Buscar

ANTIGENICIDADE, SISTEMA ABO E AS REAÇÕES IMUNES DO SANGUE

Prévia do material em texto

1 
TUTORIAL 02 - PODE? 
 Módulo V 
KAMILA MARAGNO PERUCH - 192 
• As superfícies das hemácias contêm inúmeros antígenos geneticamente determinados compostos de glicoproteínas e 
glicolipídios → esses antígenos (aglutinogênios) ocorrem em combinações características → com base na presença 
ou ausência deles, o sangue é classificado em diferentes grupos sanguíneos → em um grupo 
sanguíneo, pode haver dois ou mais tipos de sangue diferentes 
• O sangue de pessoas distintas tem propriedades antigênicas e imunes distintas → os anticorpos no plasma de um tipo 
sanguíneo reagem com os antígenos nas superfícies das hemácias de outro tipo sanguíneo 
• 30 antígenos de ocorrências comuns e centenas de outros raros nas membranas celulares → a maioria é fraca, tendo mais 
importância na herança dos genes 
• 2 tipos têm probabilidade muito maior de causar reações nas transfusões → sistema ABO e sistema Rh 
TIPOS SANGUÍNEOS ABO 
ANTÍGENOS A e B – AGLUTINOGENIOS 
• Ocorrem em grande proporção nas superfícies das hemácias 
• Causam aglutinação das células sanguíneas → maioria das reações de transfusão 
• A pessoa pode não ter nenhum deles em suas células, ter só um tipo, ou ter ambos 
Tipos ABO 
• Ausência dos aglutinogênios A e B → tipo O 
• Somente aglutinogênio A → tipo A 
• Somente aglutinogênio B → tipo B 
• Ambos → sangue tipo AB 
Determinação Genética dos Aglutinogênios 
• O lócus genético do grupo ABO tem 3 alelos → IA, IB e IO → 3 formas diferentes do mesmo gene que determinam os 3 tipos 
sanguíneos → o I significa imunoglobulina 
• O alelo O é recessivo e os A e B, codominantes → pois o O não determina nenhum aglutinogênio 
• Existem 6 possíveis combinações desses genes → OO, OA, OB, AA, BB e AB → cada pessoa tem 1 dos 6 genótipos 
➢ Os genes O e A são mais frequentes (47 e 41%), enquanto os B e AB menos (9 e 3%) 
AGLUTININAS 
• Quando o aglutinogênio A não está presente nas hemácias, anticorpos naturais, designados aglutininas anti-A se desenvolvem 
no plasma (o mesmo com o B) 
o Por isso o sangue O possui aglutininas anti-A e anti-B 
o O tipo AB não contém aglutininas 
• Aglutininas são gamaglobulinas produzidas por células da medula óssea e órgãos linfáticos 
• São em maior parte moléculas das imunoglobulinas IgM e IgG 
• Essas aglutininas são produzidas mesmo em pessoas que não expressam os respectivos aglutinogênios → isso acontece pois 
pequenas quantidades de antígenos A e B entram no corpo pelos alimentos, bactérias e outras formas, desencadeando o 
desenvolvimento das aglutininas anti-A e anti-B. 
o A infusão do antígeno A em pessoa que não é tipo A causa resposta imune, 
com a formação de maiores quantidades de aglutininas anti-A 
Concentração das Aglutininas em Diferentes Idades 
• Logo após o nascimento → quase zero 
• Após 2 a 8 meses → lactente começa a produzir aglutininas de acordo com seu tipo 
sanguíneo 
• Há uma variação da titulação das aglutininas anti-A e anti-B em diferentes idades → a 
máxima é atingida por volta dos 8 a 10 anos e vai declinando gradualmente 
 
 
 
 
 
