem relação com a glândula tireoide, laringe, traqueia, esôfago e toda a musculatura relacionada, principalmente músculos infra-hioideos Lâmina pré-vertebral Envolve músculos vertebrais anteriores e se estende lateralmente, envolvendo os músculos escalenos anterior, médio e levantador da escápula, assim como toda a musculatura vertebral anterior, laterale pré-vertebral Fáscia alar: Se localiza entre a lâmina pré-traqueal e a lâmina pré-vertebral Está anterior aos corpos vertebrais Une as duas bainhas caróticas, que estão laterais a ela Bainha carótica: Condensação da fáscia cervical profunda que vai envolver várias estruturas Artérias carótidas comum e interna, veia jugular interna, nervo vago e componentes da alça cervical Propagação das infecções odontogênicas 17 Espaços na região cervical Delimitados pelas fáscias Espaço pré-traqueal: Entre lâmina pré-traqueal da fáscia cervical profunda e a traqueia Se estende da região de laringe até a bifurcação da traqueia, que posteriormente ao arco da aorta Espaço retrovisceral: Espaço posterior à faringe e ao esôfago Espaço retrofaríngeo e retrofaríngeo Espaço pré-vertebral Entre lâmina pré-vertebral da fáscia cervical profunda e a coluna vertebral Espaço perigoso Entre a fáscia alar e a lâmina pré-vertebral da fáscia cervical profunda Se estende desde a região da base do crânio até o diafragma Pode ser alcançado por processos provenientes da região retrofaríngea Como tem extensão até o diafragma, uma vez infectado pode disseminar para as estruturas relacionadas Propagação das infecções odontogênicas 18 Outras localizações de infecções odontogênicas Seio maxilar Cavidade nasal Órbita Seio cavernoso Sinusite odontogênica Processo infeccioso de origem odontológica que se manifesta em região de seio maxilar As infecções originárias desse processo estão com maior frequência relacionada com molares superiores Relação diferente de acordo com o dente 2ºMS > 1ºMS > 3ºMS > 2ºPMS > 1ºPMS Presença de raízes fraturadas Dentes no seio maxilar Sintomas: semelhantes a uma sinusite tradicional Trombose do seio cavernoso Infecção do seio cavernoso → ocorre por via hematogênica → origina a partir de um dente (pré-molar superior até um molar superior) → perfura cortical Propagação das infecções odontogênicas 19 vestibular → chega até a região do seio cavernoso Localização: Base do crânio Sela turca Comunicações: Veia angular Se anastomosa com as veias oftálmicas superior e inferior, essas se comunicam diretamente com o seio cavernoso Plexo venoso pterigoideo Pode drenar uma infecção para o seio cavernoso através das veias emissárias esfenoidais A trombose do seio cavernoso ocorre devido a sua comunicação com essas duas estruturas Importância clínica devido a sua relação com outras estruturas importantes Relações: Artéria carótida interna Nervo oftálmico Nervo oculomotor Nervo troclear Nervo abducente ⛑ Sinais clínicos: aumento edemasiado periorbitário (do tecido que envolve a região), protrusão e fixação do globo ocular, rigidez e tumefação da região frontal e do nariz, dilatação pupilar, lacrimejamento, fotofobia, alteração de visão, aspecto eritematoso em região de conjuntiva (olhos com aspecto avermelhado), febre, calafrios, cefaleia etc Propagação das infecções odontogênicas 20 Em dentes inferiores a infecção de dissemina por toda a região de face até chegar na região orbital Celulite periorbital Origem: Espaço canino Dacriocistite (infecção na região do saco lacrimal) Seio maxilar Riscos: Trombose do seio cavernoso Danos ao conteúdo da órbita
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