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DOMESTICAÇÃO DE PLANTAS
A domesticação das plantas pode ser um dos processos mais importantes relacionados a história dos seres humanos, ela causou uma mudança de comportamento humano de forma tão relevante que passou a ser considerada um pré-requisito para o surgimento de civilizações, assim como, da agricultura como a conhecemos.
Pode-se definir que a domesticação das plantas é um processo evolutivo que consiste em inúmeras mudanças genéticas e morfológicas que é conduzido pelo homem, visando adaptar essas plantas as suas necessidades. Plantas domesticadas são geneticamente diferentes de seus ancestrais selvagens, e por isso, quanto mais domesticadas mais distintas ficarão, e mais dependentes da intervenção humana se tornam.
O processo de domesticação é caracterizado pela aquisição de caracteres que serão úteis para o homem, dessa forma as espécies domesticadas são facilmente distinguidas das silvestres por possuírem essas características selecionadas. A aquisição desses caracteres se deu o nome de síndrome da domesticação. 
Algumas modificações que caracterizam essa síndrome são: o aumento de frutos e sementes; perda dos mecanismos de dispersão natural; perda de dormência das sementes; o hábito de crescimento mais uniforme e modificações na forma da planta (estruturas mais compactas e menos ramificadas); germinação rápida e uniforme; redução ou perda de substâncias de tóxicas; perda dos mecanismos de defesa; maturação simultânea.
O milho (Zea mays) é um ótimo exemplo do processo de domesticação, pois quando comparado ao Teosinto que é considerado o ancestral selvagem do milho moderno, é possível notar algumas características da síndrome. A espiga do milho moderno é muito maior e com maior quantidade de sementes, a estrutura é mais compacta que a do teosinto que era cheio de ramificações, são algumas das características que mostram o processo de domesticação desse vegetal.
Como a domesticação se trata de um processo evolucionário, obviamente ele ocorre de forma gradual, dessa forma temos “fases” de domesticação, assim há uma variedade de plantas com diferentes níveis de domesticação. Sendo assim, em geral as dividimos em três categorias: 
· Plantas selvagens: são as que possuem o desenvolvimento em ambiente natural e que não sofreram alterações pelo homem.
· Plantas crioulas (landraces ou raça local): são a variedade local de uma planta, com ampla variabilidade genética, adaptada para o cultivo e o ambiente natural.
· Plantas cultivadas: espécies altamente modificadas pela seleção artificial do homem, com baixa variabilidade genotípica, mas alta plasticidade fenotípica, e a sobrevivência é dependente da intervenção humana.
O processo de domesticação está intimamente relacionado com a origem da agricultura. Acredita-se que a agricultura surgiu, principalmente, devido a necessidade do homem se estabelecer em um local, deixando de ser nômade, mas são várias as teorias de sua origem, visto que não há registros escritos da mesma. 
Entretanto, existem algumas hipóteses, uma delas é a “monte de lixo” em que amontoados de detritos, restos de alimento acumulados fertilizavam o solo próximos as moradias e ali cresciam inços e espécies semelhantes com as que foram selecionadas para cultivo. Além dessa, muitas teorias foram propostas e resumidas por Harlan (1992):
· Teoria do Oásis (Childe 1952): segundo essa hipótese a agricultura surgiu devido a mudanças climáticas drásticas, como períodos de longa seca que obrigaram o homem a se estabelecer em áreas próximas de corpos/cursos d’água e ali começaram a surgir povoados e os homens domesticaram animais e cultivaram alimento.
· Teoria do estresse (Cohen 1977): devido à pressão gerada pelo aumento excessivo da população a agricultura surgiu simultaneamente em vários lugares do mundo.
· Agricultura e religião (Hahn 1909): a agricultura teria surgido como um produto de cerimônias religiosas.
· O modelo no-model (Harlan 1992): segundo ele não haveria apenas uma origem de surgimento para a agricultura, ela surgiu em vários lugares por diversos motivos diferentes.
Independente, de qual seja a origem da agricultura uma coisa é certa, antes dela ser estabelecida o homem já possuía um conhecimento amplo sobre as espécies q cultivava. Contudo, podemos dizer que só na agricultura de fato que as espécies estão realmente domesticadas.
Um ponto problemático da domesticação é a definição dos centros de origem das espécies, para que se soubesse definir os locais de origem das cultivares, se foi criado dois tipos de centros por Vavilov: o centro de origem: que corresponde a área geográfica onde os organismos tanto ancestrais selvagens quanto os domesticados; e o centro de diversidade: região de máxima concentração de diversidade das plantas cultivadas.
Mais tarde, devido alguns problemas e duvidas geradas pelos conceitos de Vavilov de associar os dois centros erroneamente, Hawkeys definiu três centros: centros nucleares: onde a agricultura surgiu; regiões de diversidade: áreas nas quais plantas domesticadas se espalharam a partir dos centros nucleares, e outras culturas surgiram; centros secundários: locais onde poucas cultivares tiveram origem.
Dessa forma, o processo de domesticação das plantas é diretamente relacionado a história evolutiva das civilizações humanas e a agricultura atual. Sendo assim, continuar o processo e manter em uso esse pacote de informações e cultivares domesticadas é dar continuidade em uma relação de milhares de anos.

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