2 
TUTORIAL 02 - PODE? 
 Módulo V 
KAMILA MARAGNO PERUCH - 192 
TRANSFUSÕES 
• Consiste na transferência de sangue para a corrente sanguínea ou medula óssea vermelha 
• Na maioria das vezes → feita para corrigir anemia, aumentar a volemia ou melhorar a imunidade 
• A transfusão é desnecessária em adultos com perdas menores de 500mL, exceto se a hemorragia persistir 
• Dados os riscos das transfusões e a limitação de recursos, o uso apropriado de componentes hemoterápicos é importante → 
necessidade atendida com menor número de transfusões → doação por aférese 
o Trata-se da doação de um componente do sangue utilizando uma máquina coletora, que separa os componentes do 
sangue por centrifugação, permitindo a coleta seletiva de um ou mais de seus componentes. 
o Um kit plástico, estéril e descartável é instalado na máquina coletora → o sangue circula por ele sem contato com a 
máquina → circuito composto de três partes unidas ➔ 1- coleta o sangue, adiciona a ele um anticoagulante e o 
transfere ao compartimento de centrifugação → sangue é separado em seus componentes principais, dispostos em 
camadas, permitindo a coleta seletiva do componente desejado → os outros componentes são remisturados e 
devolvidos ao doador. 
• É coletado o sangue e preparado as hemácias, camada de leucócitos ou plaquetas, e plasma 
o Leucodepleção → os derivados do sangue são filtrados para a remoção da maioria dos leucócitos → diminui a 
incidência de reações transfusionais febris e a alo imunização, e previne transmissão de CMV entre outros 
o Concentrados de hemácias → depletados do plasma, são a escolha na maioria das transfusões → anemia -> 2 e 6º 
o Concentrados de granulócitos → preparados com a camada leucocitária ou separados de células do sangue de 
doadores sadios, ou pacientes com leucemia mieloide → usado em pacientes com neutropenia intensa que não 
respondem a outros tratamentos 
o Concentrados de plaquetas → usados em pacientes com trombocitopenia ou distúrbio de função plaquetária com 
sangramento relevante ou risco → doenças que afetam a medula → 24x por ano pode doar → 20 a 24º 
o Plasma fresco → usado principalmente na reposição de fatores de coagulação → 18º - 
o Solução de Albumina → expansor plasmático útil para reposição de fluidos e antes da administração de sangue 
o Imunoglobulina → é fonte de anticorpos contra vírus comuns → usada em algumas doenças autoimunes ou adquiridas 
• Intervalos de 60 dias para homens (4 doações ao ano) e 90 dias para mulheres (3 doações ao ano). 
• Em cada doação, são coletados +- 450 ml de sangue → menos do que 10% do volume sanguíneo total de um adulto; 
• O plasma é reposto em algumas horas, as plaquetas se restabelecem em alguns dias, e as hemácias demoram alguns meses; 
• Após a realização dos testes laboratoriais, os hemocomponentes são enviados aos hospitais para serem usados. O plasma 
excedente (que não foi utilizado nos pacientes) também poderá ser encaminhado à indústria de Hemoderivados – HEMOBRÁS 
PROTOCOLO DE TRANSFUSÃO 
• Estar em boas condições de saúde, pesar 50kg 
• Ter entre 16 e 69 anos, desde que a primeira doação tenha sido feita até 60 anos 
• Estar descansado e alimentado (evitar alimentação gordurosa 4h antes 
Impedimentos temporários 
• Resfriado: aguardar 7 dias sem sintomas. 
• Gravidez e amamentação → 90 dias após parto normal e 180 dias após cesariana. 
• Ingestão de bebida alcoólica nas 12 horas que antecedem a doação. 
• Tatuagem / maquiagem definitiva nos últimos 12 meses. Acupuntura 
• Situações nas quais há maior risco de adquirir doenças sexualmente transmissíveis: aguardar 12 meses. 
• Viagens para estados de prevalência de malária - aguardar 12 meses. 
• Qualquer procedimento endoscópico - aguardar 6 meses. 
• Vacina contra gripe: por 48 horas. 
• Herpes labial ou genital: apto após desaparecimento total das lesões. 
• Herpes Zoster: apto após 6 meses da cura (vírus Varicella Zoster). 
Impedimentos definitivos 
• Hepatite após os 11 anos de idade, insulino-dependentes 
• Evidência de Malária, Hepatites B e C, AIDS (vírus HIV), doenças associadas aos vírus HTLV I e II e Doença de Chagas. 
• Uso de drogas ilícitas injetáveis. 
Janela imunológica: janela imunológica corresponde ao período em que o organismo já está infectado, mas ainda não produz 
anticorpos suficientes para serem detectados nos testes da triagem sorológica → por isso muito importante as perguntas da triagem 
clinica 
 
 
3 
TUTORIAL 02 - PODE? 
 Módulo V 
KAMILA MARAGNO PERUCH - 192 
AGLUTINAÇÃO NAS REAÇÕES DE TRANSFUSÃO 
• Quando sangues não compatíveis são misturados, as hemácias se aglutinam como resultado da fixação das próprias aglutininas 
às hemácias por ligação cruzada 
• As aglutininas têm dois locais de ligação (tipo IgG) ou 10 locais de ligação (tipo IgM) → a mesma aglutinina pode se fixar a 
duas ou mais hemácias ao mesmotempo, se prendendo umas às outras pelas aglutininas. 
• Esses grumos celulares ocluem os vasos mais delgados, e a distorção física das células e/ou o ataque pelos leucócitos 
fagocíticos destroem as membranas das células aglutinadas, liberando hemoglobina no plasma → isso em dias 
Hemólise Aguda → algumas vezes quando não há compatibilidade, ocorre hemólise imediata 
• Os anticorpos causam a lise pela ativação do sistema complemento → libera enzimas proteolíticas e rompe as membranas 
• Para isso ocorre precisa de alto título de anticorpos, além de ser necessário o IgM 
TIPAGEM SANGUÍNEA 
• As hemácias são separadas do plasma e diluídas em solução salina 
• Parte dessa solução é misturada com aglutinina anti-A e parte com anti-B 
• Se as hemácias formarem grumos sabe-se que ocorreu a reação antígeno-anticorpo 
o O sangue A aglutina com as aglutininas anti-A 
o O sangue B aglutina com as aglutininas anti-B 
o O sangue O não aglutina e o AB aglutina com ambas 
SISTEMA RH 
• Para haver reação, a pessoa precisa ser maciçamente exposta a antígeno Rh 
• Existem 6 tipos de antígenos (fatores) Rh → C, D, E, c, d, e → Cada pessoa tem 3 pares de antígenos 
• A pessoa que tem o antígeno C não tem o c, mas a pessoa que não tem o C sempre tem o c 
• Antígeno D é bem prevalente, sendo mais antigênico que os outros 
o D presente → Rh positiva 
o D ausente → Rh negativa 
• Mesmo em pessoas Rh negativas, outros antígenos Rh ainda podem causar reações de transfusão, ainda que mais brandas 
• +- 85% da população branca é Rh positiva e 15%, Rh negativa → negros norte-americanos 95% Rh+ → negros africanos 100%. 
RESPOSTA IMUNE Rh 
• Quando hemácias contendo fator Rh são injetadas em alguém Rh negativo, são formadas lentamente aglutininas anti-Rh → 
atinge concentração máxima de 2 a 4 meses 
• Resposta ocorre diferente de uma pessoa para outra → exposições múltiplas ao fator Rh vão deixando a pessoa Rh negativa 
“sensibilizada” 
• Se uma pessoa Rh negativa nunca foi exposta a sangue Rh positivo, a transfusão de Rh+ não causará reação imediata → 
anticorpos anti-Rh podem se desenvolver nas próximas 2 a 4 semanas → aglutinação das células transfundidas na circulação 
→ são hemolisadas pelo sistema macrófago dos tecidos 
• Em transfusão subsequente de sangue Rh+ na mesma pessoa que agora está imunizada, a reação pode ser imediata e grave 
ERITROBLASTOSE FETAL 
• Caracterizada pela aglutinação e fagocitose das hemácias do feto. 
• Na maioria dos casos, a mãe é Rh negativa e o pai, Rh positivo. 
• O recém-nascido herda o antígeno Rh+ do pai → a mãe desenvolve aglutininas anti-Rh pela exposição ao antígeno Rh do feto. 
• As aglutininas da mãe se difundem através da placenta para o feto, causando a aglutinação das hemácias. 
 
• Anticorpos anti-Rh se formam na mãe → se difundem lentamente através da placenta para o sangue fetal. 
• No feto, causam aglutinação do sangue → hemácias aglutinadas se hemolisam, liberando hemoglobina no sangue. 
• Os macrófagos do feto convertem essa hemoglobina em bilirrubina → pele do neonato fica amarela (ictérica). 
• Os anticorpos podem também atacar e destruir outras células do corpo. 
Incidência → mãe Rh negativa gestante do primeiro filho positivo, geralmente não desenvolve aglutininas anti-Rh suficientes para 
causar dano. 
• Cerca de 3% dos segundos filhos positivos exibem sinais de eritroblastose fetal; 10% dos terceiros → incidência aumenta 
progressivamente 
 
 
4 
TUTORIAL 02 - PODE? 
 Módulo V 
KAMILA MARAGNO PERUCH - 192 
Quadro Clínico → recém-nascido anêmico → aglutininas da mãe continuam circulando por 1 a 2 meses 
• Tecidos hematopoiéticos tentam repor as hemácias → dilatação do fígado e baço 
• Produção acelerada de hemácias → formas precoces como formas blasticas nucleadas 
• Tratamento → substituição do sangue por sangue Rh negativo 
• Prevenção → administração do anticorpo anti-D 
REAÇÕES DE TRANSFUSÕES DE TIPOS SANGUINEOS NÃO COMPATIVEIS 
• Provavelmente ocorrerá reação na qual as hemácias do sangue do doador serão aglutinadas. 
• É raro que ocorra aglutinação do sangue do receptor → a porção plasmática do sangue do doador é imediatamente diluída por 
todo o plasma do receptor, diminuindo a titulação das aglutininas infundidas em nível baixo para causar aglutinação. 
• A pequena quantidade de sangue não dilui significativamente as aglutininas do plasma do receptor. 
• Aglutininas do receptor ainda podem aglutinar as células doadas incompatíveis. 
• Todas as reações acabam com hemólise imediata ou retardada – hemoglobina é convertida em bilirrubina e excretada na bile 
• Insuficiência renal aguda pode resultar de três causas: 
o Reação antígeno-anticorpo da reação transfusional liberando substâncias tóxicas do sangue hemolisado – 
vasoconstrição renal; 
o Perda das hemácias circulantes e produção de substâncias tóxicas – choque circulatório. PA cai para níveis baixos e 
fluxo sanguíneo renal e débito urinário diminuem; 
o Quantidade total de hemoglobina circulante vai ser mto grande, e o excesso vaza pelas membranas glomerulares para 
túbulos renais. Quantidade pequena pode ser reabsorvida (epitélio tubular). Água continua a ser reabsorvida – 
concentração de hemoglobina tubular se eleva a ponto de precipitar e bloquear muitos dos túbulos. 
TRANSPLANTE DE TECIDOS E ÓRGÃOS 
• Diferentes antígenos das hemácias que causam reações de transfusão também estão presentes nas diferentes células do corpo, 
e cada tecido também tem seu próprio complemento adicional de antígenos. 
• Qualquer célula estranha transplantada pode causar reação imune. 
• Receptores são capazes de resistir à invasão por célula de tecido estranho quanto resistir à invasão por bactérias. 
Transplantes 
o Autoenxerto → transplante de tecido ou de órgão interno de parte do mesmo animal para outra parte; 
o Isoenxerto → transplante de tecido ou de órgão para um gêmeo idêntico; 
o Aloenxerto → transplante de tecido ou de órgão para outro animal da mesma espécie → pele, rim, coração, fígado, medula 
óssea e pulmão 
o Xenoenxerto → transplante de tecido ou de órgão de um animal inferior para ser humano. 
Transplante celular → em auto e isoenxertos, as células contêm praticamente os mesmos antígenos que o receptor → em 
transplantes heterólogos quase sempre ocorrem reações imunes. 
Tentativas de Superar as Reações Imunes de Tecidos Transplantados 
• Através da tipagem tecidual (complexo de antígenos leucocitários humanos HLA) → 6 desses antígenos estão presentes na 
membrana de cada pessoa, mas existem cerca de 150 antígenos diferentes no sistema HLA → mais de 1 trilhão de combinações 
possíveis → improvável que duas pessoas tenham os mesmos seis antígenos HLA 
o Tipagem ocorre com mistura dos linfócitos com antissoro e complemento apropriados → após incubação, as células 
são examinadas em busca de lesões de membrana. 
o Os maiores sucessos foram obtidos entre irmãos e pais e filhos. 
o Para gêmeos idênticos, a combinação é exata, havendo, quase sempre, aceitação do enxerto. 
• Por supressão do sistema imune → transplantes homólogos sem terapia a chance de aceitação é praticamente zero. 
o Como as células T formam o principal componente do sistema imune para eliminação de células enxertadas, sua 
supressão é a mais importante. 
o Agentes terapêuticos para esse propósito: 
1. Hormônios glicocorticoides isolados do córtex da adrenal (suprimem o crescimento do tecido linfoide) 
2. Fármacos com efeito tóxico no sistema linfoide, bloqueando a formação de anticorpos e células T. 
3. Ciclosporina, com efeito inibitório específico às células T auxiliares, não deprime outros componentes do sistema imune. 
• O uso dessas substâncias deixa a pessoa, com frequência, desprotegida de infecções bacterianas e virais, além de tem 
incidência de câncer maior. 
 
 
 
5 
TUTORIAL 02 - PODE? 
 Módulo V 
KAMILA MARAGNO PERUCH - 192 
DOAÇÃO DE SANGUE E TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS E TECIDOS – CÓDIGO DE ÉTICAMÉDICA 
É vedado ao médico: 
• Art. 43. Participar do processo de diagnóstico da morte ou da decisão de suspender meios artificiais para prolongar a vida 
do possível doador, quando pertencente à equipe de transplante. 
• Art. 44. Deixar de esclarecer o doador, o receptor ou seus representantes legais sobre os riscos decorrentes de exames, 
intervenções cirúrgicas e outros procedimentos nos casos de transplantes de órgãos. 
• Art. 45. Retirar órgão de doador vivo quando este for juridicamente incapaz, mesmo se houver autorização de seu 
representante legal, exceto nos casos permitidos e regulamentados em lei. 
• Art. 46. Participar direta ou indiretamente da comercialização de órgãos ou de tecidos humanos. 
Brasil 
• “Cautelar. Transfusão de sangue. Testemunhas de jeová. Não cabe ao poder judiciário, no sistema jurídico brasileiro, 
autorizar ou ordenar tratamento médico-cirúrgicos e/ou hospitalares, salvo casos excepcionalíssimos e salvo quando 
envolvidos os interesses de menores. Se iminente o perigo de vida, é direito e dever do médico empregar todos os 
tratamentos, inclusive cirúrgicos, para salvar o paciente, mesmo contra a vontade deste, e de seus familiares e de 
quem quer que seja, ainda que a oposição seja ditada por motivos religiosos. Importa ao médico e ao hospital demonstrar 
que utilizaram a ciência e a técnica apoiadas em séria literatura médica, mesmo que haja divergências quanto ao melhor 
tratamento. O judiciário não serve para diminuir os riscos da profissão médica ou da atividade hospitalar. Se transfusão de 
sangue for tida como imprescindível, conforme sólida literatura médico-científica (não importando naturais 
divergências), deve ser concretizada, se para salvar a vida do paciente, mesmo contra a vontade das testemunhas de 
jeová, mas desde que haja urgência e perigo iminente de vida (art. 146, § 3º, inc. I, do código penal). 
• Caso concreto em que não se verificava tal urgência. O direito à vida antecede o direito à liberdade, aqui incluída a liberdade 
de religião; é falácia argumentar com os que morrem pela liberdade pois, aí se trata de contexto fático totalmente diverso. 
Não consta que morto possa ser livre ou lutar por sua liberdade. Há princípios gerais de ética e de direito, que aliás norteiam 
a carta das nações unidas, que precisam se sobrepor as especificidades culturais e religiosas; sob pena de se homologarem 
as maiores brutalidades; entre eles estão os princípios que resguardam os direitos fundamentais relacionados com a vida 
e a dignidade humanas. Religiões devem preservar a vida e não exterminá-la.” (Brasil. Ac 595000373, 1995). 
Testemunhas de Jeová 
• De um lado está o dever médico de salvar vidas sempre que for possível, de outro está o direito do paciente em recusar 
tratamento médico por crença religiosa. 
• Pela constituição é garantida a liberdade de crença religiosa. 
• Testemunhas de Jeová se baseiam na liberdade de crença e consciência, direito à intimidade e privacidade, princípios de 
legalidade e dignidade da pessoa humana, questões bíblicas e riscos de transfusões. 
• Surge conflito de dois direitos constitucionais: direito à vida e liberdade de crença. 
• O direito à vida deve sempre ser mais importante que a liberdade de crença. 
➢ A art. 135 do Código Penal diz que: é crime não prestar assistência, quando possível e sem risco pessoal, à criança 
abandonada ou extraviada, pessoa inválida ou ferida, ou eminente perigo de vida, com detença de 6 meses ou multa, 
triplicado em caso de morte. 
➢ No estatuto da criança e adolescente, estabelece-se o dever de proteção da vida, integridade de menor de idade. 
Logo, segundo Rogério Greco: 
“Na hipótese de ser imprescindível a transfusão, mesmo sendo a vítima maior e capaz, em caso de recusa, tal comportamento 
deverá ser encarado como uma tentativa de suicídio, podendo o médico intervir, inclusive sem consentimento, uma vez que atuaria 
amparado pelo inciso I do § 3º do art. 146 do Código Penal, que diz não se configurar constrangimento ilegal a intervenção médica 
ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de seu representante legal, se justificada por iminente perigo de vida”.

Continue navegando